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    Carretera austral - inverno 2022




    A Carretera Austral é conhecida por ser uma das mais cênicas estradas do mundo. Já conhecíamos boa parte dela mas faltava chegar a seu ponto mais extremo, Villa O´Higgins.

    Segue relato de viagem pela Carretera Austral realizada no inverno de 2022 em dois Land Rover Defender, sendo um 90 2003 com 250.000 km e um 110 2004 com 460.000 km. Deslocamento de 11.810 km para o 90, partindo de Tremembé – SP e de 10.620 km para o 110, partindo de Curitiba – PR. Dois viajantes em cada viatura.

    Além do que normalmente se leva quando se faz uma viagem como esta cada veículo estava preparado para levar 80 litros adicionais de combustível em galões e jerry cans a fim de evitarmos problemas de abastecimento na Argentina. Notícias recentes mostravam falta ou racionamento de diesel em várias províncias deste país, principalmente nas partes central e norte.

    Providenciamos também correntes para as 4 rodas dos dois Defender. Este item é obrigatório em várias regiões por onde passaríamos durante o inverno.

    O roteiro seria ir a Mendoza, entrar no Chile descendo o caracol, pegar a ruta 5 até Puerto Varas com desvio e parada em Pucón, contornar por Puelo até Hornopirén e descer a Carretera Austral até seu final. A volta seria pelo Paso Roballos, que infelizmente estava fechado, subir a ruta 40 até Junin de los Andes e aí pegar a reta para o Brasil via Colón e Rivera. Acabamos voltando para a Argentina por Chile Chico/Los Antiguos. Abortamos o trecho de Bariloche a Junin, infelizmente, por falta de tempo e por compromissos no Brasil.

    No primeiro plano que fizemos havíamos previsto ir a Mendoza e então descer a 40 até Villa la Angostura e desta cidade ir para o Chile via Paso Cardenal Antonio Samoré, mas pouco antes de sairmos em viagem decidimos entrar no Chile pela ruta 7 (da Argentina, não confundir com a Carretera Austral, que é a ruta 7 chilena) a partir de Mendoza, sabendo da beleza da subida da cordilheira por esta rodovia e também da interessante descida do caracol no lado chileno, além de evitar possíveis problemas pela falta de diesel.

    Na minha opinião o trajeto que fizemos não é o ideal. Descer a 40 seria mais interessante, mas dentro das circunstâncias creio que tomamos a decisão mais adequada.

    Dias 10 e 11/06

    Deslocamento a Porto Alegre. Um dos viajantes participou de uma meia maratona nesta cidade no dia 12/06. Por esta razão incluímos a capital gaúcha em nosso roteiro.

    O 110 apresentou um pequeno problema ainda em Curitiba: o watchdog disparou indicando alta temperatura da água do sistema de arrefecimento do motor. Apesar de o alarme estar disparando a temperatura da água estava ok, tanto na conferência visual e manual como no ponteiro do indicador no painel.

    Como ainda estavam em Curitiba falaram com o mecânico que havia revisado a viatura nas semanas que antecederam a viagem. Ele comentou que havia trocado a válvula termostática por esta estar com funcionamento instável, portanto havia mexido no sensor de temperatura da água. Isto poderia ter causado mal contato na emenda do cabo que leva o sinal para o mostrador no painel com o cabo que leva o sinal para o wacthdog.

    Como a temperatura do motor estava ok e os componentes do sistema estavam funcionando corretamente o 110 seguiu viagem, confiando no indicador do painel. Verificamos depois que havia realmente problema elétrico na viatura. Alguns dias mais tarde, já na Patagônia, este problema elétrico quase acaba com a viagem. Detalhes mais adiante.

    Dia 12/06

    A meia maratona foi pela manhã. O planejamento era deixar Porto Alegre antes do meio-dia mas o grupo permaneceu nesta cidade para que um dos viajantes buscasse auxílio médico, uma vez que uma infecção respiratória o atingiu dias antes da saída de sua cidade. Atendimento muito bom, medicação ajustada, no dia 13 estávamos prontos para seguir viagem.

    Este atraso comprometeu a estada em Pucón, programada para a semana seguinte. Havia o plano de passarmos um dia nesta cidade e conhecer o vulcão Villarrica. Este plano foi abortado para compensar o dia perdido.

    Dia 13/06

    Deslocamento de Porto Alegre a Santana do Livramento, fronteira com o Uruguai. Viagem tranquila, sem contratempos. Almoço no meio do caminho.

    Chegando em Livramento fomos fazer o processo de saída do Brasil e entrada no Uruguai no Shopping Siñeriz. Preenchemos ali mesmo nos celulares a declaração juramentada, documento exigido em todos os países pelos quais passamos por conta da pandemia e no qual declara-se que somos vacinados (ou não), que já tivemos covid (ou não) etc.

