Saímos de Curitiba às 13:45 h. Nosso destino era a cidade de Presidente Prudente, SP. O deslocamento foi de 615 km, feito em 7 horas sem maiores emoções. A estrada no estado do Paraná já é nossa conhecida, e a de São Paulo excelente, duplicada de Ourinhos a Presidente Prudente, o que torna mais tranquila a viagem para quem faz este trecho à noite.
Apesar de alguns mapas mostrarem que o caminho normal seria via Rodovia do Café sabíamos que é melhor ir de Curitiba a Prudente por Ourinhos. A distância é um pouco maior mas anda-se em pista dupla por quase 400 dos 615 km deste deslocamento.
Localizamos nosso hotel com facilidade. Hospedamo-nos em um Ibis, que é tipo McDonalds: sem surpresas, você sempre encontra a mesma coisa. Saímos para comer uma pizza e fomos dormir. O dia seguinte seria pauleira, quase 1.200 km a percorrer.
Segundo dia – 02/04/16
Deixamos o hotel antes das 7:00 h rumo à Várzea Grande, Mato Grosso. Foram 1.190 km percorridos em 14 horas. O início da viagem foi muito bom. Por ser sábado havia pouco movimento na estrada, principalmente de caminhões. Até a divisa dos estados de SP e MS a rodovia é bem sinalizada e com pista dupla, e também no Mato Grosso do Sul muitos trechos já estão duplicados. Falta coerência, pois duplicam a rodovia no meio do nada enquanto alguns trechos urbanos ainda são em pista simples. Passar por Campo Grande é um bom exemplo. O contorno da cidade não está duplicado e a mistura de trânsito local com o de viajantes traz atraso e perigo para quem passa por lá.
Chegando em Rondonópolis, já no Mato Grosso, nossa tranquilidade acabou. Muitos caminhões, pista em obras e em mal estado, chuva e início da noite. Dá para imaginar como fica perigosa a viagem. Faltando uns 50 km para chegarmos em Cuiabá pegamos pista dupla novamente. Nesta parte da rodovia está a famosa descida da serra, que antes da duplicação era o tormento de quem precisava ir para o norte do estado. Descemos a serra bem, com pouco movimento.
Para chegarmos em nosso hotel em Várzea Grande precisávamos passar por Cuiabá. Estas duas cidades são na verdade uma só. Na chegada de Cuiabá há um novo viaduto que leva ao contorno desta cidade, mas este viaduto não apareceu no GPS. Resultado: em vez de pegarmos a saída para Várzea Grande entramos em Cuiabá e nos batemos para saber como pegar o caminho correto novamente. Paramos em um posto para pegar informações, aproveitamos para abastecer os dois veículos e saímos em direção ao hotel. Nos batemos mais um pouco, mas lá chegamos perto das 21:00 h. As informações do GPS não eram precisas, e paramos em um hotel para perguntarmos onde era o nosso, e para nossa surpresa estávamos no próprio.
Hospedamo-nos no Bandeirante Pantanal Hotel. É razoável, com a vantagem de ser às margens da rodovia. Não se perde tempo. Infraestrutura nenhuma, mas dá para pedir comida por serviços de entrega.
Encontramos com nossos companheiros que haviam saído de Minas um dia antes de deixarmos Curitiba. Tomamos algumas cervejas e fomos dormir.
Terceiro dia – 03/04/16
Mais uma vez antes das 7:00 h saímos do hotel. Destino: Cacoal, Rondônia.
Os primeiros 200 km, de Várzea Grande até Cáceres, são por estrada muito boa e paisagens bonitas. Derivamos um pouco para o sul para desviarmos uma serra e a partir de Cáceres subimos rumo noroeste. Cruzamos o rio Paraguai, levei duas multas e seguimos em frente. A rodovia continua muito boa e assim vai até a divisa entre os estados de Mato Grosso e Rondônia.
Paramos em um posto em Pontes e Lacerda, mas não quisemos abastecer porque o posto não era de bandeira conhecida. O GPS indicou que havia outro posto poucos quilômetros à frente, mas lá chegando vimos que este também era do tipo genérico. Decidimos abastecer ali mesmo. Parei em uma das bombas e fui atendido por uma moça. Tinha ainda uns 20 l de combustível, mas quem ditava o ritmo de reabastecimento era a Defender 90, por ter menor autonomia.
De repente a moça que estava abastecendo a 110 arregalou os olhos, falou: “Putz, fiz merda...” e desligou a bomba. Não entendi e perguntei o que havia acontecido, e ela disse: “Coloquei gasolina”. A bomba na qual eu havia parado era com dois bicos, um para diesel e outro para gasolina. E ela errou de bico.
Retirar todo o combustível era o que deveria ser feito. Como eu não havia funcionado o motor as tubulações continham apenas diesel, o que diminuía o risco de afetar a viatura. Decidi esvaziar o tanque, encher com diesel, esvaziar novamente e só então abastecer e ligar o motor, a fim de diluir ao máximo a gasolina que havia sido colocada no tanque.
Começamos então a tirar toda a mistura gasolina/diesel e fizemos a sequência descrita acima: abastecer com diesel limpo, tirar tudo novamente e só então abastecer e ligar o motor. Ao gerente do posto coube a ingrata tarefa de chupar a mangueira para tirar o combustível. A operação esgota/enche/esgota/enche foi feita em uma hora e meia.
Perto do meio dia bati a chave, confesso que com alguma apreensão, mas tudo deu certo. O motor pegou, funcionou e não apresentou nenhum problema. Que perrengue!
Almoçamos ali mesmo e seguimos viagem. Gradativamente a paisagem foi mudando, passando de cerrado para floresta. As árvores (as poucas que restam) vão ganhando porte, as veredas e os buritis se repetem, tudo muito bonito. Ricas fazendas com lavouras enormes acompanham a estrada.
Cruzamos a divisa entre Mato Grosso e Rondônia e as condições da rodovia mudaram da água para o vinho. Ou da água para o vinagre. Crateras com 1 metro de diâmetro e 30 cm de profundidade surgiam aos montes no pavimento. Trechos quase sem asfalto, caminhões e carros fazendo zig-zag para lá e para cá, muito perigoso. Como era dia conseguíamos nos virar sem nos colocar em risco, mas à medida em que foi escurecendo as coisas começaram a se complicar, deixando a viagem tensa.
O ponto máximo desta rodovia terrível é a chegada a Pimenta Bueno. São alguns quilômetros sem asfalto, buracos enormes, poeira, muitos caminhões e até uma cobra atravessando a estrada. E à noite, para ajudar. Foi cansativo.
Rondônia é um estado novo, foi colonizado nos últimos 40, 50 anos. Dá para ver os esforços do pessoal transformados em riquezas. Apesar da precariedade da infraestrutura é bom ver o fruto do trabalho resultando em melhores oportunidades para as pessoas.
Chegamos no hotel em Cacoal às 20:15h, depois de rodarmos 1.010 km. O Hotel Catuaí foi uma grata e boa surpresa. Pedimos pizza e tomamos cerveja. Descansamos muito bem e no dia seguinte estávamos prontos para mais um dia de dirigir, dirigir, dirigir.