Reproduzo abaixo texto retirado na integra do jornal Folha de São Paulo, caderno cotidiano de 04 de junho de 2005.
DIREÇÃO PERIGOSA
Área defronte ao Ibirapuera foi "alugada" sem conhecimento da prefeitura para evento de jipes
Pista de rally esburaca área municipal
DA REPORTAGEM LOCAL
Inaugurada anteontem, durou menos de 24 horas a pista de rally montada em um terreno da prefeitura defronte ao parque Ibirapuera, a poucos metros da Assembléia Legislativa do Estado de São Paulo. Os lodaçais e pirambeiras foram construídos no terreno antes plano e gramado que normalmente abriga o modelódromo de São Paulo. Em uma semana, o cenário deverá voltar a ser o que era.
A ordem foi dada ontem pela Subprefeitura da Vila Mariana, que cancelou uma feira de jipes que acontecia no local e aplicou uma multa aos responsáveis pelo Centro Desportivo Municipal, que "alugaram" a área ao Jeep Clube do Brasil. O valor da locação não foi divulgado.
A pista de rally deveria servir para a exibição de potência de alguns dos jipes participantes do evento, que tinha duração prevista até domingo. "Um absurdo. Outro absurdo era a propaganda ostensiva da marca Jeep em um terreno da prefeitura, sem qualquer autorização nossa", definiu o subprefeito da Vila Mariana, Francisco Marsiglia, 64, responsável pela área.
Foi montado um estande para apresentação dos modelos. Havia ampla sinalização publicitária, inclusive um balão luminoso com a marca patrocinadora.
Chamado pelos freqüentadores de modelódromo, o terreno é o local onde praticantes de nautimodelismo brincam com barquinhos em um lago artificial. A mesma área abriga um aeroporto para aviõezinhos, a pista de aeromodelismo, uma pista de autorama e outra de ferrorama.
Na quinta, o local estava um rebuliço. Em vez dos carrinhos, trenzinhos, barquinhos e aviõezinhos, algo como 500 jipões, vários fabricados durante a Segunda Guerra Mundial, valendo até R$ 150 mil. Barracas foram montadas para venda da "moda rally" - casacos, coletes, calças e cintos em estilo militar.
Outro lado
O faturamento previsto para o evento não foi revelado pelo organizador, Gerson Rodrigues, 56, da empresa Mesa Quatro, de marketing esportivo. Ele também recusou-se a dizer quanto pagou pelo "aluguel" do terreno.
O responsável pelo centro desportivo, Sauro de Col Filho, 47, ex-presidente da Associação Paulista de Nautimodelismo, disse não saber que deveria pedir autorização à subprefeitura. "É um dissabor muito grande o que estamos passando. Tudo o que queríamos era gerar recursos para fazer melhorias na área do modelódromo", disse.
(LAURA CAPRIGLIONE)