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    Relatório Ushuaia – dias 15, 16, 17 e 18

    Data: De 10 a 13 de dezembro

    Flashes sobre Ushuaia (primeira parte)

    Conforme mencionado, não vou me ater muito sobre a cidade, pois existe muita informação sobre esta magnífica cidade na internet. Farei apenas algumas considerações pessoais que podem vir a facilitar uma próxima viagem de vocês.

    Estamos hospedados nos Apartamentos AHNEN. Trata-se de um conjunto de dois apartamentos que o Sr. Eduardo construiu atrás de sua casa. São apartamentos simples, mas estão equipados com tudo que um apartamento necessita ter para o conforto de um viajante. Podem alojar até 4 ou 5 pessoas. Desta forma para acomodar duas pessoas está excelente

    O valor da diária é de 200 pesos. Por esse valor até poderíamos ficar em uma hospedagem mais próxima do centro da cidade, mas aqui estamos alojados como se estivéssemos em nuestra casa. A água quente é muito quente e tem internet no quarto.

    Recomendo com ressalvas, visto que, como já mencionei, o apto não se encontra no centro do agito da cidade. É indicado para quem vem de carro.

    A cidade não é uma cidade para ser considerada como uma cidade bela. Acredito que tal condição é por que esta cidade carrega o estigma de ter sido durante muitos anos uma cidade presídio.

    Quarenta por cento das casas são feias, outros quarenta por cento são mais feias ainda e os restantes vinte por cento dá para o gasto.

    Em contrapartida, o Parque Nacional da Terra do Fogo é um dos lugares mais lindos e de mais paz que já encontrei em toda minha vida.

    Em alguns pontos do parque eu até me questionava se eu estava vivo, pois os lugares que visitei se pareciam com aqueles lugares descritos em literatura espírita aonde a alma vai para repousar após a vida terrena.

    A natureza está em perfeita harmonia e até os animais (aves, coelhos, zorritos) se aproximam de você sem muito medo. Nunca me senti num ambiente tão prazeroso. A entrada do parque custa 45 pesos, mas tudo está muito arrumado, muito limpo, muito organizado.

    Uma furada é o trem do fim do mundo. Utilizando o mesmo você não conhece nem 10% do parque. É uma atração para turistas.

    Quero fazer um registro muito importante: Ao carimbar meu passaporte na agência de correio que fica ao final do parque, com o carimbo do Fim do Mundo, sem me aperceber, deixei cair minha carteira de habilitação, provavelmente no chão.

    Quando me dirigi para um outro ponto do parque, em um centro de visitantes muito organizado, um guarda parque me chamou pelo nome e fui informado que minha carteira havia sido achada no ponto anterior, mas eu podia continuar minha visita tranqüilo, pois a carteira de habilitação já se encontrava na portaria do parque.

    Além do guarda parque da central de visitantes, todo guarda parque que me encontrava pelo caminho, vinha também me informar sobre a carteira encontrada.

    Desta forma, entendi que o universo está conspirando em nosso favor, pois imaginem perder uma carteira de habilitação aqui em Ushuaia e ter que voltar para o Brasil. Imaginem a quantidade de explicações que teria que dar nos “trocentos” postos de controle e fronteiras entre países.

    Um outro passeio foi subir nas montanhas de Ushuaia e andar de teleférico até o Glaciar Martial. Foi a primeira experiência de neve da Gloriete. Ela ficou doida ... Recomendo também esse passeio, bem como os museus da cidade. Eles preservaram bastante sua história.

    Amanhã vamos passear de barco pelas ilhas. Hoje fomos a um lugar fora de Ushuaia, chamada de Estância Haberton que foi um missionário que veio desenvolver um trabalho por aqui. Você roda quase 180 km em estradas sendo 90 em estrada de chão (ida e volta) e quando chega lá não tem nada de especial. Uma furada.

    Estamos caminhando muito pelo comércio bem como nos pontos que estamos visitando. Como tínhamos feito uma preparação física antes da viagem não estamos nos sentindo cansados.

    O que nossos organismos estão sentindo, e muito, é com relação ao relógio biológico. Às 04h00min já está clareando o dia e às 23h00min a noite ainda não chegou. Isso é ótimo quando se está trafegando na estrada, mas fica complicado quando você para num lugar e começa a viver o cotidiano.

  • #14
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    Segunda parte

    Último dia em Ushuaia:

    Segundo os registros meteorológicos, durante apenas 3 dias no ano ocorrem em Ushuaia às seguintes condições de climáticas: Sol durante todo o dia, ausência total de vento e mar infinitamente calmo. Pois foi isso o que ocorreu para brindar nosso passeio de barco pelo Canal de Beagle. O sol está tão quente que Gloriete está usando protetor solar fator 50 em Ushuaia e mesmo assim queimos todo o rosto. Juro por Deus que não estou mentindo.

    Optamos por utilizar um barco pequeno (até 26 passageiros) que permitiria, por seu pequeno calado, uma melhor aproximação das ilhas e o desembarque em uma delas.

    A empresa contratada foi a Patagônia Adventure Explorer. O valor do passeio por pessoa foi de 165 pesos + 6 pesos da taxa de utilização do porto. Vale cada centavo.

    Primeiro fomos ao Farol do Fim do Mundo, depois a uma ilha de lobos marinhos (muito menos quantidade que a Península Valdez), depois em uma ilha de cormorones e finalmente desembarcamos em uma ilha onde fizemos um tour a pé por 1 hora observando a fauna e flora.

    A empresa tem um perfeito serviço de bordo com chá, café, chocolate, biscoitos diversos e ao final do passeio um brinde com licor de café. A guia, Srta. Daniela, muito atenciosa deu todas as explicações em espanhol e inglês para usufruto da expedição.

    Fomos com grupo de terceira idade oriundo da Holanda. Alias como tem holandês e alemão por aqui. A mais novinha do grupo tinha 66 anos e o mais velho 86 e todos em plena forma. Deve ser por causa da qualidade de vida em seu pais.

    Uma coisa incrível está acontecendo: Eu até tenho certa fluência em inglês e não vejo muita dificuldade em me comunicar, mas a Gloriete sem falar uma palavra de inglês tem o mesmo sucesso que eu e somente algumas vezes tenho que intervir. Da mesma forma, durante toda a viagem nunca vi a Gloriete tão conversadora com as pessoas e falando somente em português. Isso é uma prova inequívoca de que não seremos mais os mesmos depois dessa viagem.

    Hoje também Ushuaia estava recebendo 3 cruzeiros marítimos. Cada navio trazia pelo menos uns 1500 turistas. Era um entra e sai de ônibus na via adjunta do porto que vocês não podem imaginar. Desses 4000 ou mais turistas, não vi um jovem sequer nem ninguém com aparência de menos de 50 anos. Um navio vinha da Noruega, outro dos Estados Unidos e outro com destino a Antártica vinha de Buenos Aires.

    Nenhum planejamento é perfeito em uma viagem dessa natureza. Não previ que a Nissan iria ficar tão suja até chegar aqui. Não sabia que o trecho em território chileno estava tão ruim e com tanto pó. Resultado: Domingo, às 3 horas da tarde, após o passeio de barco, aproveitamos o tempo disponível até o jantar para fazer uma lavagem completa na Nissan. O preço foi um pouco alto = 150 pesos.

    Nunca vi tanta lama por baixo do carro. Ao final da última lavagem, eles usam água quente para lavar a carroceria e a pintura fica linda. Posso afirmar que a Nissan Amarela, neste momento, é o carro mais lindo de Ushuaia.

    Assim que acabou a lavagem, fomos abastecer no mesmo posto do dia da chegada e o frentista quis tirar uma foto do carro. Muitos transeuntes faziam sinal de positivo quando passávamos na Rua San Martin. Sucesso total.

    O lavadero chama-se Max 20 e fica na Rua Magalhães 1525 e é operado por imigrantes da República Dominicana que trabalham 24 horas por dia, 7 dias por semana. Me perguntaram sobre o grande cantor Alexandre Pires que é o maior sucesso na República Dominicana. Eu respondi que ele era tão famoso no Brasil quanto eu, ou seja, ninguém conhece.

    No posto de serviço que abastecemos o frentista era peruano. Pegamos também taxi por duas vezes e os motoristas eram da Bolívia e hoje vamos jantar em um restaurante de chilenos que preparam uma boa comida do mar. Ou seja, quem pega no pesado por aqui são os imigrantes. Os argentinos parecem que só trabalham até Rio Gallegos. Na Terra do Fogo somente administram o trabalho dos imigrantes.

    O último jantar em Ushuaia:

    Resolvemos mais uma vez sair do sério.

