
Postado originalmente por
arndt164
Prezado Rico Pacheco e demais deste fórum. Vou deixar aqui minhas impressões finais a respeito do Outlander, como ex-proprietário com 3 anos de experiência na manutenção fina do veículo.
Quando falo em manutenção fina, falo em estar com o carro sempre em dia. Manutenção preventiva em dia e, aparecendo algo de corretivo, se corrige o quanto antes. Comprei este Outlander com 38.000km de um único dono que fazia todas revisões na MIT desde zero, e sempre fiz tudo certinho, por tempo e não por km, fazendo inclusive as trocas intermediárias a cada 5.000km. Componentes como velas, amortecedores, só originais japoneses, nada de nacionalizados pela MIT no Brasil. Seguindo o manual de manutenção do fabricante, que vai bem além das revisões programadas (preço fixo) das CCS Mitsubishi. Ou seja, manutenção cuidadosa e séria, não na base do “alicate e arame” da adaptação de peças aqui e ali como é comum em importados.
Minha intenção aqui não é chatear ninguém mas contar um pouco sobre minha história com o crossover bem como alertar os demais deste forúm (ou quem de fora que esteja pensando em adquirir um usado e tempo para ler) sobre o que se espera, NA REALIDADE, deste modelo: Outlander. Que não é só “óleo e filtro e alegria”.
Pacheco, Letto, e demais que responderam no intuito de tentar me ajudar. Agradeço muito a ajuda de vocês e espero que não me levem a mal por comentar tanto, mas, ao meu ver, informação é importante para quem vai adquirir um carro, seja qual for.
Bom! Para contextualizar melhor e ser menos repetitivo possível, vou continuar a partir do texto do meu post de 15/04/2016 22:24h onde havia iniciado com as minhas impressões do outlander a partir do início deste ano (post #241).
Continuando a história (post #241): Quando apareceu, no início deste ano, a avalanche de problemas inexplicáveis, levei ela em duas oficinas conceituadas aqui em Florianópolis ( o Adam 4x4, que trabalha com várias marcas e é especialista em Land Rover, e Oficina Paris, multimarca de maneira geral mas que atende audi, mercedes, Toyota, entre outros que vi por lá. Ambas situadas no continente, e que têm excelente reputação). Levei em outras 3, bem indicadas, mas nem quiseram deixar o outlander entrar para olhar! O Adam 4x4 não conseguia peças com os importadores/contatos dele, só na CCS MIT daqui, aí adianta o quê??? Como estava perto da revisão de 120.000 e no console já estava pedindo a revisão, fui então novamente na Oficina para fazer um orçamento para troca de correia dentada, óleo, filtros, etc, o que pede a revisão de 120.000. Resultado: deve fazer uns 2 meses que solicitei orçamento e até hoje ninguém se pronunciou. Não conseguem peças fora da MIT. E o dono dessa segunda oficina me disse, assim como o Adam, que não gostam de trabalhar com MIT justamente pela dificuldade das peças. Sobre a questão dos sensores do ABS, o dono da Oficina Paris me confirmou que se trata de um problema de projeto da própria MIT no Japão, pois parece que os fios internos que conectam a bobina do sensor Hall são muito finos e acabam se rompendo com os solavancos das rodas no uso diário. Também tem a questão do casamento da impedância dos sensores com a central do ABS. Com sensores do mercado paralelo (geralmente mais baratos) existe problema de casamento da impedância com a central do ABS, segundo me explicou o dono da Paris. Ele inclusive informou que apareceu por lá tempos atrás uma Outlander onde diagnosticaram que precisava trocar o sensor de uma das rodas. Foi comprado o sensor no paralelo 3x pelo dono do carro , até que por fim o mesmo teve que desistir e desembolsar $$$$ na CCS MIT com o sensor “original” para resolver o problema.
A questão é, queimar um sensor na vida útil do carro, sei lá, de 10 em 10 anos, custando 1500 reais, OK, mas queimar uma a cada 18 meses, não dá!!!!!
Além do mais, trata-se de uma peça de controle da segurança do veículo - cada vez que houve falha o carro ficava louco. Cheguei a perder tração (e freios) no meio de um cruzamento de uma via movimentada em Floripa. E, em outra oportunidade de falha de outra roda, por estar 2 segundos atrasado em passar um outro cruzamento me salvei de tomar uma colisão lateral de um caminhão que devia estar à mais de 50km/h.
Depois de esbravejar e argumentar muito com a MIT Sekai e com os engenheiros da própria fábrica em Catalão/GO, a resposta dos engenheiros era de que esses sensores são "itens de desgaste natural" e que não havia nada de errado com a central. A Sekai (de tanto eu gastar $$$$ e engordar os cofres deles) até que tentou fazer uma varredura inteira nos chicotes dos sensores, etc, passa computador aqui e ali, mas, enfim, chegou ao mesmo veredito. Cheguei a entrar em contato com a Mitsubishi Japão, que se limitou a me informar que eu tinha que resolver os problemas do meu outlander, sejam quais forem, com a Mitsubishi Brasil, bate-rebate.....
