Postado originalmente por
Jorgao
Comprando Troller 2.8 hoje em dia, você pode ter duas frustações bem comuns:
1- Preço de manutenção corretiva no motor e bomba injetora do 2.8. Está caro!!!!! Hoje a tecnologia padrão é Common Rail. Injeção por bomba mecânica morreu, está ficando a cada dia mais escasso, os fabricantes de 1ª linha não estão produzindo mais (só são obrigados a produzir peças por 10 anos do último ano de fabricação). As peças de 2ª e 3ª linha não são confiáveis, é frustrante. O Common Rail está aí desde 2006 e veio pra ficar, é o padrão dos motores a diesel desde 2006 no Brasil e desde o meio da década de 90 lá fora (E tinha gente que achava que o CR era novo em 2006 rsrs...).
2- Câmbio Eaton 2305 (exceção para os Trollers 2005 com câmbio Eaton 2405). NÃO TEM PEÇA! Vai correr atrás em ferro velho ou acabar adaptando um câmbio Eaton 2405. Não vi um, dois ou três casos, infelizmente, vários amigos com Trollers 2001 a 2004 tendo muita dor de cabeça por causa desse câmbio.
Comprando Troller 3.0, você pode ter duas frustações bem comuns também:
1- Tampa de distribuição corroída por solupan (ou outros desengraxantes). Muitos donos tiveram problemas com isso. É bom verificar isso, talvez dar pressão no reservatório e ver se tem vazamento (já vi um 3.0 que o antigo dono botou cola num furo pra vender o carro desse jeito).
2- Travamento dos bicos injetores. Os bicos travam mesmo e pra soltar, tem que ter paciência. A solução pra isso é a mão do mecânico, tem que ser um cabra experiente. Deixar de molho em óleo de freio, girar pros lados, enfim, tem uns macetes pra soltar, não é na ignorância. Vídeos de gente fazendo forças absurdas são prova de ignorância, pois dá pra levantar o carro na girafa com um bico desse colado. E tem mecânico que vai em dois dias tirar no jeito. Ao recolocar, aplicar a graxa de alta temperatura.
Aspectos positivos/negativos:
No 2.8:
- Sua bolsa de ferramentas pra levar pro meio do mato dispensa um multímetro(mas é interessante ter para problemas no alternador/bateria). Basta correia de reserva para caso arrebente não ficar sem alternador, além da solenóide da bomba injetora, poucos fios, peças do alternador e poucos fusíveis/relês e ferramentas e peças convencionais. Pra dar uma melhoradinha na performance, basta abrir um pouco a bomba, não é uma melhora tão significativa, mas ajuda. Por não ter uma ECU e alguns sensores de auxílio, se ocorrer algum problema mecânico no motor, como aquecimento, pressão de óleo, ponto de injeção da bomba, etc, nada será feito para amenizar ou evitar prejuízos, então é melhor instalar sensores e manômetros e você deverá fazer o papel da ECU e tirar o pé quando for necessário.
No 3.0:
- Sua bolsa de ferramentas deve conter um multímetro e alguns fusíveis/relês (Uns 10 fusíveis da caixa de relês são simplesmente idênticos, então não precisa tantos), além de ferramentas e peças convencionais. A correia de periféricos de reserva é mandatória. Caso arrebente, além do alternador, a direção hidráulica não funciona. É possível arrancar 240-310cv e até quase 65kgfm de torque desse motor sem prejuízos mecânicos significativos (sabendo usar). Isso é potência/torque de caminhão de quase 40 toneladas (um Cargo 2623 puxa 37 mil kgs c/ especificações semelhantes). De eletrônica neste motor, temos pedal, bicos e bomba, é impossível uma eletrônica mais simples. Sensores de rotação (roda fônica), temperatura, pressão e ar, são apenas uma meia dúzia de sensores, que basicamente monitoram temperatura de água, combustível e pressão. Caso algum valor fuja dos padrões, limita-se a potência do motor para evitar estragos mecânicos. Devido a esse monitoramento, e ao radiador superdimensionado, esse motor consegue rodar a até 90 km/h com a bomba d'água quebrada. Por isso, a bomba d'água não precisa ser trocada preventivamente, pra quem faz um uso normal. E via de regra, 99% das vezes que acende-se a luz da injeção nesse motor, tanto na Ranger quanto no Troller, trata-se de restrição no fluxo de combustível, seja em peneiras do tanque, filtros sujos, etc, pois não há muito o que dar errado. Além disso, como são muito poucos sensores, medir a resistência dos mesmos e comparar com os valores padrões, é algo trivial demais. É imprescindível verificar se não há corrosão na tampa de distribuição. Uma lavagem de motor em posto que faça uso desses desengraxantes que atacam alumínio pode comprometer a tampa (iniciar a corrosão). Se for necessário remover bicos e estiver difícil, não deixa na mão de qualquer mecânico.
Minha opinião:
Sou dono de um 3.0 com 455 mil kms rodados, motor original. Bomba d'agua MWM dura entre 80-140 mil kms dependendo do uso. Já afundei muito meu Troller com água em cima do capô. Tão fundo que várias vezes tive que substituir óleo de câmbio, transferência, diferenciais e direção hidráulica por contaminação com água e lama. Esse motor é simplesmente sensacional na minha opinião. A manutenção é fácil e o divertimento é garantido, seja pra rallys, trilhas, passeios ou trabalho rural.