Se fosse no boxe, o confronto seria entre Mike Tyson e Evander Holyfield. No futebol, um duelo entre Brasil e a Argentina. Ou, então, pegando uma carona nas Olimpíadas, a disputa entre Estados Unidos e China no quadro de medalhas. Como o terreno é o das quatro rodas, os “gladiadores” atendem por: Duster e EcoSport.
O Ford inaugurou o segmento dos SUV compactos no país em 2003. Foi líder de vendas até 2011, quando chegou o Renault. Agora, é o Duster que mantém o cinturão. Porém, o desafiante chega renovado. Ganhou sua segunda geração com a missão de retomar a liderança nos emplacamentos por aqui e ainda se dar bem em outros cem países onde também será comercializado (muitos deles, onde o Duster já está presente).
Para o embate convocamos as versões topo de linha dos dois modelos equipados com motor 1.6. No Ford, trata-se do FreeStyle, que sai por R$ 59.990. O Renault atende por Dynamique, ao custo de R$ 54.030. Sobre a grande diferença de R$ 5.960 falaremos mais na próxima página. Voltemos aos carros.
Antes de soar o gongo, os oponentes apresentam suas medidas. O EcoSport sobe ao ringue mais enxuto, pesa 1.243 kg contra 1.258 kg do rival. O visual é esguio, com olhar penetrante e sem músculos aparentes. O Duster quer se impor pelo tamanho, o peito rasgado e as caixas de rodas pronunciadas. O Renault é mais comprido, largo e com entre-eixos maior. No espaço interno, porém, os dois se equivalem. Transportam quatro adultos com conforto. O Duster ainda aguenta mais malas nas costas. São 475 litros contra 362 do Ford.
Começa a luta /O Eco arranca com agilidade. Tem melhor jogo de pernas por conta do motor Sigma 1.6 (até 115 cv), que tem cabeçote e bloco feitos em alumínio. O 1.6 do Renault, que também chega nos 115 cv, trabalha mais como um típico 16v. Começa lento e enche rápido. Na esquiva, o Ford se dá melhor por ter suspensão mais rígida que garante menos rolagem da carroceria nas curvas.
Os dois trazem caixas manuais de cinco marchas, sendo que no Ford as trocas são mais suaves e sincronizadas. A direção elétrica do Eco, além de roubar menos combustível que a hidráulica do rival, ainda regula em altura e profundidade (só altura no Duster). Também é mais leve para as manobras.
O Eco ainda mostra mais disposição para encarar uma longa batalha. No consumo aferido pelo computador de bordo, com trechos de estrada e cidade, cravou 9,0 km/l contra 8,1 km/l do concorrente, ambos abastecidos com álcool. De série, o Ford vem com auxílio em rampa, que segura o carro por até três segundos, em uma subida ou descida. Ótimo recurso para uma saída em aclive.
Até aqui, o Eco leva a medalha. Agora, é preciso ver se o preço pago a mais compensa.
Ford é mais caro que o Renault, mas traz mais equipamentos
A diferença de preço entre as duas versões topo de linha com motor 1.6 assusta a princípio. Afinal de contas são mais de R$ 5 mil. Mas ela tem razão de ser.
O Duster tem interior mais rústico. Abusa dos plásticos rígidos e não tem uma ergonomia perfeita dos equipamentos. O ajuste elétrico dos retrovisores, por exemplo, fica embaixo do freio de mão. Outro ponto negativo são os bancos dianteiros que trazem encosto curto para as costas. O EcoSport lembra o interior do New Fiesta, é mais caprichado, mas também tem plástico para todo lado.
Os dois são bem servidos de porta-objetos. Enquanto o Eco traz uma prática gaveta embaixo do banco, o Duster tem um grande porta-trecos no teto. Na porta do Ford é possível colocar uma garrafa de até 1,5 litro deitada. Porém, pequenos objetos podem sumir no túnel da porta.
Nesta versão, o Renault é vendido com direção hidráulica, ar-condicionado, duplo airbag, freios ABS, computador de bordo, vidros elétricos, faróis de neblina, CD Player com bluetooth e comandos satélites do rádio e do telefone na coluna de direção.
No Eco, desde a versão básica S, já estão presente os equipamentos disponíveis no rival. Além disso, o modelo vem servido com faróis dianteiros em LEDs e o sistema Sync, que permite ativar vários comandos do utilitário com a voz. Chama a atenção, mas não é intuitivo de usar. Por várias vezes os comandos falados não foram entendidos pelo carro.
O FreeStyle acrescenta ainda a sua gama de equipamentos o controle de estabilidade, de tração, o sensor de estacionamento (que exibe em um visor de 3,5 polegadas a distância de um objeto) e o assistente de partidas (que segura o carro por até três segundos). É um bom pacote a mais , mas que cobra alto o seu preço.
Fonte: Bom Dia