Postado originalmente por
Edumar
Eu fico satisfeito em ver algumas manifestações coerentes e embasadas (João e Troller), mas também lamento que algumas opiniões sejam emitidas sem o conhecimento necessário para tanto, o que acaba confundindo o leitor levando-o a conclusões errôneas.
Ao emitir um parecer firme sobre um tema como este, precisamos ter a experiência própria sobre o que estamos avaliando, e não "ouvi dizer", "um amigo me contou", "vi num vídeo", etc., ou poderemos cometer um grave ato de leviandade.
Costumo ler comentários constantes aqui sobre a altura da Frontier, e quem segue estes comentários sem conhecimento próprio acaba fazendo uma confusão enorme sobre o que é fato e o que é fantasia.
A altura de solo da atual Frontier, como já publiquei em outra oportunidade com uma tabela comparativa, é desprezível em relação a outras picapes. Não são 5 milímetros que vai mudar a vida de ninguém (pressão dos pneus, nível do tanque de combustível, quantidade de passageiros, etc... interferem muito mais nessa altura).
Aliás, se o uso é em locais mais severos, a primeira providência razoável de quem compra uma Frontier é trocar os pneus por outros mais adequados, o que já garante uma elevação de 1 ou 2 centímetros em relação ao original, que na minha opinião é bom somente para estradas asfaltadas.
A falsa impressão que se dá é que a diferença em altura é significativa, fazendo com que a Frontier raspe em qualquer elevação que existir no caminho.
Para se ter uma idéia, eu tenho uma S10 2015 e uma Frontier 2015 também. As duas com pneus trocados já na aquisição delas quando zero, Michelin na Frontier e BF na S10. O modelo usado na S10 é ainda 1 centímetro mais alto que na Frontier.
Mesmo assim, em lugares que costumo frequentar, eu passo tranquilo com a Frontier, mas nem tento mais com a S10 por conta do que sofro com ela, com o risco de perder um parachoque pelo caminho.
Muitos esquecem do mais importante: os ângulos de entrada e saída.
E neste ponto é que reside a vantagem da Frontier, que atravessa facilmente obstáculos que com a S10 eu não consigo.
O que acontece aqui é que a altura de teto da Frontier é um pouco menor que de outras picapes, o que parece incomodar aqueles que compram caminhonetes muitas vezes com a intenção de parecerem mais "poderosos" por conta da altura que ficam dentro do veículo.
Aí eles confundem tudo, e acham que a Frontier anda colada no chão, raspando em todas as lombadas e até tampinhas de garrafa de cerveja jogadas pelo caminho. Uma verdadeira confusão que criam na cabeça de quem busca uma informação mais precisa.
Mesmo assim, para se ter uma idéia, dentro da Frontier eu fico com bom espaço sobre a cabeça (e sou alto), e na nova Ranger ("altona") eu encosto a cabeça no teto... o que me decepcionou bastante quando andei na de um amigo meu.
Quanto à pintura manual, parece que se está falando de um crime grave, de algo inaceitável do ponto de vista técnico.
Se as pessoas soubessem quantos veículos caríssimos são produzidos com pintura manual, ficariam surpresas.
A Nissan é bastante criteriosa com a produção de seus veículos, e não é a toa que Renault, Mercedes e até a Land Rover estão escolhendo a base da Frontier para produzir seus novos modelos.
Eu passei a metade da minha vida profissional dentro de montadoras.
Alguém sabe porque os robôs são utilizados em alguns processos de fabricação? Principalmente por custo, velocidade e redução de mão de obra.
A pintura feita por robôs não é tudo isso que se imagina. Querem um exemplo? peguem veículos com laterais grandes, como a S10 nova, e de preferência na cor prata, e observem em local bem iluminado o "acabamento" da pintura.
Se alguém não perceber as manchas muito comuns que estas pinturas apresentam, pode consultar um oculista.
O robô usa uma quantidade de tinta bem pequena na maioria dos casos. É uma película bem fina, de uma cobertura que se raspar a unha" é capaz de aparecer o fundo. E não pensem que é perfeita. Cansei de ver pinturas escorridas, faltando tinta e com falhas. O robô não "enxerga" o que fez, e assim não corrige nada.
