caro colega jipeiro Sukys, gostaria de parabenizá-lo pela excelente explicação dada no tópico anterior. Voçê foi corretíssimo em sua análise. Sou engenheiro eletrônico mas trabalho mesmo com regulagens de motores, ou seja, sujo as mãos. Quando estava na fenajeep este ano, havia um pessoal vendendo essas ignições milagrosas de 350,00 reais, quando fui verificar,por curiosidade, como funcionava ví que não havia avanço a vácuo e o centrífugo estava travado, quando indaguei o vendedor sobre o fato ele disse que isso não precisava, imagina!, que jipe só andava devagar. Aí pensei não pode esistir milagre mesmo, ou se faz uma coisa certa e se cobra por isto ou não se faz nada.
Uma ignição assim é pior que um platinado original.
Daniel Webber
Sou engenheiro eletrônico mas trabalho mesmo com regulagens de motores, ou seja, sujo as mãos.
Mão na graxa e levando choque. Sabia que quem faz isso, quando morre, não vai para o paraiso dos simples mortais e sim para o ferro-velho dos céus?
A minha vaga já estou garantindo...
Realmente, Sukys, voce depenou a ave rapina de maneira fulminante !Parabéns !
Alguns anos atrás eu conheci um eletro-técnico jovem que se demitiu de um empregão (Petrobrás !) para trabalhar na oficina do seu pai. O rapaz conhecia tudo sobre PLCs etc e estava à frente da ala hi-tech da oficina enquanto paizão cuidava da parte tradicional.
Bom esse moço propós a troca do "miolo" do distribuidor WAPSA por outro, de efeito Hall ou semelhante. A vantagem residiria em reter o sistema de avanço original. Acrescentou ainda que iríamos precisar da mão de obra de um torneiro competente para realizar o feito.
Sukys, qual é a sua opinião em relação a proposta acima ? Seria viável enxertarmos o mecanismo - que dispensa platinado - do distribuidor da Opala (6 cilíndros) dentro do distribuidor do BF 161 ?
Ou seria mais vantajoso catar o "miolo" do distribuidor de outro veículo 6 cilíndros, como por exemplo o picape Ford Argentino ?
Se o "miolo" a ser enxertado ocupar volume maior do que estiver disponível no distribuidor original, resta a opção de tornearmos um tarrrugo de alumínio para formarmos um corpo novo de distribuidor e alojar todos os componentes lá dentro.
Bom esse moço propós a troca do "miolo" do distribuidor WAPSA por outro, de efeito Hall ou semelhante. A vantagem residiria em reter o sistema de avanço original.
Em algum canto deste fórum já fiz esta proposta de enxertar o sensor na mesa do BF, ou até a mesa por completo. Daí é só tornear a came de levante do platinado, fazer rebaixo para chaveta e aneis elásticos e instalar no local o disco de janelas, devidamente orientado com o rotor e sensor Hall.
Como o disco também determina o tempo de permanência (duty cicle ou dwell time, como queiram) o ideal seria aproveitar o módulo e a bobina de ignição do sistema que "doou" o disco, assim existe a garantia de que tudo vai funcionar nos trinques.
Coisa do tipo não requer muita despesa e fora o trabalho de tornearia pode ser feito até em fundo de garagem, com recursos minimos, bastando apenas algum conhecimento básico sobre o assunto e alguma dose de inventividade.
É garantia de algumas horas de diversão e o prazer de ter feito algo realmente funcional e decente, uma pá de cal para o platinado e para o "ignitor tabajara" que vendem por aí...
Muitíssimo agradecido ! Pelo jeito, voce coloca mão na graxa e mexe na eletricidade, sem se machucar ou levar choque Nada de serviços ou experiências tabajara, inclusive porque não fazem falta na praça
Vou procurar aquele eletricista no bairro de Ilha do Governador, haja visto que as ferramentas que tenho à disposição são limitadas, além daquele moço estar careca de fazer coisas do gênero !
Agora uma curiosidade - o fator dwell time, é tão importante assim para que o conjunto modulo eletrônico/bobina e o primeiro formem um trio casado ?