Na mesma época, no início deste ano o consultor da Sekai chegou a perguntar, mostrando o sensor avariado (que estava podre), se trata de um carrro que circulava muito perto de praia. Comentamos que, com frequência passávamos por uma via perto da praia na Barra da Tijuca, então ele argumentou que aquele sensor estava avariado devido à maresia. Perai?! Então a Mitsubishi fabrica um carro que não pode circular por estradas perto do mar?
Este é o problema crônico de projeto que considero a pior parte neste crossover, que merecia um recall mundial da Mitsubishi, a exemplo dos airbags “mortais” da Takata que fizeram a Toyota, dentre outros fabricantes, a investir muito $$$ em recalls mundiais para não perder clientes. Neste caso do outlander, quando acontecerem alguns acidentes fatais por falha do ABS na “hora H”, talvez a MIT se mexa. Enfim, só por isso já matou o carro para mim.
Outros problemas que considero absurdos para um carro de 105.000km:
A) barulhos nas suspensões de desgaste em pinos das pinças de freios no eixo dianteiro e traseiro. R$500,00 para arrumar, por eixo, e o chefe de oficina da Sekai ainda me disse que o embuchamento volta a soltar, ou seja, tem que voltar à oficina para reparo de tempos em tempos. Pode????
B) Cardan. Como pode ter que trocar um cardan inteiro por causa de desgaste de um rolamento, e porquê diabos um rolamento que não sofre impactos (como os das rodas) ao longo da vida pode desgastar??? R$5.000,00 para arrumar. Pergunta se eu consegui m cardan numa oficina multimarcas ou importador de SP?! Tentei de tudo. Fiquei rodando uns 2 meses com o cardan chiando, até aceitar pagar a bagatela, pois, além do chiado, tinha o risco do tal rolamento estourar de vez e o cardan virar uma lança embaixo do carro a 100km/h, ou algo pior!! Ninguém quer ficar na estrada ou sofrer um acidente sério.
C)Barulhos diversos de suspensão. Para um carro de 105.000km que trocou todo um kit de amortecedores originais na MIT aos 80.000km???? Meio estranho, não??
Na Oficina Paris perguntei da suspensão de uma Hilux que estava para trocar óleo, nada! Fiz teste drive numa Land Cruiser Prado com 170.000km que nunca sofreu troca de suspensão, nada, parecia carro novo.
D) Partes dos plásticos das caixas de rodas rachando e despedaçando, assim, do nada.
E) Para trocar um simples filtro de combustível você não o troca, troca o kit da bomba toda, na CCS MIT ou fora dela, pois não existe para comprar o filtro em lugar nenhum do planeta. O PN é da peça completa! E olhe que pesquisei muito em sites de peças nos EUA e europa. Resultado, a simples troca do filtro de combustível custa R$ 2500,00 mais M.O. além de ter que desmotar boa parte da tapeçaria traseira do carro. O que quero ilustrar aqui é a mesma situação do cardan. Com outlander, se troca partes inteiras e não pequenas partes que custariam muito menos. Para o fabricante isso eu chamo de economia de palito, pois eles ganham um $$$ a mais, porém afastam o cliente ao longo do tempo.
F) PNs difíceis de serem encontrados mesmo por importadores, salvo rolamentos de rodas, talvez algumas correias, velas, itens mais corriqueiros, ademais, é tudo pacote fechado. Ou se compra na MIT ou se adapta como vi relatos diversos na internet. Graças a Deus nunca quebrei uma lanterna, retrovisor, farol, etc.
Conversando com os donos de oficinas multimarcas, Subaru, Audi, Mercedes, Land Rover, etc., você encontra as peças em importadores, Mitsubishi é outra história.
G) Revenda horrível!! Praticamente um casamento. Vou contar mais à frente.
Aspectos normais e positivos:
Como as rosas também têm perfume além dos espinhos, dou pontos positivos ao carro: nesses 3 anos de convívio, nunca ocorreu nenhum problema elétrico (exceto a questão do ABS) a exemplo de mecanismos de bancos, luzes do dashboard, faróis e lanternas queimadas, só uma luz da placa traseira, que me custou uns R$10,00 e mais nada. Crédito para ela!
Pneus, apesar de serem caros e durarem pouco, na minha opinião é isso mesmo. Paga-se uns R$ 3000,00 por um jogo de pneus de qualidade (Continental, Goodyear, Bridgestone) para rodar em torno de 40.000km, pois o veículo é pesado e tem torque elevado, sendo assim, borracha vai. Contra a física ninguém pode! CRV e Cia. Sofrem do mesmo efeito.
Consumo: quando comprei morava no Rio e circulava na Barra da Tijuca. Como lá o trânsito é mais pesado e, quando arranca anda em velocidade mais baixa pois é engarrafado a toda hora (passou SP como pior trânsito do Brasil) e também como o torque do V6 em baixa é alto, arrancou, já está em 5ª., 6ª. Nessas condições fazia em torno de 8,5km/l na cidade com minha esposa e 7,5km/l comigo. De 2015 para cá estamos morando em Florianópolis, como mencionado no texto do post #241, então, como estávamos circulando com ele diariamente na Beiramar Norte para locomoção diária, onde você arranca e pega uma velocidade mais alta já de início, o consumo aumentou. Médias de 6,0 a 6,5km/L.