    Procuramos três casas de pescado e todas as três estavam cerradas porque hoje é domingo.

    Procuramos então um restaurante que preparava cordero assado fueguino e fomos apreciar essa outra especialidade gastronômica da região.

    Acho que era um restaurante fino, pois as pessoas chegavam à porta, davam uma olhada nos preços do cardápio e seguiam em frente.

    Nunca tivemos dinheiro, mas temos muito estilo e como a Nissan Amarela estava parada em frente ao restaurante ficava muito difícil que o garçom não tivesse uma opinião Favorável sobre nós.

    Comi uma das melhores carnes de minha vida. Superou o cordeiro de Rio Grande. O nome do restaurante é La Rueda e a refeição com um bom vinho, água mineral e 2 cocas ficou em 182 pesos. Com propina opcional ficou em 200 pesos. Acho que o encareceu foram as coca colas. No próximo jantar vou procurar evitar consumir coca colas.

    O cambio aqui em Ushuaia de Real para Peso está situado em 2,08 pesos para 1 real.

    Acabamos nosso jantar às 21h30min horas e fomos dar uma volta a pé pela cidade, mas antes passamos protetor solar, pois o sol estava muito forte.

    Voltamos para o apartamento e Gloriete esta começando a organizar a bagagem para nossa partida manhanã muy temprano.

    Uma boa noite e inicia-se a fase 2 de nossa expedição.








  • #15
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    Relatório dia 14 de dezembro:

    Olá !!!

    Mudamos a metodologia com relação à correlação dos dias da viagem com relação à data do mês.

    Primeiro porque quando se viaja perde-se um pouco do controle de datas e depois que com certeza a cada dia que se passa temos certeza que não alcançaremos o destino final e teremos que abortar algum trecho, ao final, pós Mendoza. Não por falta de dinheiro, problemas, ou saúde e sim por falta de tempo.

    Vamos então ao relato:

    Últimas considerações sobre Ushuaia:

    Partimos ontem, segunda feira, dia 14 de dezembro, às 05h30min horas impreterivelmente conforme previsto, pois o trecho até Punta Arenas seria longo e bastante trabalhoso.

    Ushuaia não é uma cidade Argentina. É uma cidade do mundo onde aportam pessoas de todas as nacionalidades para conhecer ou em busca de algum nicho de negócio ainda não explorado. Incrível que como que lá em Ushuaia não se percebe o “espírito argentino” como se percebe em Rosário ou outra cidade do interior argentino.

    O Argentino apenas detém a posse do território, mas aqui em Ushuaia é terra de todos.


    A viagem até Punta Arenas:

    Dirão vocês que fantástico piloto é esse que vence uma distância de quase 480 Km, atravessando o Paso Garibaldi pelos Andes debaixo de uma névoa escura com se fosse uma fuligem, dirige debaixo de chuva até Rio Grande, perde um pouco de tempo em abastecimento de combustível extra, faz o trâmite de duas fronteiras reconhecidamente burocráticas, viaja em estrada de rípio por quase 14º km e chega ao ponto do transbordador em 6,5 horas (seis horas e meia) de viagem

    Trata-se apenas de piloto guerreiro que em sua viagem de retorno descobriu, através de conversa com motoristas de empresas de petróleo que existia outro caminho entre a aduana chilena e o porto de embarque do transbordador.

    É uma estrada usada por chilenos e motoristas que conhecem o trecho e onde um louco pode andar a mais de 120 km por hora em pleno rípio de alta qualidade. É claro que não passei de 90 km por hora e mesmo assim depois de algum tempo coloquei a tração 4x4 por uma questão de segurança.

    Resumo do segredo: Aquele trecho mencionado na viagem de ida onde vencemos essa parte em 2,5 horas e meia e com grande audácia, pode ser feito com muita segurança em 1,5 horas passeando e olhando a paisagem. É claro que não existe indicação deste caminho como se fosse o caminho correto. Como estou sem tempo agora, quando chegar ao Brasil vou pegar o Google Earth, vou plotar as informações.

    Ao chegar no porto do transbordador, chegaram uns 5 minutos após, um casal baianos que estavam vindo das Ilhas Malvinas. Isso sim é que deve ser viagem. Eles vieram até Punta Arenas de avião, foram as Malvinas também de avião e no retorno alugaram um carro para visitar Ushuaia. Cabe ser ressaltado, que ir as Malvinas só tem um vôo por semana e obriga a ficar no arquipélago por uma semana. Vou pesquisar isso ...

    Esse casal passou pela aduana do Chile com uma diferença de tempo de quase 1 hora antes de nós e chegaram uns 5 minutos depois. Isso confirma a vantagem do caminho alternativo.

    Atravessamos no transbordador sem problemas com as toninhas acompanhando a travessia por todo o percurso e do outro lado pegamos um tapete de pavimentado que eles chamam de rodovia no Chile e chegamos 2 horas depois em Punta Arenas viajando grande parte do tempo pelas margens do Estreito de Magalhães em uma viagem muito bonita.

    Curiosidade: A medida que a estrada se aproxima de Punta Arenas, o pavimento vai ficando como que “frisado” em frisos muito finos para que no inverno o auto tenha maior aderência.

    Atividades em Punta Arenas:

    Não somos mais jovens e tomamos a decisão de que não iremos nos sacrificar e sair tão temprano para viajar. Só em último caso. Se não der para completar o percurso, pedimos antecipadamente desculpas.

    Como falamos saímos às 05h30min horas e às 14h30min estávamos chegando a Punta Arenas. Como não tínhamos um peso chileno sequer, nossa primeira necessidade era fazer um cambio de moneda até mesmo para comer ou colocar combustível.

    A solução encontrada foi então entrar na área de Zona Franca que fica a esquerda da via de acesso a cidade, logo na entrada, estacionar o carro logo na entrada da área do primeiro Shopping Center e nos dirigir a um quiosque de cambio. Trata-se uma operação mais simples do que ir a um caixa de banco no Brasil.

    A cotação ontem era de 492 pesos por dólar. Hoje vou trocar mais um pouco, pois acredito que esse cambio será melhor do que o cambio que encontraremos em Torres de Paine e Carretera Austral.

    O valor acima será também um referencial para vocês terem uma idéia de nossos custos por aqui.

    Bem, chegamos, fizemos cambio e com dinheiro no bolso fomos procurar a hospedaria que tínhamos mais ou menos reservado.

    Achar a hospedagem foi mais fácil de achar do que achar algum ponto na cidade de Vitória por exemplo. Punta Arenas é uma cidade retangular, portuária, com sua costanera, e como 2 avenidas importantes em um sentido e 1 avenida cortando essas duas. Não tem como se perder.

    Chegamos a hospedaria e vimos mais barracas armadas no quintal do que em um camping. Procuramos o dono que nos informou que os quartos internos estavam todos ocupados. Havia “bichos grilos” de todo o mundo, principalmente oriundos de Israel. Realmente essa não era nossa praia.

    Pedimos uma indicação sobre uma outra hospedagem a nos foi indicada Hospedagem Mreya situada na Calle Boliviana n. 375.

    Nossa primeira impressão não foi boa. Em Punta Arenas é um costume muito antigo, de cidades portuárias, de os habitantes dedicarem uma parte de sua casa a visitantes que buscam pouso.

    Este é o caso da hospedaria em si. É como se fosse à casa de uma tia velha sua que você não visita a mais de 30 anos e de repente vem visitar. Obviamente isso tem um custo e esta saindo 7500 pesos por pessoa por dia com direito a café da manhã e um bom papo com os proprietários.

    No nosso caso a proprietária tem 82 anos, faz serviço voluntário no hospital da cidade e sua filha Mreya (57 anos) e seu filho Cesar (60 anos), ambos solteiros, cuidam de tudo.

    A noite a Sra. Mryeia e o Sr. Cesar são arrendatários de um restaurante no Club Magalhães (futebol) e a comida é muito boa e barata e a especialidade de la casa são as empanadas. Cada empanada chilena custa 600 pesos.

    Ao final da tarde ainda fomos visitar o Forte Burnes, o Puerto Hambre e a Bahia Calma onde ficam os barcos pesqueiros que trabalham com a pesca de centoula.

    À noite jantamos no restaurante dos proprietários da pousada e tudo ficou em 5000 pesos. Devo deixar claro que esse não é o preço de uma refeição normal por aqui. Estarei enviando outros preços para vocês terem uma idéia.

    Abasteci pela primeira vez com o diesel chileno. Não usei o aditivo Teccom 10 dessa vez e durante minha estada no Chile e não vou usar. Se o diesel Argentino já era bem superior ao diesel do Brasil, o diesel do Chile é tão melhor na mesma proporção. Ou seja, o maior pais do continente continua oferecendo para seu povo o pior combustível do mundo.

