Bolsa de Valores.
Há poucos dias atrás estava conversando com um colega do fórum sobre aplicação em bolsa de valores. Eu estava lhe dizendo sobre minha experiência (quase 5 anos) sobre esse tipo de aplicação, e resolvi abrir um tópico para indicar o “be-a-bá” aos colegas.
Em primeiro lugar, deixo claro que eu estou ainda aprendendo a aplicar. Ainda tenho muito que aprender. Nesse período de 5 anos já tomei muitos “tombos”, e minha intenção é mostrar o pouco que aprendi para que quem quiser se enveredar por esse caminho não cometa os mesmos erros.
Gostaria de dizer que é muito fácil perder dinheiro na bolsa de valores. Mas muito fácil mesmo. Entrar na empolgação, sem um mínimo de conhecimento é a fórmula para o fracasso. É preciso um mínimo de conhecimento para não ser “comido pelos tubarões”. A fórmula para o fracasso é entrar quando todo mundo está entrando também. Nesse momento, os grandes aplicadores preparam a retirada, e saem de uma vez. Aí, o preço da ação despenca e lá se vai nosso dinheiro (já cometi esse erro). Quando a ação está disparando, não é um bom momento para entrar nela, pois o risco é muito grande. Quase sempre quem entra nesse momento “dá” seu dinheiro para os grandes aplicadores que esperam esse momento de “empolgação” para sair.
Por outro lado, ao contrário do que ouvimos falar por aí, não é um investimento restrito aos milionários (“tubarões”), e que só eles lucram e nós (“sardinhas”) somente perdemos. É preciso saber não ser comido pelos tubarões e assim lucrar com o investimento.
A primeira regra é não investir toda sua aplicação na bolsa de valores. No máximo 50% de suas aplicações. O restante deve-se aplicar na poupança, renda fixa, etc. Na bolsa, somente o dinheiro que não será preciso utilizar no curto prazo.
O segundo passo é definir se sua aplicação na bolsa será de curto ou longo prazo, pois para cada tipo de aplicação haverá ações diferentes para comprar.
É extremamente difícil saber qual o momento certo para comprar ou vender determinada ação. Não raro compra-se uma ação esperando que ela suba, e em poucos dias vemos ela cair vertiginosamente. Não há bola de cristal que nos indique com absoluta certeza qual será o comportamento de determinada ação. Porém, há determinadas ferramentas que podem nos auxiliar no momento da compra ou venda dos papéis.
Para longo prazo (5 anos para cima), a bolsa de valores é a melhor aplicação que existe, já que sempre renderá acima de qualquer outra aplicação existente no mercado. Para esse período, devemos apenas saber escolher empresas sólidas que não venham a falir ou apresentar problemas de outra ordem. Em regra, para esse período, escolhem-se empresas como Vale, Petrobrás, CSN, etc. Aplicar nessas empresas mensalmente, independentemente da cotação de seus papéis no mercado, gera retorno seguro e certo.
Porém, para curto e médio prazo, nem sempre a bolsa de valores é a melhor aplicação. Isso porque podemos ingressar nela em uma “tendência de baixa”, e nesse caso a perda no curto prazo é certa.
Portanto, para esse tipo de investimento (principalmente curto prazo – até 3 meses), é necessário analisar-se o valor da ação no dia da compra, para saber se ela está “cara” ou “barata”, e, assim, fazermos uma aplicação segura.
A definição do momento para entrar em determinada ação é o mais importante da aplicação em bolsa de valores. Mais importante do que determinar o momento da saída. Se você compra uma ação com preço elevado, a probabilidade de que ela caia nos próximos dias, e fique baixo por meses é muito grande. Aí, você vai ter que esperar muito tempo para recuperar o que investiu. Portanto, deve-se analisar o preço da ação para tentar reduzir ao máximo esse risco.
Tipos de análises de ações:
Basicamente, há duas maneiras de se analisar uma ação. A análise fundamentalista e a análise técnica (gráfica).
Análise fundamentalista.
Mais utilizada para aplicações a longo prazo, esse tipo de análise leva em conta a saúde financeira da empresa. Seu ativo, passivo, patrimônio líquido, endividamento, etc. Essa análise busca determinar o “preço justo” da ação da empresa através de alguns indicadores como P/VPA (Preço por Valor Patrimonial por Ação), P/LPA (Preço por Lucro por Ação), dividend yield (distribuição de proventos nos últimos doze meses). Dessa forma, poderemos saber se a ação negociada em determinado momento está “barata” ou “cara”. Como disse, é ótima para aplicações a longo prazo, pois a curto prazo o mercado nem sempre obedece a esses parâmetros.
Análise técnica (gráfica).
Mais utilizada para aplicações a curto prazo, esse tipo de análise verifica basicamente se no momento a ação está “sobrecomprada” (momento de se vender) ou “sobrevendida” (momento de se comprar).
Para se saber se é o momento para se comprar ou vender determinada ação, há diversos “indicadores” gráficos que nos orientam a tomar essa decisão (no site www.advfn.com temos à disposição, gratuitamente, todos os gráficos mais utilizados).
Os principais são:
MACD – “Moving Average Convergence Divergence”. É um indicador que utiliza médias móveis exponenciais, baseadas nas cotações da ação nos últimos dias. Está baseado em duas curvas (médias móveis), uma mais ágil, e uma mais lenta. Quando a mais ágil cruza a mais lenta para cima, indica tendência de alta para o papel, e vice-versa.
Bandas de “Bollinger” – Indica se os preços praticados estão acima ou abaixo da média da ação, indicando se é momento de comprar ou vender.
Índice de Força Relativa (IFR) – É um indicador de tendência da ação. Baseia-se em uma fórmula matemática, e quanto mais seu resultado se aproximar de 70, indica momento de venda, já quando o resultado estiver próximo ou abaixo de 30 é momento de compra.
Estocástico – Também baseado em uma fórmula matemática, que leva em conta os últimos preços de fechamento da ação. Quando o valor se aproxima de 100, é momento de venda, já quando se aproxima de 0, é momento de compra.
Volume (OBV) – Indica o maior ou menor volume de dinheiro negociado em determinado dia para cada ação. Assim, uma alta da ação com um volume baixo, indica provável perda da tendência de alta, e vice-versa. Já uma alta (ou baixa) com forte volume indica manutenção de tendência.
Os aplicadores de curto prazo, levam em conta exclusivamente a análise gráfica para orientar suas aplicações. Como sua saída será breve, não levam muito em conta a saúde financeira da empresa; estão mais preocupados com o valor da ação praticado pelo mercado. Se estiver atraente, compram e esperam subir em alguns dias (ou até no mesmo dia), para vendê-lo na alta.
Para aplicações mais longas, toma mais relevância a análise fundamentalista, embora a gráfica também não deva ser descartada.
Assim, o ideal ao se fazer uma aplicação é analisar a empresa pelo aspecto fundamentalista, bem como o valor da ação pelos indicadores gráficos.
( continua).