Na estrada, andando a 90km/h, com pé leve, se consegue 9,5 a 10,5km/l se não tiver morro. Analisando do ponto de vista da física eu não acho ruim. O Sentra 2.0 CVT modelo novo 2017 faz média de 6.0km/l em Florianópolis (constatei num test drive na Beiramar Norte e ruas internas do bairro Santa Mônica dias atrás, olhando para o medidor de consumo médio e o instantâneo não vi nada muito melhor do que o V6 3.0 do outlander). Isso à título de comparação.
A tampa basculante. Essa sim eu considero uma maravilha, e um retrocesso para os modelos novos. Pensa em algo que te ajuda a acomodar bagagens sem ter que colocar (e sujar) no chão suas malas num dia chuvoso, dentre outras várias utilidades.
Maravilha de espaço interno (só para bagagens). Sem comentários.
Considerações finais a respeito do outlander 3.0 V6:
Nesses 3 anos, colocando na balança os pontos positivos e muitos pontos negativos, cheguei à conclusão de que, se voltasse ao passado, o compraria somente como um segundo carro para passeios eventuais, talvez nem isso por causa da questão da dificuldade das peças fora das CCS. Adquiri por R$ 60.000,00 em 2013 com 38.000km e em 3 anos foram gastos astronômicos R$ 34.594,24 só em manutenções preventivas e corretivas, rodando por volta de 67.000km. Um absurdo!! Mais absurdo ainda é o chefe de oficina da Sekai Mitsubishi da BR101 me dizer que é o preço a se pagar para rodar com a marca dos 3 diamantes. Vai....####... Nem Audi, Mercedes, BMW talvez se gaste tanto assim, considerando comprar pouco rodado em bem cuidado. E Mitsubishi está aquém das marcas premium. Pelo amor de Deus.
Outro absurdo é a revenda! Coloquei no webmotors, abaixo um pouco da FIPE, com fotos decentes, etc. Bem argumentado. Procura Zero em 3 meses de anúncio! Tenho um amigo que é, por sua vez, amigo do dono da rede Futura VW. Ele me deu uma ajuda apresentando o outlander para o dono da futura para ver se ele não conseguia negócio para eu passar. O dono da Futura colocou todos os seus vendedores de seminovos com telefone na mão ligando para tudo quanto é canto de SC para arrumar algum negócio. Nada! Perdi oportunidade de negócio em vários SUVs bons e que tem mercado restrito, como Tribeca, Volvo, Audi, nenhum logista quer. Isso num outlander bem cuidado, sem retoques, brilhando, com todo histórico de manutenção e carimbos da MIT. Por fim, numa sorte danada consegui negócio numa CCS Toyota no sul do estado, entregando ele por míseros R$30.000,00 (R$17.000,00 abaixo da FIPE) e com muita negociação. A grande maioria das lojas e outras CCS onde eu o daria como parte de pagamento para pegar um novo, a exemplo da Honda, num negócio com um CRV, nunca nem retornou ligações para avaliar ele. Trocar por outro na Mitsubishi nem cogitei. Peguei raiva da marca. Acho difícil eu algum dia nesta vida ter um Mitsubishi novamente.
Colocando na ponta do lápis, foram aproximadamente R$ 3.000,00 por mês nesses 3 anos considerando todos os gastos envolvidos, fora o custo de aquisição.
Voltando a questão dos que dizem “só troco óleo e filtro e não me dá problemas”, tudo bem, se você pegar ele pouco rodado, bem cuidado ou novo, e ficar com ele por 5.000km como carro só de passeio de fim de semana, talvez, mas, esses carros precisam de manutenção cuidadosa e ela vai ser muito cara para o uso do dia a dia, vai ser necessária, e vai te abater no cartão de crédito, é questão de física e matemática, não tem como ser diferente. E o pior, tudo isso em um carro de uma marca que não é premium em comparação com os equivalentes alemães, britânicos, na verdade nem mesmo com a japonesa Subaru.
Enfim.
Resumo a outlander na seguinte frase: Um crossover leve, prático, versátil, bonito, rápido, ronco prazeroso, garantia de sorrisos iniciais e honesto no consumo, mas, caso seja o carro do seu dia a dia, compre muito pouco rodado (ou novo se puder) e passe logo adiante, não fique com ele por muito tempo (ou esqueça, vá atrás de outros), senão a carruagem de cristal se transformará (rapidamente) em uma abóbora em suas mãos, pois vai comer seu $$$$/mês e a dura realidade é que não tem mercado para venda (exceto, talvez e olhe lá, SP e Rio Capital).
A bem da verdade, considerando relato de colegas outros que têm SUVs premium, LR, AUDI, BMW, Subaru, se for investir como um segundo carro da família para eventuais passeios e viagens onde se roda pouco, esses valem muito mais a pena.