vale a leitura.
Principalmente aos hipocritas que confudem velocidade com irresponsabilidade.
o bom motorista é o motorista macio
postado por juvenal jorge
foto: Pumaclassic.com.br
o texto que se segue foi publicado na revista motor 3 de julho de 1981, de autoria de josé luiz vieira
vem sendo solicitado por alguns leitores há certo tempo, e temos aqui a honra de transcrevê-lo.
Para mim, foi um dos textos que mais influenciaram minha forma de dirigir, mesmo tendo sido lido e relido quatro anos antes da minha primeira habilitação. Graças e esses pedidos, pude ter o prazer de lê-lo novamente, depois de tantos anos, e perceber o quanto dele ficou arraigado no meu modo "automático" de dirigir.
Espero que gostem.
Jj
o bom motorista é o motorista macio
por josé luiz vieira
no frigir dos ovos o que importa é não ter acidentes. O ser humano quase sempre dirige como vive. Como na vida, porém, um disciplinamento correto de suas atitudes poderá torná-lo altamente seguro.
durante a segunda guerra mundial, em todas as bases aéreas americanas havia um quadro na sala dos pilotos que dizia:
there are old pilots. There are bold pilots. But there are no old bold pilots.
Ou, em português aproximado, "há velhos pilotos, há pilotos valentes, mas não há velhos pilotos valentes".
Essa mesma filosofia aplica-se bem aos "pilotos" da moderna guerra do tráfego - uma guerra sem quartel, em que os ases se degladiam ferozmente, tendo por armas não mais aviões, metralhadoras e bombas, mas automóveis, motocicletas, ônibus e caminhões.
Existem, para os estudiosos do assunto, dois tipos de dirigir: O dirigir ofensivo e o dirigir defensivo.
A diferença entre os dois modos básicos de se encarar a atividade de dirigir, pode ser amplificada facilmente. Qualquer um que já andou de táxi em são paulo, num fusca de frota, sabe o que é dirigir ofensivamente. Sentado precariamente no banco traseiro, meio agarrado aos restos de uma alça de ajuda junto à porta dianteira, os joelhos quase tocando o queixo devido à uma colocação desconfortável e perigosa de uma tábua que levanta o chão ao nível de soleira da porta, o pobre passageiro vê o imitador de nelson piquet à sua frente continuar acelerando até o último instante, jogar as patas sobre o pedal de freio com toda força, e ainda, por não ter dado tempo e distância suficientes, tirar uma fina num ônibus ou caminhão, e finalmente parar do lado direito de um desses veículos, que não terá meios de saber que aquele incômodo mosquito está pedindo para ser esmagado.
A agressividade deste hipotético motorista típico de frota reflete-se na maneira irregular de acelerar, frear, fazer curvas e mudanças de marcha. Se alguém colocasse um medidor de acelerações e decelerações nesse carro, veria que as curvas do gráfico não seriam curvas: Seriam picos e vales violentos, desconexos.
O oposto a um motorista desse tipo seria aquele que, embora geralmente ande mais depressa que os outros quando a estrada está livre, tem, no entanto, a capacidade e o gosto de dirigir macio.
Suas passagens de marcha, embora rápidas, são quase imperceptíveis ao passageiro; suas freadas são calculadas a distância; sua aceleração é constante, por igual, suas curvas são calmas, silenciosas, confortáveis. Para conseguir dirigir macio, esse motorista está sempre olhando mais à frente do que os outros ao seu redor, antevendo problemas, resolvendo-os "a priori", evitando assim ser apanhado de surpresa e , talvez, reagir incorretamente. Ele dirigedefensivamente.
Ser macio: Eis a marca do bom motorista. O verdadeiro bom motorista é aquele que sabe tirar o máximo de sua máquina, ser forçá-la jamais, e sem que seus passageiros se apercebam do fato.
A característica típica do motorista ofensivo é o de andar perto demais da traseira dos outros. Confiante em seus incomparáveis reflexos, ele anda sempre "colado", esperando que o da frente "dê uma bobeada". Ele aí vai passá-lo, fácil.
Se vier um scania do outro lado, ele vai acabar jogando para fora da estrada o carro que estava começando a ultrapassar. Se o da frente frear de repente, sua freada vai ser tão estrepitosa que o quarteirão inteiro vai acordar. Ele estará atravessado na rua, xingando o "imbecil que não tinha nada de parar". Mais cedo ou mais tarde, a frente de seu carro vai virar sanfona.
O indivíduo agressivo por natureza é sempre um motorista também agressivo, que adora gritar imprompérios aos outros usuários da estrada, quando não fazer-lhe gestos "carinhosos". O curioso, porém, é que muitas pessoas que, em suas vidas não-automobilísticas são normalmente calmas, caridosas, polidas, ao sentarem-se ao volante de um automóvel tornam-se animais rosnantes e malévolos, perfeitamente capazes até mesmo de homicídio.
