Amigos.
Estou trabalhando num projeto para o motor do meu Bandeirante que venho matutando a muito tempo. Não sei se esse projeto pode ser de utilidade para alguém, mas sempre tem alguma coisa que pode ser aproveitada, ao mesmo tempo aceito qualquer sugestão, e agradeço desde já.
O motor é o 364-LA do 914, e eu sempre achei que estava andando menos do que deveria. Tempos atrás, quando o Felippe Tounda me chamou a atenção para o fato da minha descarga de 2.5”, que tinha dois abafadores, precisar apenas de um abafador (marmita turbão) e eventual a troca ter feito uma diferença grande no torque e melhora no consumo, comecei a pesquisar sobre o fluxo de ar em motores diesel desde a entrada do filtro até a ponta da descarga.
Pesquisei, e li muito uma revista americana chamada Diesel Power e aprendi que o ar tem que sofrer o mínimo de turbulência e restrição no trajeto entre a entrada do filtro de ar e a ponta da descarga. E quanto mais frio mais denso, e quanto mais denso mais ar.
Esse projeto, quero deixar claro, é para o carro rodar apenas no asfalto, e vou carregar sempre no carro uma caixa com os filtros originais (interno e externo), aquela peça na forma de uma hélice para distribuir o ar internamente, a tampa original e o scoop de plástico. Na terra e poeira, troco o esquema do filtro.
O carro está passando uma temporada no estaleiro, trocando juntas, retentores, o-rings da caixa de marchas, fazendo troca de óleos, manutenção geral, e decidi aproveitar o embalo para realizar esse projeto.
O PROJETO (em andamento):
COLETOR DE AR FRIO:
Aprendi que uma entrada de ar frio diretamente do lado de fora do carro (não é um snorkel), chamado de Cold Air Intake faz diferença na performance, já que o ar quente do cofre do motor tem um fluxo turbulento e é quente. O ar frio de fora é mais denso e já entra na turbina numa temperatura mais baixa. Esse coletor tem que puxar o ar na trajetória mais curta e com o mínimo de turbulência para o filtro de ar, e de preferência na maior velocidade possível. Portanto mangueiras sanfonadas nem pensar.
Confeccionei uma trapizonga que leva o ar diretamente daquela abertura frontal no capô o mais diretamente possível para a boca do filtro de ar. Essa peça em alumínio foi feita com vários elementos inusitados, comprados em lojas que vendem utensílios para cozinha: Uma panela de 195 mm ø o mesmo da caixa do filtro de ar, tubos se 3” ø e 2 mm de espessura, uma concha de 3”, e chapas de 2 mm. A peça ainda é um protótipo, mas como está deve funcionar bastante bem. Foi toda soldada em MIG (R$ 350) e ficará presa na parte de cima do intercooler Garrett (essa configuração não funcionará para o da 8-150) com velcro industrial e zip ties.
Pretendo fazer uma ‘tampa’ em alumínio para cobrir a boca desse coletor para os dias de chuva, impossibilitando a água de chegar no filtro de ar. Inclusive bolei uma pecinha que será presa ao acionador do limpa para-brisas para me lembrar de montar a tal tampa quando chove.
ELEMENTO FILTRANTE:
Logo de cara, removi aquela tela de aço com furos redondos do elemento filtrante MANN. Acho aquela tela um exagero que com certeza impede o fluxo do ar de passar mais livremente. Uma tesoura de chapa e um pouco de paciência e a tela é removida. Isso dá para qualquer um fazer, e tenho certeza que ajuda muito a passagem do ar. Já na parte interna é impossível remover essa tela de aço, mas acredito que a de fora faça mais diferença.
O tubo de alumínio de 3” do coletor de ar frio joga o ar na parte do lado direito da caixa do filtro, com o vento batendo na metade da parte de cima do elemento MANN. Essa parte de cima tem um rebaixo para a rosca e porca que eliminei com uma forminha de pizza em alumínio de 150 mm ø, a mesma do filtro. Depois fiz duas versões que talvez ajudem a aerodinâmica interna do vento distribuindo o ar mais igualmente em todos os lados. Só saberei se funciona depois que testar as 3 versões para saber qual funciona melhor, ou se a diferença é irrisória.
No fundo da caixa do filtro construí outra trapizonga que mistura uma seção de uma forma de bolo de 150 mm ø e uma seção de um refletor de jardim colados um ao outro com Durepoxi, e pintado por dentro. A ideia é que o fluxo de ar seja forçado direto para o filtro evitando uma turbulência excessiva no fundo da caixa que tem um ângulo reto e o rebaixo do próprio filtro com aquele anel de borracha de 100 mm ø.
COLETOR DE ADMMISSÃO:
O coletor de admissão do 364-LA é bem desenhado mas pessimamente acabado. É uma fundição de quinta categoria com o alumínio extremamente poroso fora e dentro do coletor. O lado de fora não importa, mas por dentro é inadmissível. Vários aspectos foram mexidos. Logo de cara a boca de 4” ø era rombuda com uma parede de 5 mm (vejam foto ORIGINAL). Esse coletor absorveu umas 14 horas do meu tempo, primeiro com uma lima meia-cana arredondando e afinando essa boca que pega o ar bem de frente. Tenho certeza que abrir esse espaço e arredondar as arestas farão alguma diferença. A parte externa da boca do coletor, onde a mangueira é presa com braçadeira tinha um defeito crasso; a superfície era toda porosa e era impossível vedar bem a passagem do ar, ou seja havia sempre um vazamento de ar que tirava pressão do fluxo e da turbina. Alô Mercedes! - Patético vocês! Caí de lixa d’água até a superfície ficar lisinha e a braçadeira poder vedar bem o ar. Depois que descobri que a minha mão passava pela boca de 4" do coletor. comecei a lixar a parte interna. Foram horas com lixa 60, 80, 100, 120, 150, 200, e 320 até eu não poder alcançar mais, mas eu dei tudo, inclusive fazendo ferramentas para poder alcançar os cantinhos. Nas duas bocas que conectam com a admissão lixei muito porque havia muita porosidade, inclusive na peça que separa as duas paredes que também era rombuda e que afinei muito com uma tira longa de lixa 60 de ferro e depois as mais finas. Por fim, torneei uma pastilha em alumínio para fechar um rebaixo interno dentro do coletor que deve ser para instalar algum instrumento (alguém sabe?) mas que certamente provocava muita turbulência dentro da peça.
DESCARGA:
Nesse processo a descarga de 3”em inox está sendo instalada com uma marmita turbão da Tupper. A ideia é haja o mínimo de curvas também.
Em breve, mais notícias.
Abraço a todos;
Chico Bicalho