Não seria o caso do miolo fornecer um dwell time quase constante - que independa de rpm - ao conjunto modulo/bobina, ou mesmo se não fosse assim por razões das limitações físicas impostas pelo disco e sensor, não haveria uma espécie de mono-estável (one-shot) incorporado a esse conjunto para efetivamente resolver o caso ?
Se voce argumentar com base em nº de descargas por rpm de 6 cilindros versus 4 cilindros, digamos, tudo bem, deveríamos realmente procurar um conjunto modulo/bobina oriundo de motor 6 cilindros - não seria o caso desse último poder ser de qualquer procedênica 6 cilindros ?
Agora uma curiosidade - o fator dwell time, é tão importante assim para que o conjunto modulo eletrônico/bobina e o primeiro formem um trio casado ?
De forma bem simples e sem entrar em "tecniquês":
-Bobina é como uma caixa d'água, que leva um tempo para encher mas que se esvazia quase que instantaneamente.
-Módulo eletrônico é como uma bomba d'água, que tem uma determinada capacidade de bombear água lá prá cima.
-Dwell Time pode ser representado pelo tempo que a bomba permanece ligada para encher a caixa d'água.
Logo existe uma relação entre capacidade da caixa, tempo e volume de bombeamento.
Se a caixa demora 1 hora para ficar cheia é este o tempo ideal para manter a bomba ligada.
Se abrirmos a caixa d'água com uma freqüência de 1 hora e meia, com certeza a caixa estará cheia no momento da abertura, e se mantivermos a bomba ligada pelo mesmo tempo teremos um desperdício de água equivalente a meia hora de bombeamento.
Se abrirmos a caixa d'água com uma freqüência menor que 1 hora vai sair água só que em volume menor, porque a bomba não teve tempo para enche-la até o nível adequado.
Com a ignição acontece coisa semelhante. O tempo para "encher" a bobina é controlado pelo Dwell Time, que por sua vez tem a ver com a capacidade da bobina e com a corrente fornecida pelo módulo.
Uma bobina parruda e um módulo raquítico podem nem funcionar com qualquer Dwell Time, já uma bobina esquelética e um módulo anabolizado funcionam até com Dwell Time insignificante, só que neste caso a faísca também será insignificante, porque depende diretamente da capacidade da bobina, e de tabela da capacidade do módulo.
Pode-se gerar outras combinações com estes três elementos, e praticamente todas elas vão representar muito bem o porque do trio casado.
Vendo a coisa com um pouco mais de detalhes: nas ignições que fazem uso de impulsor o Dwell Time é controlado pela eletrônica do módulo, logo este tempo leva em consideração exclusivamente a bobina original, logo a bobina + módulo fazem um par casado, sem falar que existem vários tipos de impulsor, cada qual com suas características e que são determinantes para a eletrônica do módulo.
Nas que fazem uso de sensor Hall o Dwell Time é determinado pelo disco de janelas, logo o disco faz par com a bobina. Em tese, qualquer módulo que faça uso de Hall pode ser utilizado junto a qualquer bobina, pelo menos no que diz respeito ao Dwell Time, que tem a ver, em ultima análise, com o distribuidor, mas não é possível afirmar de pé junto que todos os módulos para Hall tem a mesma capacidade de chaveamento. Simplificando, um módulo para Hall que faça par com uma bobina que drene X Ampères pode não chavear adequadamente outra que drene X+n Ampères, mas o inverso é válido. Quanto ao próprio sensor Hall, a maioria trabalha com 12 Volts (em ignições microprocessadas geralmente é 5 Volts) mas não é possível afirmar de pé junto que todos sensores fornecem a mesma corrente de saída (entrada do módulo) logo, par casado com o módulo se não nasce zebra e não faísca.
Por essas e outras que sempre é bom fazer adaptações completas, evitando assim qualquer tipo de surpresa. No mercado existem trocentos tipos de módulos, bobinas e sensores, e os fabricantes não fazem isso para complicar a própria vida e a dos usuários, e sim para garantir o desempenho de cada motor em específico.
