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  • #1
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    Expedição "Nos Passos de Magalhães"




    Prezados parceiros,

    Um grande sonho meu, desde os tempos do ginásio, era atingir o ponto extremo do continente, Ushuaia.

    Lia as histórias sobre o navegador Fernão de Magalhães e a descoberta da passagem para o oceano pacífico e me sentia como que um participante de sua expedição.

    Hoje, juntamente com Gloriete, uma grande guerreira, começo a descrever nossa viagem pelos seguintes lugares:

    Vitória - Foz do Iguaçu - Península Valdez – Ushuaia (Parque Nacional da Terra del Fuego) - Estreito de Magalhães - Punta Arenas - Puerto Hambre - Puerto Natales – Parque Nacional Torres del Paine – El Calafate – Parque Nacional Los Glaciares – Parque Nacional Perito Moreno - Carretera Austral Chile – Fronteira Parque Nacional Los Alerces - San Carlos de Bariloche - Ruta dos Sete Lagos - Junin dos Andes - Chos Malal – Mendoza - Parque Nacional Sierra de Las Quijadas – Córdoba – Uruguaiana - Vitória.


    Desta forma, convido a cada um de vocês nos acompanharem em nossa aventura de 18.000 km aproximadamente.

    Malas fechadas, carro abastecido, vamos então para partir para o final ou o início do mundo...

  • #2
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    Diário de bordo (primeiro e segundo dias)


    Inicia-se hoje o relato de nossa aventura.

    O ideal seria fazer um blog, mas ainda não domino essa técnica e desta forma vou me valer do nosso forum onde obtive a maioria das informações para montar meu planejamento.

    Para fazer os relatos, não irei usar de nenhuma metodologia específica até mesmo porque em uma viagem você não dispõe de muito tempo e de condições ideais de transmissão de internet. A medida que as idéias forem aflorando eu irei relatando no tópico.

    Também, não obstante, ter na relação um público específico do 4x4, não vou procurar relatar tão tecnicamente as reações da Nissan. Tal procedimento será adotado para que todos venham a entender o que está acontecendo

    Pode ser que não de notícias todos os dias. Isso dever-se-á a dificuldade de internet nos locais em que estivermos hospedados.

    Mas vamos ao que interessa:


    1.o Dia:
    • Saímos de Vitória às 15h00min horas em ponto conforme previsto. O odômetro marcava 70007 km. Ao final da expedição iremos ver quantos kilometros foram percorridos.
    • Viagem até a cidade de Campos dos Goytacases muito tensa. Provavelmente este será o trecho mais perigoso da viagem. Vimos 2 acidentes nesses 240 km. Levamos 3 horas de viagem.
    • De Campos até Rio Bonito, foram mais 3 horas e ao chegar ao hotel (21h00min horas), hotel este pesquisado na Internet (Hotel Ximenes) constatamos que não era tão bom assim, mas como não tinha outro na cidade ficamos assim mesmo.
    • O hotel tem um projeto arquitetônico interessante. Deve ter sido um hotel que foi crescendo com o fluxo de negócios da região e ai foram sendo feitos anexos (puxadinhos) gerando uma série de corredores que mais parecem um labirinto do Minotauro da Ilha de Creta (Mitologia Grega). Para vocês terem uma idéia, em nossas andanças pelo labirinto, entre o restaurante e o quarto, encontramos uma velhinha que já estava perdida há 3 dias procurando a recepção.
    • Primeiro dia e já desisti de fazer cálculos de consumo. A Nissan está fazendo 10 km por litro na estrada e não vou ficar fazendo contas. Vou preferir tirar o pé quando sentir algum consumo em excesso.
    • Hoje rodamos 457 km. Para quem conhece o trecho Vitória - Rio terá a noção da dificuldade em dirigir em uma sexta feira a tarde com um calor de rachar.
    • Última consideração desse dia: Certa feita comprei um par de óculos com lentes amarelas (acredito que polarizadas) que a Gloriete deveria utilizar para pescar. Ela nunca usou tais óculos. Muito bem: Ouvi na televisão uma reportagem a respeito desses óculos e nesse primeiro dia de viagem utilizei para melhorar a visão na hora do “lusco-fusco”. Simplesmente FANTÁSTICO. Utilizei inclusive no segundo dia. No entardecer realça a luminosidade e a noite os faróis contrários não ofuscam.


