Segundo postagem do Flavio Mendonça:
http://www.4x4brasil.com.br/forum/sh...t=24047&page=7
"Para complementar as informações leiam a reportagem abaixo:
Com a Troller, Ford ganha incentivos em todo o Nordeste
No bojo do anúncio de investimentos no Brasil de R$ 2,2 bilhões no período de 2007 a 2011, comunicado com pompa e circunstância logo na primeira semana do ano ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em Brasília, a Ford pôs fim à onda de boatarias que durava desde outubro e confirmou oficialmente a compra da cearense Troller, fabricante dos modelos fora-de-estrada T4 e picape Pantanal. Com isso, mais do que uma pequena produtora de veículos quase artesanais, a Ford está comprando vantajoso pacote de incentivos que valem para toda região Nordeste do País.
Seguramente, pouco importa para a estratégia de crescimento da Ford no Brasil a tímida linha de montagem da Troller em Horizonte, CE, onde são produzidos pouco mais de mil veículos por ano. Este número é um grão de areia perto das 318 mil unidades que a Ford produziu no País apenas em 2006 - e só mais não fez porque a capacidade de produção de Camaçari, BA, está esgotada. Por isso, o que realmente tem valor na Trolle r para a Ford é a carta de incentivos datada ainda da primeira fase do Regime Automotivo, de meados dos anos 90, que é válida não somente no Ceará, mas em todo o Nordeste.
Na prática, com a transferência dos benefícios fiscais e de crédito barato do BNDES da Troller, a Ford poderá fazer as ampliações que tanto deseja na Bahia, gozando de incentivos até maiores do que os já usufruídos. A idéia agora, segundo fontes da Ford, é usar esse pacote de estímulos financeiros para aumentar a produção em Camaçari, de onde poderão sair mais Fiesta e EcoSport fabricados com baixos custos, poucos impostos e, conseqüentemente, alta rentabilidade.
Foi por causa dessa delicada engenharia de transferência de incentivos, o que realmente interessava, que a compra demorou a ser anunciada. Até um mês antes, a Ford não negava a aquisição, mas ninguém na montadora falava sobre o assunto, pois "não comentamos estudos que ainda podem dar errado", disse em dezembro Dominic DiMarco, d iretor executivo para América Latina e Canadá.
E o que poderia dar errado e foi acertado no fim do ano foi justamente a concordância de governos federais e estaduais em passar à Ford os benefícios da Troller. Não por acaso, estavam presentes ao anúncio oficial em Brasília, dia 4, além do presidente Lula, os governadores recém-empossados do Ceará, Cid Gomes, e da Bahia, Jacques Wagner.
Futuro da Troller - Embora os executivos da Ford insistam em declarar que a fábrica da Troller tem alguma importância para o grupo, esse é apenas o discurso polido próprio de aquisições desse tipo. A verdade é que a planta industrial de Horizonte não tem importância alguma para a Ford, mas será mantida por força de acordos em vigor com o município e o Estado do Ceará.
Neste momento, é pouco provável qualquer grande ampliação ou investimento no Ceará. O que será feito na fábrica de Horizonte, segundo fonte da Ford, é apenas "dar um tapa aqui e ali" pa ra melhorar a produtividade. Conforme informou aos jornais o agora ex-proprietário da Troller, Mário Araripe, a Ford colocou no negócio R$ 400 milhões. E dificilmente gastará mais do que isso, mantendo a linha de produção funcionando somente para "cumprir tabela" e fazer jus aos incentivos que serão direcionados a Camaçari.
A Troller em si, segundo consta, é pouco ou nada rentável devido aos baixos volumes de produção que não permitem ganhos de escala. Tanto que, de acordo com fontes envolvidas nas negociações, caso não fosse vendida a Troller provavelmente fecharia as portas, deixando quase seiscentos funcionários desempregados. Talvez daí venha a docilidade com a qual o governo do Ceará tratou a questão da venda para a Ford, mesmo sabendo que a maior parte dos investimentos anunciados de R$ 2,2 bilhões não vão para o Estado.
Os fornecedores de motores e câmbio dos modelos Troller, respectivamente MWM International e Eaton, também são provedores do mesmo c onjunto para a Ford Ranger. Portanto, nessa parte será fácil obter sinergias. Mais difícil para a Ford será se adaptar à custosa e lenta fabricação de carroçarias de fibra de vidro.
Mais adiante, no entanto, quando acabarem os incentivos e as obrigações legais de manter a unidade funcionando, os contadores da Ford provavelmente vão fazer a seguinte pergunta: A Troller dá lucro? Se der, continuará aberta. Se não der, morrerá de inanição, quando ninguém mais lembrar por que exatamente a Ford comprou a tal fábrica no Ceará. Auto Data 9 de janeiro de 2007"
Pelo visto era vender para a Ford ou fechar a fabrica.....