Este assunto é um tanto quanto enrolado e se você der uma passeada pelo meu Site (endereço lá embaixo) encontrará na seção Teoria alguma coisa sobre ignição, com direito a gráficos que melhor ilustrarão os comentários já feitos.
Postado originalmente por Cedric
Não seria o caso do miolo fornecer um dwell time quase constante
Seria o ideal e é assim que acontece nos sistemas de ignição mais sofisticados, microprocessados, só que aí entra um grande detalhe: nestas ignições, o tempo de carga da bobina é menor que o menor período entre descargas, e as bobinas ditas como convencionais NORMALMENTE não se prestam prá isso porque tem o tempo de carga demasiadamente longo.
Veja bem que este comentário leva em conta o período ideal de carga versus rotação máxima do motor, e na imensa maioria dos casos as bobinas convencionais tem um período de carga que é maior que o necessário quando o motor atinge altos regimes de giro, ou seja, a rotação atropela o tempo da bobina justamente quando mais precisa de uma faísca energética.
Por isso que uma ignição convencional deixa à desejar em altas rotações, e pouco importa se o controle é via platinado ou sensor, se tem módulo eletrônico ou não. O gargalo é a própria bobina.
Nestas ignições mais sofisticadas - que trabalham com Dwell Time fixo - se usam as chamadas bobinas plásticas, que em alguns casos tem capacidade energética semelhante à uma ignição do tipo CDI de 100~120 miliJoules, com a vantagem de manter a faísca por um tempo maior (esse é o tendão de Aquiles de QUALQUER ignição CDI) em detrimento de uma tensão ligeiramente inferior (sempre comparada ao CDI) mas que dá de dez a zero em qualquer ignição convencional.
E se alguém já está pensando em pegar uma bobina plástica e mandar ver no jipão pode ir esquecendo, com o motor em marcha lenta elas chegam a ficar vermelha e não é de raiva, isso se não estourar ou pegar fogo porque o Dwell Time tem que ser rigorosamente fixo, mas se alguém quiser fazer o teste pode aproveitar o momento e fazer isso com picanha, porque carvão para o churrasco já fica garantido.
Postado originalmente por Cedric
não haveria uma espécie de mono-estável (one-shot) incorporado a esse conjunto para efetivamente resolver o caso ?
Um One-Shot sim, só que contando o tempo prá trás e não prá frente.
É que One-Shot passa a contar tempo em função de um disparo, e o disparo que temos via distribuidor é exatamente o tempo em que DEVE ocorrer a faísca. Oras, se o One-Shot vai representar o tempo de carga da bobina, o dito deve começar a contar o Dwell Time antes do disparo da faísca e não depois.
No exemplo lá do alto, seria mais ou menos o mesmo que abrir a caixa d'água para só então bombear água prá dentro dela.
Tudo bem, o disparo do One-Shot pode ser controlado pelo distribuidor e o fim deste tempo disparar a faísca, só que à medida que o motor aumenta de giro a faísca será disparada cada vez mais atrasada, quando na verdade teria que ser retroagida no tempo (função do avanço centrífugo) e isso acontece porque o tempo do One-Shot é fixo e o período angular da rotação do motor não.
Resultado: à medida que o motor aumenta de giro a faísca será gerada cada vez mais atrasada, anulando o avanço requerido e "matando" o motor.
Coloque a coisa em números ou gráficos e perceberá que mesmo considerando um atraso no avanço estático, para compensar o tempo do One-Shot e manter o ponto ideal em marcha lenta, por exemplo, os tempos vão ficando cada vez mais conflitantes à medida que a rotação aumenta.
Postado originalmente por Cedric
Se voce argumentar com base em nº de descargas por rpm de 6 cilindros versus 4 cilindros, digamos, tudo bem, deveríamos realmente procurar um conjunto modulo/bobina oriundo de motor 6 cilindros - não seria o caso desse último poder ser de qualquer procedênica 6 cilindros ?
Correto, conjunto COMPLETO de qualquer procedência respeitando o n° de cilindros, DESDE QUE o motor doador tenha regime de giro igual ou superior ao do receptor. Não é o caso do BF como receptor, que tem um regime de giro relativamente baixo e aceita praticamente qualquer coisa como doação, mas para todos os efeitos é bom deixar isso claro.
