Muitos amigos aqui sempre perguntam o que verificar em uma Cherokee no ato da compra para reduzir as dores de cabeça depois.
Pesquisei em todo o fórum e não achei nenhuma informação junta, sempre aos picados....e talvez por isso esse assunto vem sempre a tona, mas cada vez o pessoall das listas tem menos paciência em ajudar, por ser uma assunto repetitivo. Daí então essa idéia afim de ajudar possíveis interessados e novatos no assunto.
Antes de mais nada é preciso entender as diferenças entre os modelos.

XJ – Cherokee Sport – Sendo as mais comuns no Brasil dos anos 97 e 98 na grande maioria, mas existem em bom número do ano 2000 e 2001. De 96 a mais antigas, são menos comuns, portanto dê preferência por modelos mais comuns.
Com câmbio automático são grande maioria no Brasil, mas existem com opção manual. Dois modelos de caixa de transferência são comum por aqui, uma que possui apenas a opção 4x4 Part Time (só para uso em trilhas e terrenos com barro) e uma outra que possui ainda a opção Full Time que permite rodar no asfalto em qualquer velocidade. Ambas com reduzida. As 97 o ABS era opcional e comum nos anos seguintes.

ZJ – Grand Cherokee (até 1998 )– Existem dois modelos básicos, a Laredo que possui o mesmo motor que equipa a XJ de 4.0Ç com 6 cilindros em linha e o modelo Limited com motores V8.
No Brasil praticamente todos os modelos são com câmbios automáticos e a caixa de transferência apenas permite rodar em Full-Time ainda com a opção de reduzida.
O acabamento da Limited é superior a todos os outros modelos da linha que conta com opções como AC c/ controlador automático, bancos e espelhos com memória para diferentes motoristas entre outros.

WJ – Grand Cherokee (de 99 até 2005) – Na mesma linha das ZJs.

É claro que existem uma série de outras diferenças entre os modelos, mas estas são as diferenças mais evidentes entre os modelos.

Antes de Comprar:

