
Postado originalmente por
Sukys
Como escrevi anteriormente, saber fazer uso de equipamentos de teste tem sua importância mas só isso não basta, também é necessário conhecer o funcionamento, pelo menos no básico, daquilo que será testado.
Módulo de ignição convencional é, em essência, um amplificador de corrente, um tipo de circuito eletrônico que permite controlar, por meio de um sinal de baixa corrente, uma carga elétrica com razoável consumo. Como o controle deste amplificador é na base do tudo ou nada, ligado ou desligado, em termos funcionais pode-se fazer uma analogia com o relé, que não deixa de ser um amplificador de corrente, só que por meios eletromecânicos.
Fazendo um esquema simplificado do módulo de ignição temos então a seguinte configuração: uma chave eletrônica com um dos terminais conectado ao negativo da bateria, e o outro terminal conectado ao negativo da bobina de ignição (ligação idêntica a que se encontra em um sistema por platinado) e nesta chave eletrônica o controle de abertura/fechamento é feito por um sinal elétrico de baixa intensidade, que tem como origem o sensor que está lá no distribuidor.
Neste diagrama simplificado temos então 4 conexões, identificadas como entrada, saída e alimentação elétrica (positivo e negativo) necessário para o funcionamento do circuito eletrônico, e demais conexões, se houverem, geralmente são "duplicatas" da alimentação, para uso pelo sensor ou bobina de ignição, ou então não possuem conexão.
Em resumo, o módulo de ignição funciona como um relé, e até seus terminais tem função semelhante, e na hora do teste, tendo isso em mente, a análise ficará mais simples.
A alimentação elétrica, com negativo ao chassi e positivo pós chave, deve ser o primeiro item a ser checado, e isso é uma prática que SEMPRE deve ser adotada para checar qualquer dispositivo elétrico ou eletrônico, e aí pode-se utilizar tanto o voltímetro quanto a lâmpada ou o led, porém com estes dois últimos convém "calibrar" o instrumento para ter o máximo de certeza sobre a tensão monitorada, que deve ser igual à da bateria.
A alimentação sempre deve ser checada junto ao módulo, tanto o positivo quanto o negativo, evitando assim falseamento de leitura por causa de mal contato na fiação, e preferencialmente tanto com o motor desligado quanto ligado. Muitas vezes a alimentação está OK com o motor desligado, mas com o motor ligado a comutação da bobina pode fazer com que algum eventual mal contato dê o ar da graça.
Saída do módulo sempre é conectada ao negativo da bobina, e o positivo da bobina sempre ao positivo da bateria, que pode ser diretamente do pós chave ou mesmo oriundo do módulo, e entre a bobina e o positivo pode existir um resistor limitador de corrente (resistor ballast ou shunt) que tanto pode ter a carinha de um resistor parrudo ou ser apenas o próprio condutor, feito de material resistivo, e existindo ou não o resistor, no teste da saída do módulo encontram-se apenas duas tensões, 0 ou 12V,ou bobina energizada, bobina desenergizada.
Já no positivo da bobina, se não houver resistor a tensão monitorada terá sempre o mesmo valor, 12V. Se houver resistor a tensão será de 12V com a bobina desenergizada e algo em torno de 8~9V com a bobina energizada.
Por se tratar de um trecho do circuito onde circula alta corrente, qualquer um dos equipamentos de teste pode ser utilizado, com especial atenção ao led, que deve possuir proteção contra picos de tensão.
Entrada do módulo sempre é conectada ao sensor do distribuidor, e os sensores mais comuns de se ver por aqui são o Hall, que pode ser visto como uma chave de baixa intensidade de corrente controlada por campo magnético, e o sensor de relutância magnética (também conhecido como impulsor ou "aranha") que também faz uso de propriedades magnéticas mas não atua como uma chave propriamente dita.
Analisando um circuito com Hall, na entrada do módulo só existirá 0 ou 12V, dependendo da situação em que se encontra o sensor, sob campo magnético ou não, e este ponto do circuito poderá ser testado com voltímetro ou led. Uso de lâmpada deve ser feito com critério, já que dependendo da "wattagem" da lâmpada poderá haver mal funcionamento do circuito ou até danos ao sensor. Convém observar que sensor Hall também requer alimentação elétrica para funcionar, que deve ser checada preferencialmente junto ao sensor, em seu conector.
Com impulsor a coisa complica, pois neste tipo de sensor o sinal gerado tem excursões de tensão positivas e negativas, com amplitude variável em função da rotação do motor. Led e lâmpada não servem pra nada, com voltímetro e muita atenção é possível observar a excursão de tensão, desde que o motor esteja em rotação de partida. Abaixo e acima desta rotação é praticamente impossível analisar algo de util.
Sds,
Sukys