Matéria da 4 rodasapenas para informação e curiosidade)
Foi pensando em transportar cargas pesadas e encarar longas viagens que o engenheiro Paulo Werle comprou uma picape com motor turbodiesel. Acabou optando por uma Nissan Frontier Strike zero-quilômetro, para utilizar no trajeto que costuma fazer entre São Paulo e o interior do Rio Grande do Sul, onde possui uma fazenda. Numa dessas viagens, teve início seu problema com o turbocompressor da picape. "Aos 14 000 quilômetros, o turbo quebrou na estrada pela primeira vez. A quebra começou com um forte barulho no motor e logo depois provocou a perda de uns 4 litros de óleo, que foi jogado pelo escapamento, seguido de uma cortina de fumaça. Foi preciso um guincho para levar a picape até a autorizada", afirma o engenheiro.

Mas a dor de cabeça de Paulo não terminou aí. "Aos 22 0000 quilômetros, uma nova pane aconteceu na mesma peça e voltou a imobilizar o veículo. A diferença é que dessa vez eu estava acompanhado da minha esposa e com a picape carregada. Devido à falta da peça no estoque das concessionárias, fiquei sem o veículo por 13 dias", diz o engenheiro.
No entanto, o caso de Paulo é só um entre diversos que existem no Brasil. Esse defeito no turbocompressor da Frontier, que também se manifesta no Xterra, é um velho conhecido até da fábrica, como pode ser comprovado pelo boletim técnico que ela enviou à rede autorizada em 12 de março de 2004. Tivemos acesso ao comunicado da Nissan, que informa o modelo e a série de motores afetados pelo problema intitulado pela fábrica de "ruptura do eixo e ruído excessivo do turbocompressor".
O boletim descreve o sintoma que caracteriza o defeito e o procedimento a ser seguido pelas oficinas no caso de atenderem picapes com esse defeito. O comunicado explica que, para as Frontier e Xterra que chegarem às concessionárias Nissan com reclamação de ruptura de eixo ou de ruído excessivo do turbocompressor, deverá ser efetuada a troca da peça, juntamente com a instalação de um novo tubo de retorno de óleo lubrificante. Ainda segundo o documento, os motores atingidos têm número de série até 407.04.151900 e de 407.04.151916 a 407.04.154496, o que envolveria mais de 11 900 veículos.
Devido à falta da peça em algumas regiões e ao preço alto, há casos de proprietários que deram um jeitinho todo próprio. Foi o que fez o estudante Thiago Luiz Spessatto, de Xanxerê (SC), dono de uma Frontier 2003. "Aos 40000 quilômetros, a turbina da minha picape estourou. Procurei pela peça original em diversas concessionárias e, depois de muita pesquisa, encontrei na revenda de Chapecó (SC). Como a turbina original da Nissan era muito cara [3 000 reais, da marca BorgWarner], optei por trocar por um modelo Garret utilizado no mesmo motor MWM que equipa a Chevrolet S10, o que me custou 2 000 reais" diz Thiago. "Até agora ela não deu nenhum problema e estou satisfeito."