O Dacia Duster 4x4 faz mesmo todo-o-terreno. Vai a todo o lado onde um jipe iria sem ter de meter redutoras mas convém não exagerar. Os trunfos são a leveza e a redução da caixa. Gasta mais um litro aos cem que o Duster 4x2
O SUV da Dacia vira do avesso o slogan do Maio de 68: neste caso ser realista é NÃO tentar o impossível.
O Dacia Duster 4x4 tem surpreendentes aptidões TT mas não se lhe pode pedir mais do que ele pode dar. Ou seja vai a todo o lado onde um jipe iria sem ter de meter redutoras. A partir daí é melhor não exagerar...
O primeiro teste foi mesmo à porta do Expresso, num outeiro cheio de barro molhado e de trilhos muito fundos. Surpresa: o Duster arrancou por ali acima sem nenhum problema de tração. Nas zonas muito trilhadas, desde que se conseguisse pôr uma roda de cada lado ou inventar alternativas pela esquerda ou pela direita, também tudo bem. Uma ou outra escorregadela para dentro do buraco, um ou dois toques no fundo do carro, duas aceleradelas, duas contra brecagens e aí está ele outra vez na pista.
E isto com pneus que, embora do diâmetro dos de um UMM ou um Defender têm piso mais estradista que misto.O segredo está na leveza do carro (recordem-se os prodígios que os Samurai e os Jimny conseguiam fazer na lama) e na excelente redução da caixa de seis velocidades.
A segunda velocidade esgota muito depressa e o truque está em atacar obstáculos em terceira ou quarta o que, parecendo contranatura, não o é neste caso.Dito isto, convém não embandeirar em arco. O Duster 4x4 pode atirar-se ao mais tremendo dos lamaçais mas se começa a perder andamento, acabou-se: já não tem binário para arrancar do sítio onde "prendeu".
Idem para obstáculos: a primeira, muito curta, permite subir e descer pedras quase ao ralenti. O pior é se vai abaixo. Aí também já não sai de lá. Escusado será dizer que os corta-fogos, tanto a subir como a descer são de evitar. A menos que o piso esteja seco e não muito trilhado. Mas, mesmo assim, o seguro morreu de velho...
O segundo teste foi entre Cheleiros (Mafra) e a Malveira. O Dacia Duster 4x4 subiu e desceu tudo o que era ladeira pedregosa e escorregadia sem se queixar. E debaixo duma chuvada monumental. Também aqui convém imperar o bom senso: algumas veredas com muito mau aspeto, onde só se entraria com um UMM equipado com pneus de lama, foram prudentemente evitadas.
Terceiro e último teste junto à Lagoa de Óbidos para ver o desempenho na areia: com a relação peso-potência a favor, tudo impecável. Ainda assim, manda a prudência não arriscar em trilhos fundos com ressaltos e muito sobe-e-desce. Se fica no fundo dum buraco, não tem binário (240 Nm contra cerca do dobro, por exemplo, numa Nissan Navara) para voltar a arrancar. Já muito fazem os 110 cv do motor dCi. Não lhes peçamos demais...
Em estrada confirmaram-se as boas impressões deixadas pelo Dacia Duster 4x2. Fiquei com a ideia de que a redução da caixa é maior, sobretudo na primeira velocidade que, tal como nos camiões, é mais para arrancar nas subidas ou muito carregado. A sequência das mudanças permite rodar sem problemas em 4ª ou 5ª a 40 ou 50 km/h, sem problemas de recuperação.
Tal como na versão 4x2, a partir dos 140 km/h o consumo tende a disparar para os oito litros aos cem, ou mais. Comparativamente, fiquei com a ideia de que a versão 4x4 do Dacia Duster gasta à volta de mais um litro aos cem (na estrada, é claro). Ou seja, numa estrada secundária sem trânsito, onde o primeiro faria 5,5 litros, o segundo faz 6,5. Em autoestrada onde o 4x2 faz 6,5 o outro tenderá a fazer 7,5 l/100.
Não é um recorde de consumo mas, se pensarmos que a anterior geração de SUV, independentemente das marcas, dificilmente descia dos 10 litros, já é razoável.
O preço é a tal agradável surpresa: € 24.600. Há concorrência a este nível de preços (Skoda Yeti e Kia Sportage) mas, apenas, em versões 4x2 (recorde-se que a versão do Duster sem tração integral fica por pouco mais de € 20.000).
A contrapartida é algum despojamento: os comandos dos vidros elétricos são nuns, pouco ergonómicos, botões no tablier, a chave com comando incorporado é um matacão, "start and stop" nem vê-lo, etc. Em contrapartida tem um verdadeiro pneu sobressalente e uma boa mala, como se espera dum veículo TT
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