    Gloriete está com uma pequena indisposição intestinal mas nada sério. Coloco esse particular neste relato como que um aviso para que vocês tomem o cuidado necessário em uma viagem dessa natureza. Nada que um restaurador de flora intestinal e um IMOSEC e um com chá com torradas por 1 dia não resolva. O causador de tudo, ela acredita que tenha sido a orgia gastronômica do cordeiro patagônico em Ushuaia.


    Estarei enviando mais notícias.

  • #16
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    Relatório dia 15 de dezembro:

    Primeira parte

    Com a indisposição da Gloriete, ficamos um 1 (hum) dia a mais do que o planejado na cidade de Punta Arenas no Chile. Tal decisão foi tomada até mesmo por questões de segurança de nossa travessia, pois a cidade aqui teria muito mais recursos no caso de uma evolução do quadro clínico.

    Entretanto, tranqüilizo a todos, pois agora, às 19h00min horas, do dia 15 de dezembro, Gloria está descansando um pouco, visto que daqui a pouco vai iniciar a faina do rearranjo na bagagem do carro. Amanhã cedo, com muita tranqüilidade, iremos partir para a cidade de Torres del Paine. O mais difícil é isolar a luz solar que às 04h00min horas da manhã já se faz presente inundando o quarto.

    Da mesma forma / metodologia que usamos para descrever nossa estadia em Ushuaia, iremos descrever nossa estadia em Punta Arenas, ou seja, não vou tecer maiores comentários sobre a cidade.

    A Internet é por demais rica em detalhes sobre esses lugares. Vou me ater somente às minhas impressões pessoais e conversas com os habitantes.

    Considerações sobre Punta Arenas:

    Como já tinha comentado a cidade é bem traçada. É impossível uma pessoa se perder. Nas avenidas maiores, existem 3 pistas de rolamento. Se você vai virar no futuro à direita, fique na pista da direita. Se seu propósito é a esquerda, fique na pista da esquerda. Se for em frente, fique no meio. O tráfego flui e ninguém atrapalha ninguém. Quem sobe ou desce, visto que a cidade é um pouco inclinada, tem a preferência nos cruzamentos.

    Voltando a falar na hospedaria que a Gloriete resolveu denominar de Hospedaria Deus nos acuda,existe mais um hóspede. Trata-se do Sr. José Carlos que exerce a função atual de desarmador de navios.

    Gloriete colocou esse nome na Hospedaria porque onde estamos hospedados, seria para ela, a última opção de hospedaria em uma cidade e no desespero por não encontrar um pouso para dormir, você evocaria Deus e ele conseguiria pelo menos um local para seu pouso emergencial.

    Como toda virginiana, Gloria aproveitou para dar uma faxina em toda a cozinha disponível para os hóspedes e só não continuou pela sala e outros aposentos porque eu não deixei. Se ficássemos uma semana por aqui Gloria dava um jeito em tudo e até mandava dar uma pinturinha externa na hospedaria.

    No meu entendimento ela esta sendo muito exigente nessa viagem, pois para mim está melhor do que um camping e melhor também do que algumas vezes que dormimos dentro da Nissan na viagem ao Atacama, no meio do nada, na região do Chaco na Argentina. Aliás, já tenho 2 propostas para compra da barraca que compramos e que não usamos até agora.

    Conforme mencionamos o outro hóspede, o Sr. José Carlos é um desarmador de navios. Que profissão é essa ??? Trata-se de um nicho de mercado que compra um barco semi-usado a preço de banana e vai desmontando o mesmo, peça por peça, separando todos os materiais e dando destino diferente a cada parte, sejam elas metal, madeira, instrumentos, partes de motor, etc.

    Ele é como se fosse um gerente de ferro velho de navios. Dá até para garimpar alguns instrumentos que farão parte da decoração de uma sala de algum amante de barcos pelo mundo bem como usinas de reciclagem de ferro para nova fundição. Eu pensei que tal serviço fosse feito somente em traineiras (barcos pequenos), mas ele falou que nesse momento ele está desmontando um barco pesqueiro de 68 metros em uma praia fora da cidade.

    Trata-se de um serviço pesado e perigoso, visto que se inicia primeiramente na água e depois vai arrastando o barco para a praia. Tal serviço tem um limite temporal e só pode ser feito na época de verão, pois no inverno é impraticável por causa da neve.

    Vírus no salmão:
    Como várias pessoas tem conhecimento (eu soube de tal fato ano passado no Brasil), a indústria pesqueira de salmão do Chile, ao se tornar a maior do mundo, foi sabotada, provavelmente, pelos Noruegueses.

    Foi disseminado nas águas próximas a Puerto Mont um vírus que ataca os salmões, provocando sua morte, antes mesmo de atingirem um tamanho comercial apropriado.

    É por isso que no Brasil os salmões oferecidos, principalmente nas Redes Carrefour e Wallmart, são de tamanho pequeno e preço baixo. Fiquem, entretanto tranqüilos, porque o vírus isav (infection salmon anemi vírus) só ataca o salmão.

    Isso me lembra a história da vassoura de bruxa anos atrás na lavoura de cacau no Brasil, só que aqui no Chile a vacina foi descoberta justamente pelos Noruegueses, depois de comprarem a maioria das empresas chilenas que trabalham com a pesca de salmão. Deu para sentir a coisa. O Chile não divulgou tal fato, pois ai sim, não exportaria mais um salmão sequer, principalmente para o Brasil.

    Com isso a frota de pesqueiros ficou ociosa e muitas empresas quebraram, ficando com seus barcos abandonados. Nesse nicho de mercado atua então o Sr. José Carlos.

    Estimasse que serão necessários de 3 a 5 anos para a indústria pesqueira chilena voltar a produzir salmão. Fala-se também que o futuro da indústria processadora será em Punta Arenas, em área ainda não contaminada, e não mais a região de Puerto Mont e seus foirdes.

  • #17
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    Relatório dia 15 de dezembro:

    Segunda parte

    Tours por Punta Arenas:

    Hoje de manhã nossa primeira visita foi ao cemitério local. Vejam a descrição do mesmo na Internet, mas posso assegurar que é algo diferente.

    Você caminha por alamedas de pinheiros muito bem cuidados e parece até um lugar que já vi em filmes. Não é um lugar que nos remete a um estado de morte e sim um lugar para evocar recordações dos entes queridos que já partiram.

    Visitei vários túmulos que mais parecem igrejas e o que mais me chamou atenção foi o túmulo do índio desconhecido que realmente tem uma vibração especial pois muitas pessoas fazem peregrinação ao local fazendo seus pedidos. Existem centenas de plaquinhas de agradecimento por graças alcançadas. Você faz um pedido e se o desejo se concretizar você tem que retornar e colocar uma placa.

    Não pedi nada de especial, apenas que ele nos acompanha-se em nossa viagem nos protegendo e quem sabe terei que voltar aqui (André e Marquinhos).

    Existem muitos cachorros vagando pelas ruas, mesmo na praça principal da cidade que é linda. Eles andam em bandos de 20 a 30 cachorros como lá na cidade de San Pedro de Atacama no norte do Chile liderados como lá sempre por cachorros baixinhos (não sei porque – acho que porque baixinho é sempre invocado).

    Convivem muito com os humanos e de sua parte os humanos não se incomodam com sua presença. Deve ser típico de uma cultura como existe lá no Atacama onde o cão sempre fez parte do processo de desbravamento da terra. Em vários monumentos aqui em Punta Arenas, vêem-se sempre o homem, as ovelhas (cordeiro) e seus cães pastores.

    Depois da visita ao cemitério, fomos a uma pinguineira situada fora da cidade uns 65 km. Não foram observados tantos pingüins como na Península Valdez na Argentina, mas vimos os mesmos em um habitat diferente.

    Pagamos 2000 pesos para percorrer uma estrada e 5000 pesos por pessoa para percorrer a pinguinheira e na hora em que chegamos muitos já tinham ido para o mar, pois eles saem na parte da manhã para se alimentar e voltam ao por do sol.

    Filmei quase 20 minutos da vida dos pingüins e independente do atingimento do objetivo, achei que 22 dólares (preço convertido) é um preço muito alto para ver poucos pingüins. Realmente os valores praticados no Chile não são para mim e acredito para a maioria dos brasileiros.

    Existe também uma ilha chamada ilha Margarida que tem uma pinguinheira muito maior. Entretanto, haveria necessidade ter um tempo maior para visitar e não temos, bem como 50 dólares por pessoa. É muito caro para ver pingüins.

