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Como foi a escolha do nome?
Foi um grande desafio. Sofremos e queimamos neurônios. O nome Stark significa forte, em alemão, e foi definido em 2006. O carro conceito que deu origem ao projeto é chamado de Trilha e o nome do projeto interno era A4. Para escolher o nome definitivo, criamos e selecionamos vários. Eu, sinceramente, tinha preferência por um nome brasileiro assim como o carro, uma palavra da língua portuguesa, mas não foi possível. Descartamos várias idéias por já terem donos, pois as montadoras trabalham com muitos nomes registrados com muita antecedência.
O Stark é posicionado no segmento de luxo. O senhor acredita que o Brasil tem mercado para novas marcas premium?
Sim, e muito. O mercado de luxo cresce cerca de 18% ao ano, desde 2000. E não é mais o mercado de ostentação, é um mercado de luxo para pessoas que compram pela boa relação custo-benefício, que agrega funções e diferenciais.
Marcas de luxo carregam décadas de tradição no caso de veículos e até séculos no caso de vinhos e relógios. O fato da marca Stark ser estreante no mercado luxo aumenta o desafio?
Sobremaneira, aumenta sim. Tanto que nosso plano estratégico foi de apresentar um projeto que chamasse muito a atenção e trouxesse para nosso carro a grife dos fornecedores de componentes. A TAC conquistou um respeito muito grande do mercado automotivo, tanto das grandes montadoras como dos fornecedores. Por exemplo, recebemos a vista do presidente mundial da GM, Ray Young. Ele elogiou a velocidade e a competência de todo o desenvolvimento do projeto. Existe uma tradição internacional entre as grandes montadoras, em se aliar às menores para projetos especiais de pequenos desenvolvimentos, tanto na Europa quanto nos EUA. Ele disse que não havia ninguém com este perfil na América Latina, até conhecer a TAC.
Qual o perfil do usuário de um veículo Stark?
Público classe A, pois se trata de um produto de luxo. Quanto à idade, não há faixa cronológica, nós chamamos de jovem estendido, que pode ter 25 ou 65 anos. É a pessoa com espírito jovem, esportivo, aventureiro e de bem com a vida.
Muita gente tem jipes e pick-ups grandes e luxuosas, mas nem pensa em sujar os pneus de lama. Sinceramente, o senhor acredita que o carro será mais usado dentro ou fora-de-estrada?
Sim, é fato pesquisado, entrevistamos mais de 600 proprietários de carros 4×4. A pesquisa apontou que 96% dos usuários planejam uso urbano e apenas 4% fora-de-estrada.
Agora, estes 96% de urbanos querem se apoiar na imagem do que os 4% de aventureiros fazem.
Tanto que 77% destes usuários urbanos nunca usaram a tração nas 4 rodas. Daí, nós ofereceríamos uma versão sem tração nas 4 rodas, e este público nos diz claramente que não compraria. Mesmo que não use, ele compra o potencial do carro. É o mesmo caso do dono de pick-up que raramente usa a caçamba para colocar alguma carga. É o que ocorre ainda com quem compra Ferrari no Brasil, pois não há onde acelerar este carro aqui.
Trata-se da projeção do “homem Marlboro” ou do “cowboy de asfalto”?
Muitos têm este desejo aventureiro, mas pelos compromissos do dia-a-dia urbano nunca poderão realizar. Mas, só o fato de comprar já o satisfaz. E tem mais uma coisa, essa onda de aquecimento global, do planeta sendo “consumido” cria uma angústia nas pessoas que não conseguem desfrutar mais da natureza.O veículo 4X4 permite este contato mais íntimo com as belezas naturais do nosso planeta.
Quem mais usará o Stark?
Além do homem esportivo, há o público feminino, que ainda pretendemos pesquisar melhor. A mulher gosta do design com as linhas orgânicas e da sensação de segurança, de ter um carro resistente, imponente, alto e atraente.
Por fora o carro é resistente, projetado para suportar lama e trilha. Mas, como fica o interior? Afinal, é um carro de luxo.
A proposta inicial não era essa, era de um carro aberto, com design espartano, posicionado em preço baixo (R$ 45 mil), como substituto ao jipe Willys, de trilha. Só que na pesquisa as pessoas disseram que este carro por este preço era caro, que eles queriam vidro elétrico, direção hidráulica, banco de couro etc. como produto de luxo, acima de R$ 70 mil. Veja como mercado se posiciona, veículo de R$ 70 mil não é caro, enquanto veículo de R$ 45 mil é caro. Não é uma questão de preço e sim de valor percebido. A pesquisa nos indicou que o ideal é posicioná-lo como marca “top”. Externamente o carro está mais do que aprovado e estamos trabalhando justamente no design do interior, para corresponder aos anseios desta faixa de público, para produto de luxo. Ainda não concluímos este desenvolvimento, mas em relação ao conforto e aos mimos, o carro trará boas surpresas.
Algumas marcas premium provocam uma identificação e uma relação social e até emocional com seu público. É o caso da Apple, da Beneton, da Harley-Davidson, da Lilica etc. A marca Stark pretende chegar a este tipo de relação?
Este é nosso grande sonho a longo prazo, seria nosso “nirvana” e disto dependerá a longevidade da marca. Não é uma tarefa fácil, tanto que os exemplos são poucos, conta-se nos dedos.
Já foi planejada a comunicação?
Temos uma visão estratégica e um estudo de marketing, indicando os caminhos seguir. Sabemos que não é a propaganda de massa em horário nobre da TV que vai nos levar ao público-alvo e sim um forte relacionamento, que nos permita ganhar indicações de clientes. Queremos ter uma proximidade com o público de maneira muito franca e aprender com ele como devemos nos comunicar.
Proprietários do veículo Stark participarão de algum clube, como ocorre com as motos da Harley-Davidson?
Sim. Só não sabemos ainda se vamos chamar de clube, mas nós pretendemos criar este meio de identificação social com a marca e de integração entre os clientes.
Existirão produtos acessórios do Stark (como kits de navegação) e souvenirs como miniaturas, lanternas e chaveiros? Talvez uma grife Stark, com produtos terceirizados ou licenciados?
Note que 2/3 do faturamento da Harley não é com as motos, é com a marca. Realmente isto nos inspira e está na nossa visão. E claro, precisamos criar para isto o valor da marca. O Stark já foi desenhado com uma pré-disposição para uma família de acessórios inovadores.
Já pensaram no primeiro mimo para o cliente?
Ainda não foi definido este detalhe.
Uma coisa que eu aprendi na minha trajetória profissional, sobre o que pensa o mercado, é jamais tentar adivinhar e sim perguntar.
Para isto existe pesquisa e existe relacionamento com o cliente. Já vi pessoas descartarem muitas canetas, chaveiros, pastas e outras bugigangas óbvias que ganharam e que não seriam úteis. Outra coisa que aprendi é sempre buscar gente competente para fazer.