Quando um trem de engrenagem (eixos, rolamentos, mancais, engrenagens) é dimensionado, observa-se por exemplo, o torque de entrada e a severidade do emprego da caixa, entre alguns outros detalhes.
Um aço (X) será selecionado, ou melhor, escolhido desde que se enquadre para resistir às demandas com mais um (dx) de coeficiente de segurança.
Calculam-se os esforços supondo o aço numa condição ótima (o tipo e o tratamento termico) para os esforços e mais o acabamento e outros detalhes para a vida em fadiga, a flexa (empenamento) e a rotação crítica(harmonico para que ele não entre em ressonancia).
O que isto quer dizer:
Um certo elemento X (aqui é o menino super-poderoso) ... está qualificado para trabalhar naquele motor ou eixo ou cambio dentro de uma especificação tecnica que: acredite, leva-se um bom tempo no desenvolvimemto até acertar todas as suas particularidades, afinal nenhuma fabrica quer arcar com custo de recall de centenas ou milhares de unidades defeituosas.
O componente X assim qualificado trabalha com uma boa margem de segurança em todos os parametros esperados.
Pois bem.
Ao mudar as características do emprego, tais como aumento do torque, severidade do emprego, junção soldada nas coxas, riscos de usinagem, mau acabamento, tratamento termico inexistente ou pouco preciso, toda margem de segurança ou diminui ou simplesmente desaparece (inexistente)
O quanto uma adaptação está dentro da faixa de segurança ?
100%, -50%, +20%, -2% ???????

Vc's sabem calcular isto ????

O fato de um bom número de adaptações não estar simplesmente estourando por aí pode ser explicado pelo seguinte:
1º- adaptações simplesmente primorosas, onde o componente adaptado é super-dimensionado para a aplicação agora em moda.

2º- adaptações onde o componente ainda está trabalhando com alguma margem de segurança e não sofre abusos.

3º- adaptações onde o componente está trabalhando abaixo da margem de segurança, mas ainda não foi abusado o suficiente para falhar.

Nas adaptações onde o componente classicamente trabalha bem abaixo da margem, falha a qualquer momento e isto é obvio. Por exemplo: semi-eixos dianteiros em jeep com V8. Bem esperado pois já quebra se for com a propulsão original.

Só que ainda temos que considerar outro objetivo: a vida em fadiga.
Mesmo considerando o caso 1º e 2º, dependendo da forma como a adaptação foi feita, temos a falha inexplicavel de algo que parecia superdimensionado ... mas falhou e normalmente a falha é gritante, bem sonora e algumas vezes, catastroficas. Por exemplo, a falha por fadiga de um semi-eixo traseiro, numa estrada, a 80 km/h, falha de um eixo de reduzida adaptado.
O que deve ser observado é que existem 2 tipos de falha:
Por esforço e por fadiga, um obvio e outro, não tão obvio.
Ao soldar um componente como um eixo de saída de cambio, sem os devidos tratamentos termicos, podemos ter uma aço razoávelmente amolecido, mas ainda com o diâmetro da seção resistente para absorver um certo torque. Porém este mesmo aço, considerando o local onde está, pode muito bem falhar por fadiga por condições adversas de acabamento, pois desconfio que este eixo não terá sido retificado, ao pé da letra .... não é coisa de tornearia e sim de tempera, revenimento e retifica mesmo.
Submetido às condições de rotação, pior a condição de fadiga fica pois a fadiga deste eixo poderá ser em alta rotação onde impera a fadiga em altos ciclos, ou seja, a falha se dá em alta rotação e isto é bem perigoso e destrutivo.
Caso tenha-se a sorte, como ocorre em um chassis, a trinca corre lento o suficiente para ser detectada antes de fraturar.

É quanto a estes aspectos que alerto quando digo : não soldem isto ou aquilo.
Não é por sem impossível, pois não é. É pelo método que normalmente vejo ser empregado que sei que o resultado pode ser duvidoso.
Algumas vêzes, inocentemente alguém mete a vareta de solda ali, dá uma torneada e sai vendendo um produto X ou simplesmente inventa um treco como o prolong da vida.
Resistencia ao esforço? coeficiente de segurança ? flexa? rotação critica? fadiga? tensões cíclicas ? vibração torcional ? corrosão ? Picos de tensão ?


Vc's não são fábricas, não produzem componentes qualificados com ensaios serios, não estão civilmente falando, cobertos de certificação de engenharia. Não tem como se defender de uma inocente orelhada, caso alguem simplesmente corte um dedo e a capa preta peça para uma perícia esclarecer o porque.

Caso vc's produzam algo dentro do conceito 1º,

Caso contrário, cuidado para a cabeça de alguém não rolar no colo de vc's.

Isto é um alerta para os que tem boas intenções mas só achem que tudo dá certo, sem ter muita certeza de como isto pode ser ou acontecer.
É um alerta para aqules que querem comprar, desconfiar que se não vem da embalagem de uma montadora, pode ser até lesado, sem intenção.
MAS
O que eu digo, NÃO é um motivo para vc's esmorecerem ou desistirem ou desestimularem. Apenas levem algumas .... quem sabe se o que eu digo é .... orientações, procurem, pesquisem e perguntem e quando um pentelho como eu diz para ter cuidado, não usem apenas o argumento: faço assim, ou conheço quem faz assim a muito tempo e não deu problema, pois se deu, com quem deu pode estar debaixo da terra.

Sempre cito a história do mecanico de manutenção de um certa empresa aérea que uma vez peguei apertando os rolamentos da roda de um 737 sem girar e sem torquímetro e que me disse: fazia assim a 20 anos .... pois é disse eu .... faz errado a 20 anos ..... foi só abrir o manual de serviço e lá estava todo o procedimento que ele não lia a 20 anos.....
está roxo de raiva já fazem uns 15 anos, ainda anda de cabeça 1/2 baixa (não deveria) quando me vê, mas não põe mais a vida dos outros em perigo.