Postado originalmente por
CGAUER
Regina,
outro dia um grande amigo me fez a mesma pergunta, segue a minha resposta:
Ele não é confortável. Tem eixos, suspensão e chassi de Jipe, logo é um autêntico jipe travestido de carrinho. Pula MUITO, preservando assim a suspensão, por forçar o motorista a calcular cada investida contra o terreno, sob pena de ter seu conforto prejudicado. É a velha filosofia dos Jeeps, Land Rovers e qualquer outro 4x4 puro sangue. Jipe confortável não dura.
A direção vibra ao passar por chão esburacado em razão dos parrudos eixos rígidos; mas ali nada jamais te deixará na mão, jamais. O Jimny foi feito para agüentar abusos do pior tipo e terreno, porém com manutenção de carro Japonês; óleo, filtros, velas e só. Jamais quebrará.
Nem correia dentada tem, é corrente, como qualquer carro de boa qualidade do Japão ou Alemanha. Os detalhes são absolutos, desde a graxa nos contatos das lâmpadas dos faróis, para evitar corrosão e mal contato, até o projeto do chassi, forte como o de um Land Rover.
Na estrada ele anda como um 1.4, se você se esforçar, ele mantém até 130km/h, independente do relevo.
Não agrada muito as passageiras mais conservadores, pois transmite sensação de insegurança; ele é alto e estreito, apesar de ser muito estável. Mas nem tente explicar.
Os tolos da Suzuki BR não trazem o modelo com ABS e Air Bag, logo a segurança passiva é ruim. Por outro lado o chassi e célula de deformação progressiva conferiram excelentes notas no crash test europeu. Mas eu prefiro não contar com estas qualidades.
A performance é apenas melhor do que um carro 1.0, já o consumo digno de 1.6. Culpa da aerodinâmica e transmissão parruda.
O acabamento é bom, mas os bancos curtem marcar presença sonora na ausência de seus passageiros. Como é feito no Japão, este defeito atinge 100% da frota. Acostumei meus ouvidos.
Conexão para iPhone? Esqueça.. O som é uma porcaria. Gravo CDs todas as semanas. Trocar o som? Difícil pois é do tipo "duplo DIN", gigante e nada comum por aqui.
Sou louco então? Quase...
Na cidade enxerga-se do alto, e corta-se o trânsito como navalha. Ele é curto e com raio de giro pequeno. Graças a grande área envidraçada, manobrar é uma delícia. A direção é leve e rápida.
Ele é relativamente discreto e diz pouco sobre você. NADA visado pelos ladroes e com boa liquidez de revenda, característica dos Suzukis pequenos, tente achar um Samurai a venda...
Tem um público ultra fiel e é um carro de nicho. No off road é um demônio, vai quase melhor que o Defender, apesar de sugerir o contrário. Procure no Youtube: Jimny + sand, mud, water, etc...
Concebido como veículo militar no Japão, se mantém a mais de 40 anos fiel a sua proposta: não pesar mais do que uma exata tonelada. Neste meio tempo, o Land virou uma banheira e hoje cheia de eletrônica, o Jeep agora é um SUV cheio de plásticos e o Toyota passou a ser carro diplomático da UN. O Jimny ainda é "cute" e autêntico. Jovem de espírito e sem falsas pretensões. What you see is what you get.
Ao longo dos tempos ganhou conforto e ergonomia, além de sistema 4x4 com reduzida foolproof (acionamento eletrônico que evita mal uso) e motor estado de arte; 100% AL, com comando variável e nenhuma manutenção fora os itens acima mencionados, como qualquer outro japonês (um Corolla, por ex).
A posição de dirigir é fantástica, pode-se viajar todo um dia sem sequer ficar cansado e sem dores nas costas. Por ser distinto do resto, traz uma certa diversão ao trânsito pasteurizado de SP. Não me sinto com mais uma ovelha no meio do rebanho. Daí minha simpatia pelo Smart.
Comprei o carro sem fazer um test drive e logo me arrependi. Passadas algumas semanas, passei a gostar do carrinho. Hoje sou total adepto, mas a razão eu desconheço. É algo não-verbal. Divertido para dirigir, diferente do resto. Hoje I love to bounce around on it. O motor soltou e agora responde melhor ao acelerador. Não tem uma vez que eu não sente nele e me sinta 100% feliz. Difícil de explicar. O Jimny é uma fabulosa prótese/interface entre a estrada e o ser humano, pois veste como uma luva. Ergonomia total em todos os detalhes.
Se partir para um, tenha certeza de andar com os cintos afivelados, já que uma lombada pode te arremessar às alturas.
Antes de pegar o Jimny estava em dúvida entre: Fit (formula garantida, mas über boring), i30 (super bom mas um tanto boy em razão dos cromados) , Subaru (gastão e com péssimo suporte para peças) ou o Smart (pequeno com preço de manutenção cara como Mercedes grande). Claro, todos automáticos para o trânsito caótico de SP. Se fosse agora testraria ainda o Audi A1, este é absolutamente fantástico, mas talvez sua cabeça virará prêmio entre os malandros... Até cogitei de trocar o Jimny por um A1, mas jamais teria a tranqüilidade que tenho hoje para andar de janelas abertas, olhar para os lados sem me preocupar com buracos, enchentes, guias, eventuais escapadas em dois para o sítio, praias, etc...
Minha dica; vai ver também o Audi A1 e o Fit novo. São carros mais democráticos, mas nada diferentes do resto. Passam-se os anos e eles ficam destruídos, ultrapassados e desvalorizados. Um Jimny é carro para sempre, sempre jovem e capaz.
Apesar da paciência e programa 14 cocares, uma boa maneira de testar a aprovação é levar na concessionária para fazer um test drive. Avalie o sorriso.
O Jimny pode agradar MUITO, por deixar você atropelar qualquer valeta, lombada, buraco enchente, etc... Atrai também uma grande quantidade de interessados, normalmente meninas e alguns marmanjos cult. Muita gente vem falar comigo sobre o japinha. Não é atoa que levou o prêmio 4x4 do ano da África do Sul, o peso feminino foi decisivo.
Não poderia estar mais feliz, mesmo que eventualmente cause alguma curiosidade.
Como o 110 é grande demais, o Jimny é meu carro oficial e só trocaria ele por outro igual, porém com ABS ou talvez se um dia existir com motor mais forte.
abs
Clemente