Acordei com o dia clareando, o sol ainda não pontava. Peguei a máquina e esperei o sol subir, com muito frio, tirei boas fotos com toda a área das termas fumaçando.
Dei um tempo e a cada minuto apareciam mais e mais toyotas com turistas, alguns vindo de Uyuni e outros indo para lá. Mas todos paravam ali para as termas. Ela ficou completamente cheia, devia ter umas 40 cabeças lá dentro. E pensar que aproveitei ela a tarde toda sozinho hehehe
Conversei com uma senhora boliviana que tinha um pequenino restaurante ali na frente, sobre o café da manhã. Ela cobrou 10 bolivianos pelo café que tinha pão, geleia, manteiga, toddy e leite. Simples, mas valeu.
Depois de arrumar as coisas, fui dar partida na band, mas ela não pegou. Tentei 3 vezes, enquanto conversava com os guias bolivianos que diziam que o Salar estava completamente cheio, impossível de entrar com carro próprio lá dentro.
O diesel aumenta muito a viscosidade quando frio, dificultando a partida. Nesse dia eu vacilei, pois tinha comprado um ‘anticongelante’ pro diesel e esqueci de misturar no tanque. Fora a questão da bateria, que tinha uma baixa corrente de arranque no frio.
Solução: afrouxei a entrada do coletor e espirrei um pouco de desengripante pra dentro. Bati a chave e acelerando um pouco o carro pegou. Deixei na lenta um bom tempo antes de andar.
Saí e fui seguindo pelas estradas, estradas mesmo, pois várias indo se abrindo com os rastros de pneus. Procurava sempre a com mais areia, apesar de mais fácil atolar, era mais confortável do que as que tinham as costelas de vaca, que sacolejavam a suspensão de feixe de mola da band.
Como dito, precisava passar pela aduana boliviana, que era próxima de outro atrativo: os gêiseres Sol de la Manana. Próximo ao caminho, avista-se já a grande atividade termal da área, muitas fumarolas e algumas estações de energia termal. Pelo GPS encontrei a rota pros gêiseres e parei por ali para fotografar.
Esses sim, são fortes! Faziam um barulho estridente, muito alto! Um soprava constantemente como uma panela de pressão, não me atrevi a chegar muito perto. Ali também tinham várias crateras com uma lama borbulhante que volta e meia respingava pra fora.
Como o cheiro de enxofre era muito forte, peguei o carro e segui. Um pouco mais pra frente, havia uma estradinha que levava até uma fábrica de algum produto químico e lá dentro, havia a aduana.
Ali atingi a maior altitude da viagem: 5033 metros.
Quando parei o carro para ir na aduana, o gringo da land rover chegou também, com o carro fervendo. Aparentemente o sistema de arrefecimento da land rover não suportou a altitude e estava jorrando água pra fora. Ele disse que estava parando a cada 5km pra completar o radiador. Sorte dele que ele tinha um tanque com uns 100 litros de água em cima do carro hehehehe
Fiz os trâmites e peguei a tal declaração jurada.
Segui e andando e andando e encontrei a Laguna Colorada. A Laguna Colorada tem a coloração avermelhada por conta de pigmentos produzidos por algas que ali habitam. Segui para o mirador e lá tirei fotos do grande contraste das ilhas de sal e do vermelho da laguna. Além da infinidade de flamingos e lhamas.
Voltei ao carro, comi alguma coisa e segui. Próxima parada era a Arbol de Piedra. Não há sinalização, nem pista principal, nem qualquer outra coisa. Apenas ‘as estradas’.
Chegando na Arbol de Piedra, haviam mais toyotas com turistas, alguns subindo em cima das formações rochosas e tirando fotos. Não concordo com isso, mas....
Ok, estava de tarde e eu pretendia chegar até Uyuni, e era muito chão ainda. Segui e pra frente peguei um dos piores trechos. Havia uma grande fenda pela qual seguia o caminho, com grandes pedras e buracos. Passei bem devagar por ali, pois estava sem a tração dianteira e se caísse num buraco ia ser feio sair.
Seguindo, passei pelas Lagunas Honda, Hedionda e cheguei na Cañapa. Na laguna Cañapa, há um pequeno hotel. Entrei e pra minha sorte aceitaram fazer um prato de comida já pras 4h da tarde. Na verdade dois, pois um só não deu conta. Ali também tirei foto com uma vicuna de estimação do pessoal do hotel, engraçado ver um bicho tão arisco ser domesticado.
Logo chegaram uns motociclitas, brasileiros, perguntando sobre combustível... Quando disse que só havia em San Pedro, alguns até pensaram em voltar. Depois de conversarem decidiram seguir em frente.. não sei o que aconteceu com eles.
Segui mais uma hora e com o sol de pondo, cheguei na ruta 701, que leva até Uyuni.
Essa estrada é totalmente de terra, mas muito boa. No trecho que estava seco, fui na média de 90km/h e quando peguei o trecho molhado, com uma lama fina, fui beirando os 80.
Chegando em Uyuni, fiquei meio receoso sobre onde dormir. A cidade era suja, escura e haviam muitas pessoas suspeitas. Procurei por um hotel e nenhum havia disponibilidade. Cheguei a cogitar a ideia de ir direto pra Colchani, que é de onde sai para o Salar, mas por sorte encontrei um posto de combustível, onde consegui estacionar atrás de um caminhão. Dormi por ali mesmo.









