Pessoal, para quem não conhece essa expressão, "recall brancos" são vícios (defeitos) recorrentes (crônicos) que surgem num modelo e que possuem um grau elevado de possibilidade de causar problemas percebidos pelo dono. Normalmente são chamados assim porque não representam riscos à segurança ou a vida dos ocupantes do carro, e empresa não se obriga, nesse caso, a realizar um chamado público e nem mesmo a divulgar o problema.
Por exemplo, constatado uma falha que pode provocar um mau funcionamento dos freios, o fabricante é obrigado a realizar um chamado público (recall) pois essa falha pode provocar consequência graves aos ocupantes do veículo. Uma falha que não provoque esse tipo de consequência, é normalmente comunicada à concessionária que acaba fazendo a correção quando o carro aparece para uma revisão, por exemplo.
O maior problema é que fica difícil, algumas vezes, definir o que é um problema de possíveis graves consequências. Por exemplo, uma trava de banco ineficiente é um defeito grave? Muitos fabricantes entendem que não, mas imagine você dirigindo e ao pisar no freio o banco de desloque para trás. Além do susto, da mudança de pressão do pé no pedal, você pode até perder contato com o pedal. Então é importante que o fabricante tenha consciência de decidir de forma honesta a gravidade do problema.
Cada montadora se comporta de uma forma diferente na correção deste tipo de problema. Normalmente a falha é divulgada por um boletim técnico de circulação interna (fabricante e concessionárias). Neste boletim é apresentado o problema, a série de veículos afetados, e o procedimento de correção com peças aplicadas. Pode ser a mesma peça, se ela teve uma falha de fabricação num lote, ou outra peça diferente, se o problema foi no desenvolvimento (projeto) da peça.
No caso da Nissan, ela faz a correção e informa o dono do carro, através do relatório de serviços executados, que vai compor o prontuário do carro, e fica à disposição do proprietário também para qualquer consulta.
Assim, se um carro da Nissan entra para revisão, a concessionária consulta o número de chassis e o sistema já indica a necessidade de uma correção (por isso sempre recomendo serviços em concessionárias).
Na Chevrolet, ela faz a correção também quando o veículo entra para revisão, mas o cliente não é informado do serviço. Normalmente a Chevrolet omite esse tipo de intervenção, mas pelo menos realiza.
Na Ford, as concessionárias recebem a informação do problema, mas só realizam o serviço quando o problema se manifesta e o consumidor reclama, quando ainda não coloca a culpa do problema em algum fator externo (mau uso, uso severo, combustível de baixa qualidade). Como as concessionárias da marca passam por dificuldades hoje pelos baixos volumes de vendas e revisões, elas tentam conseguir alguma vantagem financeira com esse tipo de problema.
O caso citado pelo Bigsd demonstra isso, foi uma reclamação pública (reclameaqui) onde o fabricante informa que a caminhonete do cliente tem dois "recalls" para serem feitos envolvendo a reclamação dele, inclusive a concessionária forneceu os códigos de referência destes recalls. Todos os compradores da marca deveriam exigir a correção imediata dos problemas, o quanto antes, até porque a marca também está com muitas dificuldades com peças de reposição, e não é uma ideia muito inteligente ficar no fim da fila para ser atendido.
Eu me lembro de ter tido um recall branco numa Frontier 2016 que eu tive, onde foi trocada uma dobradiça do capô que apresentava ruídos com o tempo, e uma peça da caixa de direção da 2014, que também poderia causar ruídos e sensação de trepidação na coluna de direção. As substituições foram feitas sem qualquer aviso e antes do surgimento de algum defeito, e foram comunicadas pra mim.
Nas minhas Frontier atuais do modelo novo, nenhuma sofreu correções, e não sei se teve alguma inspeção. Muitas vezes chamados são abertos para inspeção de um determinado componente. Por exemplo, no momento da montagem um montador não fixou uma peça corretamente em todos uma série de carros que montou, e algumas podem apresentar falhas.
Um exemplo disso é o tubo de vareta de nível de óleo da Frontier 2022, que ao ser encaixado no local de montagem, algumas vezes acabava com um anel de borracha de vedação deslocado, e isso podia causar algum vazamento pela base da vareta. Alguns compradores perceberam o problema e reclamaram, em outros casos a concessionária inspecionou na revisão para verificar se o veículo teve ou não o anel deslocado. Se tivesse, o anel era substituído e o dono informado de que um reparo foi feito em garantia.
Conversando com amigos, fiquei sabendo que o tal lançamento recente está com vários vícios de fabricação. É importante que o consumidor fique muito atento com os detalhes do carro, pois o fabricante não vai fazer o reparo sem uma reclamação do proprietário. O caso da trinca no vidro se refere ao para-brisa, a montagem porca do fio exposto é no vidro traseiro, então não há relação.