Quando a Chevrolet lançou a S10 bicombustível, em fevereiro de 2007, ninguém acreditou. Parecia um tiro no pé. Afinal, na época, 94% do mercado de picapes médias era dominado por versões com cabine dupla, tração 4x4 e motor a diesel. O argumento da GM era plausível: cobrar R$ 25 mil a menos para oferecer a picape com capacidade de carga reduzida, mas que poderia ser abastecida com gasolina ou álcool.
Derrubava a promessa de longevidade e economia do motor a diesel. E a GM estava certa. De 2006 para 2007, quando chegou a S10 "flex", as vendas da líder cresceram 20%. Em 2008, a alta foi ainda maior: 39% (31.437 unidades no ano).
Enquanto isso, a vice-líder, a Toyota Hilux, contentava-se com um crescimento médio de 11% (21.731 unidades em 2008 ). A Toyota, porém, mostrou por que atropelou a GM nas vendas globais e chegou ao topo. Viu o sucesso da S10 e investiu os últimos dois anos no seu motor a gasolina. Agora lança uma versão 4x2 por R$ 74.873, ou R$ 17.631 a menos que a mesma versão SR, mas a diesel.
Para compensar essa diferença, o dono teria de rodar 70 mil quilômetros para começar a poupar dinheiro com o diesel. Na prática, você precisaria ficar ao menos quatro anos e meio sem trocar a picape, considerando que o brasileiro roda, em média, 15 mil quilômetros por ano. Isso sem contar o seguro alto da versão a diesel.
Já a Nissan não apostou no motor a gasolina. Teve muito trabalho --e despesa-- para transferir a produção da fábrica da Tailândia para a de São José dos Pinhais (PR). Dos males, o menor. Produzindo aqui, a Nissan reduziu o custo e oferece uma picape cabine dupla e 4x4 por R$ 105.290, R$ 6.500 a menos que a Hilux SRV a diesel argentina.