Do Rio ao São Luis & Alcântara de Kyron - final feliz
Caros Amigos Foristas, boa noite,
Segue mais um breve relato da fantástica viagem que fiz. Desculpem a minha longa ausência e a forma desorganizada deste relato, mas ainda estou em fase de readaptação à rotina normal, tentando dar conta das coisas que se acumularam.
Espero encorajar outros a viajarem de Kyron para conhecer um pouco mais das coisas lindas desse nosso litoral brasileiro. De minha parte, não paro de pensar numa próxima oportunidade de pegar a estrada, quem sabe, rumo sul, até o RS, com uma possível esticadinha até o Uruguai, Argentina e talvez Chile... Quem sabe....
Toda o planejamento da viagem e preparação do carro e equipamentos ajudaram. Tentei colocar aqui o que foi útil. Aprendi bastante. A próxima será certamente ainda mais tranquila e proveitosa.
Foram 12 mil km em 45 dias, cobrindo boa parte do litoral entre o Rio de Janeiro e Alcântara, MA. Por pouco não demos uma rápida esticada até Belém. Voltamos com muitas fotos e muitas horas de filmes. Pena eu não poder me alongar na viagem por pelo menos outros 45 dias. Pena também não termos tido a boa companhia de mais um ou dois outros casais de destemidos viajantes. Tivemos companhia sim, poucas vezes, por breves trechos.
Conhecemos lugares lindos, abençoados pela natureza. Alguns lugares bem desertos. Alguns bem cuidados, ainda que pequenos ou rústicos, onde eu adoraria ter ficado por mais tempo. Outros lugares estavam largados e sujos, enquanto outros foram “turismisados” demais, cercados por muros ou tinham tráfego restrito apenas aos buggys credenciados locais, o que acho um absurdo. Nesses lugares eu fiquei ainda menos do que estimava.
Não tivemos muita sorte com a escolha da época do ano. Pegamos alguns dias de chuvas e ventos fortes que deixavam o mar agitado, com águas turvas e praias repletas de algas, muitas vezes não convidando ao passeio de carro pela areia e, menos ainda, ao mergulho no mar. Por outro lado, evitamos problemas com a superlotação de turistas.
A Kyron se comportou otimamente. Fizemos uma viagem confortável e segura. Passamos por estradas boas e ruins, asfaltadas, “patroladas” e “carroçáveis”, trilhas, piçarra, lama, riachos, muita areia, praias e dunas. Todos os caminhos foram conquistadas com mais facilidade do que eu esperava. Também não fiz nada radical, mas confesso que algumas vezes fiquei preocupado, principalmente com as marés.
A Kyron levou-nos a todos os lugares que decidimos ir, limitados pelo tempo e pelas marés. Destaco a importância da proteção inferior de aço, que foi muitas vezes solicitada. Apenas nos Lençóis Maranhenses, fomos enfaticamente desencorajados a fazer a trilha na areia entre Barreirinhas e Paulino Neves. Nos disseram que a Kyron era baixa demais para passar em alguns trechos com areia muito fofa e sulcos muito fundos. Depois de ter feito o passeio até as lagoas numa daquelas Toyotas Bandeirante, entendi as dificuldades e, mesmo relutante, aceitei os conselhos de evitar a tal trilha e, ao invés dela, seguir de Barreirinhas para Tutóia pela estradinha via Cardósia.
O diesel eu escolhia pela cara do posto. Procurava os mais novos e com mais movimentação de caminhões e tentava manter o tanque com combustível acima da metade. Usei diesel de todas as variedades, mas dava preferência ao S-500 aditivado e ao S-50. Acredito ser melhor um S-1800 honesto que um S-50 duvidoso. Fiz uma revisão completa antes da viagem; uma troca de óleo lubrificante em Fortaleza, mais ou menos no meio da viagem e agora precisa de revisão completa para resolver alguns barulhos novos.
O calibrador de pneus foi bastante útil, para baixar a pressão para as 18 libras que procurei usar para andar na areia. Por preguiça, não cheguei a usar o compressor para recalibrar os pneus, preferindo ir a um posto de gasolina.
Atolei feio na praia uma vez, e somente uma vez. Besteira minha: excesso de confiança e preguiça de sair do carro e olhar o que havia depois de uma elevação na areia na entrada da praia. Mudei de idéia no último instante. Tarde demais... Consegui sair sozinho, rapidamente, com o auxílio da pá e duas pranchas de desatolagem que levei.
A cinta de reboque foi usada uma vez, para ajudar a desatolar um Troller que estava preso entre duas elevações na areia da praia.
O GPS Foston é ótimo nas cidades, mas torna-se praticamente inútil fora delas. Nos perdemos umas poucas vezes, graças também à deficiência na sinalização das estradas, ao meu infalível senso de direção e aos dotes culinários da minha parceira navegadora. No programa IGO, há muitos erros severos de posicionamento nas estradas, além de não haver registro de muitas estradinhas e trilhas que usamos. Na próxima vez, vou tentar encontrar outra maneira mais confiável de navegar, talvez usando um laptop ligado a um GPS para compor mapas e rotas e acompanhar a localização corrente.
A câmera de gravação de vídeo que instalei ao lado do retrovisor é boa, mas perversa, com o péssimo hábito de, ao longo do dia, apagar as gravações feitas mais cedo. Os arquivos ficam gravados num cartão de memória em blocos de 2 minutos, ocupando entre 200 e 400 MB cada arquivo. Ao gravar um arquivo, o arquivo mais antigo é automaticamente apagado. Assim, meu cartão de memória com 8GB permite manter somente cerca de 40-50 minutos de gravação. Daí que perdi muitas gravações de lugares e caminhos interessantes. Fico imaginando o risco legal, no caso de um acidente, de ter todas as minhas barbeiragens gravadas, prontas para serem usadas contra mim em um tribunal...
