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  • Mercedes GLK 220 CDI: Mais requinte, menos aventura

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    Concebido como um SUV com (algumas) capacidade de todo-o-terreno puro&duro, o Mercedes GLK acaba de ser alvo de um restyling que, mais do que evoluir na continuidade, tornou o mais pequeno dos SUV Mercedes mais civilizado, mais requintado, mais de acordo com os gostos do cliente citadino com paixão por veículos de aspecto aventureiro. Testámos a motorização 220 CDI BlueEFFICIENCY, e confirmámos que, além de mais charmoso, o GLK sente-se cada vez mais em casa na cidade!

    Se calhar - estarão já a pensar alguns dos leitores - foi mesmo esse o propósito da marca da estrela ao conceber um GLK assim - bonitinho, cheio de pequenos pormenores, que facilmente nos deixam com um aperto no coração sempre que somos obrigados a estacionar em locais mais duvidosos e congestionados, ou aceitamos entrar por caminhos mais estreitos e sinuosos, só porque, garantiram-nos, "Ah, por aqui é mais perto, etc e tal...".

    Se calhar, esta aposta declarada na beleza serviu também para o assumir declarado de uma postura mais citadina, na qual deixam de fazer sentido alguns dos argumentos que faziam do GLK um SUV "quase" jipe, como seja o facto de ter trocado a competente tracção integral por uma mais barata e menos prejudicial (nos consumos, bem entendido) tracção traseira. Mantendo depois da postura offroad tão ao gosto dos condutores de hoje em dia apenas no visual... e mesmo aí apurada com toda uma série de soluções estéticas e de charme mais frequentemente vistas em berlinas premium!

    Pois bem, se foi essa a intenção do construtor alemão, então, permitam-nos os estimados leitores... fez bem! Isto porque - e não estamos a dizer nada de novo.... -, são cada vez mais os condutores rendidos ao fenómeno SUV, mas que de Todo-o-Terreno pouco ou nada sabem e do qual nada mais pretendem do que o look. Sendo que, mesmo para aqueles que pretendem um pouco mais, a Mercedes não deixa de ter na sua oferta modelos perfeitamente habilitados para esse tipo de aventuras!

    Quanto ao renovado GLK, com a sua nova iluminação diurna em LED posicionada bem abaixo no modulado pára-choques dianteiro ou as muitas aplicações em metal espalhadas um pouco por toda a parte... e bem perto do solo, o melhor mesmo é exibir a sua beleza onde mais olhos o possam admirar. Desfilando as suas linhas tradicionalmente quadradas e de muito carácter, mas agora também com muitos pormenores de requinte e até luxo, por ambientes mais citadinos e onde, fruto do seu aspecto marcante e de muito carácter, consegue facilmente competir com propostas de que, na realidade, não fazem parte do seu campeonato!

    Impulsionados por um exterior incapaz de deixar alguém indiferente, "atiramo-nos" para o interior do habitáculo, onde, além de um design inquestionavelmente Mercedes, a exibir qualidade mas também algum conservadorismo, rapidamente confirmamos a aproximação do novo GLK às propostas mais vocacionadas para o alcatrão. Quer através do revestimento em metal trabalhado em toda a face frontal do tablier, quer num painel de instrumentos de inspiração mais desportiva (de fundo branco no velocímetro e com um núcleo central digital), quer no volante desportivo de três raios muito bonito e esculpido na zona das pegas (além de ajustável em altura e profundidade), quer da pedaleira em metal, quer até mesmo nas saídas de ar metalizadas e a fazer lembrar um rotor.

    Mantendo, apesar dos pormenores de faceta mais desportiva, uma posição de condução ligeiramente elevada, embora óptima na forma como garante o acesso à generalidade dos comandos (e para quando a troca do travão de estacionamento de pé por um sistema eléctrico, como nos rivais?) e a visibilidade em redor (pior, só mesmo para trás), ou até mesmo aos vários espaços de arrumação abertos e fechados (um dos aspectos em que, de resto, se destaca face aos restantes rivais premium), fruto também de um banco ajustável em altura em profundidade (além de confortável, apesar de com pouco apoio lateral e encosto de cabeça ligeiramente atrasado), o GLK preserva não apenas um óptimo ambiente a bordo, onde a qualidade e charme sobressaem, como um conforto interior ao nível dos melhores e uma habitabilidade capaz de responder a todas as exigências. Não apenas de uma família mais alargada (com uma ou duas duas crianças, leia-se), mas até mesmo para cinco adultos, aos quais, uma vez ultrapassado um acesso ao habitáculo ligeiramente alto (afinal, continua sendo um SUV...), não faltará espaço e conforto seja em que aspecto for.