    2.o Dia
    • Acordei mais velho. Hoje faço 60 anos de idade e já não preciso entrar mais em filas de banco, supermercado, etc.
    • Saímos cedo da cidade de Rio Bonito e nossa primeira parada foi para colocar diesel no posto do Aeroporto do Rio de Janeiro. Coloquei o diesel podium. Que diferença.
    • Nossa segunda parada foi num dos restaurantes de Rede Graal a beira da estrada. Tudo muito limpo, muito bonito e muito caro para os padrões do E. Santo.
    • Em recente visita do Dalai Lama ao Brasil, o Frei Leonardo Boof perguntou ao mesmo qual era a melhor religião esperando obviamente que ele responde-se que era uma das religiões orientais. O Dalai Lama sentindo então a intenção da pergunta em gerar polêmica respondeu que a melhor religião era aquela que te aproximava mais de Deus e do seu próximo.
    • O parágrafo anterior é para relatar que com grande alegria estive no Santuário de Aparecida do Norte. Isso já é praxe em minha viagem, e desta forma se sinto mais protegido nas estradas. Se for psicológico ou religioso não sei, mas que me sinto mais seguro me sinto.
    • As estradas de Rio Bonito (RJ) até Ourinhos (SP) são em pista dupla. Isso faz o carro render bastante. Conseguimos chegar a Cornélio Procópio no Paraná e se tivéssemos parado tanto por razões diversas teríamos chegado a Londrina com folga. Rodamos hoje 989 km
    • Proteção de Deus é proteção. Repetiu-se ontem o milagre da abertura das águas do Mar Vermelho. Todos sabem que em São Paulo e Paraná as tempestades têm sido bastante violentas. Durante a viagem, principalmente na Rodovia Castelo Branco, víamos nuvens tipo cúmulus ninbus se formando, chuvas torrenciais caindo ao longe (manchas negras do céu até a terra) e passávamos incólumes pelo meio das torrentes. Pegamos até uma mínima chuva como que para tirar o pó do carro. Chegamos ao hotel, fizemos o check in e o temporal desabou.
    • Como tem pedágio no Paraná. Alias, a nossa maior despesa até agora, foi com pedágios.
    • Estamos escrevendo do Hotel Midas em Cornélio Procópio. Excelente custo benefício, localização excelente, ficamos aqui ano passado, tudo ótimo e recomendo o mesmo. Sua home Page é www.hotelmidas.com.br .
    • Como velho dorme pouco, são 4 horas da manhã, a viagem está no planejado e vou descansar um pouco e reunir forças para os 600 km até Foz do Iguaçu amanhã.
    Continua no próximo dia ...

  • #3
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    Ramalho que bom ter noticias suas, você está de parabéns pelos dois primeiros dias...
    []'s
    GUSTAVO MATOSO.'.
    "É CERTO QUE NÃO PASSO DE UM VIAJANTE,UM APRENDIZ,UM PEREGRINO NESTA TERRA! MAS E VÓS SOIS MAIS?"

  • #4
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    RELATÓRIO TERCEIRO DIA

    Data: 29 de novembro

    Rodamos hoje 600 km para chegar a Foz do Iguaçu. As condições do tempo continuam favoráveis e estamos chegando sempre 12 horas depois da chuva.

    O que mais vimos neste trecho de viagem, são plantações com predomínio da soja, praças de pedágio e postos de fiscalização de Patrulhas Rodoviárias (federal e estadual).