-Verifique se o carro possui o(s) controle(s) remotos de abertura e travamento de portas. Estes controles são relativamente caros e difíceis de encontrar.
-Atento para o som do motor, ligue o carro (de preferência com o motor frio), o motor TEM QUE PEGAR DE PRIMEIRA. O som do motor não deverá apresentar ruídos de tuchos, válvulas nem nada que não seja tipicamente o som gostoso desses motores.
-Atente também para o nível de fumaça emitida no cano de descarga. Mesmo motores com 150 mil km não emitem NADA DE FUMAÇA, mesmo a 3.000/3500 RPM.
-Com o motor já quente, acelere gradativamente até 3000 RPM, a aceleração deve subir “redonda” sem “engasgar”. Solte o acelerador gradativamente e o mesmo deverá ser observado.
-Você terá que avaliar se não existe nenhum tipo de vazamento de óleo no carro. Uma Cherokee em bom estado não vaza absolutamente NADA.
-Ruídos nos diferenciais são importantes de serem verificados, mas somente aparecem em velocidades acima dos 80 Km/h. Se estiver equipada com pneus AT com desenhos mais agressivos e MTs, com certeza vai confundir o ruído dos pneus com ruído de diferencial, ou vice-versa, e aí não tem receita. No caso da XJ, esse teste deve ser feito na posição full-time.
-Nas XJs engate e desengate as posições da caixa de transferência e rode com o veículo, aliás, vc poderá testar o carro a todo momento em 4x4 Full Time.
-A mudança da alavanca da caixa de transferência deverá ser bem firme, porém não absurdamente “travada”. Se travar, experimente engatar a ré, depois alguma marcha a frente e verifique se consegue então a mudança, se conseguir tudo OK.
-Para o teste do Part Time (XJs) ou 4x4 Low, procure um longo trecho o mais reto e plano possível e ande com o carro até os seus 40-50 km/h será suficiente. Atenção para ruídos estranhos.
-Para o teste do câmbio automático a primeira coisa é ver o nível de óleo, se estiver baixo esqueça. Provavelmente o antigo dono era um relaxado e o câmbio pode ter sobre aquecido. Dentro da vida útil do óleo, o nível não baixa se o mesmo estiver OK. Com o carro parado e freado, mude a alavanca entre D e N, você irá sentir um leve “tranquinho” no carro e este deve acontecer praticamente ao colocar em D. O mesmo deve acontecer para a posição R. Com o motor ligado e pré aquecido, freio de mão travado e com o pé no freio, passe para a posição D e enquanto mantém o carro freado, acelere com vontade, rapidamente (famoso “socar o pé”) atente para o contagiros, a rotação não deve passar de 2.400 RPM. Coloque em N e espere 2 minutos e repita o mesmo processo para a posição R. Faça este teste somente em um lugar onde tenha espaço aberto para evitar acidentes.
-Faça muitas manobras com o carro para avaliar o curso total da direção e atento para ruídos. Faça a baliza se for o caso, a direção não deve fazer nenhum ruído ou estalo e a bomba da direção hidráulico somente aumente um pouco o ruído quando a direção chegar ao limite em um dos lados.
-Trafegue por ruas de pavimento ruim para avaliar ruídos de suspensão e como está o alinhamento.
-Teste efetivamente todos os comando elétricos do carro, como luzes, limpadores, vidros elétricos, travas e tudo o que for possível.
-Avalie o estado da água do radiador, veja se tem aditivo ou se água está muito enferrujada. Normalmente o reservatório já denuncia o estado da água.
-Verifique o nível do óleo do motor e avalie o lado interno da tampa de óleo do mesmo. Se tiver formação de borra em excesso ou em coloração esbranquiçada mesmo que em baixa quantidade, esqueça desse carro na hora.
-Níveis de fluídos em ordem, mesmo que não sejam recentemente trocados revelam um certo zelo por parte do dono anterior.
-Quanto aos freios, verifique além da eficiência se não existe ovalização (oscilação do pedal ao frear). Pastilhas e discos das Cherokees são relativamente baratas e o sistema de freios não é nenhum “bicho de sete cabeças”, mas vale a pena prestar atenção.
-Se quiser testar o sistema ABS (para os modelos que possuem), escolha um trecho relativamente irregular, as chamadas costelas de vaca encontradas com facilidade em nossas ruas hoje (infelizmente) são muito boas, ou então ruas de paralelepípedo ou mesmo de terra batida. Não há necessidade de desenvolver uma grande velocidade, algo em torno de 20-30 Km/h são suficientes. Nesse tipo de pista e nessa velocidade, freie o carro com uma certa “vontade” (não precisa forçar o travamento), você deverá sentir o pedal do freio pulsar e isso é sinal que que a pressão do sistema está sendo aliviada como sinal do anti-travamento do ABS.
-O painel de instrumentos também é um grande aliado na avaliação do veículo. A temperatura da água de arrefecimento nesses veículos é alta mesmo, em torno dos 100°C, e pode chegar as vezes até meia divisão acima, além disso realmente há problemas. A pressão do óleo trabalha, quando o motor está frio em torno dos 3 bar, mas quando o veículo está na temperatura de trabalho é normal baixar (na marcha lenta) em torno de 1,5-2 bar dependendo da viscosidade do óleo utilizado, porém ao acelerar o motor, a pressão deverá subir novamente para o patamar de 3 bar. Abaixo destes valores realmente pode haver problemas. Preste atenção a todo momento se está rodando com o carro se a luz do “Check Engine” não acende ou pisca. A voltagem da carga da bateria, com o motor ligado deverá estar em torno do 14 Volts.
-Teste o Ar condicionado, aliás, a todo momento que estiver rodando com o carro, deixe o AC ligado direto, assim poderá avaliar além do fato de estar gelando efetivamente, se o motor não está sobre-aquecendo, se existe irregularidade na marcha lenta ou no desempenho do motor. Teste também o ar quente do veículo.
-Se o veículo tiver GNV instalado e você já tiver uma pré-disposição a rodar com este combustível, isso não é motivo para reprova do carro. Mas é importante avaliar se a instalação foi bem feita, e se foi instalado todos os componentes necessários para o bom desempenho do GNV. O kit GNV ideal seria efetivamente o modelo que possui bicos injetores auxiliares para GNV, mas não são comuns por conta do preço. Os kit convencionais são os que possuem regulador de diafragma. Nesses carros é importante avaliar se o regulador é de grande capacidade e se a saída de gás é gerenciada eletronicamente com motor de passo. È fundamental para o bom desempenho que o veículo tenha um variador de avanço para melhor desempenho e simulador de bicos injetores. Existe uma besteira muito dita que veículos com GNV acendem a luz do Check Engine com freqüência, isso é uma besteira, pois se os sistema estiver bem instalado esse luz nunca acenderá. È normal que exista uma certa perda de potência ao rodar em GNV (comparado a Gasolina), mas não significa que você terá um desempenho de um carro 1.0. Avalie o chaveamento entre a gasolina e GNV e veja se o motor permanece estável, troque sempre entre um combustível e outro com o veículo rodando e pré-aquecido.
-Esse é um item mais difícil, mas o ideal seria levar o carro em uma oficina que lide com injeção eletrônica e pedir para que passem o scanner no carro para levantar os códigos de erro que ficam no módulo de injeção. Mesmo que a luz de Check Engine ou ABS não acenda em nenhum momento, eventuais falhas ficam armazenadas na central, até mesmo as de câmbio automático. Obviamente esse é um item que tem um certo preciosismo, mas se tiver a chance, por que não ?

Prefira um carro que esteja com todos estes itens acima 100% OK, ou pelo menos com os mais simples de serem resolvidos, pneus ruins e pequenos reparos de lataria são mais simples de resolver que e um repara no câmbio ou motor por exemplo. Kmetragem alta nesses carros não significa muito, o conjunto motor/câmbio, desde que devidamente revisados podem durar acima dos 200 mil Km.

É claro que os amigos mais experientes aqui poderão, comentar, revisar e adicionar itens, mas a idéia é consolidar essa questão tão comum por aqui e dessa forma sempre que possível direcionar essas questões pra cá.

Abraços a todos e espero que ajude a efetuar uma boa compra e ser feliz com a sua Cherokee.