    A contribuir também para esta óptima sensação a bordo, um equipamento que, embora podendo ser melhorado com muitos opcionais - as jantes em liga leve de 17" (325,20€), o sistema de estacionamento activo (731,71€), o Media Interface (284,55€), o Comand Aps com navegação (1.666,67€), o sistema de luzes inteligentes com faróis (1.300,81E), os vidros escurecidos (406,50€), o Pack Design (1.138,21€) ou a pintura metalizada Prata Palladium (772,36€) eram apenas alguns dos mimos existentes no nosso carro - conta logo à partida com muitas soluções de fazer inveja a muitas berlinas e carrinhas premium, como é o caso da direcção Steer Control, das luzes diurnas e indicadores de mudança de direcção em LED, do Pelvisbag, dos airbags e sidebags para condutor e passageiro, do airbag para os joelhos do condutor, do sensor de chuva, do aviso da pressão dos pneus, do ar condicionado automático Thermatic, da função Eco Start/Stop, do Adaptive Brake, dos faróis de halogéneo com técnica de projecção, dos sistemas anti-resvalamento na aceleração (ASR) e electrónico de estabilidade (ESP), da suspensão Agility Control, dos faróis de nevoeiro dianteiros ou até mesmo do revestimentos em pele Ártico/Dinâmica em preto. Isto, entre muitos outros equipamentos...

    Já quanto à bagageira, mantém-se uma capacidade apenas razoável, a rondar os 450 litros, ainda que passível de ser aumentada até aos 1.550 litros mediante o rebatimento 60/40 e totalmente na horizontal das costas dos bancos traseiros, e num prolongamento perfeito do piso da bagageira. Qualidade à qual se junta depois um óptimo plano de carga e acesso, bons revestimentos no interior, ganchos portas-sacos, tomada de 12V, espaços independentes de arrumação nas laterais (com tampa) e por baixo do piso falso... onde não falta sequer um pneu sobressalente de emergência!

    No entanto e porque pedir não custa, aqui fica o nosso pedido: e porque não um óculo traseiro de abertura independente? Caía bem... em especial, numa proposta já de si tão convincente em aspectos como a funcionalidade e versatilidade!

    Convincente, em especial na utilização do dia-a-dia, com muita cidade e também alguma auto-estrada, mostra ser igualmente o conhecido quatro cilindros bi-turbo common-rail 220 CDI BlueEFFICIENCY com 170 cv de potência entre as 3200 e 4200 rpm, e um binário máximo de 400 Nm entre as 1400 e 2800 rpm.

    Acoplado a uma não menos impressionante caixa automática de dupla embraiagem 7G-Tronic de sete velocidades (opcional, com um preço de 2.032,52E... bem merecidos!), rápida mas também suave no funcionamento (só não gostámos mesmo foi da patilha na coluna da direcção), aquele que será, certamente, o bloco mais procurado entre nós (também por ser cumpridor das normas anti-poluição Euro 5, com todas as vantagens em termos de preço que daí advêm...) consegue anunciar, mesmo tendo de lidar com um conjunto com quase duas toneladas, prestações que passam pelos 205 km/h de velocidade máxima e 8,7 segundos dos 0 aos 100 km/h, tudo com médias nos consumos que, beneficiando de um Stop&Start (sistema ECO Start/STOP, na Mercedes) agradavelmente suave no operar, rondam, sem grandes esforços por parte do condutor, os 6,9 litros (6,0 l/100 km é o valor oficial). Isto também porque o GLK perdeu um dos factores mais penalizadores em termos de consumos - a tracção integral, substituída por uma mais leve e menos exigente transmissão traseira.

    Razoavelmente insonorizado e com uma disponibilidade muito assinalável desde os regimes mais baixos, acrescida de uma capacidade de aceleração e de recuperações não menos agradáveis, o 220 CDI acaba cotando-se como uma boa ajuda para GLK também nos ritmos mais apressados, ainda que, em termos dinâmicos, não ficando totalmente a salvo das penalizadoras transferências de massas e oscilações de carroçaria. Em particular, quando por trajectos mais sinuosos e a velocidades mais elevadas, e isto apesar dos esforços de uma suspensão mais performante (Agility Control) e de sistemas de ajuda à condução como o ESP ou o ASR.

    Claramente mais preocupado com o conforto, qualidade elogiosamente salvaguardada mesmo quando em pisos de alcatrão mais degradados, com buracos e passeios pelo meio, ou até mesmo quando por estradões de terra, o novo Mercedes-Benz GLK beneficia ainda de uma direcção agradável, com bom peso, precisão e até algum feedback, acompanhada por um sistema de travagem não menos convincente.

    Quanto a aventuras offroad e embora hoje em dia mais vocacionado para uma vida em cidade, com muitas e boas viagens longas pelo meio, refira-se que, uma vez ultrapassado o tal aperto no coração pelos custos que uma nova pintura forçada poderá representar (sem esquecer um PVP a roçar os 60 mil euros!), continua, mesmo agora apenas com tracção traseira, a permitir passeios muito agradáveis por caminhos de terra e de nível de exigência não muito acentuada. Sendo que, mais do que isso ou até mesmo o atacar declarado de pistas mais trialeiras, poderá facilmente representar bem mais do que alguns riscos, tantos são os pormenores de requinte e luxo que poderão ficar danificados pelo caminho...

    Fonte: Diário Digital PT