    No retorno fomos então visitar (compras) a Zona Franca de Punta Arenas e não percebemos nenhuma vantagem com relação à Cidade del Leste no Paraguai. Os perfumes que minha nora me indicou tinham os preços iguais aos do Shopping Vitória e desta forma não comprei nenhum.

    Um dos meus filhos me pediu também um jogo e este jogo ainda não chegou por aqui. Viva nuestro Paraguai !!!

    Abasteci a Nissan. Vou dar um doce em meu retorno, para quem adivinhar o consumo de combustível da Nissan com combustível do Chile. Façam suas apostas, pois no próximo e.mail, vou dar a resposta a respeito de quanto foi o consumo. Teccom 10 no Chile iria quebrar. Só volto a usar quando retornar ao território argentino.

    Só posso adiantar que andei no mesmo ritmo de velocidade que venho andando e que o combustível oferecido pela toda poderosa Petrobrás no Brasil é uma m...

    O preço do diesel aqui tem o custo médio de 460 pesos, o que equivale ao cambio de hoje a uns 1.58 reais. É claro que o cambio muda, mas é só para vocês terem uma idéia de quanto pagamos a mais em nosso pais. O carro abre velocidade muito rápido e tem uma retomada bem maior.

    Volto a colocar que eu e Gloriete somos viajantes e não turistas. Se existe uma cozinha disponível assumimos (Gloria assume) e prepara uma comida caseira. Isso não parece, mas trás uma economia fantástica, porque uma refeição de 40 dólares passa a custar 5 dólares.

    Em cada cidade vivemos o dia a dia das personas. Gloriete já esta hablando espanhol com certa fluência. Agora enquanto eu estou em uma mesa escribindo para ustedes, Gloriete esta vistando las tiendas hablando com las personas.

    Vamos cenar com José Carlos. Gloriete vai fazer uma típica comida brasileira (Sopa Maggi) para o Chileno que está a mais de três meses sem ver la família.

    Jantar na hospedaria Deus nos acuda:

    Gloriete está lá na cozinha e diz que está bem, preparando nossa cena, O Sr. Jose Carlos está preparando uma carta a qual eu serei o portador para seu filho que se encontra agora na cidade de Puerto Aisen em la Carretera Austral. Deixo claro que o chileno é um excluído digital. Poderia enviar um e.mail para seu filho que aniversariou ontem.

    Quando converso com o Sr. José Carlos me lembro da época em que trabalhei em Recife e estava longe de minha família e até hoje meus filhos não sabem da saudade que eu sentia na época.

    Era o que os escravos chamavam de BANZO, que era uma coisa típica nos escravos com saudades da África. Lá em Recife a saudade de meus filhos era tão grande que os ossos todos doíam. Era como que uma dor subjetiva que não tinha novalgina que passasse e agora estou colocando esse meu particular para vocês.

    Gostaria de dispor mais tempo para escrever, mas estamos em viagem e tenho que ser breve. Quem sabe um dia venhamos a fazer parte de um grupo e partir sem rumo. Estradas à frente, buscando ser mensageiros principalmente da paz.

    É, parece que a aproximação do Natal está me deixando sentimental demais, mas quem me conhece sabe que sou o mais italiano dos descendentes portugueses no Brasil.

    Continuem torcendo por nós e depois de jantar com Sr, José Carlos a minha saudade de Marquinhos e André aumentou muito. Que Deus os abençoe ...

    Um abraço a todos.

  • #18
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    Relatório dia 16 de dezembro – Quarta feira – Miercoles

    Boa noite a todos os amigos e familiares que estão no Brasil bem como a todos os meus irmãos argentinos.

    Primeiramente vamos ao resultado de nosso concurso de ontem. O consumo da Nissan com o óleo diesel chileno foi de 13,8 km por litro. Como ninguém se aproximou do resultado, o premio de 12.000 dólares para a resposta correta fica acumulado para o próximo concurso.

    Hoje já é noite de sexta feira (viernes), mas devido a problemas com disponibilidade de internet em Torres del Paine, somente poderemos enviar mensagens a vocês, amanhã, no sábado.

    Mas vamos às notícias ocorridas no dia (16 de dezembro):

    Viagem extremamente tranqüila até Puerto Natales. Continuo não ultrapassando os 110 km por hora nas retas até mesmo para não forçar o motor do veículo. Tal procedimento dá muito sono, pois as estradas são muito boas, mas o que há de se fazer !!! Também perdemos a paciência e não estamos mais fazendo mais cálculos de kilometragem que rodamos.

    Estamos entrando num estado de laisse fair, ou seja, qualquer coisa que vier é lucro, visto que o objetivo de atingir Ushuaia já foi alcançado e agora é trazer a Nissan de volta para casa, mesmo por um caminho mais longo, e no final correr para o abraço, principalmente dos filhos.

    Deixamos a cidade de Punta Arenas e até diria que, mesmo sendo uma cidade muito organizada, não seria uma cidade a ser incluída num roteiro turístico.

    Em uma viagem dessa natureza, nunca se sabe como o clima irá se comportar e pegamos até um pouco de chuva entre Punta Arenas e Porto Natales. Chegando nessa última cidade, a primeira coisa que fizemos foi nos dirigir ao centro de informações turísticas onde obtivemos informações sobre a cidade e sobre o próximo destino, Torres del Paine.

    É incrível, mas todas as cidades pelas quais passamos, tem sempre um centro de informações turísticas. Isso gera emprego, divulga a cidade e cria um compromisso nos prestadores de serviço a desempenharem bem suas funções junto ao turista.

    Em nossa programação (esqueçam daqui para frente qualquer programação) estava previsto a realização de um pequeno lanche em Puerto Natales e daí para frente uma viagem até Torres del Paine.

    O pequeno lanche se transformou, por indicação, em um almoço e ai fomos almoçar na PICADA DEL CARLITOS. Salmão e Peixe Congrio na faixa de custo de 4500 pesos (9 dólares). Eu pedi o meu Congrio ao pobre que é como pedem aqueles que querem uma boa quantidade. Gloriete foi de salmão.

    Para se ter um calculo de valores aqui no Chile, favor multiplicar o valor por 2 (dois) e dividir por 100 (cem).

    Exemplo: Um almoço de 12.000 pesos para um casal, multiplicado por 2 e dividido por cem equivale a 24 dólares. Queremos deixar claro que somos um casal de classe média baixa e o Chile definitivamente não é para nosso bolso.

    Abastecemos no Posto Esso na saída da cidade. O preço estava um pouco superior a Punta Arenas. Não recordo o preço, talvez um pouco, o equivalente uns 5% (cinco por cento) com relação à Punta Arenas.

    Depois de 1,5 horas trafegando em lindas estradas de rípio, com paradores estratégicos para fotos, chegamos à entrada do parque. O preço de ingresso, para não chilenos, é de 15000 pesos (30 dólares). Entretanto, você pode ficar no parque por prazo indeterminado (dá vontade). Você recebe mapas e orientações das atendentes e começa a se interar das atrações percebendo também que está entrando na zona de preços mais cara do mundo. Bem vindo ao Paine ...

    A estrada a partir da entrada do parque, que já era bonita, fica então cinematografica. Após uns 16 km chegamos ao nosso parador que seria o Camping Peoe, Este camping fica em uma pequena península do lago e a visão que se tem das montanhas e simplesmente letárgica / hipnótica. Você não sabe se arma a barraca ou se fica olhando para a montanha.

    O preço da estadia é 8.000 pesos, por pessoa, somente para armar a barraca e poder utilizar as instalações. É claro que existem algumas cabanas ao valor de 70.000 pesos, mas as pessoas geralmente vão para acampar e ficar em contato com a natureza.

    Escolhemos um local em um bosque próximo as margens do lago. Muito lindo, mas descobrimos a noite que era mais úmido que os locais próximos a administração. A névoa baixou a partir das 22h00min horas (bastante luz ainda) e você não via nada a um metro de distância.

    Os pássaros já estão acostumados com as pessoas e o maior perigo é você pisar em um deles. Muitos pássaros em seu redor, mas o que mais nos impressionou são umas gralhas pretas que ficam te observando e ao primeiro descuido roubam os alimentos tipo pão ou fruta que ficaram em cima da mesa.

    As barracas são armadas em lugares pré-estabelecidos, com um abrigo coberto, como se fosse um meio chalé, para que possa haver uma proteção contra o frio, o vento, a chuva e a neve no inverno. Muito boa idéia ...

    Existe também um mini – mercado na sede administrativa onde se encontra de tudo um pouco. Um restaurante muito bem transado e “de cara” para o lago e a montanha completa as instalações. Pessoas de todo mundo, exceto brasileiros, são o público alvo deste camping.

