Postado originalmente por
Gustavo Couto
Dia 20) Los Antiguos/AR - Puerto Rio Tranquilo
Nesse dia tínhamos que acordar cedo, pois eu li aqui no forum dizendo que a aduana de Chile Chico era a mais demorada de todas, tanto é que meu plano original era passar por lá no dia anterior, para evitar gastar tempo deste dia. Mas como falei, gostei tanto de Los Antiguos (e recomendo ficar lá) que acabei parando para dormir no camping que considero um dos melhores de todos durante minha viagem. Era tão bom que acordamos 8:20h pois a bateria do celular acabou kkkkkkkk... furando toda a disciplina que estávamos cumprindo até ali. Mas digo que foi um descanso que nos renovou para o restante da viagem, foi bom demais. Os banheiros são de água quente, limpos e organizados, tomei banho de manhã, pois sabe lá que o poderá encontrar no final do dia e ficar uma noite sem tomar banho não seria um grande problema, caso não fosse possível. O camping é administrado pela prefeitura e se não me engano pagamos em torno de 30 reais por pessoa.
Então fizemos café, nos arrumamos e saímos tarde, bem mais do que estávamos acostumados. Eu estava um pouco chateado por isso, mas ao mesmo tempo fiquei aliviado pois tínhamos aquele dia ‘extra’ que pegamos em El Chaltén. Ainda havia a maldita aduana demorada em Chile Chico para atravessar e a ideia era dormir em Coyahique, como estava previsto no roteiro. Nos despedimos do pessoal do camping e seguimos em frente. Logo na avenida principal passamos por uma ‘vendinha’ pequena, em que tinha uma placa informando que vendia pão frito. Ficamos curiosos e passamos lá para conferir, para complementar o café da manhã e levar para lanche também. Compramos o estoque dela hahahaha e comemos bastante, era uma delícia, me lembrou a famosa cueca virada ou o grustoli, só que sem o açúcar refinado. Aproveitamos e levamos um pão caseiro também.
Em seguida subimos a serra, ao lado da cidade, onde havia mirantes para curtir a paisagem da cidade com o lago e montanhas no fundo. Chegando no mirante tiramos algumas fotos e foi bem legal ver a perspectiva da cidade toda com as árvores amarelas, predominante.
Voltamos e pegamos a estrada para o Chile. Chegamos na aduana, a mais bem estruturada que vimos na viagem, recém construída. Preenchemos os papéis como solicitado e em seguida pediram para ver o porta malas. Naquele momento já apresentei o ovo caipira que compramos na Argentina, era nosso café da manhã e tínhamos consumido apenas umas 6 unidades. Imediatamente nos confiscaram os ovos e fiquei triste. Me perguntaram se havia mais alguma coisa e afirmei que não, daí pediram para retirar TODAS as malas e passar no raio x, igual a um aeroporto. Fizemos isso, colocamos no carrinho e eis a surpresa, havia dois tomates e uma cebola escondida em algum lugar. O rapaz as retirou e nos liberou para prosseguir. Nisso tudo aí gastamos uns 40 minutos, ou mais.
Chateados com a perda dos ovos e do tempo já sabíamos naquele momento que não daria para chegar em Coyahique nesse dia, então decidimos desfrutar do trajeto com mais tranquilidade. Logo em seguida paramos em Chile Chico para comprar carne para o jantar do dia e achamos um supermercado. Ali mesmo já vimos vários vinhos com preços muito baratos comparado ao Brasil, algo entre 60% e 50% mais barato. Como essa era uma das nossas ideias, trazer vinhos do Chile, aproveitamos para comprar vários ali. Fui no açougue e pedi o famoso ‘lomo’, que para nós é filé mignon. Pedi e o açougueiro não conseguia encontrar a carne, quando um cliente, ao meu lado, mostrou a peça para ele e começou a me dar dicas de qual é a melhor carne para se comprar, disse que as mais escuras são as melhores, aquela que tem aparência de velha. Agradeci, comprei e seguimos em frente.
Poucos quilômetros dirigindo, já em rípio, soube o porquê de tanta gente ter sugerido ir por Chile Chico. A paisagem era simplesmente espetacular, do lago Genenral Carrera (que é o mesmo lago Buenos Aires, mas você atravessa a divisa e muda de nome) com as cordilheiras no fundo. Já estávamos na Carretera Austral e isso me causava uma sensação de exclusividade, de privilégio. Ficamos animados. A cada pequena distância percorrida parava para fotos, curtimos bastante o trecho.
Mas na medida que chegávamos em Puerto Rio Tranquilo, afinal já tínhamos decidido dormir lá, o tempo fechava e chovia de vez em quando, chuva leve e fina, mas com a paisagem bem carregada de nuvens, o que me desestimulou um pouco, pois gosto muito de fotografia e tempo nublado atrapalha bastante. Bom, de qualquer forma eu não podia reclamar, afinal já foram ⅔ da viagem até agora foram em clima perfeito, sem qualquer situação para reclamar. Ter feito Torres del Paine como eu fiz, ficando 5 dias no trekking W e com tempo muito bonito, já era metade da viagem para mim. O que viesse era lucro.
Já que a ideia era dormir em Puerto Rio Tranquilo pensei em aproveitar para fazer o passeio das Capilas del Marmol, mas chegando na cidade o tempo continuava ruim e eu preferi abortar o passeio. Na verdade, esse era um dos passeios que eu não fazia muita questão, não me atraía muito. Procuramos o camping que eu tinha em lista, Camping Bella Vista, achamos, andei pelo local e gostei, pagamos 5 mil pesos chilenos por pessoa, em torno de 25 reais. Ficamos por lá mesmo, pois tinha uma área protegida do vento e frio, de madeira, com wi-fi e energia elétrica. Tinha também utensílios de cozinha e pia para cozinhar. Mesas grandes de madeira, confortável. O chuveiro é quente e os banheiros estavam limpos. Lá funciona um hostel, que sem dúvidas é uma boa escolha por ali também.
Fizemos a janta, um bife de ‘lomo’ com arroz, feijão e tomate (que compramos no supermercado) acompanhado de vinho chileno. Oh beleza! Foi a melhor janta em dias! Aproveitei para carregar baterias, descarregar fotos e bater papo com a família e amigos no whatsapp. Aí era dormir porque no dia seguinte iríamos até Coyahique, ou seja, aquele dia ‘extra’ que tínhamos foi queimado hoje. Agora é seguir o roteiro novamente.
Neste dia não abastecemos, então o resumo será no dia seguinte.
Segue abaixo o time lapse do dia.