Falar do mercado sem falar dos fatores econômicos, financeiros e tributários é como pensar no Vaticano e não se lembrar do Papa, ou entrar numa igreja e não se lembrar de Deus...rsrsrs
Mas, vamos lá.
O próprio tamanho do mercado automobilistico no Brasil já é uma das respostas. Enquanto nos EUA estamos falando de quinze milhões de veículos por ano (carros de passeio e SUVs), por aqui rodamos na casa dos dois milhões. Embora sejamos o sexto ou sétimo mercado do mundo, ainda é um mercado pequeno (logo, pouco diversificado e especializado) quando comparado com os EUA. Isso sem falar que a indústria de veículos militar nunca existiu no Brasil, realidade esta muito diferente da norte-americana e que sempre impulsionou o mundo 4x4 por lá (os eixos Rockwell que muitos admiram que o digam), já que o exército por lá sempre demandou do setor privado e em quantidades industriais diversas soluções e equipamentos (pneus, guinchos, eixos, semi-eixos, bloqueios etc) para submeter seus veículos às mais diversas condições mundo afora.
Ainda, é fato que a indústria automotiva nacional pouco deu atenção a este segmento, além de historicamente ter sido mais voltado para carros de uso urbano até por razões de demanda de mercado, uma vez que por décadas ter veículo 4x4 era excentricidade de que tem tinha dinheiro sobrando (e estes eram poucos). Esta realidade era válida inclusive para aqueles que moravam em zonas rurais. Fuscas e Brasílias são exemplos cabais disto.
Mas também é fato que este cenário mudou bastante no últimos cinco anos. Nunca tivemos tantas opções de 4x4, assim como nunca tivemos tantos serviços para este segmento. O mesmo vale para a quantidade de adeptos do 4x4 como esporte. Basta ver as diversas copas/provas regionais existentes e até mesmo o tamanho que o Rally do Sertões ganhou. Talvez a única modalidade que andou pra trás tenha sido o Rock Crawling, mas acredito eu que isto aconteceu por ausência de carros neste ano, correto?
Embora eu seja relativamente novo como proprietário no mundo 4x4, arrisco a dizer que também nunca tivemos tantos fornecedores independentes de equipamentos. Já produzimos localmente diversas coisas (guincho, semieixos, banda de pneus, bloqueios, proteções etc). Quanto mais o mercado primário (0km) de 4x4 e o esporte crescerem, certamente mais esta rede de fornecedores também crescerá.
Ainda há questões como tarifas de importação e impostos, que se reduzidos irão permitir um grande salto qualitativo e quantitativo nos produtos disponíveis, sejam eles importados ou produzidos localmente.
Deixa eu voltar ao inescapável fator econômico, mais precisamente o poder de compra das famílias e os hábitos que este permite. Para um americano ou australiano qualquer ter uma Dodge RAM V8 4x4 é algo tranquilo, pois o sujeito tem renda e financiamento pra isso. Já aqui no Brasil até mesmo as pessoas de classe A pensam dez vezes para comprar um veículo deste. Enquanto a nossa realidade econômica for a de carros 1.0 ou 1.6 em sua grande maioria, o mundo 4x4 continuará sendo um “pequeno luxo” que algumas pessoas se dão, ainda que, novamente, este público tenha crescido bastante nos últimos anos.
Certamente há outras questões e boas respostas para a pergunta, mas longe de mim de querer totalizar o assunto.
Abraço