    Após Gloriete montar a barraca, pois trata-se de uma atividade que requer um jeito todo especial para a coisa, fomos ao restaurante tomar uma sopa quente e ficar olhando, olhando, olhando a montanha em um ambiente com calefação.

    A partir de 21h00min horas a temperatura começou a cair bastante e minha última conferida no termômetro que fica na Nissan indicava 4 graus centigrados. O problema não era o frio e sim a sensação térmica devido à umidade.

    Fomos para a barraca, conversamos e agradecemos a Deus por estarmos em um lugar tão lindo.



  • #19
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    Relatório dia 17 de dezembro – Quinta Feira – Jueves

    Primeira parte

    Dedico a narrativa do dia de hoje a todos aqueles que às vezes acreditam que estão vivenciando uma situação bastante adversa em sua vida, quando na verdade esse problema faz parte de um conjunto de circunstâncias positivas mas que não podem ser percebidas naquele momento.

    Diante desta adversidade, podem até mesmo vir a perder a confiança em si próprios e maldizer os desígnios de Deus o que os levam ainda mais a se abaterem diante de uma situação que não estava prevista.

    Entretanto quem sabe, se tal incomodo não seria uma oportunidade concedida por Deus para o nosso crescimento pessoal e espiritual e nos livrar de um mal maior que poderia vir ocorrer à futuro.

    Estão curiosos !!! Chega de filosofia. Leiam com atenção o descritivo desse dia e tirem suas conclusões.

    Acordei antes das 06h00min da manhã ouvindo o canto dos pássaros que chegava até a nos incomodar.

    O dia já ia alto, e ao sair da barraca quentinha (excelente noite) notei que o pneu traseiro da Nissan estava meio baixo. Verifiquei então os outros. Estavam até um pouco “barrigudos” devido talvez a temperatura fria da noite, mas não meio vazios como o pneu traseiro esquerdo.

    Diante da beleza fantástica daquele local, eu não queria acreditar que estivesse com um pneu furado e sim com algum problema na válvula de encher (pisto) que poderia ter deixado escapar algum ar devido às condições da estrada de rípio que tinha enfrentado até aquele lugar.

    Entretanto, com pneu furado ou apenas meio vazio, eu estava com um problema e tinha que resolver isso rápido para não comprometer o dia.

    Tinha duas alternativas pela frente: Levar o carro para um gramado próximo da administração do camping e trocar o pneu, ou retornar uns 8 km pela estradinha que tínhamos chegado, em um lugar onde eu havia solicitado informações, e que eu me lembrava que havia como que uma pequena oficina de manutenção.

    Seria jogar com a sorte, será que o pneu agüentaria aqueles 8 km ??? Havia uma grande chance deles disporem de um compressor de ar, e se o problema fosse somente o da falta de ar no pneu, seria o melhor dos mundos, e o problema estaria então resolvido.

    Retornei então sob velocidade moderada (a uns 20 km por hora) pelos 8 km daquela estrada cinematográfica até o ponto em que se encontrava a oficina.

    Chegando lá, fantástico, os “caras” tinham uma oficina mecânica completa. Tratava-se de um pequeno estaleiro para a execução de reparos de barcos que navegavam por aquele lago.

    Enchi então cada pneu com 32 libras, pois desde a saída do Brasil não tinha verificado a calibragem dos mesmos. Confesso que tal procedimento deveria ter sido feito pelo menos a cada 2000 km, mas como meus pneus All Terrain da Bf Goodrich geralemente não alteram sua pressão às vezes por meses, eu estava tranqüilo.

    Fiquei torcendo para que o problema tivesse sido resolvido e iniciei então meu passeio diário pelo parque.

    Antes de continuar a narrativa, deixem-me colocar um outro detalhe que não mencionei: Em minha programação de viagem, estava previsto justamente a troca dos 2 pneus traseiros quando chegasse à Argentina ou quando estivesse no retorno para o Brasil.

    O preço de pneu na Argentina é 40% mais barato que no Brasil. Viajei com os pneus da frente em boas condições (80% da condição de novos) e os traseiros, já passando um pouco de meia vida ( 40% da condição de novos).

    Mas voltemos à narrativa;

    Com os pneus cheios e calibrados, fomos a um ponto do parque de onde sairia um passeio de barco.

    Fizemos nossa reserva para o horário das 14h30min horas e como tínhamos muito tempo disponível, pois ainda eram 09h00min horas, resolvemos continuar nossa visita pelo parque.

    Ao voltarmos para o estacionamento, constatamos uma triste realidade: O pneu que havíamos completado com ar estava começando a se esvaziar. Ele estava furado mesmo.

    Ligamos o carro e nos pusemos “pé na estrada”, pois nosso objetivo foi modificado e seria então trocar o pneumático na oficina de barcos onde certamente disporíamos de muito mais recursos e até, quem sabe, alguma ajuda se preciso.

    Ledo engano o meu com relação à ajuda na troca de pneu. Estávamos no Chile e o chileno é somente uma pessoa educada, mas não vai te ajudar mesmo a não ser que tenha algum interesse nesse procedimento. Seu comportamento é diferente do brasileiro e do argentino que são mais emotivos e que te ajudam sem nem mesmo te conhecerem.

    Desnecessário colocar que trocar um pneu de caminhonete não é tarefa das mais fáceis. Não se trata de trocar um pneu de um carro de passeio. Imaginem agora, a dificuldade de uma pessoa que tem um braço com limitações físicas como eu, devido ao acidente ocorrido anos atrás, o qual limitou sua ação do braço em pelo menos 50%. Nunca quis tanto ter um filho junto de mim naquela hora.

    Mas tudo bem, com a ajuda da Gloriete o pneu foi trocado e decidimos que teríamos, por questões de segurança, que reparar o furo do mesmo de qualquer maneira. Volto a lembrar entretanto, que a borracharia mais próxima estava distante a quase 90 km daquele ponto,lá na cidade de Puerto Natales. O nosso dia então começava a ficar perdido.

    Nossa dificuldade não parou por ai. Após trocar o pneu, de repente olhei para o outro pneu traseiro e notei que também estava começando a esvaziar.

    continua ...

  • #20
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    Relatório dia 17 de dezembro – Quinta Feira – Jueves

    Segunda parte


    Não acreditava o que meus olhos estavam vendo. Um pneu tudo bem. Mas com dois pneus furados eu não teria como administrar a situação. Eu não tinha mais um pneu de reserva (estepe) e não iria conseguir outro pneu por ali.

    O que fazer ??? A borracharia como mencionei se encontrava a 90 km de distância. O pneu certamente iria esvaziar no meio do caminho mesmo que eu o enchesse de ar e eu estaria em uma situação muito crítica, em uma estrada de rípio e sem o mínimo recurso.

    Mas o que ocorreu com os pneus, que mistério foi esse de furar 2 pneus de uma só vez ? Resposta: Neste parque existe em alguns lugares uma pedra de origem vulcânica que parece um sílex preto cortante como se fosse uma navalha.

    As estradas de rípio que servem a esse parque tem essa pedra em sua composição de calçamento e simplesmente os meus pneus na condição em que se encontravam eu teria 126% de chances de furar os mesmos.

    De repente surge a solução: Na oficina havia uma bomba de bicicleta das grandes, que eles usavam para encher os barcos infláveis. A mesma tinha um adaptador para que em uma emergência, pudesse ser usada para completar o ar. Não iria resolver o meu problema por completo, mas se eu de tanto em tanto tempo desse uma parada, e colocasse um pouco de ar no pneu, quem sabe poderia tentar chegar a Puerto Natales.

    Pergunta se o Chileno me emprestou a bomba ??? Claro que não, pois alegou que poderia chegar algum barco para reparo e ele necessitaria da bomba. Resultado, aluguei a bomba de bicicleta por 5000 pesos (10 dólares) e ainda deixei a carteira de identidade como garantia de devolução .

    Coloquei um pouco mais de ar no pneu, sem entretanto colocar a calibragem certa, pois a superfície de rodagem estaria mais vulnerável, correndo desta forma mais riscos de pegar outra pedra. Colocamos a bomba dentro da Nissan e partimos para Natales.

    Muitas orações e dez kilometros adiante parei a Nissan para conferir o pneu. Até aquele ponto tudo bem, o pneu tinha esvaziado mais pouco, mas ainda daria para rodar um um outro tanto mais.

    Após rodados uns 25 km comecei a sentir o carro dar uma balançadinha nas curvas. Começa então a operação bomba de bicicleta. Foram 15 minutos de bombadas. Eu toquei um pouco eu e quando cansava a Gloriete assumia e vice-versa.

