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    Um pouco da história dos motores Toyota Bandeirante




    Segue matéria "American as..." do blog Auto Entusiastas:


    AUTOentusiastas: AMERICAN AS...


    American as...

    Postado por Felipe Bitu

    O flagrante acima é do Paulo Keller, conseguido através de uma de suas andanças pelos EUA. Ele me mandou essa foto há alguns dias, pois sabe que eu sou fissurado, apaixonado e mesmo tarado por esses monstros indestrutíveis que são os Toyota Land Cruiser de primeira geração (o nosso saudoso Toyota Bandeirante).


    O primo do Paulo, o Arnaldo Keller, é um desses caras que adora provocar a gente com ironia e sarcasmo. O Arnaldo foi proprietário de um Toyota Bandeirante picape, 1979, caçamba de madeira e "motor do Nelson Ned". Disse ele que quando tinha raiva de algum empregado ele colocava o sujeito para dirigir o Bandeirante, para maltratar mesmo. Foi o primeiro caso de assédio moral no ambiente de trabalho registrado em Pirassununga...

    Eu também não sou santo e adoro provocar o Alexandre Garcia, que não gosta dos japoneses. Não me lembro onde foi que eu ouvi um ditado chauvinista que enaltecia o americanismo da Chevrolet dizendo "American as mom, apple pie and Chevy" (americano como mamãe, torta de maçã e Chevrolet).


    Pelo menos pra mim, a Toyota é uma empresa tão integrada ao cotidiano dos EUA que eu me recuso a enxergar um carro desse fabricante como japonês. Para mim, a grande maioria dos Toyotas são americanos. É por essas e outras que eu adoro cutucar o AG e sempre que posso digo "American as mom, apple pie and TOYOTA".

    Para entender isso, é preciso voltar um pouco no tempo: o primeiro motor produzido pela Toyota em 1935 foi o "Tipo A", com seis cilindros em linha e 3,4 litros. Era um clone do motor Chevrolet Stovebolt de 3 mancais (fabricado pela General Motors de 1929 a 1936), um verdadeiro plágio mecânico, já que praticamente todas as suas peças eram intercambiáveis com as do motor Chevy.



    Foto: Jason Vogel
    Toyota Tipo A 1935: cópia descarada do Chevrolet Stovebolt 1929.

    Foi ali que começou a fama dos japoneses que "nada criavam, mas tudo aperfeiçoavam": o Toyota Tipo A rendia 62 hp, ou 62,9 cv (2 hp a mais que o Chevrolet), resultado superior conseguido graças a um coletor de admissão redesenhado. Diz a lenda que a Toyota primeiro considerou a "clonagem" do Ford V-8 Flathead, mas desistiu depois de calcular os custos de produção do bloco com duas bancadas de cilindros.


    O Jason Vogel (editor do caderno "Carro Etc." do jornal O Globo) certa vez me disse que o carro de uso pessoal da família Toyoda no Japão era um Chevrolet, sendo portanto natural que o motor Toyota Tipo A fosse um exercício de engenharia reversa da Toyota. Disse ainda que no museu da Toyota o plágio mecânico é assumido numa boa. Seria o caso, portanto, da General Motors pedir royalties retroativos...

    O fato é que até mesmo o padrão de furação das rodas do Toyota Land Cruiser/Bandeirante é o mesmo dos utilitários Chevrolet. Eu descobri isso na prática uma vez que fiz uma viagem com o meu Toyota Bandeirante e tive dois pneus furados: um velho estepe de Chevrolet Brasil serviu de quebra-galho até o borracheiro mais próximo.


    O motor Tipo A deu origem ao motor Toyota "Tipo B" em 1937, coma mesma cilindrada, mas bloco de 4 mancais, baseado no Chevrolet Stovebolt também de 1937. Foi fabricado até 1955, quando cedeu lugar ao motor Toyota "Tipo F".