Fechadas violentas, para essa gente, é nada mais nada menos que "o que o outro merece". Mais cedo ou mais tarde, também, serão acidentados. Mas o pior é que estarão acidentando mais outras pessoas junto com elas.
Um motorista defensivo não se distrai: Ele sabe que dirigir é uma tarefa de tempo integral. Olhando sempre bem à frente, percebe, à distância, um farol verde que está verde há muito tempo e portanto logo passará a vermelho; um carro que está começando a dar sinal de virar; um motorista que está colado demais à traseira de um outro carro; crianças brincando na calçada; buracos na rua; um motorista que está fechando a janela de seu carro e provavelmente vai sair pela porta esquerda; pés de pessoas que acabaram de saltar de um ônibus e vão passar, como galinhas tontas, à frente desse mesmo ônibus para tentar atravessar a rua, provavelmente correndo. Preparado para qualquer dessas eventualidades, o motorista defensivo raramente poderá ser causador de um acidente.
Não adianta brigar com o tráfego: Se ele está ruim, o bom motorista sabe que o tem a fazer é ligar o rádio e deixar que uma boa música o mantenha tranqüilo. Se não tiver rádio, ou não tiver vontade de ouví-lo, poderá passar a ouvir seu próprio carro. é justamente nessas horas de tráfego ruim, com o carro mais quente do que de costume, que o veículo avisa seu dono de que não está totalmente bom de saúde. Acima de tudo, o bom motorista não abusa da buzina: Sabe que altos níveis de ruído são fontes certas de irritação para si e para os outros.
Não é apenas na maneira de enfrentar o tráfego que o motorista defensivo se prova. é também na maneira com que evita os maus elementos das ruas e estradas. Se alguém cola à sua traseira, ele imediatamente sabe, pois usa seus espelhos retrovisores rotineiramente. Se tiver estrada, afunda o pé e "despacha" o perigoso. Se achar prudente não correr, imediatamente deixa-o passar, para que se torne ornamento do porta-malas de mais alguém. Se o "coladinho" não sair de trás, ainda assim poderá evitar consequências mais sérias simplesmente deixando mais espaço a sua frente; se for forçado a diminuir a marcha, poderá fazê-lo com menos violência. Muitas vezes, ao ver o indesejável "traseirista" especialmente colado, liga as lanternas traseiras. Quase sempre a reação é a mesma: De repente, aquela luz vermelha, ali no nariz do incauto, dá-lhe um tremendo susto. Ele tem certeza que foi a luz do freio e que o miserável da frente está enfiando o pé no freio. A batida parecer-lhe-á iminente. Ele freia violentamente, e fica com cara de bobo ao ver o da frente distanciar-se.
Em meio a tráfego rápido, o bom motorista nunca diminui muito a velocidade para entrar em outra rua. A manobra é feita o mais rapidamente possível, após ter avisado os outros usuários da via publica, a tempo mais que suficiente, de suas intenções de manobra, através do pisca-pisca.
Em tudo isso, o motorista conta com um instrumento importantíssimo: O seu carro, em muito bom estado de conservação e manutenção. Nâo apenas seus freios, pneus e direção estão bons, mas todos os seus avisadores, acústicos e ópticos, estão funcionando cem por cento. Suas lanternas traseiras, especialmente, são checadas visualmente todos os dias, pois não se sabe quando uma lâmpada poderá queimar um filamento. E ele sabe que é fácil olhar pelo espelho retrovisor, para ver se o reflexo das lanternas numa parede ou nos faróis e cromados dos veículos que estão atrás.
é claro que ser um motorista ofensivo é muito mais fácil do que ser defensivo. A tendência é essa mesmo. Mas, é também lógico que é muito melhor sair do comum, tornar-se bom em alguma coisa. No caso do automóvel, isso exige muita dedicação, muita vontade de aprender, muito desejo de melhorar seu próprio "status" como ser humano. O gostoso vem quando a pessoa percebe que começou a aprender. O orgulho que isso traz é garantia de querer mais. Pouco a pouco, torna-se convicto que que o melhor no automóvel é saber que se pode fazer o que os outros aparentemente não conseguem: Ser seguro.
Jlv
atualizado às 10hs15min: Link para conhecer melhor a revista motor 3, aqui.
autoentusiastas: O bom motorista é o motorista macio
Principalmente aos hipocritas que confudem velocidade com irresponsabilidade.
o bom motorista é o motorista macio
postado por juvenal jorge
foto: Pumaclassic.com.br
o texto que se segue foi publicado na revista motor 3 de julho de 1981, de autoria de josé luiz vieira
vem sendo solicitado por alguns leitores há certo tempo, e temos aqui a honra de transcrevê-lo.
