Já que infelizmente, não temos visto por aqui muitos relatos de passeios, trilhas, expedições etc, vou tomar iniciativa e postar um breve relato com algumas fotos de um passeio que fiz pela região dos Campos de Cima da Serra, RS, no mês de maio 2009.
Segue:
No feriado do dia 1º maio, sexta-feira, peguei mais uma vez a estrada em direção à região dos Campos de Cima da Serra, desta vez em “vôo solo”, pois não combinei nada previamente, montei o passeio no improviso mesmo e não houve tempo de convidar mais gente para ir junto.
Acordei cedo, peguei a mochila preparada na noite anterior, algumas roupas, água e alguma coisa para um lanche rápido, e às 6:00h da manhã já estava com o Vitara na estrada.
O destino inicial era a bela cidade de São Francisco de Paula, distante 160 km de Taquari. Este trecho inicial de deslocamento foi feito todo por asfalto, usando as estradas convencionais para chegarmos o mais cedo possível a São Chico, onde de fato a viagem e a diversão começariam.
Para minha preocupação e certa decepção, o dia amanheceu totalmente nublado, com o céu encoberto de um tom cinza, contrariando todas as previsões do tempo que anunciavam tempo bom e muito sol no feriado. Mesmo assim segui em frente, pois queria muito fazer este passeio e esta era a oportunidade.
Cheguei em São Chico em torno de 9:00h da manhã, e fiz a clássica parada no Centro de Informações ao Turista, que fica bem na entrada da cidade. Em seguida abasteci o Vitara e segui minha viagem, agora rumo à pequena cidade de Jaquirana, já nos altos dos Campos de Cima da Serra. A idéia era chegar lá utilizando ao máximo estradas secundárias de terra, passando pelos Passos da Ilha e do S, lugares maravilhosos que eu não visitava fazia muito tempo.
Saindo de São Chico, peguei a RS-110, conhecida na região por “estrada do meio”, que nos leva até o entroncamento com a estrada “Rota do Sol” na localidade de Várzea do Cedro, num trecho de 27 km.
No caminho, muita pedra e muitas paisagens bonitas. Numa antiga ponte metálica, encontrei um desvio e não resisti a tentação de atravessar o rio sobre as pedras, brincando um pouquinho com o Vitara dentro da água.
Seguindo adiante pela RS-110 e deixando para trás a Rota do Sol e a vila de Várzea do Cedro, pegamos a estradinha que leva ao Passo da Ilha, num acesso de15 km por uma estrada muito esburacada e cheia de pedras, mas que recompensa plenamente o esforço pela beleza do lugar.
O Passo da Ilha é, como o nome diz, uma ilha onde existe um camping bem estruturado com banheiros, churrasqueiras, energia elétrica e um armazém onde se pode comprar o básico (carvão, lenha, lanches etc).
O acesso à ilha é feito cruzando o rio de carro, uma vez que não existe ponte no local. Na verdade a travessia é feita sobre um grande lajeado, de baixa profundidade e até automóveis de passeio podem cruzar tranqüilamente.
Cheguei no Passo da Ilha às 11:00h. Aproveitei a parada para um lanche rápido e fiquei
ali um tempo admirando a paisagem, tirando algumas fotos e caminhando um pouco enquanto meu jipe companheiro de viagem descansava um pouco.
Visita ao Passo da Ilha concluída, era hora de seguir viagem. Voltei para a estrada, cruzando novamente o rio na direção contrária ao ponto por onde chegamos, e segui adiante rumo ao Passo do S.
Alguns buracos, pedras e porteiras depois, cheguei no Passo do S, onde é feita a travessia no rio novamente sobre um grande lajeado, obedecendo aos sinalizadores (balizas) que indicam onde é mais raso e a travessia pode ser feita com segurança. Acontece que este “caminho” marcado pelas balizas descreve um “S” perfeito sobre a laje do rio, daí o nome “Passo do S”.
Ainda no Passo do S, aproveitei para tirar mais algumas fotos e também para fazer uma rápida caminhada até a linda cachoeira do Passo do S, que fica algumas dezenas de metros rio abaixo do passo.
Deixando o Passo do S para trás, segui rumo a Jaquirana. Após uns 7 km de estrada de terra e pedras, reencontramos a estrada RS-110 que neste trecho é asfalta e pouco movimentada, muito tranqüila. Mas o asfalto dura pouco e alguns quilômetros adiante voltamos ao chão batido, seguindo em direção a Bom Jesus, até abandonarmos novamente a RS-110 no acesso à cidade de Jaquirana.
