Pessoal boa noite
Li todo o tópico e dá pra perceber que há várias opinões e informações certas e erradas.
Um exemplo é o EGR. Uns dizem que é válvula, outros dizem que é catalisador. etc.
Pensando que minha memória das antigas aulas de Mecânica de máquinas e motores que tive na faculdade (sou Eng. Florestal onde a matéria é obrigatória) estivessem me traindo, fui buscar nas minhas anotações e também encontrei um ótimo link, postado aqui mesmo nesse tópico, publicado pelos maiores fabricantes de caminhões do país, coordenados pela Anfavea, que traz uma série de perguntas e respostas sobre o tema.
Com relação ao EGR, minha memória não estava me traindo, ele é simplesmente um sistema de recirculação de gases, do inglês exhaust gas recirculation e existe desde a década de 70 na europa. Nos motores de ciclo diesel (somente diesel), quando a temperatura chega perto dos 1370 oC, o nitrogênio (presente no ar admitido), começa a reagir com o oxigênio (também presente no ar), produzindo os tais já mencionados óxidos de nitrogênio (genericamente chamados por NOx pode ser NO, NO2, etc....), responsável por agravar o problema do ar de nossas já poluídas cidades. O EGR é um sistema que permite a recirculação dos gases (e portanto não é válvula nem catalisador), diminuindo sua temperatura (de combustão) e portanto reduzindo a quantidade de NOx formado durante a queima do diesel.
Nos motores P7, que começaram a ser comercializados a partir desse ano, esse sistema é obrigatório, além de sistemas de pós tratamento dos gases de exaustão (após a combustão do diesel). Juntamente com a obrigação de comercializar o diesel s50, essas alterações formam o Proconve 7, equivalente ao Euro 5.
Sobre utilizar ou não o S50 nos motores antes de 2012, há o comentário técnico e o humano.
O técnico é o seguinte. Realmente não faz sentido exigir tais mudanças nas viaturas mais antigas, além de ser inconstitucional (vide cinto de segurança 3 pontos para carros antigos - tb não é obrigatório). Em função da ausência dessas alterações nos motores mais antigos, a redução das emissões é significativamente menor do que nos motores p7. Como exemplo, enquanto que nos motores p7 emitem 80% NOx com o S50, nos motores antigos, a falta do EGR e do pós tratamento faz com que essa redução não chegue a 10 no máximo 15% em motores p5 para baixo (sim pularam o p6...).
Agora o lado humano. 10% de 1 real são 10 centavos. Vamos considerar 10% dos 40 bilhões de litros de diesel que consumimos por ano no país. São 4 bilhões de litros. Agora supondo que 1% disso seja S50 (o que é muito para 2012) temos 40 milhões de litros, rodando com uma emissão média de 80% menor de NOx. Sao milhares de toneladas a menos de NOx na atmosfera verde e amarela.
Semana retrasada uma filha de 1 ano de um colega foi internada em SP com problemas respiratórios. Acho que todos aqui já ouviram estórias semelhantes, principalmente no inverno. Portanto, acredito que deveríamos incentivar o uso do S50, como forma de reduzir as emissões de gases poluentes, e cá entre nós, 10 centavos a mais para reduzir 80% do NOx e 90% dos particulados está de bom tamanho... embora concorde que não deveria custar mais e sim menos, uma vez que o governo reduzirá o seu gasto com doenças respiratórias em médio prazo, principamente nas grandes cidades. Ontem vi num posto de estrada (nova bandeirantes posto graal sentido interior não lembro o km) o S50 por R$ 2,09
Para aqueles que querem saber um pouco mais, sugiro a ótima cartilha da Anfavea supra mencionada.
http://www.anfavea.com.br/documentos...onveSPREAD.pdf
Em tempo, o Leo está certo, não há previsão para instalação de sistemas de redução catalítica seletiva, ou SCR (Selective Catalityc Reduction) em pickups e SUVs, onde um aditivo químico (arla 32 ou similar), é borrifado nos gases de exaustão, reagindo quimicamente com o gás e reduzindo ainda mais a emissão de NOx.
Portanto, não há, necessidade, e na verdade nem há viabilidade técnica, de se utilizar arla 32 em veículos diesel pickups e SUVs. Agora se o sortudo tem uma mercedes GL 2012 ou outro carro a diesel que conseguiu importar da europa e tem o sistema, então tudo bem, sorte a dele (e a nossa também já que vai poluir menos). O Arla (Agente redutor líquido automotivo) não pode e não deve ser misturado no tanque uma vez que é um produto químico e não um combustível. Também não é aditivo, para alguns aficcionados com seu uso no tanque...quimicamente é um líquido a base de uréia. até serve como adubo (bem caro), mas como aditivo ou combustível não..rsrsrsrs..
Em tempo 2, emissões de NOx de biodiesel varia de 1 a 17-18 ppm, em comparação do diesel que varia de 2 a 14-16 ppm, portanto, não é melhor ou pior, depende muito da forma como você dirige. O que ocorre é a menor emissão de particulados e também de CO (monóxido de carbono - letal em ambientes fechados). Agora alguns motores tem restrições ao uso do B-100, como a Amarok brasileira. já o B-5 ou B7 e até mesmo B20, que deve ser o padrão até 2020 se não me engano, podem ser usados sem restrições.
Espero ter contribuido com o debate. E espero que o mesmo seja mais educado e diplomático . Imposições de pontos de vista nunca funcionam e chateiam os que ficam de fora do diálogo (as vezes monólogo :) acalorado.
Abraços a todos
Florestal