Perfeito o seu comentário. Aliás, muito me impressiona os testes que as publicações impressas ou virtuais fazem da Frontier, e ao comentar sobre a suspensão, apenas diz que ela oferece o melhor conforto da categoria, ou é mais macia ou algo assim.
Isso qualquer um que anda nela sabe, mas o avaliador deveria ir mais a fundo para entender que as qualidades desta suspensão não se limitam somente ao conforto.
A suspensão com feixe de molas tem uma característica de saltar demais em pisos irregulares, e isso sempre foi um grande problema.
Muitas vezes encontramos buracos, costelas de vaca e outros defeitos em uma rodovia ou até em ruas urbanas, causados por um asfalto mal feito e até mesmo deformações com o calor do sol. O pior é que estas deformações costumam ser piores em curvas, onde os veículos "forçam" mais o asfalto e provocam até movimentação da camada asfáltica.
É muito comum a traseira da caminhonete vibrar muito ou saltar, dando aquela sensação de que ela sai de lado, e realmente sai, forçando muitas vezes uma correção no volante para acertar o raio da curva.
Os modernos automóveis de passeio hoje possuem controle de estabilidade, e esses controles acabaram migrando também para os utilitários. Nas caminhonetes o controle de estabilidade chegou mais atrasado, principalmente por aqui. Na Frontier o controle de estabilidade chegou em 2013, se não me engano, e só no modelo top de linha.
A Frontier, apesar de também usar feixe de molas naquela época, se beneficiava de uma suspensão bem eficiente, já com uma boa estabilidade original pela sua altura mais baixa e pela suspensão traseira com um curso menor, que inclusive gerava reclamações porque quando muito carregada e dependendo do jeito de dirigir, ela poderia dar batente em lombadas (o que não causava qualquer problema). Mas, era uma opção de segurança, e na época a sua estabilidade era considerada a melhor da categoria.
Mesmo assim, a suspensão de feixe de molas, apesar de simples e mais barata, é muito antiga, e não combina muito com o controle eletrônico de estabilidade. A razão disso é que o controle de estabilidade, para ser realmente eficiente, precisa do contato das rodas no piso, avaliando aquelas que perdem momentaneamente o contato e reagindo naquelas que apresentam contato.
Nessa situação onde as rodas ficam saltando de forma descontrolada, o controle de estabilidade não consegue agir corretamente, fazendo correções que seriam mais efetivas se houvesse um controle melhor do movimento da suspensão, como ocorre na Frontier.
Afinal, fazer correções para corrigir o contato das rodas, e ainda ter a suspensão trabalhando contra o sistema, é bastante complicado.
Então uma suspensão mais moderna não se trata só de conforto, mas de segurança e de oferecer melhor resultado do sistema de controle de estabilidade. Foi o que aconteceu nesse vídeo e em outro que vocês publicaram recentemente, em que os condutores comentaram que foi o melhor controle de estabilidade que eles já viram nessa categoria de veículo. Não foi só o controle em si, mas a suspensão mais eficiente.
O controle de estabilidade demorou para chegar nas caminhonetes porque nunca se mostraram muito funcionais em função do tipo de veículo. As informações coletadas pelo sistema e as reações eram bastante simples e limitadas. A Frontier se beneficiou do sistema aprimorado pela Mercedes-Benz que atua de forma mais ampla, mais inteligente e precisa, captando maior número de informações e reagindo de forma mais efetiva com um controle mais abrangente do veículo, mas, para que isso funcione com o máximo desempenho é importante que a suspensão colabore, ou não haverá milagre.
Por essa razão muita gente comenta que algumas caminhonetes possuem um controle de estabilidade que pouco atua, ou não atua de forma eficiente, com pouca correção da caminhonete e com até conhecidos casos de capotamento mesmo com o uso do sistema.
Quem anda na Nova Frontier, e alguns já até comentaram aqui, percebe que o controle atua com bastante frequência. É um controle bem sensível e que reage a qualquer menor situação de descontrole.
É uma pena que os avaliadores não tenham um bom conhecimento das vantagens completas de se ter uma suspensão mais moderna, e acabem enaltecendo apenas o conforto.
Conforto numa caminhonete também é bem-vindo, mas se observarmos o uso que fazem hoje das caminhonetes, que são conduzidas como veículos mais esportivos e não para a proposta que foram concebidas, onde se preocupam com os décimos de segundo de aceleração, onde seus condutores andam a velocidades insanas e acham que porque estão num veículo médio ela tem que se impor no desempenho, e ainda com a chegada dos desnecessários motores V6 sem a mesma evolução dos demais componentes, uma suspensão e um controle de estabilidade mais modernos e eficientes são muito mais importantes que o próprio conforto, afinal, a vida ainda é o nosso maior patrimônio.