Citação:
Grande Fábio.
É com satisfação que comunico que consegui transpor a famigerada trilha do telégrafo(para os que não conhecem ou não sabem a respeito da mesma, sugiro pesquisar no google). Não convidei nenhum de vocês a participar conosco pois a chance de dar certo era muito remota, além da enorme distância (300 km até a entrada, 6 km de trilha e 550 km de volta, destes, 100km de muita pedra e buraqueira).
Neste natal, como tenho feito há alguns anos, reuni vários brinquedos, bonecas,ursinhos de pelúcia, bolas de volley e futebol(usadas),pirulitos , balas de goma, fusquinhas de plastico, num total de 70 a 80 kits, e fui com o Popa e nossas esposas, com o objetivo de distribuir os kits e fazer a trilha. Fizemos o principal,que era a distribuição dos kits.Devidos as fortes chuvas do dia anterior, tivemos que passar em trechos com 70 cm de água já na estrada do Ariri e na estrada de acesso à vila de Sta Maria,e , mesmo assim, fizemos 1 km de trilha a pé , com 50 cm de lâmina de água,e, por absoluta falta de condição, tivemos que desistir de levar os kits pros moradores de dentro da trilha.
Voltei para Sampa no dia 25 , pois precisaria trabalhar, mas, não tirei da cabeça aquelas crianças(e, não nego, a trilha) . Comprei mais presentes , chinelos , doces, roupinhas e quinta a noite desci pra lá(sem o Popa ,que não podia mais se ausentar da oficina ). A viagem transcorria na mais absoluta calma, até que, quase chegando na entrada de Itapitangui,acho que por volta de 1:00 h da manhã, deparei com uma manada de búfalos(apenas 7 ou 8) deitados no meio do asfalto:Acionei o freio e os 4 discos da SBD quase arrancaram os cravos dos meus pneus, mas, deu pra parar/desviar. Ainda bem que esse acabou sendo o maior susto de toda a viagem. Enfim,4 hs da manhã chegamos na entrada do bananal onde nós pensávamos em dar uma descansada, aliás , eu, porque minha esposa conseguiu dormir a viagem toda, só acordou mesmo nos búfalos. A idéia era essa, mas a adrenalina era tanta que resolvi avançar devagarzinho, maior parte no guincho, até o primeiro rio, onde já era 7:00 hs e pude voltar pra buscar ajuda de um morador , senão , até daria para prosseguir, mas continuaríamos sem filmar. Deste momento , com ajuda de um café que a esposa do Sr. Antônio nos ofereceu, e mais o raiar do dia, a trilha começou a deslanchar, tanto que, umas 10:45 chegamos na casa do Nilson, de onde o Seu Antônio e seu filho Evair teriam que voltar e nós seguiríamos sozinhos.
Uma hora depois ,Já sob alguns pingos de chuva chegamos na casa do Ernesto Schurman que nos acompanhou até a casa do Henriquinho e depois até Batuva . Neste trecho final, sofremos um pouco com as "escadas de mula" que são como quebra molas naturais formados pelas patas destas ao pisar sempre nos mesmos locais, uma chuva que se não chegava a ser forte, incomodava e atrapalhava as filmagens. Aproximadamente 13:00hs alcançamos as pedreiras , onde com pequenas arrumações conseguimos transpor sem uso do guincho. A chuva continuou (nesta região a previsão falha muito), chegamos na divisa com o Paraná , onde deparamos com uma placa de proibido veículos motorizados, desviamos das correntes ,passando por cima do paredão, pegamos as ultimas descidas e uma subida fortíssima,de pedra e barro muito lisos, mas,como já estava praticamente fora da trilha , acelerei bem o 51, e depois de 2 tentativas consegui transpor o último obstáculo do telégrafo.
Aproximadamente às 14:00hs chegamos em Batuva, Ficamos tão felizes , que depois de visitarmos o Beto Dias,meu amigão do peito e cunhado do Ernesto,seguimos para Guaraqueçaba,nos hospedamos em uma pousada ,tomamos um belo banho e fomos a um restaurante de frutos do mar , onde enchi a cara de cerveja , até ficar bem ruinzinho(olha que eu não bebo).Curiosidade , tinha kaiser e Skol,pedi Skol, porém em isopor da KAISER..Rá, Rá....
Esta semana editarei um DVD com mais esta aventura.Pena que não consegui embarcar meu 51 sobre dois barcos e descer a baía de Guaraqueçaba e o canal do Varadouro até o Ariri, como fiz 3 vezes de moto(ainda bem, pois ia ser difícil de agüentar o japa). Então, voltamos por Antonina, serra da graciosa e BR-116.Fizemos a viagem de volta no dia seguinte, passeando,curtindo.Às 17:00hs chegamos em Registro , onde estava nossa base de apoio.
Fábio,finalmente pude testar o Diferencial inteligente em condições realmente terríveis. Passei sobre uma pedreira sem uso de guincho que ainda não consigo acreditar. Numa poça de lama funda, como tinha certeza que não passaria, esticamos 100 m de cabo até o ponto de ancoragem, pois assim que encalhasse precisaria sair no guincho o mais rápido possível, qual não foi minha surpresa, o 51 passou brincando:Eta raiva de mim mesmo...
Interessante que o jeep também se comportou muito bem no asfalto , tanto que ,na subida da serra da graciosa, com aquelas curvas de 180° em paralelepípedos , o carro se comportou como se não fosse blocado.
Fábio vc me conhece há muito pouco tempo, mas, posso lhe assegurar que só entrei na trilha pois tem um caminho que sempre fiz de moto e que não tem placa de proibição( se fosse pela escola, as vezes tem placa , outras vezes não), esse caminho pouca gente conhece, se chama caminho do bananal, e começa 800 m antes da escolinha.
Considero esta conquista de todos que sempre me apoiaram e da enorme legião de admiradores do Jeep Willys.
Abraços.
VIATURA:
CJ-3A 1951
MOTOR: GM 2.5 ALCOOL ignição eletrônica.
TANQUE:65 L
CAMBIO:CLARK 4M (F-1000)
FREIOS:DISCO NAS 4 (SBD), PINÇAS KADET GSi
GUINCHO:WARN 9000
BATERIAS:2 AC DELCO 85 A
BLOQUEIOS KAISER
DIREÇÃO :HIDRÁULICA OPALA
EQUIPAMENTOS:100 m CABO AÇO, 80 m CORDA RAPEL, 2 PATESCAS,2 CINTAS DE
ANCORAGEM, MANILHAS,EQUIPAMENTO DE SOLDA ELÉTRICA 24V, INVERSOR 12V DC
PARA 110 V AC,ENXADÃO,MACHADO.
MANTIMENTOS:ARROZ, FEIJOADAS ENLATADAS, CARNE FRESCA, SALAME,PÃO, CUP
NOODLES, CAFÉ , AÇUCAR,ETC(SEGURAMENTE PARA 3 DIAS).