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Pisando certo
O desempenho dos quatro modelos avaliados nesta reportagem poderia ser diferente em função dos pneus. Por uma questão de padronização, decidimos fazer o teste com os pneus originais e com a calibragem recomendada pelos fabricantes. Mas todos eles poderiam ter se saído melhor caso calçassem “sapatos” específicos para o fora-de-estrada. “A escolha dos pneus faz, sim, toda a diferença”, diz José Carlos Quadrelli, gerente-geral de engenharia de vendas da Bridgestone-Firestone. “O ideal seria poder trocar os pneus para cada situação. Como nem sempre isso é possível, existem os pneus de uso misto.” Há os modelos mais voltados para o asfalto e que possuem pequeno ajuste, no máximo 10%, para uso na terra. Eles são bem parecidos com os pneus só para asfalto. No outro extremo há os pneus para lama, que invertem essa proporção. A banda de rodagem tem sulcos mais largos e blocos maiores, para facilitar a remoção da terra e do barro. Além disso, a estrutura do pneu é mais rígida, para aumentar a resistência a cortes e furos. O efeito colateral é que esse tipo de pneu faz mais barulho e se desgasta irregularmente ao ser usado só no asfalto. Para quem fica no caminho, há os pneus todo-terreno, geralmente identificados pela sigla em inglês AT. Sua construção prevê uso 50% na cidade e 50% no campo.
DICAS PARA IR MAIS LONGE
1. Procure estudar o caminho e manter a calma. Respeite os limites do carro.
2. Em caso de atoleiro ou terreno arenoso, esvazie os pneus em até 30% para aumentar a área de atrito. Não esqueça de recalibrá-los o quanto antes.
3. Lembre-se que a direção reage de forma diferente na terra. Por isso, não abuse da velocidade.
4. Ao atolar, tente alternar pequenas aceleradas para a frente e em marcha a ré. Se o carro andar, mesmo que poucos centímetros, você consegue sair repetindo esse movimento. Se ele ficar parado, é porque o assoalho ficou preso ao solo.
5. Carros com tração dianteira podem subir melhor as rampas muito íngremes em marcha a ré.
http://caranddriverbrasil.uol.com.br...ens/i43484.jpgNelson de Almeida Filho, nosso consultor para andar na terra
OPINIÃO
O marketing da necessidade
O marketing correto é aquele que busca o gosto (ou necessidade) dos compradores, e não o que tenta mudá-lo. Um bom exemplo disso é o que observamos na nova geração de veículos fora-de-estrada mundiais intitulados “crossovers”, uma notável aproximação do conceito clássico dos automóveis luxuosos e esportivos com a utilidade dos 4x4.
Mas os crossovers justificam-se pelos compromissos importantes nos países onde foram criados. Lá, neva boa parte do ano e ninguém abre mão do conforto e conveniências dos modernos carrões.
No Brasil, recentes lançamentos como o Ford EcoSport e similares apontam para esta tendência também por aqui. Como interessa atingir o gosto popular a baixo custo, os departamentos de marketing das fábricas daqui reinventaram os crossovers.
Mas aqui não neva e poucos se atrevem a andar pelas nossas estradas de terra quando chove. Ninguém paga para ter uma tração 4x4, quanto mais uma reduzida. E aí temos os “Cross Adventures Escapades” e quetais.
Cordeiros em pele de lobo: talvez esta seja uma boa definição para esses carros, que de aventureiros ou cruzadores têm muito pouco, mas agradam bastante ao gosto popular.
http://caranddriverbrasil.uol.com.br...ens/i43486.jpgCHEVROLET
TRACKER 2.0 16V
Gostamos
É o melhor e mais valente na terra
Não gostamos
Arquitetura e aparência interna obsoletas, pneus
Conclusão
Tem o conjuntos mais eficiente sem ser o mais caro
Qual o melhor sistema de tração para enfrentar uma trilha leve? Acompanhe este comparativo e entenda porque nem sempre lavou tá novo
EDUARDO HIROSHI FOTOS JOÃO MANTOVANI
A Suzuki está prestes a retornar ao Brasil, mas poucos se dão conta de que um representante da marca já está entre nós. É o Chevrolet Tracker, que nada mais é do que um Grand Vitara fabricado na Argentina sob licença da Suzuki e vendido no Brasil com a gravatinha da marca norte-americana. É fruto de uma associação das marcas americana e japonesa que, no passado, resultou na marca Geo.