Por conta da grave dos funcionários da Anatel, não consegui obter todas as certificações e licenças para usar o rádio VHF que comprei. Me conforto com o fato de não ter passado por nenhum tipo de emergência ou necessidade de usar o tal rádio.
Outros problemas que nos ocorreram foram a queima de uma lâmpada de farol e alguns fusíveis, por conta do excesso de coisas ligadas, graças também a um multiplicador de tomadas: GPS, câmera de gravação, carregador de telefones, carregador para um notebook e um inversor de corrente para um outro notebook.
Bem, fico por aqui. Se alguém se animar a seguir esse caminho, eu posso tentar ajudar.
Abraços a todos,
Viagem ao Nordeste - CE e PI
Oi LELIMA, boa tarde,
O Kyron é meu primeiro SUV, e o meu primeiro 4X4, daí não tenho como compará-lo com outros. Demora um pouco para a gente se acostumar a dirigir um carro grande. Demora um pouco também a gente se sentir confiante com o carro nas situações fora-de-estrada. Confesso que algumas vezes pequei pelo excesso de confiança. Mas, realmente, o carro tem ido além das expectativas, em termos de segurança, confiabilidade, espaço interno e conforto, descontando-se os barulhos e trepidações no piso irregular (talvez os PowerCushions melhorem a situação). Se a versão Kyron 2013 vier com suspenção a ar com ajuste de altura eu compro!! Duas!!
Apesar do propósito da viagem ter sido de acompanhar o litoral tanto quanto possível, eu marquei alguns pontos extras no mapa, para conhecer lugares interessantes no interior, caso houvesse oportunidade - Carolina, Sete Cidades, Jalapão, Piranhas e Paulo Afonso foram alguns desses pontos extras. Não tive oportunidade. Mesmo alguns pontos do litoral eu tive que deixar para uma próxima viagem. 45 dias parece muito tempo... Não é. Os dias são curtos, as distâncias são enormes, o mau tempo atrapalha, a maré não ajuda. Fora os imprevistos. Na verdade, é pouco tempo para fazer tudo que se deseja: passear a pé, descansar, curtir a praia, ir no mercado fazer compras, cuidar do carro, lavar roupa, visitar cachoeiras e grutas e conversar com os locais para conhecer todas as coisas pitorescas de cada lugar. Certo que alguns lugares merecem 3, 4 ou 5 dias, mas você só aproveita uma manhã ou uma tarde. Certo também que alguns lugares não merecem nem 15 minutos de atenção, mas você acaba perdendo 1 ou 2 dias lá. O importante é relaxar e aproveitar o máximo que for possível. Eu aproveitei bastante. Vou aproveitar mais na próxima viagem.
Quanto às recomendações para o litoral do PI e CE, eu faço os seguintes comentários:
Na ida, a caminho de Fortaleza, saímos de Tibau na divisa CE/RN até Icapuí, pelas praias. Com os ventos fortes, as praias não estavam mostrando o que talvez tivessem de melhor. Num trecho de praia mais adiante eu experimentei minha primeira atolagem, e feia – bobeira minha. Um pouco mais adiante, pegamos a estrada e fomos almoçar em Canoa Quebrada. A partir daí, tanto por falta de tempo, maré alta e pelas restrições de tráfego nas praias, seguimos logo para Fortaleza. Não sei bem o que eu perdi de bonito nesse trecho. Vamos ver isso numa próxima viagem. Passamos uns dias em Fortaleza. Daí tomamos o rumo de Jericoacoara. Deixamos esse trecho de litoral para conhecer na volta e, de fato, conhecemos e adoramos Flecheiras e Mundaú, mas as limitações de tempo nos empurraram logo dali. Jericoacoara é um lugar fantástico, apesar das restrições, e bem diferente do que conhecemos 25 anos atrás. Reserve alguns dias. Os passeios entre as dunas e até as lagoas Azul e do Paraíso são imperdíveis. Melhor ainda é o trecho entre Jericoacoara e Camocim, passando por Tatajuba, com direito a trafegar pela praia e, finalmente, subir e descer dunas. Senti que me falta muito mais prática e técnica para dirigir com confiança nas dunas. Tive vontade de fazer ‘skybunda’ com o Kyron na grande duna de Tatajuba, mas, confesso, a altura e a inclinação me tiraram toda a coragem.
Passamos rapidamente pelo Piauí. Só um almoço e um breve passeio pela praia em Luiz Correia. Certamente o litoral piauiense merece mais, mas eu estava ansioso para chegar logo aos Lençóis Maranhenses. Tão ansioso eu estava, que errei o caminho e passei direto pela entrada para Tutóia. Quando dei conta já estava mais perto de S. Luis que dos Lençóis. Sinalização deficiente, pressa, falta de atenção, GPS desorientado, sei lá... Mas isso já é outra história.
Ao planejar a viagem eu usei bastante o Google Earth. Vale a pena instalar num laptop/notebook e se habituar com os recursos que ele oferece, em particular as fotos dos lugares e as trilhas marcadas no Wikiloc. Pena que o Google Earth precise da conexão permanente com a internet para ser 100% funcional, que não é possível na prática.
E não esqueça da tábua das marés para os lugares onde for andar pela praia. É importantíssimo entender as marés – limitam muito e podem fazer toda a diferença entre um fantástico passeio e a perda total do carro...
Planeje bem a viagem e aproveite bastante. Fico sempre à disposição.
Abraços