Caros,
segue um brevíssimo relato da recente nossa viagem.
Esta viagem foi uma verdadeira aventura!
FOTOS: Punas andinas 2014 ? um álbum no Flickr
A viagem em sí começa em Salta de onde fomos para Cafayate via Cachi. Chachi é é uma linda vila incrustada num vale. De lá cruzando todas as "quebradas", inclusive a famosa "Quebrada delas Flechas", chegamos via terra em Cafayate.
De Cafayate subimos para Antofagasta de la Sierra (na Argentina), povoado de 200 habitantes me lembrou San Pedro de Atacama em nos anos 90, antes da invasão dos turistas, vans e enormes grupos de carros.
De Antofagasta de la Sierra, pegamos inúmeras picadas para apreciar as paisagens das Punas argentinas até finalmente chegarmos ao sul do salar de Antofala, pegando a pior estrada da minha vida, de Quinoas até o povoado de Antofala, que terminou por quebrar um dos tubos do suporte de estepe do Defender fabricado pela Antoalde. As costelas de vaca eram violentas e por conta do risco de cortes e rasgos, estava com bastante pressão nos pneus traseiros 52psi.
O 110 foi um guerreiro. Por horas a fio enxergávamos dois painéis tamanha a violência da vibração das trilhas.
De Antofala fomos margeando o salar até chegar no passo Socompa, sem antes atravessar uma cadeia de montanhas que exigiu ao máximo dos carros, obrigando o Land Rover manobrar em cada uma das curvas de tão estreitas que eram as curvas.
Finalmente em tolar Tolar Grande, um vilarejo bem desenvolvido onde soldei o suporte e conseguimos abastecer; isso depois de ± 700km de deserto e estradas de terra sem qualquer alma viva ou combustível. Detalhe, o combustível foi comprado diretamente da prefeitura, com direito a um recibo oficial. Ainda bem que o Defender ainda é um jurássico e simplório 300tdi, pois o Diesel tinha uma cara horrível, e era bombeado de maneira arcaica de tanque improvisados.
De Tolar Grande fomos até Salar de los Pocitos e de lá pegamos uma péssima estrada abandonada, sem caminho demarcado pelo deserto, até o passo Jama. Então chegamos a "São Paulo de Atacama" rsrsr para descansar. A cidade foi tomada pelo turismo de massa, perdeu totalmente o charme aventureiro que outrora conferia sua glória. Ainda assim, existe muito o que fazer fora dela.
Curtimos o que tinha para ser curtido em SPA, assim como as cidades abandonadas próximas à Panamericana, demos um pulo na Bolívia para ver as lagunas e então começamos a volta ao Brasil passando por Purmamarca também tomada por toneladas de carros do Brasil.
A grande estrela no entanto foi o Tracker 2007 (Suzuki Grand Vitara).
Acompanhou o Defender 100% dos caminhos, sem qualquer detalhe, apenas um pouco de entrada de poeira, questão que resolvi no Defender depois de muita silicone e sicaflex. No Tracker apenas o peito de aço da RC (acessório) soltou após a quebra do seus suportes dianteiros. Ou seja, em ambos os carros os únicos defeitos foram os acessórios de má qualidade, ainda que ambos os casos sejam os melhoras marcas que o dinheiro pode pagar. Muito chão para alcançarmos a qualidade dos produtos importados.
Não fosse a moderada autonomia (± 600km), a limitada capacidade de carga e relativa força na altitude, o Tracker seria minha primeira opção.
O tanque extra e a grande capacidade de carga além dos banquinhos no porta-malas, fazem do Defender 110 um grande parceiro de viagens. Nada melhor que contar com 120L de Diesel a um consumo médio de 10,5km/l independente da qualidade da estrada.
Numa brincadeira, resolvi avançar sobre o caminho de areia ultra fofa no Vale da Morte em São Pedro. Com os pneus devidamente murchos, 18psi, bloqueado, pedal no fundo e muita adrenalina, o 110 venceu os 1000m de areião na subida em altitude, carregando ainda 8 pessoas. Incrível!
Não sei se um motor 2.0 aspirado conseguiria o mesmo. Passado o areião, foi reinflar os pneus e continuar.
Antofagasta de la Sierra será o novo Atacama, podem escrever! Mas mesmo em dois carros, por momentos ficamos bastante apreensivos quanto a eventuais quebras. As estradas para alguns pontos de grande interesse praticamente não existem e o clima é hostil a vida.
Por termos levado a primeira chuva de 2013 para Antofagasta de la Sierra e Tolar Grande, isso mesmo, de 2013, dia 25 e 26 de Dezembro; as estradas estavam cortadas pela água, obrigando-nos a improvisar desvios e atravessar lamaçais de média profundidade sem sequer ter como alcançar a outra extremidade à pé para verificar sua profundidade.
Mas o resultado é este, conhecemos os mais belos lugares das Punas e agora não vemos a hora de voltar para passar 30 dias entre Cachi e Antofagasta de la Sierra!
Itens que ajudaram muito a viagem:
Geladeira ARB 37, fantástica!! Não tenho duas baterias e mesmo ligada não chegou a comprometer a carga da bateria (100A). A qualquer momento tínhamos água e outras bebidas e comidas a 0˚C.
GPS Garmin Montana 650 com suporte cabeado! Uma revolução, 100% touch, ultra rápido sem a chatice dos botões e interface 60 ou 62 ou do lendário e lerdo 276.
Mapas para GPS, o dos Viajeros 4x4 e Projeto Mapear, e inúmeros waypoints feitos em casa via Google Earth.
Compressor ARB modelo grande embutido. Total segurança para reinflar os pneus.
Tanque auxiliar Antoalde de 40L, levando de 80 para 120L de combustível e a autonomia para seguros 1100km.
Abraços
Clemente