A cabine com capota forma uma "caixa" com estrutura suficiente p/ ajudar a diminuir a torção do chassi quando este tiver de trabalhar. Da mesma forma, uma carroceria inteiramente fechada (como é o caso da Rural) daria maior rigidez ao conjunto. E esse é um dos motivos do chassis da Rural ter menos reforço ainda. (imagina o pessoal que fáz essa transformação a partir do chassis de uma Rural?!).
Para todos entenderem, vamos fazer uma analogia bem fácil.
Imagine uma régua. Caso você faça um esforço numa das extremidades para um lado, e na outra extremidade pro outro lado, adivinhe o que vai acontecer? Pois é, ela torce. O que é perfeitamente normal, p/ tal situação.
Agora imagine tentar fazer a mesma coisa com uma barra de perfil retandular (ôca) de mesmo material que a régua? O mesmo exemplo pode ser dado p/ uma folha de papel solta e uma caixa de papel dobrado (papel este de mesma gramatura da folha anteriormente citada).
Sabe o que vai acontecer? Você terá de aplicar muito mais força p/ vencer a resistência da estrutura fechada do que p/ torcer a peça aberta (nos dois casos).
Sabe porque? Porque você criou novos vetores de resistência a serem vencidos, quando fechou uma estrutura anteriormente aberta.
É por isso que chassis fechados são mais resistentes do que os abertos. E por falar nisso, se você comparar seu chassis com os outros, de mesmo ano, verás que o seu tem muito mais partes fechadas do que os de seus amigos (de mesmo ano de fabricação).
Não é a toa que os últimos chassis vendidos p/ F-75 eram quase totalmente fechados, pois o que se queria era tornar o carro mais "sólido".
As F-75 de 82/83, tinham praticamente o mesmo chassis que a F-85. Isso chama-se evolução. Estas últimas concorriam já num mundo dominado por carros monobloco. Era preciso diminuir os problemas de torção na cabine. O irritante abrir de portas sem se desejar. As trincas de estrutura. Etc...
Não conseguiram, mas melhoraram muito.
Ainda há um pequeno ponto que deve ser corrigido, e diz respeito ao peso de uma carroceria de fibra.
Ao contrário do que normalmente se diz, uma carroceria de fibra de vidro pesa consideravelmente mais do que uma semelhante, de chapa.
Isto pode parecer piada, mas não é. Não compare a manta solta com uma chapa de ferro. Para você dar resistência a uma carroceria de fibra, e não permitir que ela trinque com facilidade, pelas torções e esforços a que estará submetida, você terá de dar reforços a esta estrutura. Quem já construiu carrocerias de fibra sabe bem do que falo. Não se usa só fibra p/ fazer uma carroceria, mas mesmo que fosse assim, o peso da camada de resina, manta, talco, etc... supera o peso de uma carroceria semelhante, em chapa.
Numa chapa, se você der um único vinco, você criou um reforço sem adicionar material a sua peça. Na fibra isso não é possível. Essa é a fantástica mágica do MONOBLOCO. Leve, barato, porém muito resistente a torções. Uma estrutura de chapa fina, vincada em vários sentidos e de estrutura fechada.
Não existe carro de fibra sem chassi, seja ele interno ou externo a estrutura, pois não se conseguiria fazer algo resistente "leve", e economicamente viável.
Um carro de fibra só pode ser mais leve do que um de chapa, se o seu desenho for próprio, exclusivo, como os bugys, etc... porque se você tiver de copiar as curvas de um carro de chapa, e fazê-las em fibra, você terá uma estrutura muito mais pesada.
Grande abraço Otto, e parabéns pela viatura.