Postado originalmente por
Sukys
Avanço de ignição é algo muito complexo, e como boa parte desta complexidade já é tratada de forma automática pelo RCI, resta apenas entender o seguinte:
Com ajuste totalmente em sentido anti-horário a curva será a original, gerada pelo avanço do distribuidor, e a medida em que o ajuste é deslocado em sentido horário maior será a atuação do RCI junto à curva original.
Fazendo um paralelo bem simples, é o mesmo que acontece com o controle de volume de um equipamento de som: com o ajuste totalmente em sentido anti-horário o volume é zero (curva original), totalmente em sentido horário o volume é máximo (curva original + curva do RCI no máximo), e em pontos intermediários do ajuste existe uma correspondência com o volume (curva original + curva do RCI com avanço correspondente ao ajuste).
Como ponto de partida para o ajuste definitivo pode-se economizar algum tempo partindo de um pré-ajuste: posicionando o potenciômetro em meio-curso, utilizar o carro, de preferência em percurso rotineiro, já que assim é mais fácil observar alterações de desempenho, e alterar o ajuste para mais ou para menos, em pequenos passos, até observar o ponto de ajuste em que o motor apresenta o melhor desempenho.
Dica: dentro de certos limites e que dependem de inúmeras variáveis (temperatura, pressão, qualidade e tipo de combustível, mistura ar/combustível, etc. etc.) pode-se dizer que quanto maior o avanço de ponto maior o torque e potência, tanto que em competição (e quando não se faz uso de dinamômetro) tem quem ajuste o ponto até que o motor comece a detonar, e daí se faz um pequeno atraso, o suficiente para evitar a detonação. Com isso o motor funciona "no talo", gerando tudo o que tem que gerar, só que no limiar da ocorrência de detonação e com a câmara de combustão em temperatura elevada.
Em competição ainda vá lá, mas em uso "de rua" a coisa muda de figura, mesmo porque as condições de uso são mais diversificadas do que em pista, e por uma questão de bom senso deve-se ajustar o ponto de forma mais moderada, sem exagerar no avanço. Agindo assim pode-se até perder alguns HP's, mas não podemos esquecer que sem o uso do RCI a perda seria maior ainda.
Outra coisa, aumento de potência sem alteração na capacidade de arrefecimento pode implicar em aumento na temperatura do motor. Alterações moderadas e/ou esporádicas podem passar batido, mas caso atinja valores elevados - E DESDE QUE ORIGINADAS PELO AVANÇO EXAGERADO - pode ser corrigida com o atraso do ponto.
Só como curiosidade, avançar o ponto até detonar é o "segrêdo" de todo motor flex, cuja ECU, lá pelas tantas, avança o ponto até a ocorrência de detonação, daí ela "percebe" esta ocorrência via sensor de detonação e daí vai retrocedendo o ponto até a extinção (da detonação). É desta forma que a ECU "sabe" qual é o ponto ideal para gerar o máximo de potência com o combustível que está no tanque, seja ele álcool ou gasolina.
Outra coisa, o programa do RCI foi desenvolvido para que, em qualquer posição do ajuste, sempre haverá ênfase para a faixa de torque, que é justamente o que interessa no uso "de rua" ou em Off Road, e desta forma torna-se possível um "efeito colateral" muito interessante, que é a rapidez na resposta do acelerador quando de baixa para médias rotações, tornando a aceleração "menos áspera" e o motor "mais redondo" (fato comprovado pelos relatos já postados) e oferecendo ênfase ao torque o motor também se torna mais econômico nesta faixa de rotação, mas se pisar fundo o motor fica malcriado... e responde! :-)
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