    A paisagem naquele local era lindíssima. Ao fundo um lago de azul turquesa, com um fundo de montanhas com rajadas de neve. Na vinda tínhamos vindo muito rápido e não tínhamos tido tempo de apreciar a paisagem com detalhes como naquele momento.

    Operação completa, pneu mais ou menos cheio, bomba guardada, seguimos em frente. Repetimos o mesmo procedimento após uns 20 km percorridos e colocamos mais uns 20 minutos de ar.

    Esse procedimento se repetiu por mais uma vez e ai você vai perdendo a paciência. O tempo perdido, o cansaço tomando conta, e até mesmo porque você começa a visualizar, ao longe, a cidade e a estrada asfaltada começa a aparecer no horizonte pois estávamos começando a trafegar em um local mais plano.

    O que nós pedíamos a Deus em nossas orações enquanto tentávamos chegar em Natales é que se tivéssemos que passar por dificuldades tudo bem, mas que nos desse alternativas para contornar o problema. Se ele tinha nos permitido chegar até aquele ponto, ele não iria falhar conosco. Em nenhum momento entramos em desespero pois sabíamos que iríamos no final ter sucesso e temos ainda que entregar a carta do Sr. José Carlos dirigida a seu filho quando chegarmos lá na cidade de Aisen (vocês se lembram do senhor que encontramos em Punta Arenas ? ).

    Chegamos ao asfalto. Agora só faltavam 16 km até a cidade. O pneu já estava rodando no aro e você decide continuar bem devagar não se importando mais em se o pneu vai se danificar ou não.

    Rodados uns 3 km sob essas condições, aparece uma placa indicando a aproximação do campo de pouso local, um pequeno aeroporto regional. Havíamos chegado graças a Deus à civilização. Gloriete poderia ficar segura na caminhonete enquanto eu iria buscar uma solução.

    Após estacionar a Nissan no estacionamento de um campo de pouso, chega um chileno, provavelmente enviado por Deus, perguntando se eu não estava precisando de ajuda, pois tinha visto o meu pneu vazio. Não acreditei que isso estava acontecendo.

    Enquanto a Gloriete ficou aguardando (imaginem a situação de aguardar em um local semi-deserto em um lugar desconhecido), nós pegamos o pneu furado n.01 e colocamos na caminhonete do chileno. Daí fomos para a cidade onde ele me levou na gomeria. Reparamos o pneu e retornamos para o aeroporto para fazer a outra troca .

    Para quem trocou o primeiro pneu deitado sobre o rípio poeirento lá na oficina de barcos, trocar um segundo deitado em um estacionamento calçado e limpo, com a cabeça apoiada em um saco de dormir é uma brincadeira. Quero deixar claro que em ambas as trocas de pneu, tive total apoio (meio a meio) da Gloriete, inclusive no que se refere a auxílio físico.

    Trocado o pneu número 01, fomos para a cidade reparar o pneu 02 que tinha vindo das Torres Del Paine sendo enchido de trecho em trecho.

    Nossa história até poderia terminar por aqui, mas quando perguntei ao borracheiro se na cidade eu teria condições de comprar pneus sem voltar a Punta Arenas ele me informou que sim. Não haveria problema.

    Deu-me então o endereço de uma loja (única na cidade) e me dirigi a mesma. Como é que pode uma cidade de 20 mil habitantes no Chile, longe de tudo, ter uma loja de ferramentas em geral que nem em minha cidade Vitória temos uma igual?

    Lamentamos apenas não ter o pneu Bf Goodrich Alterain em estoque. Tal pneu teria que ser solicitado em Punta Arenas e só chegaria no dia seguinte. Comprei então o pneu que é o mais recomendado / usado na região. O único agüenta as pedras de sílex. Furar pneu aqui é de certa forma normal nas estradas de rípio.

    Comprei então o pneu Hankook tipo 80 X 20 para uso fora da estrada por 178 dólares cada um. Para quem desconhece o preço de pneus de caminhonete pode parecer alto, mas para quem é do ramo, deu vontade de trocar os 4 pneus.

    Agora analisem: Eu tinha o problema de pneus furados e contava apenas com a Gloriete para me ajudar. O problema não era de fácil solução. Dois pneus furados e um estepe disponível é mais do que resolver um problema matemático de 2 por

    1. O desgaste físico e mental foi grande, mas certamente esses pneus não agüentariam trafegar pela mística Rota 40, nem pela Carreira Austral no Chile.

    O que aconteceu foi uma ajuda da providência divina que não deixou que o problema ocorresse mais a frente em um local de recurso praticamente impossível. Se ali tinha sido difícil imaginem na Ruta 40 ou na desabitada Carretera Austral.

    Façam sua avaliação.

  • #21
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    Relatório do dia 18 de dezembro

    Nosso maior problema está sendo com relação à disponibilidade de Internet.

    Quando não é falta de energia como o que ocorria em Torres del Paine é a falta de sinal e quando temos esses dois componentes operantes o Outlook Express dá problema. Fico pensando nas dificuldades que daqui para frente iremos encontrar até chegarmos a Mendoza.

    Mas vamos ao relato:

    Desfizemos nosso acampamento, com tristeza, no Camping Peoe, em dia 18 de dezembro pela manhã.

    Uma curiosidade: A noite por aqui dura em torno de 4 horas, mas no camping, até por ser um camping meio selvagem e não ter iluminação noturna, a escuridão da noite também é mais escura e você não enxerga 1 metro alem de seus olhos. Parece a escuridão daquelas casas malucas com labirinto que vemos em parques de diversão.

    É uma segurança viajar com a Gloriete. Ela pode não ter a menor noção do que é o torque de um motor, mas não conheço ninguém melhor para re-arrumar uma bagagem.

    Ela aos poucos vai me lembrando a senhora sua mãe, Dona Angélica, mas é só não dar muito importância aos seus comentários críticos e teremos a melhor parceira de viagem que um homem poderia ter.

    Dia 18 de dezembro:

    Começamos nosso passeio por outras partes do Parque de Torres del Paine ainda não visitadas. Era nosso último dia naquele maravilhoso lugar.

    Que lugar lindo ... Falando desta forma começo a ficar repetitivo, mas que o lugar é lindo é lindo mesmo. Natureza pura. Temos um olhar crítico, já visitamos muitos lugares, e ao afirmar que o parque é lindo é porque é lindo mesmo.

    Neste nosso passeio, chegamos até um ponto bem próximo das torres. Daí para frente somente através de uma caminhada de 2 horas em relevo bastante agressivo para chegar a uma lagoa ás bases das Torres e ventava por demais.

    Tiramos algumas fotos de acordo com o que o vento permitia (rajadas de até 120 km por hora). Quase ficamos sem a porta da Nissan quando eu tentei abrir minha porta em um determinado ponto onde o vento vinha por detrás.

    Alias com relação ao vento de cauda, a pior coisa é trafegar em baixa velocidade com o vento de cauda. Você viaja na poeira que você mesmo gera.

    Lugares maravilhosos foram percorridos (130 km pelo parque), mas o único risco que corremos, foi quando uma fêmea de guanaco cruzou a estrada em nossa frente sendo perseguida por um macho querendo fazer amor.

    Cruzaram a estrada a mais de 60 km por hora, em dois saltos, e se tivessem na direção da Nissan o choque seria inevitável, pois um animal desse adulto pesa em torno de 100 kilos.

    O amor é lindo, mas realmente é perigoso. Confirmamos a intenção de fazer amor dos guanacos, pois nessa época (primavera – verão) é a época do acasalamento e os animais ficam doidos. O momento é agora ou só depois do inverno do ano que vem.

    Cruzamos os dois passos fronteiriços (Don Guillhermo) sem o menor problema ou burocracia. Mesmo com pouco movimento o procedimento nos passos será sempre o mesmo. É carimbar passaporte de entrada ou saída e registrar o veículo.

    Entramos então na Argentina. É como se estivéssemos em casa. Pegamos uma estrada de asfalto perfeito e logo depois entramos na Ruta 40 em direção a El Calafate.

    Depois de 2 horas de viagem, chegamos a uma simpática cidade no meio do nada com uma estrutura turística de fazer inveja a Campos do Jordão no Brasil.

    Aqui há turismo para todos os gostos e todos os bolsos. Fomos mais uma vez no quiosque de informações turísticas e nos recomendaram o Apart Hotel El Jardim de los Presentes.

    Seria o melhor lugar do mundo se a internet funcionasse. São apartamentos com sala, quarto e cozinha, ideal para famílias até 5 pessoas ao custo de 150 pesos por noite. Muito bom, mas a internet não funciona.

    Á noite fomos dar uma volta na cidade. Tudo muito bem “transado”. Compramos mantimentos no supermercado La Anônima e teremos comida caseira enquanto estivermos por aqui.