    O Tipo F era outro clone Chevrolet, desta vez do Chevrolet 235, introduzido em 1950. Este motor foi utilizado pela Toyota japonesa até 1974 e chegou ao Brasil em maio de 1959, quando o primeiro Land Cruiser FJ-25 foi montado no bairro do Ipiranga, em São Paulo (a fábrica de São Bernardo do Campo só seria inaugurada em novembro de 1962). Foram importados até 1961, sendo então substituídos pelos motores Mercedes-Benz OM-324, uma maneira simples de aumentar a nacionalização dos componentes.

    O Toyota Bandeirante, quem diria, nasceu com um "seizão" Chevrolet...

    Os Toyota Land Cruiser chegaram aos EUA em 1957, pouco depois do Toyota Crown, o primeiro carro japonês exportado para aquele mercado. O 4x4 japonês fez tanto sucesso no mercado americano que foi exportado para lá até 1983, praticamente até o final de sua produção (encerrada um ano depois no Japão). Em 1964 chegava ao mercado canadense e a demanda era tão alta que a Toyota foi obrigada a construir uma nova fábrica na Indonésia em 1970, pois a fábrica japonesa simplesmente não dava conta de atender os mercados da Europa, Ásia e Oceania.

    O Land Cruiser foi, portanto, o primeiro cartão de visitas da Toyota no mundo.

    O fato é que o tempo foi passando e as peças de reposição para o motor Toyota Tipo F foram ficando cada vez mais difíceis de serem encontradas. Foi então que alguém se lembrou dessa história da compatibilidade entre os Land Cruiser e a mecânica Chevrolet. Algum primo americano do Alexandre Garcia deve ter colocado o cérebro para funcionar, ligou os pontos e colocou o primeiro Chevrolet small block no subidor de paredes japonês. Estava pronto o primeiro "Bandeirante V-8".

    Foto: 4Wheel & Off-Road
    Bandeirante small block Chevy: o AG ainda vai montar um pra mim...

    Resumo da ópera: na minha singela opinião, só se copia o que é realmente bom. É celebre a frase de Charles Caleb Colton que diz "A imitação é a forma mais sincera de bajulação". Aos meus olhos, a Toyota já nasceu Chevrolet. A nacionalidade americana da Toyota não depende do "jus soli", mas sim do seu "jus sanguinis". Existe uma bow-tie implícita em cada produto Toyota, gostem os americanos ou não.

    A reviravolta dessa história se deu em 1985, quando a NUMMI (New United Motor Manufacturing, Inc) passou a fabricar o Toyota Sprinter (uma versão mais luxuosa do Corolla E80) na fábrica de Fremont, Califórnia. Daquela fábrica saíam dois irmãos mestiços, o próprio Toyota Sprinter e o Chevrolet Nova.

    Em 1989 surgia a divisão GEO da Chevrolet, extinta em 1997. Seu principal produto, o Prizm, sobreviveu até 2002, não sendo portanto extinto como a marca Geo: em 1998 ganhou gravatinha e tornou-se um legítimo Chevrolet, tal qual o Nova de 1985.

    É isso mesmo: o Corolla, o segundo cartão de visitas da Toyota no mundo agora tinha uma bow-tie explícita. O que mais faltava acontecer?

    Não é o Corollinha 1998 de Indaiatuba. Este é 100% americano.

    Hoje a Toyota se dá ao luxo de fabricar praticamente tudo o que agrada os americanos: grandalhões como o Camry e o Avalon, picapes como a Tacoma e a Tundra e SUVs diversos, com destaque para o nostálgico FJ Cruiser. Podem me chamar de herege, o homem das blasfêmias, mas a Toyota é hoje tudo o que a Chevrolet deveria ser. A atual situação não me permite chegar a outra conclusão.

    E para aqueles que acham que isso é o fim dos tempos, o prenúncio do apocalipse, a Toyota ainda teve a cara de pau de colocar o Camry e a Tundra na mais americana das competições automobilísticas: a Nascar.

    Bill Bagwell não gostou: ele é empregado da GM há 23 anos...