    Com relação às plantações realmente o estado do Paraná parece ser o celeiro do Brasil. Não conheço ainda os estados de Mato Grosso e Goiás e desta forma o Paraná tem o meu voto.

    Passei por muitos postos da Patrulha Rodoviária. Vi apenas 3 guardas fora das guaritas. Como o calor está muito forte pode ser esta a razão na reclusão dos guardas em suas cabines, pois o ambiente interno deve ter ar condicionado. Isso pode ser um facilitador para o tráfico de armas para o Rio de Janeiro. Quem sabe se a solução do problema das armas no RJ não seja o ar condicionado das cabines ??? Será que não descobrimos a solução !!!

    Falemos agora dos pedágios. São muitos !!! Se você quiser visitar sua tia na cidade vizinha vai gastar pelo menos 40,00 de pedágio (ida e volta).

    Comecei a reparar que as estradas no Paraná estavam muito cheias próximo das cidades e vazias após os postos e entre elas. Ou seja, os habitantes ficam ilhados em suas regiões. Clubes de campo são criados no seu entorno (antes do pedágio) e como conseqüência uma menor circulação de veículos nas estradas ocasionando menos desastres, menos desgaste nas estradas, menos custo de manutenção, ou seja maior economia.

    Grande solução para conter custos, pois as cidades crescerão até o limite dos pedágios e não se tornarão grandes metrópoles com seus respectivos problemas.

    Fechando esse tema: Não sou contra os pedágios, sou contra o excesso de pedágio sem uma contrapartida racional.

    Em Foz estamos no já conhecido Hotel 3 Fronteiras, bem localizado, próprio para um turismo de custo mediano, boas instalações. Recomendo. O proprietário chama-se Sr. Nelson e pode falar que veio por indicação Ramalho do grupo do 4x4 e pedir desconto.

    À noite jantamos com Pato de Foz, pessoa fantástica e criador de facilitadores na região para todos os amigos do off - road. Sua esposa Marcela extremamente simpática também.
    Conversamos de tudo e até mesmo de futebol sem brigar (Pato é Argentino).

    Amanhã vamos ao Paraguai comprar uns bombons somente e de noite mando notícias.

    Abraços a todos e principalmente a família da Gloriete (trocentas pessoas)




    RELATÓRIO QUARTO DIA

    Data: 30 de novembro

    Antes de nosso relato diário, deixe-nos colocar alguns pontos:
    • Muitos nos têm enviado mensagens de boas vindas e de apoio. Como serão pelo menos 38 dias de viagem, creio que lá pelo décimo dia já terei umas 7000 mensagens de e.mail. Quero deixar claro que bastam apenas umas 2 mensagens por semana e se eu não responder a todas, pelo menos tenham certeza que irei ler todas. Entretanto não deixem de enviar mensagens (pelo amor de Deus), pois fica a certeza que cada um de vocês está além de rezando, torcendo por nós.
    • Em viagens dessa natureza, emoções afloram. Você e seu parceiro terão que ter uma estrutura psicológica muito grande para que humores não estraguem o dia. Quem já fez algo parecido favor confirmar. Talvez por isso seja que Almir Klink tenha feito a maioria das viagens sozinho. Independente disso vou tentar relatar transparentemente, dia após dia as condições do “moral índex” do grupo. Resumo da ópera: Geralmente as pessoas só vêem as pingas que eu tomo e não sabem os tombos que eu levo. Vocês, entretanto, irão participar de nossas alegrias e tensões do dia a dia.
    • Com relação a despesas, tenho reparado que na fase inicial das viagens, sempre se gasta mais que o planejado. Também não sei se é porque estamos no Brasil e aqui tudo é mais caro. Passamos a separar bolinhos de dinheiro para cada dia. Vamos ver se esta estratégia vai dar certo.