  • #22
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    Dia 19 de dezembro e 20 de dezembro:

    El Calafate se baseia no turismo dos Glaciares. Não sei se é porque durante essa viagem estamos vendo coisas tão lindas, que algo para nos fazer impressionar tem que ser no mínimo ultra fantástico.

    El Calafate tem 3 coisas para serem feitas, nessa ordem de importância:

    1. A visita ao parque Perito Moreno com a visão do Glaciar que é fantástica (Seria como as Cataratas do Iguaçu);
    2. O passeio de barco pelos 4 Glaciares ;
    3. O caminhar sobre o gelo (opcional)

    Fizemos os itens 1 e 2 em dois dias.

    A entrada do parque custa 60 pesos e até vale o que é cobrado. Após uma estradinha sinuosa chega-se a um estacionamento onde você deixa o carro e tem 2 opções: Ou pega uma trilha e sobe até o ponto mais alto de observação através de uma passarela metálica ou pega um micro ônibus e sobe até o ponto mais alto e desce por essa passarela até o estacionamento.

    Obviamente fizemos o contrário e subimos por quase 4 km até o ponto mais elevado por quase umas 2 horas de caminhada. Recomendo fazerem o contrário, não obstante a emoção de se ir descobrindo aos poucos o Glacial é melhor.

    O visual é fantástico. São paredões de gelo com mais de 70 metros de altura por quase 6 km de largura. Tem a magnificência de natureza de uma Foz do Iguaçu, só que de gelo. Passeio imperdível. Levamos sandwiches e frutas. Aliás todo mundo faz isso por causa do preço e disponibilidade do local.

    No domingo fomos como que enganados no passeio de barco. Compramos o tour do barco por 295 pesos por pessoa. Nesse preço não está incluído o transfer de ônibus até o porto de embarque que fica em Punta Banderas. O transfer ficaria em mais 40 pesos por pessoa. Como estamos de carro economizamos.

    Chegando lá tem que se comprar novamente o ticket de entrada para o parque. O tíquete do dia anterior valeria, mas ninguém não nos avisou e tivemos que comprar mais outros dois ingressos. Ai foram mais 120 pesos de prejuízo.

    Estou revendo os conceito de que somos classe média baixa. Os custos do combustível, hospedagem e alimentação estão até abaixo do esperado, mas os passeios são muito caros. Entretanto o que se há de fazer. Vir a um lugar desses e não fazer os passeios não tem razão.

    Depois de todos sentados e acomodados no barco, o capitão falou que devido a problemas de excesso de icebergs, não iríamos conseguir alcançar o Glaciar Upsala e o trajeto iria ser modificado ao final para o Glacial de Perito Moreno em vez do Glacial Upsalla e quem quisesse desistir do passeio à empresa reembolsaria.

    Como ninguém ali teria a mínima idéia do que iria acontecer ninguém desistiu e partimos para nossa navegação de 8 horas de duração.

    Quando entrar no barco procurar sentar na parte de baixo, no lado direito, na terceira fila, na janela. Na parte superior balança muito e pessoas não acostumadas poderão enjoar.

    Levar bastante comida, pois serão 8 horas de navegação. Não se preocupe em tirar fotos do primeiro iceberg que você ver. Vai chegar um hora em que você vai ficar cercado de icebergs por todos os lados.

    O não atingimento do Glacial Upsalla comprometeu de certa forma o passeio. Não que a coisa não tenha sido boa, mas não foi o combinado e o passeio ficou meio “capenga”, não obstante ter sido impressionante.

    Voltamos para o hotel e amanhã vamos El Chalten.

    Continuamos atrasados em 2 dias. Cada vez mais temos problemas com Internet.

  • #23
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    Relatório do dia 21 de dezembro.

    Parte 01

    São tantas as emoções !!!

    Como diria o meu amigo Roberto Carlos, são tantas as emoções ...

    O nosso dia de ontem poderia ser considerado um dia de fazer inveja a qualquer aventureiro, a qualquer piloto de rally dos sertões ou a qualquer repórter de um canal de televisão do Discovery Channel.

    Foram 849 km rodados entre as cidades de El Calafate na Argentina e Cochrane no Chile, trajeto esse que ficará para sempre guardado em nossas lembranças.

    Desse total de kilometros percorridos, 281 km foram rodados em asfalto de excelente qualidade, 340 km em estradas de rípio (a mística Ruta 40) e finalmente 228 km em trilhas off - road, inclusive em período noturno, atravessando dois pasos internacionais, através de montanhas (baixas) nos Andes, que fariam o sonho de qualquer jipeiro.

    Como são trechos distintos, com diferentes impressões, vamos dividir a nossa narrativa em três etapas:

    1 - Trecho entre El Calafate e El Chalten.

    Saímos pontualmente às 06h00min da manhã da cidade de El Calafate. Nossa intenção seria chegar à cidade de El Chaiten e utilizar todo o dia para conhecer a cidade e seus arredores, faríamos o pernoite, e no dia seguinte iríamos continuar viagem.

    O frio da manhã, ao sairmos, se situava em torno de - 1 (menos um) grau centígrados, o que já não nos incomoda mais.

    Quem sofre um pouco é o carro que ao ligar parece que bate ferro com ferro no interior do motor nos primeiros segundos (3 a 5). Com relação ao motor pegar pela manhã, não estamos tendo problemas, pois com Teccom 10 (vou querer comissão do merchandisse – Sr. Antônio) o carro pega de estalo.

    Viagem muito tranqüila até próximo da cidade de El Chalten. O vento forte nas retas intermináveis é que prejudica o desempenho do veículo. É claro que poderíamos forçar a marcha e acelerar um pouco mais, mas o consumo iria aumentar muito.

    Ao se aproximar El Chalten, o tempo se transformou e virou em orvalho e uma névoa fina, acompanhada após de chuva mediana, que colocou por terra nossa intenção de conhecer o Monte Fritz Roy e outros atrativos do local.

    A sensação térmica por nós sentida em função da chuva e do vento constante fez-nos buscar abrigo em uma panaderia que fazia pães e empanadas muito boas. Perguntamos quanto tempo àquelas condições de clima perdurariam e fomos informados que pelo menos seriam necessários mais uns três dias para cambiar.

    Como não iríamos ter esse tempo disponível, não tivemos outra alternativa senão abortar esse atrativo e voltamos a ruta principal com destino a Baixo Caracoles onde seria o nosso próximo ponto de estadia. Com isso foram 125 km de ida e 125 km de volta.

    Cabe ser mencionado que El Chalten está sendo preparada para ser uma cidade turística do futuro e toda sua infra-estrutura está sendo montada para isso. Realmente foi uma pena nem ter conseguido ver o Fritz Roy por motivo da neblina.

    Recomendo trazer um galão reserva de combustível, pois o preço do diesel em El Chalten e daí para frente na Ruta 40 está na faixa de 3, 35 pesos que convertido para reais seria em torno de 1,65 reais o que por aqui é um absurdo.

    Viva nossa Petrobras que detém o monopólio do petróleo e o Governo que continuam explorando o manso povo brasileiro e vendendo combustível aos hermanos argentinos por preços muito baixos e de qualidade muito superior a nossa.

    2 - Trecho entre El Chalten até Baixo Caracoles:

    O asfalto de excelente qualidade nos continua acompanhando até o povoado de Três Lagos. Este povoado está situado na província de Santa Cruz a qual está recebendo muitos investimentos e incentivos do governo porque o presidente Carlos Kirchner é originário daqui e desta forma privilegia a região.

    Quando falo sobre o vento, parece também que estou sendo repetitivo, mas o que é interessante, é que as casas e construções foram feitas para resistir a ele e não temos notícias de maiores estragos. O vento patagônico tem nos acompanhado de longa data e parece que sempre aumenta um pouco mais. Rajadas de 120 km por hora (não tenho anemômetro para medir) são coisas normais.

    Encontramos na estrada o caminhão dos alemães novamente. Ele chegou ao posto de serviço um pouco antes de nós e estava abastecendo os seus dois tanques de 600 litros cada um.

    O motorista e a guia então nos deram muitas dicas sobre como trafegar na Ruta 40 e eu achei até que eles estavam exagerando um pouco. Deixo claro que a guia e o motorista falavam em inglês e até arranhavam um pouco de espanhol. Acho que vou começar a fazer um curso básico de alemão, pois foi o povo que mais encontrei por aqui.

    Em Três Lagos completei o tanque depois do caminhão / bus alemão, pois iria finalmente enfrentar os 340 km de rípio da temida Ruta 40 que é famosa pelas dificuldades em se atravessar esse trecho. Posso agora garantir com certeza pelo que eu passei e vou relatar, que para um motociclista seria quase que impossível atravessar esse trecho de 340 km sem correr um risco de vida.