Para mim, foi um dos textos que mais influenciaram minha forma de dirigir, mesmo tendo sido lido e relido quatro anos antes da minha primeira habilitação. Graças e esses pedidos, pude ter o prazer de lê-lo novamente, depois de tantos anos, e perceber o quanto dele ficou arraigado no meu modo "automático" de dirigir.
Espero que gostem.
Jj
o bom motorista é o motorista macio
por josé luiz vieira
no frigir dos ovos o que importa é não ter acidentes. O ser humano quase sempre dirige como vive. Como na vida, porém, um disciplinamento correto de suas atitudes poderá torná-lo altamente seguro.
durante a segunda guerra mundial, em todas as bases aéreas americanas havia um quadro na sala dos pilotos que dizia:
there are old pilots. There are bold pilots. But there are no old bold pilots.
Ou, em português aproximado, "há velhos pilotos, há pilotos valentes, mas não há velhos pilotos valentes".
Essa mesma filosofia aplica-se bem aos "pilotos" da moderna guerra do tráfego - uma guerra sem quartel, em que os ases se degladiam ferozmente, tendo por armas não mais aviões, metralhadoras e bombas, mas automóveis, motocicletas, ônibus e caminhões.
Existem, para os estudiosos do assunto, dois tipos de dirigir: O dirigir ofensivo e o dirigir defensivo.
A diferença entre os dois modos básicos de se encarar a atividade de dirigir, pode ser amplificada facilmente. Qualquer um que já andou de táxi em são paulo, num fusca de frota, sabe o que é dirigir ofensivamente. Sentado precariamente no banco traseiro, meio agarrado aos restos de uma alça de ajuda junto à porta dianteira, os joelhos quase tocando o queixo devido à uma colocação desconfortável e perigosa de uma tábua que levanta o chão ao nível de soleira da porta, o pobre passageiro vê o imitador de nelson piquet à sua frente continuar acelerando até o último instante, jogar as patas sobre o pedal de freio com toda força, e ainda, por não ter dado tempo e distância suficientes, tirar uma fina num ônibus ou caminhão, e finalmente parar do lado direito de um desses veículos, que não terá meios de saber que aquele incômodo mosquito está pedindo para ser esmagado.
A agressividade deste hipotético motorista típico de frota reflete-se na maneira irregular de acelerar, frear, fazer curvas e mudanças de marcha. Se alguém colocasse um medidor de acelerações e decelerações nesse carro, veria que as curvas do gráfico não seriam curvas: Seriam picos e vales violentos, desconexos.
O oposto a um motorista desse tipo seria aquele que, embora geralmente ande mais depressa que os outros quando a estrada está livre, tem, no entanto, a capacidade e o gosto de dirigir macio.
Suas passagens de marcha, embora rápidas, são quase imperceptíveis ao passageiro; suas freadas são calculadas a distância; sua aceleração é constante, por igual, suas curvas são calmas, silenciosas, confortáveis. Para conseguir dirigir macio, esse motorista está sempre olhando mais à frente do que os outros ao seu redor, antevendo problemas, resolvendo-os "a priori", evitando assim ser apanhado de surpresa e , talvez, reagir incorretamente. Ele dirigedefensivamente.
Ser macio: Eis a marca do bom motorista. O verdadeiro bom motorista é aquele que sabe tirar o máximo de sua máquina, ser forçá-la jamais, e sem que seus passageiros se apercebam do fato.
A característica típica do motorista ofensivo é o de andar perto demais da traseira dos outros. Confiante em seus incomparáveis reflexos, ele anda sempre "colado", esperando que o da frente "dê uma bobeada". Ele aí vai passá-lo, fácil.
Se vier um scania do outro lado, ele vai acabar jogando para fora da estrada o carro que estava começando a ultrapassar. Se o da frente frear de repente, sua freada vai ser tão estrepitosa que o quarteirão inteiro vai acordar. Ele estará atravessado na rua, xingando o "imbecil que não tinha nada de parar". Mais cedo ou mais tarde, a frente de seu carro vai virar sanfona.
O indivíduo agressivo por natureza é sempre um motorista também agressivo, que adora gritar imprompérios aos outros usuários da estrada, quando não fazer-lhe gestos "carinhosos". O curioso, porém, é que muitas pessoas que, em suas vidas não-automobilísticas são normalmente calmas, caridosas, polidas, ao sentarem-se ao volante de um automóvel tornam-se animais rosnantes e malévolos, perfeitamente capazes até mesmo de homicídio.
Fechadas violentas, para essa gente, é nada mais nada menos que "o que o outro merece". Mais cedo ou mais tarde, também, serão acidentados. Mas o pior é que estarão acidentando mais outras pessoas junto com elas.