    Vamos então ao que interessa:
    • Finalmente ontem viemos a conhecer o que é uma tempestade tropical. Da varanda do hotel (meus filhos já estiveram aqui) vimos o horizonte se toldar de negro, um vento fortíssimo vindo do sul e de repente caiu uma água como eu nunca vi. Se a chuva que caiu ontem pela manhã aqui caísse em Vitória, metade da cidade em suas encostas seria destruída. Parece, entretanto que a população convive bem com isso, pois é uma forma de aliviar o calor.
    • Debaixo desse pé d’água fomos tentar cumprir nossa agenda de compras do Paraguai. Desnecessário dizer o que passamos com a chuva torrencial, excesso de gente nas calles devido a compras natalinas, lojas cheias, sujeira acumulada nas ruas descendo em função das águas, etc. Resumo: Compras no Paraguai nunca mais (talvez ano que vem quem sabe !!!)
    • À tarde a chuva passou e fomos fazer cambio na Argentina. Pato de Foz nos levou as lojas conhecidas, mas o melhor preço conseguido, por incrível que pareça, ainda foi no Free- Shop da fronteira. Este é o terceiro ano que tenho o mesmo resultado.
    • Deixei de mencionar que ao sair de Vitória, troquei o óleo do carro. Sempre usei o Ursa Tdx. Como a Ipiranga comprou a Texaco, o óleo disponível passou a ser o Ipiranga. Coloquei o mesmo contra a vontade. Pode ser impressão minha, mas se eu ontem não tivesse comprado o aditivo da Molikote lá em Puerto Iguazu eu não chegaria a Ushuaia. Esse óleo da Ipiranga e suficiente para o dia a dia dentro de uma cidade e pequenas viagens até Guarapari. Ficar com um motor rodando, mais de 8 horas por dia em regime alto ele não guenta não.
    • De noite, o que era para ser apenas um aperto de mão de despedidas, pois teríamos que dormir cedo para viajar no dia seguinte se transformou um jantar de despedida de Foz do Iguaçu. Se eu encontar uns 3 Pato de Foz pelo caminho vou comprometer minha programação.
    • Estou tomando 4 remédios somente: O do coração que Gloriete me obriga. Um redoxon por dia, geralmente na parte da tarde, para dar um “plus” nas energias, um remédio chamado Leucogem que o André me deu uns comprimidos para melhorar as defesas e o tradicional sal de frutas depois de um jantar tipo Pato de Foz.
    • Iremos atrasar nossa partida em algumas horas amanhã, pois Gloriete pediu um refresco de mais umas 2 horas de sono e como a Argentina não está em horário de verão tudo bem.
    • Recordando o que aprendemos na escola, quando mais ao sul e a oeste o sol vai se pondo mais tarde. Ontem por exemplo às 20h30min horas ainda estava claro.

    Por hoje é só, e espero que lá em Goya (Argentina), tenhamos wi-fi no hotel.

    Abraço a todos e principalmente aos parceiros do 4x4.







  • #5
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    RELATÓRIO QUINTO DIA

    Data: 01 de dezembro

    Um dia de cão:

    Sabe aquele dia que ao final do mesmo você se pergunta o que está fazendo ali. Bem esse foi um dia daqueles ...

    Considerando entretanto que o nosso trato é de relatar tudo e de ser o mais transparente nas alegrias e decepções, vamos ao nosso diário de bordo:

    Devido a problemas de logística tivemos que retornar ao Paraguai hoje pela manhã, só retornando ao Brasil após o almoço.

    Desta forma só conseguimos atravessar a fronteira às 2 da tarde, o que iniciou o comprometimento do sucesso de nosso dia, visto que eu teria que modificar o ritmo da viagem e me obrigaria a entrar dirigindo pela noite a dentro para atingir o objetivo traçado.

    Os trâmites de entrada na fronteira da Argentina são muito simples. Nem passaporte é exigido. Muitos controles de edifícios em Vitória são mais rígidos. Entretanto ao passar pelo carimbador de passaporte e já me sentir em território argentino, fui indagado pelo próximo elemento para onde estava indo na Argentina.

