
Postado originalmente por
enasor
Meu caro Newton ... Bem frisado ... "controle de tração e estabilidade" ... "seguram a onda em 4x2" ... "na hora do aperto" ... concordo com você, porém, a minha preocupação é no regime 4x4, quando muitos (como eu) gostam de lançar mão dele, objetivando um ganho extra de estabilidade, numa situação atípica durante uma viagem ...
POR QUE NÃO FAZER CURVAS COM VEÍCULOS TRAÇADOS NO MODO 4X4 E NÃO DOTADOS DE DIFERENCIAL CENTRAL - O CONTROLE DE ESTABILIDADE E DE TRAÇÃO SEGURAM A ONDA?:
Acredito que seja ilusória a sensação de estabilidade/segurança que sentimos num veículo trafegando no modo 4x4 que não tenha a tutela de um diferencial central, mesmo contando com o gerenciamento eletrônico de controle de estabilidade e de tração. Evidentemente que um colega mais experiente saberia explicar com mais propriedade do que eu. Porém, vou arriscar analisar sob o meu ponto de vista (de leigo), claro que sujeito às correções que se fizerem necessárias pelos mais experientes.
Então, vamos lá:
Um dos grandes perigos em termos de segurança e motivo para desgaste do veículo de numa viagem, são as curvas. Se analisarmos a geometria de uma curva e um veículo trafegando dentro dela, veremos facilmente que as rodas da parte externa do veículo farão um deslocamento maior que as horas da parte interna, ou seja, as rodas da parte externa farão um DESLOCAMENTO EXTRA em relação às internas. E será o efeito deste deslocamento extra nas curvas que tentaremos analisar aqui. Considerando que o nosso veículo sob análise não tem diferencial central, evidentemente que todas as rodas do mesmo estarão sob o mesmo giro proporcionado pelo sistema de transmissão e, conseqüentemente, é fácil deduzir que as rodas da parte externa farão esse deslocamento extra de forma travada. Se tal deslocamento extra for feito sobre uma superfície lisa, o atrito será muito pequeno, de forma que as rodas travadas deslizar-se-ão suavemente sobre a superfície, sem conseqüências danosas significativas. Porém, se este deslocamento extra for feito sobre uma superfície mais aderente, ou ainda melhor, com coeficiente de atrito bastante acentuado, dependendo do grau de atrito dessa superfície, esse deslocamento extra das rodas travadas poderá ser contido ... e será aí que estará o perigo, pois, nesta situação tal contenção ao deslocamento significará um travamento do veículo, provocando uma instabilidade do mesmo tal, que dependendo do grau da curva, da inclinação lateral da pista, da velocidade linear do veículo e do peso deste, poderá haver um acidente por tombamento. Com efeito, não é difícil imaginar que isso poderá se constituir em mais um fator que irá se somar às leis da física para empurrar o veículo para fora da curva. É claro que os controles eletrônicos de tração e de estabilidade, no momento em que detectarem a instabilidade e a iminência de um tombamento, farão todo o possível para que isso não ocorra, pois estão lá para isso e, nesta hipótese, acredito que liberarão o giro das rodas retirando o veículo dessa situação de instabilidade. Porém, a presença de um sistema a mais para ajudar (diferencial central) seria muito útil, não é mesmo? Bem, acabamos de fazer uma análise tendo por enfoque o fator de segurança (do veículo, dos passageiros e de terceiros). De qualquer forma, quando o sistema de controle de tração e de instabilidade liberarem o giro das rodas, acredito que o sistema de transmissão já tenha sofrido com essa tendência de arraste forçado e contenção das rodas, não é mesmo? Então, vamos analisar a situação sob outro enfoque, qual seja, o de manutenção do veículo. Se nessa superfície atritante ocorre esse esforço sistematicamente ao longo do tempo, acredito que isso implicará num desgaste prematuro de partes e peças do veículo (transmissão, pneus, suspensão, etc.). A transmissão, por ser a mais complexa e cara, é a que provocará maior despesa para o proprietário quando tais efeitos nela se manifestarem.
Se por outro lado, o veículo estiver dotado de diferencial central, tudo isso será minimizado, eis que o giro das rodas será gerenciado por este sistema, de forma que tal deslocamento extra nas curvas não se fará sob esforço, nem sob arraste, uma vez que o diferencial central proporcionará giros às rodas compatíveis com tal deslocamento extra e com o atrito da superfície de rolagem em qualquer situação, evitando que ocorram esforços, arrastes e, muito menos, travamentos das rodas.
Daí, pode surgir a indagação: Então, pela análise acima, estando dirigindo numa estrada asfaltada sinuosa, numa descida de serra e sob chuva forte, ou seja, a estrada estando lisa, se quisermos um ganho extra de segurança, podemos concluir que podemos trafegar com um veículo que não tenha diferencial central, traçado no modo 4x4?
Resposa: Seria de bom alvitre, que não se acionasse o 4x4!!!! Por que?
Explicação: Mesmo sob chuva forte, onde, pressupostamente a estrada asfaltada está lisa, numa curva, poderão haver trechos com atrito tal, que não irão permitir o deslizamento suave das rodas travadas sobre a superfície de rolagem, mas sim, um arraste forçado ou travamento, de forma que os efeitos danosos acima demonstrados poderão ser desencadeados. Lembrando que penso que o controle eletrônico de estabilidade e de tração só entram em ação no caso de instabilidade do veículo. Numa situação de esforço da transmissão, acredito que não atuem. Portanto, no meu entendimento, acho que não vale a pena correr tais riscos no sentido de preservar a segurança dos passageiros e a parte mecânica do veículo (transmissão, pneus, etc.).
Conclusivamente:
Estando dirigindo um veículo 4x4 não provido de diferencial central, numa estrada sinuosa ou numa descida de serra, sob chuva forte, ou não, ao invés de colocar no modo 4x4, é de bom alvitre reduzir a velocidade e, dependendo do caso, utilizar o freio motor. Em casos extremos, é recomendável parar o veículo e esperar a chuva passar, para depois continuar a viagem, sempre no modo 4x2. E deixa para colocar o 4x4 em situações especiais, onde esse modo de tração é consensualmente aplicável e pode tranquilamente ser aplicado sem quaisquer dúvidas (neve, estrada cascalhada, lama, descida íngreme, etc.)
Destaque-se que, na mesma condição de trafegabilidade acima vislumbrada (sob chuva, estrada sinuosa, descida de serra), estando dirigindo um veículo 4x4 provido de diferencial central, não vislumbro problema algum em optar por esse ganho extra de segurança alternando-se a tração para o modo 4x4, evidentemente que sem o bloqueio do diferencial central.
Forte abraço.