Postado originalmente por
Renato Gallo
Caro Professador,
Quando é que você virá de novo a Brasília, para fazermos aquela trilha que não foi possível naquela ocasião?
Apesar de o Fernando Tonietto (que reputo grande conhecedor) dizer que é problema insolúvel causado pela grande angulação das homocinéticas, eu discordo com base em um fato notório.
Nos primórdios dos veículos de tração dianteira com um pouco mais de potência, os especialistas da imprensa automobilística reclamavam que, ao esterçar o volante e tracionar, "sentiam" a tração no volante, e essa percepção era devida à vibração no mesmo.
Com a evolução das suspensões dianteiras (inicialmente Mac Pherson), resolveu-se esse problema. Segundo meu pensamento, através de uma maior rigidez do conjunto à torção e à flexão, para se adequar às novas exigências.
Eu penso que esse é o caso da Duster. A exigência de trabalho foi modificada e a solicitação de tração se dá com novos ângulos da balança dianteira. Note que a suspensão dianteira tem três apoios, porém quatro pontos articulados: as duas buchas das balanças, o pivô e a fixação superior do amortecedor. Como o comprimento do conjunto amortecedor-haste aumenta, qualquer que seja o lift, o conjunto todo fica menos rígido (e portanto, mais sujeito a vibrações, conforme a Engenharia Mecânica estuda em Dinâmica das Máquinas e mecanismos).
Veja o diagrama na figura que anexei. Imagine os pontos coloridos (azul, verde e laranja) se articulando com a balança mais angulada pra baixo e sob o empuxo de 140 cavalos!
Esse é, para mim, nosso problema. Temos uma "maria mole" que trabalhava em equilíbrio, e quebramos esse equilíbrio, e temos um motor com 140 HP chacoalhando isso. Digo "maria-mole" porque as buchas das balanças trabalham, a fixação superior do amortecedor idem, e o pivô é esférico, e portanto, homocinético.
A solução, para mim, é um novo ponto de ancoragem para as suspensões dianteiras. Estou estudando isso, volta e meia entro embaixo do carro e fico olhando e pensando, mas ainda não decidi o que farei.
Um exemplo para isso é o Uno. Sua suspensão dianteira era sofrível até 1990 e, depois de ajustada pela fábrica, passou a ser uma referência de eficiência e durabilidade "Nos Fiat isso só foi corrigido no Uno Mille em 1990 e no resto da linha, em 1991. A barra (estabilizadora) continuou a exercer seu papel, mas a localização longitudinal das rodas passou a ser feita por um tensor de cada lado. Note num Fiat 147 arrancando como as rodas dianteiras assumem uma posição impensável, a convergência e o câmber aumentam assustadoramente. Com os tensores o problema fica resolvido. Como fica também quando o braço transversal é triangular ou em L".
Posso estar enganado, mas creio ser este o próximo capítulo da novela.
Um grande abraço.