    Não sei quanto a vocês, mas eu fiquei extasiado ao ver o Camry No. 22 de Dave Blaney correndo em Indianápolis com aquele enorme CATERPILLAR estampado nos quatro cantos do carro. Foi mesmo uma coisa do outro mundo, tão inimaginável quanto ver um presidente americano negro, de sobrenome "Hussein".

    "American as mom, apple pie and Chevy". O tal ditado me faz lembrar de "American Pie", canção de Don McLean que estourou nas rádios americanas em 1972 citando diversos ícones dos EUA. Há um trecho da música que diz, em referência a Elvis Presley:

    "Now for ten years we’ve been on our own
    And moss grows fat on a rollin’ stone,
    But that’s not how it used to be."

    Elvis foi um ícone americano, tal qual a General Motors. Ambos eram pedras rolantes que estacionaram e criaram musgo. É triste, mas that’s not how it used to be...

    O refrão da mesma canção todos conhecem:

    "So bye-bye, miss american pie.
    Drove my Chevy to the levee,
    But the levee was dry..."

    Não se surpreendam se daqui a alguns anos alguém escrever uma música tão intimamente ligada aos EUA citando um Toyota e não um Chevrolet. A ousadia dos japoneses é tão grande que ninguém sequer duvida que eles possam criar um legítimo muscle-car para suprir o espaço deixado pelo AMC Javelin, o companheiro de aventuras de Challenger, Camaro e Mustang.

    Alguém duvida? Nunca diga nunca, nunca cuspa para o alto! Afinal de contas, existem poucas coisas tão americanas quanto a Nascar, a torta de maçã e a Toyota.



    FB (Felipe Bitu)
    Rafael (bata)
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  • #2
    Otima materia!
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  • #3
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    Achei essa história abaixo falando sobre a origem das primeiras FJ... que inicialmente eram as BJ.... porém está em inglês.

    "J" is indeed for Jeep.
    The original
    designation was the BJ.

    "In 1950, the
    Cold War turned hot. The People's republic of North Korea - supported by it's
    communist allies from China and the Soviet Union - invaded the Republic of South
    Korea. The ensuing battle would be supported by the presence of some 400,000
    American Military personnel.

    To move
    it's armed forces around the rugged Korean Peninsula, the U.S. Army needed
    vehicles. The Willys jeep may have ruled the day through WWII, but the army
    didn't think war surplus general purpose vehicles would cut it in this new
    terrain. Mountains cover more than 70 percent of the Korean Peninsula, which has
    a cold and wet climate.

    The Army
    sought updated vehicles, and it wanted them produced as close as possible to the
    peninsula. So it went to Toyota with blueprints to the venerable and
    combat-proven Willys Jeep and worked with the Japanese company on changes needed
    to meet the challenges in Korea. These changes included the need for a slightly
    longer wheelbase, a slightly more compliant suspension, and a more powerful
    engine than the four cylinder motor in the WWII jeep.

    The engine chosen was the 85 HP Toyota Type B, an inline, 3.4 liter six cylinder fed by a single
    barrel carburetor.

    Officially, the vehicle
    was designated the Toyota Jeep, though it was better known as the BJ because it
    combined the B engine and a jeeplike body and chassis


    At first, the BJ was
    considered inferior to the "real" jeep, but in July of 1951, Toyota Test driver
    Ichiro Taira drove a BJ prototype to the sixth of the 10 hikers checkpoints on
    Japan's 12,388 foot Mount Fuji. That was higher than anyone thought likely-or
    even possible -in a four wheel motor vehicle. Then inspired by a historic
    horseback riding feat accomplised centuries earlier, Taira drove to Okazaki City
    and up steep temple stairs.

    Taira's drive drew
    attention to the BJ."

    "When
    Willys objected to Toyota using the "Jeep" name outside Japan, Toyota opted for
    "LandCruiser"-a twist on the name of the British-built Land Rover that had
    become the post war standard among civilian, if not quite civilized, four wheel
    drive vehicles."


    "In 1955, the
    original LandCruiser, the BJ, was in it's
    final model year and a new version, the FJ, was making its debut. This new
    Landcruiser had a revised body with a face inspired by a traditional Japanese
    warrior's mask."

