Fonte: Carsale - Nova Ranger
RECIFE (PE) - Em setembro de 2004, a Ford lançou no mercado nacional a 3a geração da Ranger. Cinco meses depois, a picape ganha opção de ser equipada com o novo motor turbodiesel 3.0 Power Stroke, moderno sistema de injeção de combustível conhecido como "common-rail". A nova motorização chega às concessionárias apenas em abril e substitui o 2.8 vendido atualmente. O objetivo é aprimorar o desempenho e o conforto, além de adequar o modelo à nova legislação Conama 272 (Euro III), que exige a redução de emissões de gases poluentes por veículos a diesel.


A Ranger é a primeira picape com motor eletrônico a ser apresentada no Brasil, mas não a primeira a chegar ao mercado. Isso porque as vendas da nova Toyota Hillux, também equipada com o novo sistema, começam em março. Na comparação com o propulsor 2.8 Power Stroke, a nova motorização eletrônica da Ford ganhou 28 cavalos, além de maior torque. Além disso, o consumo de combustível e o nível de ruído estão menores. Outras mudanças da picape ficam por conta dos freios e escapamento. No visual externo, a única novidade é introdução do adesivo 3.0 Power Stroke Electronic na tampa traseira.
MOTOR

O novo motor 3.0 Power Stroke eletrônico, de 16 válvulas e 4 cilindros em linha, produzido pela International, conta com injeção direta "common-rail" de terceira geração. Esse sistema mantém a pressão constante nos quatro injetores piezo-elétrico, que utilizam cristais sintéticos para alterar sua geometria de acordo com a passagem de corrente elétrica. Segundo a equipe de engenharia da Ford, os injetores "piezo" proporcionam alta precisão e repetibilidade e otimizam a taxa de injeção.
Os resultados deste trabalho são respostas mais precisas e ágeis, aliadas à diminuição do consumo de combustível e do nível de ruído em relação aos motores alimentados com bomba injetora. Há ainda um módulo eletrônico que funciona de maneira semelhante a dos propulsores com injeção direta de gasolina. Além de obter benefícios em consumo, desempenho e ruído, a motorização eletrônica da Ranger diminui o nível de emissões de poluentes. E este é o principal objetivo da introdução do novo propulsor, já que a partir de julho de 2005, as picapes a diesel devem passar a atender as exigências da Conama 272.
A nova cilindrada (3.000 cc) e as configurações eletrônicas, garantem 163 cavalos de potência, ante 135 cv do propulsor 2.8 Power Stroke. O torque também foi aprimorado: são 38,7 kgfm entre 1.600 e 2.200 rpm. Seu predecessor desenvolve 32,2 kgfm a 1.600 rpm. Assim como na Ranger 2.8 Power Stroke, a picape com motorização eletrônica traz câmbio manual de cinco marchas, mas com a introdução de algumas melhorias. Entre as quais, sistema de transmissão por correntes e tensionadores hidráulicos, que proporcionam trabalho mais silencioso. Além disso, a quinta marcha foi alongada, para estar de acordo com a potência extra do motor.
DESEMPENHO
Avaliamos a Ranger eletrônica na bela cidade de Recife (PE), em um percurso que reuniu trechos urbanos, auto-estradas e trilhas fora-de-estrada. Apesar dos 28 cavalos extras, o desempenho da picape - que já era muito bom com o motor 2.8 - não sofreu grandes alterações. A maior mudança está na arrancada, mais forte e eficiente com o propulsor 3.0 do que a do 2.8 atual. Entretanto, acima de 100 km/h, fica difícil notar a diferença no desempenho.
Segundo a Ford, a Ranger eletrônica acelera de 0 a 100 km/h em 12,9 segundos, 1,2 segundo mais rápida do que na picape com motor 2.8. A velocidade máxima (controlada eletronicamente) é de 165 km/h, ante 160 km/h da Ranger 2.8. Os números equivalem às comparações entre as picapes equipadas com tração 4x4 e na configuração cabine dupla. Apesar do pequeno ganho no desempenho, os novos pedais eletrônicos ligados a bombas injetoras deixaram as respostas mais precisas. A marca afirma também que o consumo médio de combustível da Ranger 3.0 é 10,9 km/l, ante 9,6 km/l do modelo equipado com motor 2.8.
Outra novidade incorporada para aprimorar o desempenho foi o freio ABS nas quatro rodas, com sensor G de desaceleração longitudinal, herdado do Ecosport. O recurso está disponível apenas para as versões XLT e Limited. As opções de acabamento inferiores, XL e XLS, utilizam freio LSV, que conta com válvula equalizadora da pressão dos freios. Durante o teste, observamos que outra importante melhoria da picape é a diminuição do ruído do motor. Segundo a Ford, o nível médio ficou em 73,2 decibéis, ante 77,8 decibéis da Ranger 2.8 Power Stroke.
O resultado foi obtido graças à redução dos picos de pressão do propulsor e à introdução de um novo escapamento. Algumas atividades do motor eletrônico podem ser acompanhadas por meio de um computador de bordo, localizado no painel de instrumentos - com novo estilo - da Ranger. Além disso, a introdução da nova motorização permitiu a incorporação de um novo sistema de segurança: a picape agora está disponível com Ford DPATS, recurso que só permite o acionamento do motor com uso da chave de ignição, dificultando a possibilidade de roubo.
MERCADO
Para viabilizar o desenvolvimento e produção do novo motor 3.0 eletrônico, a International investiu US$ 30 milhões. A Ford prefere não revelar os investimentos aplicados em sua fábrica na Argentina para adaptar a motorização às características da Ranger. A picape chega ao mercado tendo como única concorrente a Toyota Hillux. Entretanto, até julho, Chevrolet S10, Mitsubishi L200 e Nissan Frontier também deverão ter propulsores "common-rail", visando a adequação à nova legislação.
A Ford ainda não divulgou os preços oficiais da picape, sob o pretexto que esta só chegará no mercado em abril, e por isso ainda é cedo para definir este importante aspecto. Entretanto, o fabricante revela que a Ranger eletrônica deve custar entre 4% e 10% a mais do que a versão equipada com motor 2.8. Sabe-se também que a versão mais barata (XL), cabine simples, 4x2, vai custar R$ 56.735 e a mais cara, LTD, cabine dupla, 4x4, sairá por R$ 98,1 mil.
Segundo Antonio Baltar, gerente de marketing de picapes da marca norte-americana, a produção anual para o mercado brasileiro será mantida: cerca de 8.600 unidades. O executivo afirma também que o objetivo é alcançar o mesmo patamar de vendas de 2004, cerca de 8 mil picapes. Entretanto, este número pode ser maior, já que em janeiro a 3a geração da Ranger alcançou pela primeira vez a liderança do segmento. A produção modelo com motor 2.8 vai ser mantida para suprir o mercados argentino e mexicano. E, segundo Antonio Maciel Neto, presidente da Ford, em 2005 a Ranger ganhará outras novidades, ainda não reveladas, mas já em processo de desenvolvimento pela equipe de engenheiros da marca.