    O inocente aqui, com sua NISSAN AMARELA, cheia de adesivos, mais enfeitada que um burro de cigano encheu a boca e falou: Tierra del Fuego, Ushuaia.

    Talvez até movido pela inveja, o funcionário mandou então que eu me dirigisse para um setor à parte, onde a Nissan seria examinada para controle de bagagem. Esse procedimento não usual é usado para examinar autos suspeitos de contrabando ou trafico de drogas ou armas. Cabe ser ressaltado, que armas e tóxicos atravessam com toda segurança e entram na Argentina alguns kilometros rio abaixo.

    Dirigimo-nos para o local indicado e estacionamos a Nissan em um lugar parecendo um lavador de carros. Um funcionário entrou debaixo da Nissan e fingiu examinar algumas peças chaves onde poderia estar escondido o suposto contrabando.

    Lá embaixo devia estar sujo e quente e o mesmo deu algumas pancadas não sei aonde (só escutei os batidos) e voltou então para a superfície.

    Pediu então para abrir a tampa e ao tocar na bagagem, a primeira coisa que pulou para cima dele, como uma mola daquelas caixas que tem uma cobra ou um palhaço dentro, foi um colchão que a Gloriete tinha conseguido enfiar num espaço pequeno demais para ele. Contivemos o riso para não constrangê-lo.

    Com o susto ele reclamou do seu colega e falou que a revista estava ok e que eu e Gloriete não tínhamos o perfil de traficantes e poderíamos iniciar finalmente a nossa viagem.

    Tudo bem, mas isso atrasou mais uns 20 minutos. Aprendi também que quando perguntarem para onde vou, vou dizer e tenho procedido assim e falo que estou de férias e estou indo para a próxima cidade mais importante visitar um amigo que está me aguardando.

    Só vou falar em Ushuaia só depois de cruzar o Estreito de Magalhães. Tal procedimento para mim é fácil, visto que tenho todo o trecho na cabeça e muitos amigos na Argentina.

    Após 30 e poucos kilometros passamos no primeiro posto de controle caminero e já usei a técnica informando que iria pescar em Goya (estou levando material de pesca para pescar na Patagônia).

    Primeiro assalto oficial na Argentina: Uns 4 km após o primeiro pedágio (preços irrisórios para uma conservação de estradas excelente) fui surpreendido por uma sirene de um carro policial que me mandou parar. Obedeci por que estava tudo certo com o veículo.

    Foi iniciado então o teatrinho. Um faz o papel de bad boy e fica dentro no carro com a cara amarrada fingindo que consulta um computador e o outro faz a negociação com um código de transito já marcado com alguns X que é para confundir os brasileiros que não sabem ler em espanhol nem consultar códigos.

    Te apresenta inicialmente uma multa de quase 1800 pesos por ter supostamente ultrapassado um carro em uma curva (estrada estava deserta) e diz que o auto seria apreendido.

    Obviamente por ser advogado e estar familiarizado com códigos bem como ler em espanhol você entra no teatro e consegue você sugere que o guarda preste esse favor a você, procedimento esse aceito. Resultado: 20 minutos de negociação e um prejuízo de 100 pesos (Uns 46 reais).

    Cabe finalmente ser ressaltado que os assaltantes (policiais) estavam sem a sua tarjeta de identificação o que dificultaria qualquer futuro reconhecimento.

    Segundo assalto oficial na Argentina: Revoltado com o constrangimento sofrido, não pelo montante em dinheiro, mas pela impotência diante da situação continuamos viagem. Após alguns kilometros chegamos a Posadas, atravessamos a cidade bem tranqüilos e pegamos novamente a ruta.

    Fomos então abordados por mais 2 jovens policiais que nos informaram que havia uma denúncia de que tínhamos atravessado a cidade em alta velocidade. Outra negociação e Gloriete falou para os meninos que não éramos mais tão jovens para fazer esse tipo de coisa.