“O Tracker é valente. Mas poderia ter maior vão livre do solo e vir com pneus lameiros”
Nelson de Almeida Filho
O Tracker foi lançado no Brasil em 2001 com motor diesel, saiu de cena em 2005 e retornou no ano passado. A Chevrolet tinha planos para desenvolver um veículo com a mesma proposta do Eco construído sobre a plataforma do Corsa, mas o estudo não evoluiu. E o Tracker voltou, com motor a gasolina.
Os fãs do Grand Vitara podem dizer com mais propriedade que eu: este é um jipe de verdade. Apesar de ser suave e de oferecer boa dirigibilidade no asfalto, o Tracker é muito bom na terra. Muitos jipes de ótimo desempenho em situações críticas acabam sendo incômodos no asfalto, e a maioria dos modelos de uso misto é ruim no off-road. Não é o caso do Tracker.
No uso diário, peca apenas por alguns detalhes internos. Os comandos de ventilação, que usam botões quadrados e alavancas deslizantes, não são mais usados desde os anos 90, sinal de que o projeto parou no tempo. O rádio de fábrica não tem mostrador digital para indicar a estação sintonizada ou a faixa do CD, porque a GM aproveitou o mesmo aparelho dos modelos com computador de bordo no centro do painel.
Além disso, por ser um Suzuki, não lembra nenhum outro Chevrolet por dentro. A almofada do volante não tem logomarca. Mas, no geral, o acabamento é bom. De toda forma, são firulas que não comprometem a qualidade do modelo.
http://caranddriverbrasil.uol.com.br...ens/i43488.jpgA reduzida 4x4 ajuda muito, os pneus e a altura do solo nem tanto
Valente
Antes de entrar no circuito de teste, Nelson de Almeida Filho examinou os pneus dos quatro carros e se ateve aos do Tracker. A unidade cedida pela GM, que tinha cerca de 5.000 quilômetros, estava com pneus de uso misto, mas mais voltados para asfalto, bem desgastados. Um problema. Pensamos em tirar pressão dos pneus como estratégia para melhorar a aderência na terra, mas decidimos manter a calibragem original como padronização para todos os modelos. Mesmo assim, o Tracker se sobressaiu.
No primeiro dia, com a pista seca, ele se comportou como uma criança brincando no quintal. Venceu rampas com facilidade, tomou banhos de lama nos atoleiros e mostrou agilidade. No dia seguinte, numa das provas mais difíceis – a rampa de 30 graus de inclinação com chuva – , foi preciso engatar a reduzida e tomar embalo. Quase não foi, mas ele conseguiu. Mesmo com os pneus não adequados, o Tracker conseguiu superar os obstáculos sem maiores traumas. O jipinho só parou no atoleiro mais fundo da trilha.
O Chevrolet de origem japonesa é valente. Se fosse um comparativo direto com o Ford EcoSport 4WD, provavelmente ele sairia vencedor por oferecer mais recursos técnicos e pelo menor preço – o modelo custa R$ 61.887.
http://caranddriverbrasil.uol.com.br...ens/i43490.jpgQuando menos é mais
O Tracker usa o sistema mais conhecido de tração 4x4, que usa acoplamento por engrenagens. No modo 4x2, a força que vem do motor (1) é toda direcionada para o eixo cardã (2), que, por sua vez, faz girar o diferencial traseiro. Ao ligar o sistema 4x4, um compressor de ar aciona um atuador (3) que, por sua vez, engrena um cubo (4) que transmite a força em direção ao eixo dianteiro (5) por meio de uma correia de alta resistência. Ao engatar a reduzida, a tração do motor passa por uma engrenagem adicional (6) que reduz as rotações para aumentar a força – daí o nome.