Um motorista defensivo não se distrai: Ele sabe que dirigir é uma tarefa de tempo integral. Olhando sempre bem à frente, percebe, à distância, um farol verde que está verde há muito tempo e portanto logo passará a vermelho; um carro que está começando a dar sinal de virar; um motorista que está colado demais à traseira de um outro carro; crianças brincando na calçada; buracos na rua; um motorista que está fechando a janela de seu carro e provavelmente vai sair pela porta esquerda; pés de pessoas que acabaram de saltar de um ônibus e vão passar, como galinhas tontas, à frente desse mesmo ônibus para tentar atravessar a rua, provavelmente correndo. Preparado para qualquer dessas eventualidades, o motorista defensivo raramente poderá ser causador de um acidente.
Não adianta brigar com o tráfego: Se ele está ruim, o bom motorista sabe que o tem a fazer é ligar o rádio e deixar que uma boa música o mantenha tranqüilo. Se não tiver rádio, ou não tiver vontade de ouví-lo, poderá passar a ouvir seu próprio carro. é justamente nessas horas de tráfego ruim, com o carro mais quente do que de costume, que o veículo avisa seu dono de que não está totalmente bom de saúde. Acima de tudo, o bom motorista não abusa da buzina: Sabe que altos níveis de ruído são fontes certas de irritação para si e para os outros.
Não é apenas na maneira de enfrentar o tráfego que o motorista defensivo se prova. é também na maneira com que evita os maus elementos das ruas e estradas. Se alguém cola à sua traseira, ele imediatamente sabe, pois usa seus espelhos retrovisores rotineiramente. Se tiver estrada, afunda o pé e "despacha" o perigoso. Se achar prudente não correr, imediatamente deixa-o passar, para que se torne ornamento do porta-malas de mais alguém. Se o "coladinho" não sair de trás, ainda assim poderá evitar consequências mais sérias simplesmente deixando mais espaço a sua frente; se for forçado a diminuir a marcha, poderá fazê-lo com menos violência. Muitas vezes, ao ver o indesejável "traseirista" especialmente colado, liga as lanternas traseiras. Quase sempre a reação é a mesma: De repente, aquela luz vermelha, ali no nariz do incauto, dá-lhe um tremendo susto. Ele tem certeza que foi a luz do freio e que o miserável da frente está enfiando o pé no freio. A batida parecer-lhe-á iminente. Ele freia violentamente, e fica com cara de bobo ao ver o da frente distanciar-se.
Em meio a tráfego rápido, o bom motorista nunca diminui muito a velocidade para entrar em outra rua. A manobra é feita o mais rapidamente possível, após ter avisado os outros usuários da via publica, a tempo mais que suficiente, de suas intenções de manobra, através do pisca-pisca.
Em tudo isso, o motorista conta com um instrumento importantíssimo: O seu carro, em muito bom estado de conservação e manutenção. Nâo apenas seus freios, pneus e direção estão bons, mas todos os seus avisadores, acústicos e ópticos, estão funcionando cem por cento. Suas lanternas traseiras, especialmente, são checadas visualmente todos os dias, pois não se sabe quando uma lâmpada poderá queimar um filamento. E ele sabe que é fácil olhar pelo espelho retrovisor, para ver se o reflexo das lanternas numa parede ou nos faróis e cromados dos veículos que estão atrás.
é claro que ser um motorista ofensivo é muito mais fácil do que ser defensivo. A tendência é essa mesmo. Mas, é também lógico que é muito melhor sair do comum, tornar-se bom em alguma coisa. No caso do automóvel, isso exige muita dedicação, muita vontade de aprender, muito desejo de melhorar seu próprio "status" como ser humano. O gostoso vem quando a pessoa percebe que começou a aprender. O orgulho que isso traz é garantia de querer mais. Pouco a pouco, torna-se convicto que que o melhor no automóvel é saber que se pode fazer o que os outros aparentemente não conseguem: Ser seguro.
Jlv
atualizado às 10hs15min: Link para conhecer melhor a revista motor 3, aqui.
autoentusiastas: O bom motorista é o motorista macio
não é pro nada não ,mais quando ele citou a reaçao do motorista macio quando o outro carro cola atras e sobre confirir as lanternas traseiras no reflexo eu achei que ate que fui eu que escrevi este texto....ehehehehehehe...agora eu tenho certeza que sou um motoristas macio...otima leitura e quem ja andou em sao paulo de taxi sabe que nao tem diferença nenhuma de um fusca da decada de 80 para os voiage de hoje,extamente nenhuma, os motoristas de frota continuam doidos ate hoje os metodos de condução do motorista defensivo e do ofensivo tambem continuam o mesmo,em 30 anos nada mudou.