
Postado originalmente por
Horacio Teles
Olha aqui seu Herege, timinho é o escambau. Para seu governo o glorioso alvinegro praiano, da vila mais famosa do mundo, a Vila Belmiro, com estadio fundado em 1969, chamado "alçapão da vila", sagrou-se campeão paulista em 17 oportunidades, brasileiro por 6 vezes, sem contar com os campeonatos de torneios e copas que depois se tornariam famosas, como a Sulamericana, Libertadores, além da conquista de taças em diversos quadrangulares na França, México, Itália, Chile, Venezuela, Espanha, Costa Rica, etc.
Fundado em 1912, em 17 de novembro de 1935 o esquadrão formado com Ciro, Neves, Agostinho, Ferreira, Marteletti, Jango, Saci, Mario Pereira, Raul, Araken (Patuska) e Junqueirinha, entrou no campo do Parque São Jorge, para o jogo da final contra José, Jaú, Carlos, Brito, Brandão, Munhoz, Teixeira, Carlito, Teleco e De Maria, e, com um gol de Raul no primeiro tempo e outro de Patuska no segundo, o mundo conheceu o campeão paulista, contra o tal Corinthians, depois freguês do glorioso por seguidas vezes. Depois de freguês permanente, ainda permeneceu duas décadas sem vencer o glorioso. Sem comentários, 6x1 em 58, 5x0 em 60, 5x1 em 61, 5x2 em 62, 7x4 em 64, etc., etc. etc. Foi campeão contra os corintianos em 1984 (1x0); não vou colocar mais resultados porque fica vergonhoso demais. Nem vou colocar resultados e campeonatos jogados contra outros times, para não ficar muito longo.
Por lá passaram craques como Manga, Formiga, Tite, Del Vecchio, Pepe, Pagão, Afonsinho, Dalmo, Laércio, Zito, Dorval, Sormani, Calvet, Mengálvio, Coutinho, Lima, Zé Carlos, Joel, Toninho (Peixinho), Carlos Alberto, Orlando, Geraldino, Ramos Delgado, Rildo, Clodoaldo, Buglê, Edu, Rubens Fejão, Pita, Juary, Claudinho, além de é claro, o Dico (depois conhecido como Pelé). Nem vou falar de sujeitos como Chulapa, Paulo Isidoro, Márcio, Dema, Zé Sérgio, Toinzinho, Nenê, Totonho, Tata, atletas que vieram desiludidos e desacreditados de outros clubes, que fizeram fama no esquadrão praiano.
A propósito, digo o seguinte a você "Herege", desmemoriado que ousa chamar o esquadrão da vila de "timinho": saiba que santista hoje não mais apenas quem nasce em Santos. Santista é a legião de vibrantes torcedores do time que assanha os adversários com a maravilhosa camiseta listada (ou listrada, como queiram) ou interamente branca, adornada com o escudo da nobreza formado por uma esfera que parece uma bola, mas que na realidade trata-se do globo terrestre com a marcação da linha do Equador, na latitude, e pelos meriadianos estilizados, na longitude, dividido por uma faixa inclinada em 15º a direita do observador (e obviamente 105º a esquerda), grafada com as iniciais S. F. C., de onde se prolongam 6 faixas brancas entremeadas por 5 faixas pretas, perfazendo o total de onze faixas.
Esse símbolo que faz a tremedeira dos adversários e a glória dos vencidos quando alcançam alguma vitória, fruto de breves tropeços do esquadrão alvinegro, para sua lembrança (ainda que eu reconheça que lembrança nessa massinha cinzenta pouco aquinhoada de neurônios é uma coisa de difícil realização), fez história quando venceu o Corinthians por duas vezes no torneio que consagraria o "Campeão dos Centenários", com Cláudio, Roberto, Luizinho, Baltazar e tudo mais (2x1 no Pacaembu e 4x1 na Vila). Jogaram pelo Santos Futebol Clube, Manga, Ramiro, Hélvio, Formiga, Zito, Tite, Del Vecchio, Álvaro, Alfredinho, Vasconcelos e Valter Marciano (ainda não existia o Dico, Pelé, que só chegaria a Vila, vindo de Bauru, pelas mão de Waldemar de Brito, em 8 de agosto de 1956, sem nunca ter sentido antes o cheiro do mar, sem imaginar que um dia daria uma camisola para a Xuxa, andar desajeita pela falta de intimidade com o uso de sapatos, também conhecido como Gasolina). Reserva de Dida do Flamengo, na seleção brasileira, em 1958, esperou o jogo com o País de Gales para fazer aquele gol que ficou famoso, com o chapéu no beque dentro da área e, sem deixar a bola tocar no chão, fulminou o goleito. Brasil, 1x0. Mais 5 gols nos jogos seguintes, o menino de 17 anos tinha se tornado o "Rei do Futebol". Morou, Herege. Timinho é o escambau, como eu disse de início.
Tchau.