Meu caro Ciro, concordo com você.
Mas há uma grande distância do poder econômico entre os dois exemplos que você citou. Aqui no Brasil um carro como o Onix é um sonho de consumo, e um Civic é modelo de luxo. É a nossa triste realidade.
Mas em muitos casos a questão de valorização realmente pesa muito, mas não no caso de chocolate e cerveja...

aí é outra coisa.
Como eu comentei recentemente, eu acho que a Frontier é a resposta que o mercado queria. Ela é robusta, confiável, tem a tecnologia e a confiabilidade japonesa, e recebeu atenção especial na segurança e no conforto, com uma estabilidade excelente e uma suspensão moderna para agradar os ocupantes que usam caminhonete por gosto pessoal e como opção ao carro de passeio. Ela é silenciosa, muito macia, com bancos dispondo de tecnologia inovadora na categoria para agradar mesmo quem anda nela, o que sabemos não ser a proposta de uma caminhonete.
Por outro lado, ela possui um motor bastante forte, suspensão resistente, um competente sistema de tração e muita resistência e força para encarar trabalho. Além de altura e outras características para quem quer usá-la em trilhas e expedições.
Conseguiram colocar numa única caminhonete tudo para agradar a todas as aplicações, e com uma vantagem, desde do modelo mais barato até a top de linha, com mimos até como teto solar e câmera 360°, também exclusivos.
Agora é esperar para ver quando o mercado vai entender este projeto, que como você disse, sofre grande interferência da valorização do modelo como investimento. E brasileiro ainda vê carro como investimento, quando a realidade é bem outra.
Essa desvalorização é uma condição apenas de mercado, não tem nada a ver com as qualidades dela. Se o mercado hoje sair comprando Frontier como compra alguns outros modelos, a valorização dela vai lá para cima, e as outras começam a cair.
Eu, honestamente, acho que ela vai ter uma boa aceitação em médio prazo, assim como a Triton, que parece estar com alguns projetos novos para os próximos anos. Hoje eu já considero a Triton superior à outra líder japonesa, que também poderia evoluir muito, mas se acomodou na fama que fez.
Outro ponto que confunde muito o mercado também é que muitos que compram uma caminhonete na verdade não precisam de um utilitário de carga como esse. Aí o sujeito vai reclamar que falta espaço para as pernas atrás, quando na verdade sobra. Não vejo uma caminhonete hoje que aquele que vai atrás fica dando joelhadas no banco da frente, mas conheço carros de luxo onde isso acontece. Mas, ele esquece que está levando uma caçamba atrás, que é um veículo idealizado para transportar carga, mas que muitos querem transformá-lo em carro de passeio "imponente". Para muitos ter uma caminhonete dupla é "status".
Mas, ele compra uma caminhonete com tração 4x4, reduzida, bloqueio de diferencial, motorzão diesel barulhento e caro de manter, com uma altura incômoda às vezes para entrar e sair, com uma caçamba enorme atrás... e quer levar a família toda para passear no shopping e se sentir numa sala de estar, sem pula-pula de suspensão e com segurança.
Não existe mágica, mas acho que a Frontier é a opção que melhor conseguiu juntar estes mundos. Nenhuma outra consegue atender tão bem a tantos objetivos.
Vai tirar 10 ou 12 centímetros a mais da caçamba para dar mais espaço interno ou mais inclinação ao banco. Vai chover críticas de que ela "tem a menor caçamba da categoria". Agora, muitos usam a caçamba uma vez na vida para transportar o colchão novo da sogra, e não tem, por exemplo, a menor ideia de como aciona o 4x4 dela, porque nunca usou, dificilmente vai usar, e se um dia precisar usar, não saberá como.
Eu estava na caminhonete de um amigo e ele parou numa descida de uma rua cascalhada, para dar uma ré e estacionar numa chácara que fomos. A traseira ficou patinando, lógico, mais leve, inclinada... e ele insistindo e fazendo um barulho enorme de pneus girando em falso e de pedradas embaixo do assoalho da caminhonete. Aí eu lhe perguntei porque ele não acionava o 4x4, e ele me respondeu que não sabia usar. Com paciência expliquei como funcionava e ele ligou com um medo enorme. Nem comentei sobre a reduzida para não confundir ainda mais a cabeça dele. Mas, ele pagou a mais por esse recurso, e se contentou apenas por exibir aquele emblema "bonitão" na lateral.
Minha primeira caminhonete foi uma S10 1996, de lá para cá só tive caminhonetes, e em todas eu levei família comigo de vez em quando. A Frontier é a que mais elogios recebeu. Eu estava cansado de ouvir reclamações do desconforto atrás, e olha que eu não era paciente. Eu já dizia: "Isso é uma caminhonete, não é uma perua de luxo"...

Agora isso acabou. O comportamento dela atrás parece de um carro, muito confortável mesmo.
Quando o consumidor perceber essa versatilidade da Frontier, ela vai crescer muito em vendas. Mas, levando em consideração o tempo que o mercado demora para reagir, isso não vai acontecer antes dos próximos 5 anos... infelizmente.
Trabalhei muitos anos em montadoras de automóveis, e o mercado é algo muito complexo.
É o caso que você citou do excelente trabalho de marketing que a Hyundai fez aqui, mesmo longe de ser muito honesto, ela conseguiu se colocar numa posição de mercado bem privilegiada muito mais rápido do que a Fiat quando veio para o Brasil, mesmo tendo um currículo europeu.
E olha que a Hyundai ainda conseguiu vender aquela Tucson horrível, com design dos anos 90 e fora de linha no mundo todo, além de uma tecnologia ruim e ultrapassada, e ainda era considerada um "luxo"...
Nilton, olá.
Eu participo pouco do fórum, até porque tem gente que trabalha nesse mundo...

(é só uma brincadeira que faço com uns amigos aqui), mas estou acompanhando o seu trabalho com a Frontier, e quero dizer que você está de parabéns. Você conseguiu com boas ideias e sem pirotecnias tirar ela do comum e personalizá-la com muito bom gosto. Tenho certeza que muitos vão te parar nas ruas perguntando que carro é esse, e você poderá dizer com orgulho que é uma Nissan Frontier com a sua assinatura pessoal, porque ela realmente é única.
Abração