
Postado originalmente por
Alexandre Zocrato
Alexandrino,
Interessante a sua estória. Imagino o quanto sua mãe sofreu. Meu irmão mais novo quase nasceu no carro. Morávamos no interior e, quando vieram as dores, meu pais cismou que ele nasceria em Belo Horizonte (ele não confiava nos médicos locais). Pegou o opalão com todos nós dentro e sentou o pé para Belo Horizonte. Minha mãe gritava e xingava feito louca a cada balançada do carro! Acho que, se ela estivesse em um CJ, teria nascido ali mesmo...
A minha Mãe sofreu Zocrato, mas não por me ter parido numa trilha... sofreu porque é mulher e todas as mulheres sofrem...
Sofrem com a nossa incompreensão, com a nossa imaturidade, com as nossas 'cagadas'...
Sofrem porque tomam conta dos nossos filhos sozinhas, porque os vêem partir para a guerra...
Sofrem porque nunca reparamos no penteado delas e reclamamos do bolo que, depois de tanto trabalho, ficou só um pouquinho queimado...
Sofrem porque nunca nos lembramos do aniversário delas, quando elas nunca esquecem o nosso...
Sofrem porque teimamos em 'administrar' (mal) a grana que elas ganham para completar o orçamento familiar e que juntamos ao 'nosso' para comprar aquela relação de diferencial mais reduzida... ou um carro novo para 'nosso' uso exclusivo (sempre lhes deixamos o velho, né?)... e ainda reclamamos quando elas 'teimam' em comprar um par de sapatos ou um vestido (esses gastos absurdos) que acabam custando tanto quanto uma rodada de cervejas que tomamos com os amigos no barzinho...
Sofrem porque as traímos (temos essa necessidade, que elas não têm)...
E sobretudo, sofrem porque fazemos piadas acerca delas...
Se a minha Mãe sofreu muito, Zocrato... acaba de completar 84 anos e continua rija e alegre... adoro a minha Mãe.
Você poderia colocar legenda nas suas fotinhas. Onde foram tiradas, o que aconteceu (esse elefante com pneus arriados, por exemplo). Você foi militar? Adonde? Tem uma foto sua na beira do rio em que você lembra o Tche. Você lutou na Sierra Madre?
Este é o tópico da primeira trilha, mas vamos lá:
Fotos da página dois: 1- 1947 Lubango, Angola (Papai escreveu no verso); eu aos 8 meses (reais, porque pela idade oficial ainda nem teria nascido)
2- 1969 (este número me persegue); Huambo, Angola - ainda no Exército Português de que desertei para ir combatê-lo nas matas pela independência de Angola e virar terrorista.
3- 1972 - Esse elefante arriado tem uma história curiosa: chegamos a uma sanzala, no sul de Angola, onde nos avisaram do solitário, que andava matando gente, destruindo as lavras de mandioca e as cubatas, etc. Foi abatido com um único tiro da minha CZ-VZ24 (cal: 7.92x57) no ouvido. Morte fulminante, apesar de esse calibre não ser adequado. Rendeu ao povo dali a tranquilidade e 4 t de carne (a minha mulher tem uma pulseira que lhe fiz com os pelos da cauda), podem ver, pelo tamanho das presas (12 e 10 Kg), que não era velho. Depois de morto, descobri o que tinha causado o desvario do pobre animal: ele tinha uma bala alojada na raiz de um dos dentes (o de 10 Kg), e o maxilar superior estava completamente infeccionado... dá para imaginar tanto sofrimento?...
4- Esse búfalo quase me matou... mas este não é o tópico, ok?
5- 1975 - Rio Jarú - RO; lamento decepcioná-lo Zoc, mas não lutei na Sierra Madre. Lutei nas matas de Angola, do Congo e da Zâmbia, por mais de 5 anos, mas vamos pular esta parte, que dói...
PS: quem é o seu fornecedor de espinafre?
Eu os planto aqui mesmo no jardim... rsrs
Patrícia, desculpe invadir este teu tópico com isto.