    Toyota FJ Cruiser
    -Larry Edsall

    Rafael (bata)
    BAND 94 "Estorvão"
    EX-TR4 2010

  • #4
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    Aproveitando o tempo livre.... segue a tradução sobre as FJ40 que deram origem a nossas Bands:


    "J" vem de jipe (Jeep).
    O primeiro jipe da Toyota foi o BJ.

    Em 1950, a Guerra Fria esquentou. A Coréia do Norte - apoiada pelos aliados comunistas da China e União Soviética - invadiu a Coréia do Sul. A batalha foi apoiada com a presença de aproximadamente 400.000 militares americanos.

    Para mover suas forças armadas pelos terrenos difíceis da Península da Coréia, o exército dos EUA precisava de veículos. O Jeep Willys dominou até a Segunda Guerra Mundial mas o exercito sabia que esse tipo de veículo multi tarefas não iria se dar bem neste tipo de terreno. Montanhas cobrem mais de 70% da Península da Coréia que tem um clima frio e úmido.

    O exército procurou por um veículo atualizado, e queriam o mesmo produzido o mais perto possível da península. Então foram até a Toyota levando os projetos do respeitável e aprovado em combate Jeep-Willys, e trabalharam junto com a compania japonesa em mudanças necessárias para encarar os desafios na Coréia. Estas mudanças incluiam a necessidade de um entre-eixos mais longo, uma suspensão mais apropriada, e um motor mais potente que o 4 cilindros do Jeep da Segunda Guerra.

    O motor escolhido foi o Toyota de 85hp chamado Type B, um 6 cilindros em linha de 3,4 litros alimentado por um carburador de corpo simples.

    Oficialmente, o veículo foi nomeado Toyota Jeep, porém ficou mais conhecido como o BJ por causa da combinação do motor B e do chassis e carroceria no estilo Jeep.

    A princípio, o BJ foi considerado inferior ao Jeep "verdadeiro" mas em Julho de 1951, o piloto de testes da Toyota Ichiro Taira dirigiu o protótipo do BJ ao sexto check-point da trilha (de 10 check-points) dos 12.388 pés (3.775m) do Monte Fuji no Japão. Aquilo foi o mais alto que qualquer um pensou ser provável ou possível alcançar em um veículo 4x4. Depois, inspirado por uma realização histórica feita por cavaleiros numa trilha séculos antes, Taira dirigiu até a cidade de Okazaki e subiu pelas inclinadas escadarias do templo. Taira chamou atenção para o BJ.

    Quando a Willys se opôs ao uso da palavra "Jeep" fora do Japão, a Toyota acabou criando o nome "LandCruiser" que tinha um toque do britânico Land Rover e que tinha se tornado a referência entre civis no pós-guerra, talvez não tão civis por serem veículos 4x4.

    Em 1955, o LandCruiser original - BJ - estava em seu último ano de fabricação enquanto a nova versão, o FJ, estava sendo lançado. Este novo LandCruiser tinha uma nova carroceria com a parte frontal inspirada numa máscara tradicional dos guerreiros japoneses.
    Rafael (bata)
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  • #5
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    Excelente !
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    reliquias do Japão

    -copia-de-dsc00053-large-2-.jpg-copia-de-dsc00042.jpg-copia-de-dsc00044-large-.jpg-copia-de-dsc00052-large-.jpg-copia-de-dsc00043-large-.jpgRafael, veja essas LandCruisers, que encontrei no Japão, hoje é muito raro esse tipo de veículo pelas ruas.

  • #7
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    Muito interessante os exemplares japoneses! Pior que lá no Japão deve ser inviável ter um carro com essa idade..... provavelmente tem uma taxa de imposto "diferenciada"....
    Rafael (bata)
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  • #8
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    Vc tem razão, qto + velho o carro, + alto o imposto, inviabiliza tb devido a poluição emitida.

    -dsc00125-copy-large-.jpg

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