Tenho paixão pelos motores diesel desde os anos 80.
Costumavam ser máquinas capazes de agüentar as piores condições, durante muitos km, e com baixíssimo índice de panes.
Isso era devido a dois fatores principais:
1-sistemas tecnologicamente simples trabalhando com pouca quantidade de peças.
2-todas as peças superdimensionadas.
Disso resultava uma indiscutível confiabilidade que os tornava ideais para os veículos 4x4, principalmente aqueles voltados para longas expedições.

Nos últimos 15 anos essa realidade vem mudando drasticamente. Vieram os motores diesel de alta rotação, melhor adaptados ao conforto exigido pelos veículos leves, trazendo as seguintes vantagens.
Maior potência e elasticidade, leves, menor ruído e vibração e menos poluentes, ficando cada vez mais parecidos com os motores do ciclo Otto.
Ocorre que essas vantagens trouxeram um preço alto a se pagar.
Se por um lado os novos motores diesel têm conforto e desempenho de carro a gasolina, por outro lado a durabilidade e confiabilidade também ficaram muito parecidos e... pior, parece que está ficando até menor.
Basta uma breve pesquisa nos tópicos desse fórum para ler relatos e mais relatos de retíficas com menos de 200.000 Km, cabeçotes empenados na primeira aquecida, defeitos na injeção eletrônica cujo conserto passa de R$ 5.000,00, (e eu achava caro dar uma geral numa bomba injetora por R$ 2.000).

Não sei se isso pode ser considerado sorte, mas mesmo após possuir duas dezenas de carros (a maioria comprados usados) nos últimos 25 anos, entre gasolina, alcool e diesel, nunca tive o desprazer de ter de retificar um motor, ou mesmo trocar um cabeçote, e olha que eu já ví varias vezes o ponteiro da temperatura no vermelho, já abasteci em muito posto boca-de-porco e já completei muito óleo em motor cansado.

Como fã de motores diesel, sinto muita tristeza de ver o que o modismo tecnológico e as leis anti-poluição estão fazendo com algo que já foi a prova de que a simplicidade vale mais que a sofisticação, ou seja, que o menos significa mais.

É com esse pensamento, tido como antiquado, que vários aficcionados por 4x4 ainda resistem ao “progresso” e, mesmo tendo dinheiro para comprar uma caminhonete nova, insistem em andar de Q20B, OM314, S4T, D229, convivendo com o barulho e a vibração em nome de uma sensação de confiabilidade que não está mais à venda em concessionárias há muito tempo.
Eu, um pouco menos radical, confesso que me rendi aos encantos do diesel High Speed, com a condição de que tenha bomba injetora, cabeçote de ferro e distribuição por engrenagens (só Sprint e 14B... eu acho.). Mas esses também saíram de linha e hoje não há mais opção de mecânica de filosofia simples nem mesmo para caminhões.

Tratando-se de carro zero, hoje chego à melancólica constatação de que um motor flex pode ser mais viável para grandes expedições pelos confins do Brasil, já que têm mais tolerância aos combustíveis batizados do que os novos motores diesel com EGR que fatalmente terão que fazer vários abastecimentos com S-1800 quanto não encontrarem o S-50. E aí é bom torcer para não precisar da garantia, pois quanto a concessionária constatar o abastecimento em desacordo com o manual... perdeu! ... perdeu! (a garantia) play boy!

Minha teoria parece menos absurda quando vejo que alguns modelos de 4x4 que antes só eram oferecidos a diesel, agora têm versão flex, como as pick-up Hilux e L200 Triton.

Todo esse desabafo é para convidar os colegas para refletir e debater sobre um tema que anda espalhado aqui e alí em tópicos esparsos no fórum, e tem bastante gente com conhecimento técnico e experiência para discutir o assunto de forma centralizada.

Então amigos, com o coração apertado, pergunto-vos: CARRO (NOVO) À DIESEL AINDA VALE A PENA?