    Dez minutos de negociação e 46 pesos de prejuízo. ´

    É claro que por 30 segundos pensei em voltar para casa e abortar a viagem. Mas isso não é praxe da polícia argentina, pois neste momento que escrevo já estamos em Rosário, onde passamos por mais de 10 postos de controle sem o menor problema.

    Só sinto que os 4 policiais envolvidos não tinham mais que 25 a 30 anos, e é triste ver uma juventude praticando atos desta natureza quando deveriam estar prestando um serviço a comunidade.

    A viagem continua:

    Peguei então o GPS, cravei em torno de 78 km por hora por 20 minutos e desliguei o GPS. Essa estratégia seria uma prova de excesso de velocidade no próximo assalto que espero que não ocorra mais.

    Muito bem, a previsão da viagem estourou de vez com a chegada da noite e estávamos em plena região do Ibera (estrada deserta) a quase 300 km do destino previsto.


    Entramos então numa pequena vila agrícola denominada San Miguel e incrível, tinha uma pequena estalagem em que abriga peões de gado e pessoal do campo em serviço.

    Que acolhida, parecia aquelas pousadas do pantanal com o pessoal se reunindo a noite no pátio para contar os causos.

    É claro que contei umas mentiras também. Eles contaram sobre os ataques dos jacarés e ariranhas aos animais e cavaleiros nos alagados e eu contei sobre os ataques dos terríveis tubarões brancos nas costas do E. Santo. Acredito que muitos foram dormir sobressaltados.

    Ao falar sobre o mar e de terras tão distantes, coisa que será muito difícil eles conhecerem, senti que muitos viajavam em suas imaginações

    Boa comida, bom papo, pessoas simples e trabalhadoras e cada um com seu cachorro pantaneiro que ficavam disputando os restos de um assado e depois foram dormir junto ao alpendre das portas dos quartos de cada um.

    Incrível como cães tão ferozes em sua lida diária eram tão pacíficos em uma disputa por alimento respeitando os outros cães mais fracos, pois geralmente trabalham em equipe no pastoreio do gado.

    O nome do que podemos chamar de pousada é: COMEDOR HOSPEDAGE IBERRA. A dona é Sra. Liliana, seu marido Hector da o suporte e a cozinheira Jéssica é que pega no pesado. O valor da diária é 50 pesos por persona com aire condicionado, televisão (ligar para que se o papo rola no pátio) e água caliente (outro desperdício).

    Cabe ser ressaltado que esses animais são cães de grande porte e trabalham a maior parte do dia quase que semi submersos ou nadando nos esteros mantendo a ordem no gado.

    Um abraço ao Fedozzi do grupo da Epcar que está repassando aos parceiros de nossa juventude.

  • #6
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    RELATÓRIO SEXTO DIA

    Data: 02 de dezembro – Quarta feira - Miercoles

    Levantamos muito cedo e saímos às 04h00min da manhã para tentar recuperar o tempo perdido no dia anterior.

    Mesmo sendo madrugada já existia algum movimento do quarto dos peões que se aprontavam para a lida.

    Os cachorros deitados na varanda em frente às portas estavam sonolentos, e não entendiam como que aquelas pessoas exóticas (nós), estávamos partindo sem as botas e as vestimentas tradicionais do campo. Aquele trator amarelo ( Nissan), todo fechado, era diferente e fazia menos barulho.

    Partimos então... As próximas cidades, digo pequenas vilas, que passamos até o nascer do sol, já tinham um movimento de pessoas aguardando, provavelmente, a condução ou ônibus que os levariam para a faina do campo. Eram como que os nossos bóias frias. A temperatura no dia anterior tinha chegado aos 36 graus e agora na madrugada não passava de 14 graus. Fico imaginando o frio que eles devem passar no inverno.

