Xingando Ronaldo

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[proença]

ressuscitando o tópico e aproveitando a copa 2006

"O Parreira convocou o Bussunda!?
Brasil 1 x Croácia 0. Um resultado magro para um jogador gordo! Rarará! Duas coisas rolaram em campo: a bola e o Ronalducho! Ele está tão gordo que parece que tem um travesseiro na nuca. O Ronalducho está com um travesseiro na nuca. E ele está parecendo sabe o quê? Uma rolha de poço! Eu só conheço uma pessoa com mais agilidade que o Ronaldo: o senador Suplicy! Rarará! E o Kaká? O Kaká salvou a pátria. Jesus é hexa! Aliás, sabe qual a diferença entre o Ronalducho e o Kaká? É que o Ronalducho come de tudo e o Kaká não come ninguém. Rarará! E depois do Ronalducho não é mais Bola pra Frente. É BOLHA PRA FRENTE!"

[proença]

outra visão agora

Copa não é show de David Copperfield

É possível que você tenha lido a manchete do diário argentino "Olé" na manhã seguinte à vitória do Brasil contra a Croácia. "São humanos!", comemorava o jornal. Perfeito. A frase ajuda a entender por que um sentimento ambíguo - bem esquisito para quem está longe daí - tomou conta de tantos de vocês no Brasil, segundo relatos de amigos e o que leio pela internet.

Parece que a seleção frustrou a torcida. Muito bem. Frustração, você sabe, tem a ver com expectativa. Qual era a expectativa de muita gente? Que os meninos da seleção vestissem a capa de super-heróis e saíssem voando pelo Estádio Olímpico.

Lamento. Não vai rolar. Eles são apenas jogadores de futebol. Ah, sim: meia dúzia deles figura entre os 15 melhores do mundo no momento. Está de ótimo tamanho. Por isso somos temidos.

O Ronaldo não foi bem porque é humano, ora. Tem bons dias e também jornadas ruins. Nos bons dias, ele nos levou a duas finais de Copa. Só isso. Coisa de cabeça-de-bagre.

Além das oscilações pessoais, ele não joga sozinho. Depende dos outros (quem foi que armou jogadas para ele e o Adriano?) e das circunstâncias que os adversários lhe proporcionam (a marcação croata foi dura; do outro lado havia 11 jogadores de qualidade internacional, e não 11 postes).

Quem criou a expectativa de que os meninos seriam sobre-humanos jogando contra bandos de paspalhos? O Ronaldo? O Parreira, com aquele pragmatismo germânico?

Não, não. Foram as campanhas publicitárias (o mundo contemporâneo pertence às corporações) e as emissoras de TV, louquinhas para comercializar as cotas das transmissões.

Milhões de torcedores embarcaram na fantasia. Bem-vindos, então, às falsas promessas da sociedade de consumo. Não deveriam cobrar o Ronaldo ou o Parreira, e sim quem vendeu uma competição esportiva duríssima como se fosse um show de David Copperfield.

Para mudar um pouco o foco da discussão, porque se concentrar no desempenho do Ronaldo é estreiteza de raciocínio, não custa lembrar que nos últimos cinco jogos de Copa, ou 450 longos minutos, a defesa da seleção (praticamente a mesma) tomou apenas um gol.

Justamente a defesa, que nunca foi nosso forte, que não é o destaque do atual elenco, que só recebe paulada de todo mundo e que os adversários, nos velhos tempos, não levavam a sério.

Agora, levam.

Dá para entender por onde passam os motivos concretos (não os fantasiosos) por que nos respeitam e admiram ou ainda está difícil? Se estiver, chame o Copperfield.

[proença]

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