Sejamos sinceros: a Ecologia está na moda! Vai daí, o Grupo PSA Peugeot Citroen, conhecido em particular pelos seus motores a diesel, decidiu lançar-se também nesta corrida… mas apontando claramente ao topo! A jogada, provavelmente de mestre, chama-se HYbrid4 e o primeiro modelo a comerciá-la é o versátil Peugeot 3008. Seja pelo modelo escolhido, seja pela inovadora tecnologia, seja até mesmo pelo hoje em dia moderno branco puro que ostenta (longe vão os tempos em que, automóvel branco, só os comerciais!...), somos obrigados a concordar com a expressão de uma amiga nossa: “Um must!...” Numa altura em que todos os construtores automóveis se esforçam para diminuir a sua peugada ecológica, procurando ao mesmo tempo alcançar o título de marca mais amiga do ambiente… e, consequentemente, a preferência dos consumidores, hoje em dia particularmente atentos a esta nova variável, o grupo francês PSA procura "entrar a matar" num campeonato cada vez mais disputado, ganhando vantagem não apenas pelos valores de CO2 anunciados, mas também pela evolução tecnológica que propõe. E a que deu o nome de HYbrid4.
Para dar a conhecer ao mundo um novo conceito de propulsão automóvel, a PSA escolheu uma das suas marcas, a Peugeot, e um dos modelos do leão que melhor aceitação e impacto tiveram no mercado, nos últimos anos - um crossover com genes de monovolume, um familiar com características offroad, uma proposta que rapidamente se tornou um objecto de desejo de famílias que procuram um carro capaz de marcar a paisagem citadina, capaz de afirmar a diferença. Com estilo, através de uma imagem até de algum status.
E se, no exterior, a versão mais ecológica do Peugeot 3008 pouco vem acrescentar a uma imagem há muito definida... e afirmada entre os condutores nacionais, o mesmo acaba acontecendo no interior (e ainda bem, dizemos nós!...), onde se mantêm as linhas de inspiração desportiva, com um túnel de transmissão tão volumoso quanto cativante nas formas, comandos e design prolongado como acolhe a bonita mas também repleta (de comandos) consola central. Tudo, ainda assim, bastante acessível, funcional e até intuitivo... inclusivamente, o sistema de som com botões e mais botõezinhos, a exigir de início alguns minutos de dedicação exclusiva e estudo, como forma de garantir um aproveitamento total de todas as suas potencialidades.
De resto, num automóvel perfeitamente concebido para uma utilização familiar, a habitabilidade é, inquestionavelmente, outro dos aspectos mais, não faltando, num ambiente claramente desafogado, espaço suficiente para cinco adultos, os de trás colocados em posição mais alta que os da frente, mas também por isso com a cabeça mais perto do tecto. Neste caso, em vidro, panorâmico, de série.
Ao equipamento, com praticamente tudo o que é obrigatório numa proposta de topo, particularmente atenta ao conforto (ar condicionado automático bizona, sensores de luz e chuva, sensores de estacionamento à frente e atrás...) e à segurança (controlo de estabilidade e tracção, controlo de pressão dos pneus, fecho centralizado, faróis de nevoeiro, o próprio sistema de tracção HYbrid... só faltando mesmo um pneu sobressalente!), junta-se uma bagageira de capacidade apenas razoável (377 litros), embora culpa também da colocação das baterias por baixo do piso, junto às costas dos bancos traseiros. Mas que depois faz da funcionalidade o seu melhor argumento: o portão é bipartido e ajuda à colocação de volumes mais pesados no acomodar na bagageira; a área é totalmente aproveitável devido ao facto de não ter ondulações nas laterais; os revestimentos são de qualidade, possuindo inclusivamente aplicações em metal que protegem as carpetes; possui ganchos porta-sacos nas laterais; não esquecendo sequer patilhas de destrancagem dos encostos dos bancos traseiros mas laterais da bagageira, as quais, uma vez accionadas, fazem baixar os assentos ao mesmo tempo que rebatem as costas (60/40), garantindo assim um prolongamento totalmente na horizontal do piso da bagageira... e com placas de ligação entre as duas superfícies para que a continuação seja ainda mais perfeita!
No entanto, se a funcionalidade da bagageira surpreende, a verdade é que a expressão de agrado daí resultante fica a léguas daquela que surge na sequência do primeiro contacto com a tecnologia que faz andar este 3008 muito especial.
Naquele que é o aspecto mais diferenciador face aos restantes irmãos, o 3008 HYbrid4 exibe, como o próprio nome já indica, uma conjugação de esforços entre um motor a diesel - o já bastante conhecido 2.0 HDI de 163 cv às 3850 rpm e com um binário máximo de 300 Nm às 1750 rpm, a actuar exclusivamente sobre o eixo dianteiro - e um motor eléctrico síncrono que, actuando sobre o eixo traseiro, consegue acrescentar aos números atrás referidos mais 37 cv na potência (perfazendo assim um total de 200 cv) e 200 Nm ao binário. Contribuindo, neste último caso, para a obtenção de um fantástico binário total de 500 Nm, disponível logo às 1750 rpm.
