Postado originalmente por
mauricio_silva
Acredito que o problema apontado no tópico se deva a uma característica muito comum a grande parte da população deste país: o uso privado de um bem ou patrimônio público. E mesmo que não fosse este o caso, surgem algumas dúvidas, como:
Por que somente os bugueiros podem trafegar pelas dunas? Há alguma lei que assim o diga?
Eles (bugueiros) estão contribuído (pagando) algum imposto especial que permita tal prática?
Os bugues estão devidamente conservados, minizando o risco de um acidente? Há nestes veículos equipamentos básicos de segurança, como o cinto, para todos os ocupantes?
Os buqueiros recebem treinamentos especiais em direção off-road e primeiros socorros (para citar o básico e mínimo exegido)?
A forma como são conduzidos o bugues é tal que produza o mínimo impacto ambiental (na fauna e nas próprias dunas)?
O usuários tem disponível algum equipamento de segurança individual, como capacetes e luvas?
Existe alguma associação/cooperativa entre os bugueiros que possa responder pelas práticas e comportamento de seus menbros/associados?
Na notícia original, me chamou a atenção o fato dos bugueiros e membros da comunidade local cercarem a pousada onde estavam hospedados os proprietários dos quadriciclos. Esta atitude, evidentemente ameaçadora e intimidatória, não condiz com a prática de um estado de direito, como o nosso. Se houve abusos por parte de alguns dos proprietários dos quadriciclos, as pessoas da comunidade (bugueiros e moradores) deveriam acionar a polícia. E não tentar fazer "justiça com as próprias mãos", comportamento este normalmenta associadado a grupos que não respeitam a ordem pública nem os direitos dos cidadãos. É comportamento típico de gangues e bandidismo, como também é bandidismo a apropriação privada de bens e patrimônio público.
Não é exclusividade das praias do nordeste ter tal tipo de violação do direito público. Quem mora nas grandes cidades do país (em qualquer região) já deve ter sido abordado por um "flanelinha" que, na sua aparente ingenuidade e boa vontade, se apropria das vagas de estacionamento próximas a pontos de grande aglomeração e interesse popular. Vagas estas que são públicas, cujo direito de uso qualquer um pode usufruir.
De uma forma geral, estamos acostumados com tal situação. Inclusive, numa distorção de valores, podemos achar tal prática correta, como se correto fosse se aproveitar dos outros. É tão comum que a pessoa pode ser considerado "esperto", substantivo bem mais condecendente do que "bandido", embora se trate de um crime.
Infelizmente, tal condescência rapidamente trás suas consequências: o que é um direito se torna uma concessão. O que deveria ser "gratuíto" (não o é; pagamos impostos para ter estes direitos), passa a ser pago (ou melhor, "bi", "tri", "tetra", tributado).
Considero a proposta do tópico justíssima: QUEM FOR AO CEARÁ, NÃO VISITE CANOA QUEBRADA.
Melhor ainda se fosse: NÃO SEJA CONDESCENDENTE COM QUE SE APROPRIA DO SEU DIREITO; SE NÃO, TODOS SAIRÃO PREJUDICADOS.
Somente para lembrar: 2010 é ano de Copa do Mundo e de ELEIÇÕES.
[]s.
Maurício (Tche).