Outra coisa, convém levar em conta a necessidade de alguma eventual reposição, e se fizer uso de algo um tanto quanto raro - ou caro - poderá ter problemas com o bolso.
Peça nova de carro velho não cai de preço, pior ainda se for importado, e ainda existe muita ignição de Opalão seis canecos dando sopa em ferro-velho.
Caros amigos,
Boa esplicação acima...
Tenho um motor de opala 4cc, um amigo me ofereceu um kit de ignição Hall completo do AP(distribuidor, bobina, modulo 7 pinos e chicote) estava pensando em fazer uma adptação e colocar ele para funcionar no motor de opala.
Alguém ja fez esta adptação? deu certo? Tendo em vista que a parte mecanica acho tranquila de fazer...tenho um bom conhecimento de motores...eu mesmo estou prestes a tentar a fazer...
Em relação a ignição eletrônica "antiga" de aranha que ultiliza bobina impulsora, por exemplo...um distribuidor de opala 4cc eletrônico, a bobina impulsora deste distribuidor poderá ser ultilizado em um ditribuidor de 6cc, conservando apenas as aranhas dos devidos motores???
Caros amigos,
Boa esplicação acima...
Tenho um motor de opala 4cc, um amigo me ofereceu um kit de ignição Hall completo do AP(distribuidor, bobina, modulo 7 pinos e chicote) estava pensando em fazer uma adptação e colocar ele para funcionar no motor de opala.
Alguém ja fez esta adptação? deu certo? Tendo em vista que a parte mecanica acho tranquila de fazer...tenho um bom conhecimento de motores...eu mesmo estou prestes a tentar a fazer...
Claudio, e aí blz! Cara, eu fiz isso no meu, posso até mandar fotos depois do distribuidor, e ficou dez! Eu tinha um distribuidor do opala que funcionava a platinado (que só é dor de cabeça) jogado aqui em casa. Este eu tirei do motor logo que comprei o jeep, e comprei um distribuidor indutivo. Como quis injetar meu 4cc de opala, tive que arrumar um distribuidor com efeito hall, e como opalas não sairam com esse distribuidor, mandei fazer um, unindo um distribuidor do motor AT da volks (motor Mi - que apresenta o distribuidor bem curto), com o do platinado do opala. Claro, para a base do distribuidor eu usei o do opala, pois a fixação do mesmo no motor e o eixo da engrenagem fica certa, sem problemas. Mandei cortar a parte de cima dele (onde fica o platinado e o avanço), para que ficasse em forma de uma mesa, e que o distribuidor do motor Mi fosse apenas encaixado e parafusado nesta mesa, depois de torneado tb. Os eixos foram medidos, cortados e unidos por solda, ficando no tamanho certo do distribuidor. A tampa usada foi a do distribuidor do Mi, pois a parte de cima do distribuidor fica sendo a dele. Lembrando que a tampa deste distribuidor, o encaixe dos cabos são por pinos, e os cabos devem ser trocados, afim de evitar falhas na transmissão das faiscas. O rotor também é o do distribuidor do Mi. Claro, tudo foi feito por um bom torneiro, e pela eficiencia do efeito hall, o valor cobrado pelo serviço foi barato. Hoje eu não uso mais a injeção, mas instalei a ignição TSZ-H com uma bobina plastica, e é so alegria tb.
Fala Barros...
Valeu cara pelos esclarecimentos, pois vou comprar um ignição hall completa, o meu jeep esta com BF ainda, mas estou progrmaando a troca para janeiro, e com isto estou dando uma bola no motor opala q ainda esta na bancada...não aguento mais pelejar com o BF...cada hora é um problema...rsrs
Manda as fotos pelo forum ou pode ser pelo e-mail tbm: claudiojfmachado@hotmail.com
Claudio, desculpe aí pelas fotos, realmente ficou faltando o envio delas. Lembrei estes dias quando tava mexendo no jeep. Estão aí, se tiver duvidas, é so perguntar. Abração!