Postado originalmente por
Paulo de Andrade
Olá Fertag,
Obrigado pela resposta. Foi bom saber que o problema do tanque tenha possivelmente sido resolvido em 2010.
Realmente o meu interesse pelo 2.7 vem do fato que estou saindo de um motor 4.0. Mas também sei que os motores modernos de baixa cilindrada são maravilhosos. Aluguei ano passado um Opel Meriva para viajar pela Bélgica e fiquei surpreso com o motor "verde" de 1.4 litros. Primeiro que o Meriva de lá parece o carro dos Jetsons perto do Meriva daqui, muito mais moderno. Segundo porque achei que o carrinho não ia andar nada e fiquei um tempão argumentando com a moça da locadora, que garantiu que o carro andava bem. E não é que ele andava, mesmo? Parecia um carro 2.0 (para o porte) e foi muito econômico.
Creio que eu vá mesmo sentir uma diferença de desempenho em relação à Cherokee, mas minhas prioridades mudaram um pouco. Com tantos pardais espalhados por aí, ainda mais onde eu moro, é difícil poder dar uma esticada maior e um carro um pouco mais "manso" ajuda a manter o controle.
Mas, pelo que eu ando lendo, o Kyron parece satisfazer exatamente minhas necessidades atuais - conforto, bom desempenho, boa autonomia e economia no combustível. Além de ser um 4x4 valente, pois adoro pegar uma terrinha de vez em quando.
Quanto ao Cherokee, é um Jeep de verdade e chega onde muitos 4x4 nem sonham chegar. Estou cansado de ir onde Trollers não conseguem e passar por trechos que quebram outros 4x4. Uma vez fiz uma trilha de erosão bem radical que quebrou a barra de direção do Jeep Ford (tipo o Willis) à minha frente e se mostrou impossível para um Troller. O colega suou muito, mas não conseguiu passar por um trecho mais destruído. A Cherokee passou sem o mínimo esforço e ainda puxei o Jeep da minha frente com uma corda, fazendo uma boa parte de trilha de ré.
Minha primeira Cherokee eu comprei nos EUA e foi maravilhosa. Era um modelo que nunca chegou oficialmente por aqui. A mesma carroceria da Sport, só que Limited e com duas portas. Ela era muito luxuosa por dentro e tinha de tudo - bancos de couros originais de fábrica elétricos com 4 controles, som premium, carpetes bem espessos, etc. Por fora, era um Jeep valente. Fazia muitas trilhas nas montanhas de lá e, no inverno, enfrentava neve funda com a maior tranquilidade. Já desatolei até um Bronco 4x4 todo preparado de uma trilha durante uma nevasca com minha Cherokee original de fábrica a não ser pelos pneus que eram de uso misto. Vendo o carro com 256 mil quilômetros e a única coisa que fiz foi manutenção de rotina, troca dos discos dos freios e da bomba d'água aos 160 mil quilômetros. Nunca tive um carro tão confiável, nem mesmo Mercedes, Audi e BMW.
Quando votai para o Brasil, comprei uma Cherokee Sport em excelente estado, com 26 mil km. Só que com 36 mil a bomba d'água quebrou. Daí foi o radiador, mangueiras, outra bomba d'água... Descobri que o dono original não usava aditivo de arrefecimento, que é imprescindível na Cherokee pois ela usa uma correia única e a pressão maior fica exatamente na bomba e o aditivo ajuda em sua lubrificação. Por não usar aditivo, também corroeu a mola interna da mangueira inferior do radiador e os fragmentos enferrujados entupiram o radiador e estragaram a segunda bomba. Limpei e consertei o radiador e. logo em seguida, as laterais deste, que são de ABS, racharam. Mandei fazer de cobre, aproveitando a colmeia original de alumínio, e fiquei um bom tempo sem problemas to tipo. Até que um dia, voltando de Paraty, meu sistema de arrefecimento se auto-destruiu. Mangueira, termostato, radiador e bomba d'água - tudo em questão de minutos. Troquei o sistema de arrefecimento todo - tudo novo - e ficou ótimo. Mas parece que o sistema de arrefecimento é o ponto fraco do carro no Brasil. Embora ele ande bem nos desertos americanos, aqui ele funciona quente demais e nossa água não ajuda nem um pouco. Depois desse último problema, só uso água destilada. Quanto ao custo do conserto, sabendo onde comprar as peças são muito mais baratas que na concessionária. A bomba d'água, por exemplo, custava R$ 1.700,00 na CSS e comprei por R$ 280,00 em uma distribuidora de peças. Mesma qualidade. O radiador de R$ 2.800,00 na CSS custou R$ 400,00 direto de uma fábrica de São Paulo que faz igualzinho ao original, com colmeia de alumínio e tudo. O termostato é o mesmo da Ranger e outras peças têm equivalentes em carros nacionais. Mas comprando direto dos EUA pode sair mais barato ainda. A bomba d'água da minha Cherokee americana custou US$ 35,00.
A Cherokee anda muito com o motor 4.0 a gasolina e é muito confortável e silenciosa. Até fazendo trilhas parece que está no asfalto. Nunca vi um 4x4 tão confortável. Parece um carro de passeio embora seja, no fundo, um jipão de verdade. A mecânica é a mesma do Wrangler e ela é um pouco mais leve, embora não pareça.
O grande problema é o consumo. Com trânsito, na cidade, a média fica entre 4.5 e 5 km/l. Sem trânsito o melhor que fiz foi 7. Na estrada, o máximo foi 9 km/l. Mas subindo serra, e andando a 140, por exemplo, o consumo médio cai para 6 km/l. Com a gasolina bem acima dos três reais por litro, fica caro passear muito com ela.
Fora os problemas de arrefecimento, a Cherokee é indestrutível. Não dá problema em mais nada. É dar partida e rodar. É um carro excelente. Mas não foge aos problemas com o nosso combustível, que não são privilégio do Kyron. Uma vez abasteci em um posto suspeito, na estrada, pois estava de madrugada e só tinha ele aberto. Alguns quilômetros depois o carro entrou no tal modo de segurança (ou seu equivalente) e consegui rodar até minha casa a cerca de 60 Km/h. No dia seguinte, o bicho não passava de 40. Tive que trocar a bomba de gasolina e o filtro. Como ambos ficam dentro do tanque, é necessário desmontar tudo e dá um trabalhão. Como a culpa foi da gasolina ruim, não posso culpar o carro, assim como acho que os Kyron não têm culpa do diesel ruim.
Nossa, desculpem o "livro" que virou essa resposta.
Estou realmente bem entusiasmado com a compra de um Kyron. Sempre gostei muito da mecânica Mercedes, que é muito boa, e o carro parece bem confortável e moderno.
Abraços!
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