Em todo este trecho, a paisagem predominante são os campos limpos típicos do alto da serra, algumas fazendas, e muitas plantações de pinus e eucaliptos. Freqüentemente avistamos junto à estrada os mangueirões de pedra, antigos muros feitos em pedra encaixada e que eram usados para demarcar e dividir as propriedades.
A esta altura, o tempo felizmente já havia mudado completamente, e o céu nublado e cinza deu lugar a um azul intenso típico dos dias ensolarados de outono.
À medida que aproximamos de Jaquirana, a paisagem vai mudando radicalmente. Os campos limpos vão dando lugar a extensas áreas de florestas de araucárias. O caminho começa a se tornar mais sinuoso à medida que seguimos em frente, e logo começamos uma forte descida em direção ao Passo da Laje, local onde cruzamos o Rio das Antas e depois subimos novamente por uma estrada muito sinuosa até finalmente alcançarmos, às 14:00h, a pequena cidade de Jaquirana, esquecida em meio aos campos de cima da serra e ainda hoje sobrevivendo basicamente da atividade de extração madeireira.
Em Jaquirana, visitei o morro do Cristo Redentor, onde além de uma réplica em escala do famoso Cristo do Rio de Janeiro, temos também uma maravilhosa vista de toda a cidade e da região em torno. O detalhe é a escadaria que é preciso encarar para chegar lá em cima, mas tudo bem, mais uma vez o esforço é plenamente recompensado.
Depois, uma breve parada na praça central de Jaquirana para fotos da bonita igreja construída em madeira e colocamos de novo o pé na estrada, agora em direção a Cambara do Sul. A idéia inicial do passeio seria pernoitar em Jaquirana mesmo, mas como acabei chegando lá mais cedo do que o previsto, e aliado ao fato de a cidade muito pequena não oferecer muitas atrações além daquelas que comentei acima, me fizeram mudar de plano e seguir para Cambara ainda na sexta-feira mesmo. Assim, poderia aproveitar melhor o sábado para visitar com bastante calma o cânion da Fortaleza, que era meu plano maior para o dia seguinte.
Saindo de Jaquirana em direção a Cambara, em poucos quilômetros a paisagem novamente muda e voltamos a andar em meios aos campos limpos do alto da serra.
No caminho, não pude deixar de fazer uma rápida visita ao Cachoeirão dos Venâncios, lugar muito bonito que eu também já conhecia e havia visitado alguns anos antes. O acesso à cachoeira mudou, e se antes era preciso seguir uma trilha no campo para chegar à beira do rio, agora o pessoal da fazenda abriu uma estrada (precária é verdade) até lá, facilitando em muito o acesso dos turistas.
O visual do cachoeirão em si estava um pouco prejudicado em função da forte seca que a região atravessa, o que fez com que o rio tivesse seu fluxo de água muito diminuído. De toda forma, a rápida visita valeu muito a pena, nem que seja pelo simples prazer de revisitar esta atração tão bonita da região.
Cheguei a Cambara em torno de 16:30h, e para minha surpresa, a pequena cidade estava completamente lotada de turistas. Fazia uns 03 anos que não visitava Cambara e não pude deixar de me impressionar com a mudança de perfil de quem visita a cidade. Muita gente bem vestida, muita gente endinheirada, jipões importados, até flats de alto padrão de luxo já tem na cidade...Efetivamente o chamado “ecoturismo” está na moda. Como reflexo direto, todas as pousadas estavam lotadas, e encontrei uma certa dificuldade em conseguir um lugar para passar a noite.
Finalmente após procurar em praticamente todas as pousadas da cidade, encontrei um quarto numa pousada bem simples, mas que me atendeu plenamente dentro do meu propósito que era simplesmente um chuveiro quente e uma cama para dormir.
A noite sai para jantar no excelente restaurante Galpão Costaneira, comida típica campeira, carreteiro de charque, feijão tropeiro, galinha caipira, tudo muito bom e ainda por cima acompanhado de um bom vinho tinto, e depois cama, pois o dia tinha sido bem puxado e a idéia era acordar bem cedo no sábado. Voltei para a pousada e após um rápido bate-papo com a atenciosa dona da pousada e alguns hóspedes, fui para a cama.
As fotos:
1 - ponte do "Passo da Laje", Rio das Antas, pouco antes da cidade de Jaquirana;
2 - chegando em Jaquirana;
3 - a igreja da praça de Jaquirana;
4 - caminhos dos Campos de Cima da Serra;
5 - natureza livre e intocada;
No proximo post o restante do passeio............