Com propulsores a debitarem potência em ambos os eixos, trabalhando em conjunto quando em acelerações mais a fundo ou a tracção é mais necessária, o Peugeot 3008 HYbrid4 aproveita este “trabalho de equipa” para se apresentar igualmente como veículo de tracção integral (daí o "4" unido à designação "HYbrid") e proposta adequada para momentos de evasão em pisos mais complicados (como, de resto, o seu espírito crossover já faz prometer...), isto com a ajuda de um outro componente do sistema - um pequeno botão colocado sobre o túnel de transmissão que permite escolher um de quatro modos de funcionamento: Auto, ou a escolha por defeito, modo em que é o próprio sistema a escolher qual o motor (ou se os dois) que deve funcionar a cada momento (e, sem dúvida, aquele que realmente torna perfeita esta proposta, pelo conforto e descanso que dá ao condutor); Sport, que como o próprio nome indica procura dotar o crossover francês de um espírito mais... desportivo (?); 4WD, ou o modo em que os dois motores, diesel e eléctrico, estão obrigados a trabalhar em conjunto; e, finalmente, ZEV, ou o modo em que apenas o motor eléctrico funciona, passando o 3008 a ser um carro de tracção traseira e de zero emissões... ainda que com algumas condições: a capacidade das baterias, que acumulam carga apenas através do motor de combustão ou da energia cinética recolhida na travagem, têm de estar acima dos 50 por cento da capacidade total, ao passo que a velocidade não pode exceder os 70 km/h.
No entanto, com o comando do HYbrid4, por exemplo, no modo Auto, ou até mesmo no modo Sport, a verdade é que o Peugeot sabe bem fazer uso dos 200 cv de potência ou dos 500 Nm de binário que tem à disposição, facto confirmado, desde logo, nas prestações: 191 km/h de velocidade máxima anunciada, passagem dos 0 aos 100 km/h em menos de 10 segundos (8,5 segundos), tudo isto com consumos que, segundo os dados da marca francesa, não ultrapassam os 4 litros, ou as 104 gramas de emissões de Co2. Números que, ainda assim e especialmente nos dois últimos casos, nos parecem um pouco optimistas em demasia, até porque, nas nossas mãos, o 3008 nunca foi capaz de apresentar médias abaixo dos 6,2 litros, mesmo com a ajuda de um Start&Stop quase imperceptível no funcionamento.
Pelo contrário, a promissora capacidade de aceleração, assim como a facilidade para manter andamentos elevados, foram aspectos que não nos deixaram muitas dúvidas, com o 3008 HYbrid a somar a estas qualidades uma insonorização elevada, a par de uma personalidade versátil, capaz tanto de andamentos mais pausados, disfrutando de todo o conforto e paz de alma, como de momentos mais nos limites. Mesmo que, optando por esta última faceta, a maior parte dos componentes não estejam, para tal, propriamente vocacionados.
E, neste pequeno-grande à parte, que acaba justificando a preferência do 3008 HYbrid por conduções mais relaxadas e relaxantes, surge desde logo a já muito martirizada caixa manual robotizada de seis relações, conhecida de outros modelos e que, também aqui, mesmo contando com patilhas (não no volante, mas na coluna de direcção... infelizmente!), acaba por prejudicando um resultado final que poderia ser bem melhor sem o já habitual "poço" que se sente na passagem das relações ou até mesmo sem a indefinição que não raras vezes demonstra na leitura à pressão no acelerador.
Já a direcção, a terminar num volante bonito (com a sigla "HYbrid" no braço inferior), de boa pega e ajustável em altura e profundidade, mostra-se apenas um pouco pesado em demasia, apesar de contar com razoável feedback e precisão. Agradando, inclusivamente, até mais do que o sistema de travagem, isto a partir de uma posição de condução muito boa, convincente (em especial, pela forma como facilita o acesso a comandos), confortável (banco com razoável apoio lateral e encosto de cabeça bem posicionado) e capaz de garantir uma boa visibilidade. À excepção de para trás, perspectiva que nos faz agradecer a inclusão do sensores de ajuda ao estacionamento no equipamento de série.
Revelando um óptimo compromisso entre conforto e eficácia, apesar da maior altura do conjunto, será mesmo caso para dizer que, até mesmo nos pouco mais de 38 mil euros que custa, o Peugeot 3008 HYbrid4 acaba agradando. Até por a juntar a um visual inquestionavelmente do agrado dos portugueses e óptimos argumentos enquanto proposta familiar, surge ainda uma tecnologia que não só está na moda, como é eficaz. Um must, sem dúvida!...
Fonte: Diario Digital PT