    Entramos na Ruta 40 e seu rípio e posso garantir: Nos primeiros 50 km, se você ultrapassar os 80 km por hora você vai capotar seu veículo. Aos 60 km por hora terá que dirigir com muito cuidado, utilizando inclusive a tração 4x4 ligada, pois senão vai ser jogado para fora da pista.

    Enfrentamos nesse percurso 4 tempestades de areia. A primeira que tivemos que cruzar durou uns 5 minutos era somente de pó que limitava a visão frontal em uns 2 ou 3 metros em frente do caput.

    A sensação é terrível e confesso que tive medo. A Gloriete filmou e registrou os momentos nossa apreensão diante de uma experiência que nunca passamos. Como pode o homem ser tão frágil diante da natureza e ainda existem pessoas que se consideram deuses em suas atividades.

    As outras 3 tempestades foram de menor duração, mas de pior efeito. A areia granulada batia na carroceria parecendo um barulho de chuva de granizo. Sensação simplesmente terrível. Alguns adesivos traseiros e os das portas laterais ficaram como que lixados. A pintura frontal ficou marcada com alguns pontinhos.

    As paisagens da Ruta 40 são fantásticas (estou sendo repetitivo). Tem certas partes que se parece o noroeste argentino devido à aridez.

    Depois de percorrer uns 150 km surge do nada uma estrada asfaltada novinha. Esse trecho deve ter sido asfaltado porque se tratava de um trecho muito inóspito, muito desértico e meio arenoso. Desta forma acredito que os argentinos acharam por bem asfaltar esse trecho para evitar problemas maiores com as pessoas que iriam atravessá-lo. Inicia-se do nada e no nada se acaba.

    Com esse trecho de asfalto no meio do nada e com a melhora da qualidade da estrada nos trechos finais até Baixo Caracoles conseguimos aumentar a velocidade um pouco e fechar nossa média horária nesse trecho em 60 km por hora. Esta distância foi vencida em 5 horas e meia de viagem, incluindo a realização das fotos e filmagens. Cruzamos com 5 (cinco) carros e passamos 1 (um) somente.

    continua ....

  • #24
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    Parte 02

    Com esse trecho de asfalto no meio do nada e com a melhora da qualidade da estrada nos trechos finais até Baixo Caracoles conseguimos aumentar a velocidade um pouco e fechar nossa média horária nesse trecho em 60 km por hora. Esta distância foi vencida em 5 horas e meia de viagem, incluindo a realização das fotos e filmagens. Cruzamos com 5 (cinco) carros e passamos 1 (um) somente.

    É incrível, mas a vida animal é muito rica nessa região. O que mais me impressionou foram 2 bandos de aves parecidas com pequenas emas que ao correrem pareciam um bando de pequenos dinossauros do filme Jurassic Park. Gloriete também filmou em grande estilo a caminhada de um tatu cruzando a estrada e se protegendo em uma pequena moita e logo em seguida enfrentando a mesma (encarava a Gloriete).

    Cabe ser ressaltado que a Nissan é um veículo simplesmente fantástico para fazer esse trecho de rípio, visto que tem a suspensão alta, é super resistente e tem o seu motor chipado, (cortesia de Henrique Caldas Mecatrônica que me faz de cobaia para seus experimentos), obtendo uma potência à maior de (182 HP) para vencer as dificuldades. Trafegar na Ruta 40 para ela é bico ...

    Uma preocupação que tivemos, ocorreu nos kilometros finais antes da chegada ao povoado de Baixo Caracoles.

    O GPS indicava que o local estava se aproximando, o odômetro também indicava que o trecho estava por terminar (informações obtidas no último posto) e a cidade não aparecia de jeito e maneira aos nossos olhos.

    De repente, surge do nada um pequeno oásis no meio daquela aridez. Era o micro povoado de Baixo Caracoles que tem apenas um pequeno hotel abrigo, um camping, um lugar para abastecer, um ou dois bares, um armazém e meia dúzia de casas.

    Perguntei ao dono do bar como ele conseguia viver num lugar tão ermo. Ele respondeu com outra pergunta indagando com qual era a população de minha cidade. Dei a resposta e ele me perguntou como eu podia viver em um lugar com tanta gente. Cada um é cada um ...

    Como eram ainda 18h00min horas e desta forma ainda tínhamos pelo menos 3 horas e meia de iluminação, resolvemos aproveitar essa vantagem de tempo e pedimos a informação ao dono do bar, que ao mesmo tempo explora a venda de combustível, de qual seria o melhor Paso para atravessar para o Chile.

    Ele me informou que naquele ponto em Baixo Caracoles poderia ser utilizado o Paso Robalos ou então o Paso que fica em Los Antíguos que fica mais a frente. Pelo primeiro a viagem seria mais curta, mais bonita, mas teria um preço a ser cobrado, o da qualidade da estrada. O segundo era o paso que todas as pessoas normais utilizavam.

    Desnecessário dizer qual o paso que foi o escolhido por nós.

    Foram 226 km de trilhas nível 1 e 2. O Jeisonk de Mato Grosso já tinha feito um relato anterior a respeito do trecho, mas eu não sabia que seria tão difícil e tão fantástico. Acho que quando ele passou por aqui tinham pelo menos passado uma máquina na estrada.

    Não recomendo a ninguém a atravessar esse paso se estiverem fazendo a viagem com crianças ou um carro que não seja 4x4. Nesta rota às vezes não passa ninguém por dias e o risco realmente é grande. Se for aventureiro e tiver confiança em seu veículo, durma primeiro em Caracoles e saia pela manhã bem tranqüilo e curtindo a trilha.

    O que prejudicou um pouco, é que o senhor de Baixo Caracoles, nos informou que o Paso Robalos encerraria suas atividades às 21h00min horas. Desta forma eu teria somente 3 horas para vencer os 97 km e fazer a saída da Argentina e a entrada em território Chileno. Ele falou que o tempo seria suficiente.

    No decorrer da trilha a mesma foi piorando gradativamente a partir da última estância (fazenda) encontrada e só chegamos à aduana argentina às 20h25min. Fizemos os trâmites rapidamente e corremos os últimos 7 km que nos separavam na fronteira chilena.

    Fomos muito bem atendidos pelos 2 lados e o que foi chato é que os mesmos queriam ficar sabendo como era o Brasil, futebol, Pelé, etc. Como não tínhamos muito tempo para conversar, pois dispúnhamos somente de mais uma hora e meia de luz, o papo ficou para o ano que vem.

    Após a aduana do Chile a estrada (trilha) melhora um pouco e a partir da Estância Chacabulco já poderia ser considerada uma estrada trafegável do tipo das estradas do interior do Brasil. É uma pena que a parte final da travessia dos pasos tenha sido feita já no escuro.

    Mais uma vez fizemos a utilização dos serviços dos batedores angelicais. O que vem a ser isso ??? Uns 30 km antes de cada cidade mais uma vez rezamos e pedimos a Deus que mandem seus anjos na frente abrindo caminho e que nos consigam um bom abrigo.

    Tem dado certo até agora e muitos até dirão que se trata só de pensamento positivo, mas vai ter pensamento positivo assim na ....

    Ontem por exemplo, ao chegar a Cochrane, já eram mais de 23h00min horas, tudo deserto, uma garoa fina e uma iluminação fraquíssima como estivesse com uma fase de energia apenas.

    Vimos alguns rapazes que conversavam em uma praça. Pedimos informação a respeito de um lugar e nos indicaram a Estalagem do Bombeiro (o dono não é bombeiro não). Chegamos lá vimos luz por dentro da casa, batemos na porta e um jovem casal nos atendeu (eram hóspedes também).

    Chamou o dono e 15 minutos depois já estávamos tomando vinho e tomando uma sopa a beira de um fogão de lenha.

    Trata-se de um residencial onde o dono, Sr. Raul, que cuida de tudo, aluga os quartos a 7000 pesos por pessoa com água quente (óbvio) e café da manhã.

    Ficamos conversando até ás 01h00min da manhã e fomos dormir.

    A única coisa que lamento é que essa passagem da Argentina para o Chile deveria ter sido feita com mais vagar, pois as paisagens são mágicas por entre as montanhas e vales com alguma neve ainda.

    Amanhã vamos fazer uma exploração pela região.

    Abraço a todos e como sei que vamos ter dificuldade de internet pelos próximos 4 a 5 dias desejo a todos um Feliz natal junto de suas famílias, pois estaremos em qualquer lugar pelas estradas do mundo.








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