Eu cansei de ver inúmeros retoques em carros produzidos na Ford. Trabalhei no famoso prédio 90, onde os veículos eram fabricados, e cheguei a pegar uma picape com tinta escorrida e com falhas.
E não é somente na pintura que os robôs também mostram que não são tão perfeitos como imaginam alguns.
Tive uma Nova S10 2013 que cansei de reclamar do desalinhamento do capô e nenhuma autorizada conseguiu resolver. Chegaram até a trocar o capô, desmontar a frente, mexer em grades, faróis, etc. Um dia, descobriram que o problema era desalinhamento da estrutura, e não tinha como corrigir, porque por uma razão qualquer ele ficou mal posicionada na soldagem, e o robô soldou a estrutura assim mesmo.
Não pensem que o pintor de uma indústria automobilística séria é o Zé da oficina da esquina que pinta os carros e ao mesmo tempo vai retirando com a unha os insetos que vão grudando na tinta. Os caras destas fábricas são bons, verdadeiros artistas. O pessoal de retoque da GM (onde também trabalhei) era mágico, e corrigia muitas falhas deixadas pelos robôs.
Uma pintura manual bem feita dá um show de qualidade em cima de muitas linhas robotizadas que tem por aí.
Mas, quando se fala em trabalho manual ou processo "não-automatizado", muitos torcem o nariz achando que isso significa trabalho feito "nas coxas".
Eu sou um audiófilo apaixonado por áudio hi-end. Para quem não souber o significado disso, é a paixão pela música reproduzida com a perfeição de uma apresentação ao vivo.
Quem fica horrorizado em saber que a pintura de um veículo pode ser feita pelo processo manual, deve ter um ataque se ver um equipamento de som hi-end composto de um toca-discos de vinil (sim... os velho "bolachões") e um amplificador valvulado (aqueles tubos de vidro do século passado que ficam acesos sobre um chassis e que esquentam até o ambiente), tudo fabricado manualmente. Um toca-discos de alto nível custa na faixa de 10.000 a até 200.000 reais ou mais. Um bom amplificador valvulado com componentes da década de 60 ou 70 pode custar mais do que um esportivo de luxo.
Mas, é claro, sempre há a opção de comprar um Sony produzido com chips de alta tecnologia e montado por robôs, custando menos de 2.000 reais no hipermercado da esquina, já com caixas acústicas e tocando os modernos disquinhos prateados e MP3 (arghhh !!!).
Sobre segurança, ainda sou mais a Frontier com a sua estabilidade que parece de um carro normal, do que aquelas balançadas e pulos descontrolados da S10, que já me deram muitos sustos.
Crash-test é importante, mas não diz tudo.
Quem reside aqui na região de Campinas deve ter visto neste final de semana o acidente trágico que envolveu um carro (que fez uma ultrapassagem errada) e colidiu de frente com uma caminhonete.
Os airbags do carro foram acionados, e seus 3 ocupantes morreram. A caminhonete não teve o airbag acionado (nem sei se tinha) e seu motorista saiu ileso.
Lógico que airbags são importantes. Eu sempre privilegiei este acessório enquanto eu via a maioria dos brasileiros comprando carros pelo "luxo" interno, pelo "som" instalado ou pelos "chiques" bancos de couro (que eu tanto odeio). Para mim airbags e freios ABS sempre estiveram no topo de minha lista de opções. Mas, há muito mais o que se preocupar do que somente isso.
A Frontier é segura. Já cheguei a quase 190km/h com ela num teste e parecia que eu estava a 110, tamanha estabilidade e firmeza. Já na S10 (que possui limitação da velocidade não à toa...) eu tenho medo de chegar a 120, e nas curvas e pisos irregulares eu tiro o pé e ainda assim fico com medo.
Na chuva então, não há comparação.
Sou da opinião que, antes de fazermos pré-julgamentos e tirarmos conclusões definitivas, é preciso conhecer primeiro.
Eu tenho muita convicção que a Nissan não vai decepcionar o seu público, e estou apenas esperando este novo modelo chegar finalmente por aqui (acho que atrasou demais) para trocar a minha e já aproveitar e me livrar desta S10 nojenta.
Abraços a todos.