    Atravessamos a região dos esteros. Estava tudo inundado, e ao amanhecer começamos a verificar os estragos causados pelos ventos principalmente próximo das cidades de Goya e Esquina.

    Grandes árvores arrancadas como que gigantes que tombaram em um campo de batalha contra a natureza. Muitos outdoors que pareciam folhas de papel de embrulho estavam retorcidos, pois o vento nessas campinas não tem obstáculo a sua passagem.

    A partir da cidade de Goya até próximo a cidade de Paraná pegamos muita chuva e que chuva !!! Não sei precisar a velocidade das rajadas do vento, mas fazia a Nissan balançar toda. Rodamos muito tempo em 4.a marcha, a baixa velocidade, (60 km).

    Chegamos à cidade de Paraná e tentamos encontrar um amigo. Não tivemos sucesso, pois existe um costume por aqui do horário da siesta e o comércio fecha abrindo somente após as 4 horas da tarde.

    Atravessamos a fantástica obra de engenharia que o túnel sob Rio Paraná ligando as cidades de Paraná e Santa Fé e continuamos viagem.

    Eu e Gloriete chegamos à conclusão que regras na nossa idade são para serem quebradas e mesmo tendo combinado que iríamos só lanchar durante o dia paramos para almoçar.

    Vocês não vão acreditar: O restaurante estava fechado para almoço. Só iria funcionar novamente depois da hora da siesta, entretanto havia um casal que aparentemente teria sido o último cliente da parte da manhã.

    O cliente que depois ficou sendo mais um amigo conquistado nessa viagem era nada mais nada menos que o Secretário de Segurança da Província de Santa Fé. Registro também que o dono do restaurante era extremamente simpático.

    Imaginem então o tratamento vip ... O prato escolhido foi o rodízio de peixe (não agüentamos chegar ao final) o qual custou 29 pesos por pessoa. Lamentamos também não ter podido levar o último prato para viagem, pois não tínhamos como fazer.

    No E. Santo tem peixe de excelente qualidade, mas a variedade que comemos era de rio e com sabor diferente.

    Chegamos a Rosário ao final da tarde e Paulo, filho de Pato de Foz, já nos aguardava no final da autopista.

    Amanhã vou escrever sobre a cidade de Rosário e seu povo, mas neste momento estamos hospedados na casa de Paulo. Estamos nos sentindo como se estívéssemos em nossa própria casa.

    Gostaria de registrar que a visão do Rio Paraná, observada do décimo quarto andar, na varanda do apartamento é simplesmente fantástica. A lua cheia e amanhã o sol nascerão a leste (a muito tempo que é assim) e vou ficar contemplando.

    Por hoje é só e estamos bem. O dia foi muito bom.

    Meu abraço vai para os parceiros Antônio e Francisco da Teccom 10 e Henrique Caldas do remapeamento do Chip.

    Saudades do Marquinhos e André (filhos).













  • #7
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    dúvidas sobre a polícia corrupta

    Citação Postado originalmente por ramalho-vitoria Ver Post
    RELATÓRIO QUINTO DIA

    Data: 01 de dezembro


    Primeiro assalto oficial na Argentina: Uns 4 km após o primeiro pedágio (preços irrisórios para uma conservação de estradas excelente) fui surpreendido por uma sirene de um carro policial que me mandou parar. Obedeci por que estava tudo certo com o veículo.

    Foi iniciado então o teatrinho. Um faz o papel de bad boy e fica dentro no carro com a cara amarrada fingindo que consulta um computador e o outro faz a negociação com um código de transito já marcado com alguns X que é para confundir os brasileiros que não sabem ler em espanhol nem consultar códigos.

    Te apresenta inicialmente uma multa de quase 1800 pesos por ter supostamente ultrapassado um carro em uma curva (estrada estava deserta) e diz que o auto seria apreendido.

