Dia 15) Torres e retorno
Acordei às 5:50h para subirmos 1km e observar o sol nascendo na base das torres. Dayane e Ricardo não quiseram ir, fomos Marcus, Miguel, Eu e um amigo californiano que fizemos na caminhada, Taylor. A barraca estava toda condensada, pingando nas bordas, o frio era absoluto. No camping Base Torres passa um pequeno riacho no meio, as árvores fecham todo o ambiente, fica bem úmido e frio. Mas é um camping bem legal, eu ficaria novamente.
Iniciamos a subida, estava escuro mas a lua cheia ajudava na visibilidade, além das lanternas. Rapidamente o corpo esquentava e o frio já não estava presente mais. Outras pessoas subiam, mas fomos os primeiros a chegar lá. Antes de começar a fotografar Taylor e eu escolhemos um local para colocar a Gopro e fazer um time lapse do momento. Acabamos arrependidos do local escolhido, pois pessoas passaram na frente durante a gravação. Enquanto a Gopro fotografava fui escolher um lugar para me instalar e registrar as fotos. É um momento de contemplação então seria difícil ficar mudando de posição a toda hora.
Achei uma pedra bem localizada e posicionei a câmera. Eu levei o tripé no trekking, mas vacilei e esqueci a base da câmera no carro, a que se instala no tripé. Carreguei 1,5kg de graça. Então o jeito foi posicionar a câmera em cima das minhas luvas, para dar a posição que queria e não arranhar o equipamento. Então tive que deitar na pedra e experimentei o frio mais intenso que já tive. Estava congelante, mas não tinha o que fazer, era ficar ali e esperar. Enquanto eu tirava fotos antes do sol aparecer Marcus chegou e ficamos comendo amendoins e chocolate para passar o tempo.
O local estava cheio, havia diversos comportamentos distintos por lá. Uma pessoa tirando fotos com câmera analógica, fazia tempo que eu não via isso. Outro, amigo dele, estava com uma daquelas Polaroid, que revela na hora. Um espanhol escrevia um relato naquele momento, contava sobre o que presenciava ali. Outro com binóculos, entendendo que mais importante do que registrar era não perder qualquer momento com todos os detalhes possíveis. Sem contar as inúmeras selfies. Engraçado que todos conversavam baixinho, parece que de certa forma respeitavam a contemplação dos outros. Nesse silêncio era possível ouvir barulhos de gelos se rachando na base das torres e um pouco de água escorrendo.
O sol apareceu e foram sons constantes das câmeras funcionando. Registrei ângulos e enquadramentos que eu podia. De vez em quando conferia se a Gopro continuava trabalhando. Foi um momento muito legal, diferente, a luz era fantasiosamente laranja, cor de fogo. É algo impressionante de ver, é rápido, uns 20 minutos apenas.
Anexo 547803https://youtu.be/OM_pJfQMEXo
Depois das fotos, eu já quase congelado, achei Taylor, que tinha levado uma garrafa témica com água quente. Pedi um pouco da água e fiz um chá mate com pêssego para ajudar a esquentar o corpo. Iniciamos a descida, satisfeitos. Fui conversando com o espanhol, de Barcelona, torcedor do clube da cidade e fã de Ronaldinho Gaúcho.
Cheguei no camping, Dayane já tinha guardado a barraca. Viajar com a Dayane é algo muito prazeroso, topa tudo, não reclama e age quando percebe que pode ajudar adiantando algo, uma vez que uma viagem dessa todo tempo é importante para fazer algo relevante para tornar a viagem mais eficiente e proveitosa. Minha esposa.
Fizemos café da manhã e iniciamos o retorno para finalizar o trekking. A sensação já era de despedida, pois o caminho de volta era o mesmo que fizemos, então não havia nada de novo mais. No total caminhamos 93km. Chegamos no hotel Las Torres e pegamos o transfer para esperar o ônibus na portaria Laguna Amarga.
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Ficamos duas horas na portaria, cansados e comendo queijo com mortadela, era o que tinha sobrado do trekking. O ônibus chegou, até o carro era o trajeto por dentro do parque. Depois de cinco dias caminhando entre gelos e florestas densas me estranhou bastante aquela paisagem árida, cor bege, típico de um deserto, mas TDP estava logo ali ao lado.
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Finalmente chegamos ao carro, alegres de sentar em um banco que foi feito para isso, sentar. Guardamos as coisas e saímos sentido El Calafate. Tiramos fotos do entardecer e fomos premiados com uma paisagem espetacular do maciço paine, no qual o sol já se pôs e o ceú em degradê contornava as montanhas. Foi um presente de despedida.
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Optamos por uma hospedagem de luxo, um hotel com cama e banheiro com água quente. Paramos em uma lanchonete El Calafate, comemos um sanduíche e pedimos ao atendente que nos recomendasse um hotel. Negociei pelo telefone e fomos até lá. Era um hotel de bom padrão, em frente ao lago Argentino, ficamos animados em ficar lá, depois de tanta situação de zero conforto que passamos, frio, comida ruim e dormir no chão. Nossos amigos pegaram um quarto triplo, Dayane e Eu pegamos um de casal. Abrimos um vinho que comprei em Ushuaia e comemoramos a façanha de fazer um dos trekkings mais bonitos do mundo.