
Postado originalmente por
lfschmitz
Certamente o carro consegue fazer um off-road leve com essa configuração. O maior limitador é a falta de força devido ao motor fraco e ao alongamento da relação final por conta dos pneus maiores (o uso de pneus 33, equivalentes a um 317/72 em escala decimal, alonga a relação final em quase 17%!!). Não se pode esquecer que o motor GM 4 cilindros é MUITO mais leve do que os V6 e diesel, o que diminui significativamente a tendência de "enterrar" a dianteira.
É importante verificar qual o modelo do diferencial que está usando, pois isso vai afetar diretamente as modificações necessárias.
Se for Dana 35, é encrenca: a chance de quebra é grande com uso de pneus grandes e relações reduzidas.
Se for Dana 46, é problema: são poucas opções de relação coroa/pinhão no mercado.
Se for Dana 44, é bem mais fácil.
Acho (ACHO!) que as S10 anteriores a 99 vinham com cubos de roda com 6 furos e são Dana 46; as posteriores a 99 têm cubos de roda com 5 furos e são Dana 44-3. Algumas S10 2.2 mais antigas (não lembro o ano) é que vieram com o Dana 35 - provavelmente não é o teu caso. Ressalto: cabe verificar se estou correto nesse ponto da achologia!
Para a finalidade que procuras, quatro coisas são fundamentais:
- pneus MUD em bom estado
- diferencial com bloqueio (me parece imprescindível)
- diferencial com relação mais curta - a tua deve ter relação 9/43 (4,78)
- uso racional, pois não é um jipe 4x4
(palavra de quem já se enfiou em grotas com uma Ranger Duratec 4x2 com diferencial aberto e pneus no fim: só atolei quando me meti onde não devia, por pura teimosia!)
Vamos, então, à parte da elucubração:
- O motor desse carro deve ser o 2.2 MPFI com 113cv@4800 e 188Nm@2800. Caso seja mantido, a relação final está extremamente longa e o carro deve ter um desempenho muito fraco. Para obter um desempenho semelhante ao original sem trocar a relação do diferencial, o mínimo de torque necessário é algo entre 220-225Nm, sempre em baixas rotações, o que inviabiliza um veneno aspirado com comando mais bravo e escape esportivo.
- Se estiveres disposto a fazer um "veneno" no motor, podes aumentar a taxa de 9,2:1 para algo em torno de 11,5:1 e rodar com álcool (boa opção pelo preço do combustível no teu estado) e filtro de ar de alta vazão. Nesse caso, ajustando a curva de ignição e com bicos de maior vazão (os bicos dos motores 2.0 flex devem dar conta da demanda); com isso, deves conseguir chegar sem dificuldade a 220Nm e 130cv, aumentando o consumo na proporção de qualquer mudança de gasolina para álcool. O principal objetivo para esse tipo de aplicação é aumentar o torque. Com essa preparação e conseguindo esse valor de torque, o aumento da relação final provocado pelos pneus maiores está compensado (ganham-se 17% de torque, que se equiparam ao aumento de 17% da relação final da transmissão).
- Preparação turbo tem o inconveniente do lag da turbina, que exige uma direção constantemente agressiva e não é muito indicado para uso off-road, onde se precisa de torque desde rotações baixas (inferiores a 2500rpm); a preparação com supercharger também seria viável, bastando converter para álcool; penso que com uso de um compressor pequeno (tipo Eaton M45) e relação de polias que renda pressão em torno de 0,6bar, seria fácil conseguir torque superior a 250Nm, o que dispensaria até o uso de intercooler. Porém, como o compressor é pequeno, a potência e a rotação máxima ficariam limitados (pela minha estimativa, o limite seria de 5000rpm, onde seriam obtidos cerca de 140cv).
Para rotações e potências maiores, o M45 entraria em overspeed e duraria muito pouco; seria necessário um compressor maior (tipo M62), mas isso implica em maior consumo e maior risco de quebra mecânica pelo esforço em situações extremas.
- Se o motor estiver no fim da vida útil e pedindo retífica, podes aumentar o diâmetro dos cilindros de 86mm para 87,5mm (pistões da 2.4), o que resulta em cilindrada de 2275cc ante os 2198 originais. Aumentar o deslocamento para 2.4 exige troca do virabrequim, algo que encarece o processo e torna o motor mais áspero em alta rotação. O aumento de cilindrada deve render 5% (cerca de 10nM e 5cv), sem aumento perceptível no consumo.
- Se estiveres disposto, podes trocar o motor por um 2.4 a gasolina, que tem originalmente 128cv@4800 e 220nM@2600.
Caso não queiras mexer no motor, me parece quase obrigatório encurtar a relação do diferencial. A relação 5.38 ainda deixaria a relação final uns 3% mais longa que a original (os pneus 33 tem um diâmetro MUITO maior que os originais 225/75R15). Portanto, uma relação 5.89 seria interessante: a relação final ficaria 10% mais curta que a original, limitando a velocidade máxima a 140-145km/h (bem mais do que o juízo recomenda num carro com essa suspensão/pneus), mas o desempenho no fora-de-estrada ficaria bem satisfatório.
A receita perfeita para esse carro, na minha opinião, seria o veneno no motor e a relação 5.38. Porém, o investimento chegaria perto de R$10mil, o que pode não ser vantajoso.
A receita mas viável financeiramente é a troca do diferencial pelo 5.89 e a simples conversão do motor para álcool com ajuste da curva de ignição ("chipagem"), que deve render 10Nm de torque.