    Obviamente por ser advogado e estar familiarizado com códigos bem como ler em espanhol você entra no teatro e consegue você sugere que o guarda preste esse favor a você, procedimento esse aceito. Resultado: 20 minutos de negociação e um prejuízo de 100 pesos (Uns 46 reais).

    Cabe finalmente ser ressaltado que os assaltantes (policiais) estavam sem a sua tarjeta de identificação o que dificultaria qualquer futuro reconhecimento.

    Segundo assalto oficial na Argentina: Revoltado com o constrangimento sofrido, não pelo montante em dinheiro, mas pela impotência diante da situação continuamos viagem. Após alguns kilometros chegamos a Posadas, atravessamos a cidade bem tranqüilos e pegamos novamente a ruta.

    Fomos então abordados por mais 2 jovens policiais que nos informaram que havia uma denúncia de que tínhamos atravessado a cidade em alta velocidade. Outra negociação e Gloriete falou para os meninos que não éramos mais tão jovens para fazer esse tipo de coisa.

    Dez minutos de negociação e 46 pesos de prejuízo. ´

    É claro que por 30 segundos pensei em voltar para casa e abortar a viagem. Mas isso não é praxe da polícia argentina, pois neste momento que escrevo já estamos em Rosário, onde passamos por mais de 10 postos de controle sem o menor problema.

    Só sinto que os 4 policiais envolvidos não tinham mais que 25 a 30 anos, e é triste ver uma juventude praticando atos desta natureza quando deveriam estar prestando um serviço a comunidade.
    Boa noite Ramalho e meus parabéns pelo relatório tão detalhado que está fazendo. Minha dúvida é a seguinte: ouve-se muito falar da polícia corrupta da Argentina, em especial, nas províncias de Misiones e Corrientes. Penso que seria mais conveniente entrar no território argentino pelo Uruguai (Paysandu/Colón). Porque aí você se desviaria da "parte ruim" da Argentina. E seguiria seu trajeto a partir daí em direção a Rosario. Estava olhando os mapas e o percurso não muda muito, pelo menos para mim que já estou em Santa Catarina. Pense nessa possibilidade de caminho para seu retorno. Um abraço e boa sorte. Estamos acompanhando seus relatórios.

  • #8
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    Boa noite Ramalho!

    Apesar de muitos anos esse relato fiz leitura dele nesta semana e gostei bastante. Parabéns pela aventura, pela narrativa e pelas informações compartilhadas. Em abril próximo vou fazer o mesmo percurso que o seu, saindo de Uberlândia/MG.

    Abraços.

  • #9
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    Estamos a sua disposição.

    Acabei de chegar da região agora em janeiro.

  • #10
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    Estamos a sua disposição.

    Acabei de chegar da região agora em janeiro.
    Poxa, que legal Ramalho! Quer dizer que quando vc vai uma vez pra lá tem que voltar mesmo? rsrs...
    Alguma informação nova em relação ao percurso? Como estão as estradas? Ouvi dizer que estavam asfaltando a ruta 40 e que o processo estava adiantado.

    Sobre a Carta Verde, é verdade que é possível apenas solicitar inclusão do Chile ao fazer a Carta Verde pela HDI?

  • #11
    Usuário Avatar de sandro_ventania
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    Citação Postado originalmente por ramalho-vitoria Ver Post
    Estamos a sua disposição.

    Acabei de chegar da região agora em janeiro.

    Então mocinho...nos brinde com um novo relato!
    "Numa viagem de carro, mais importante que o destino, é aproveitar ao máximo tudo que há de bom no caminho."
    Toyota Hillux SW4 93...Matilde.

  • #12
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    Olá mestre Ramalho, bom dia.
    Pode me detalhar o trecho mais curto entre Ushuaia e Punta Arenas que você percorreu nessa viagem?
    Parto no próximo dia 29 e os detalhes desse trecho me ajudariam bastante.
    Obrigado!
    Hilux SHERPA 2010

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