    Queríamos comprar algumas coisas. Como este shopping estava fechado fomos aos free shoppings do centro de Rivera, Uruguai, onde compramos alguns chocolates, conhaque, charutos e presentes. Bons produtos e bons preços.

    Atravessamos a rua de volta para o Brasil e abastecemos os veículos, os galões e as jerry cans, uma vez que o diesel estava mais barato em nosso país do que no Uruguai.

    Fomos para nosso hotel (hotel Jandaia, muito boa relação custo/benefício), jantamos ali mesmo e nos preparamos para o dia seguinte.

    Dia 14/06

    Para este dia planejamos deslocamento até a cidade de Marcos Juarez, província de Córdoba, Argentina.

    Atravessamos o Uruguai de Rivera a Paysandu, onde chegamos antes do meio-dia. Nesta cidade completamos os tanques das viaturas com diesel e nos dirigimos à fronteira com a Argentina, com tanques, galões e jerry cans cheios. Com o que tínhamos de combustível conseguiríamos chegar ao Chile via Mendoza com uns 20 litros de folga.

    Dois do grupo não haviam feito a declaração juramentada para entrada na Argentina, o que causou algum atraso nos procedimentos de imigração. Neste meio tempo, enquanto as declarações eram feitas, houve troca de turno dos fiscais da aduana argentina. O fiscal que começou a trabalhar quis ver o que o 90 levava em seu porta-malas. Viu os galões com diesel e disse que era proibido cruzar a fronteira levando combustível. Problema.

    O fiscal perguntou se o 110 também transportava diesel, o que foi negado. Ele chegou a ir olhar por fora o porta-malas do 110, mas as duas jerry cans que estavam ali haviam sido colocadas dentro de sacos plásticos pretos. Por sorte o fiscal não foi até o lado do passageiro do 110 onde estavam montadas em um suporte fora da viatura mais duas jerry cans.

    O 90 teve que voltar a Paysandu para esvaziar os galões. Conseguiu vender o diesel para um uruguaio por metade do preço local. O 110 aproveitou que o fiscal estava envolvido com o 90 e se mandou, cruzando a ponte sobre o rio Uruguai sem que fosse parado.

    Antes do 110 sair para atravessar para a Argentina combinamos encontro das duas viaturas em um posto Shell que há no trevo do acesso a Colón com a Ruta 14. Após algum tempo o 90 chegou. O pessoal do 110 já havia conversado com os frentistas e acertado encher 2 ou 3 galões que viriam vazios no 90. Não houve problemas em conseguirmos combustível ali.

    Almoçamos na lanchonete do Shell e saímos às 14:00 h. Alguns quilômetros Ruta 14 abaixo pegamos a estrada para Rosário, belo trecho principalmente de Victoria em diante.

    Claro que levamos uma multa para cada viatura na província de Entre Rios. Estávamos com os engates montados nos para-choques traseiros, o que é proibido na Argentina. R$ 400,00 para cada um.

    Passamos por Rosário no início da noite, hora do rush, e enfrentamos vários argentinos malucos deixando a cidade em direção aos subúrbios. Trânsito de doidos.

    Chegamos em Marcos Juarez, procuramos um posto de combustível e enchemos os tanques. Em resumo: não tivemos dificuldade com diesel na Argentina, apesar de todas as notícias sobre desabastecimento etc.

    Fomos para o hotel Portal del Este, grata surpresa, jantamos ali mesmo, comida muito boa, e tivemos um bom descanso.
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  • #2
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    Boa noite, Luiz.

    Acompanhando o tópico e aguardando os próximos capítulos.

    Abraço,

    Miranda
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  • #3
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    Acompanhando.

  • #4
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    Abraços aos que estão acompanhando. Seguindo com o relato.
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  • #5
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    Dia 15/06

    Saímos cedo de Marcos Juarez tendo como destino Mendoza. Mais um dia de deslocamento sem muita emoção, sem paisagens interessantes.

    No meio do caminho passamos parte do combustível que levávamos como reserva para os tanques dos Defender. A ideia era colocar toda esta reserva nos tanques antes de entrarmos no Chile a fim de evitarmos qualquer tipo de aborrecimento na aduana.

    Chegamos em Mendoza ao final do dia. Hospedamo-nos em um Ibis na entrada da cidade. Ali perguntamos onde poderíamos comer uma boa parrillada. Nos indicaram o Don Mario, valeu a indicação.

    Antes de irmos ao Don Mario fomos ao centro da cidade onde compramos vinhos em uma boa loja a uma quadra da Plaza Independencia. Chama-se Solyvino e tem ótimas opções por preços justos.

    Fizemos um rápido tour por ali e fomos jantar. Escolhemos a clássica parrillada criolla e uma porção extra de mollejas. Boa pedida.

    Após o jantar voltamos ao hotel. No dia seguinte teríamos a primeira parte interessante da viagem, subindo a cordilheira, entrando no Chile pelo Paso Libertadores e descendo o famoso caracol.

    Dia 16/06

    Antes de deixarmos o Ibis passamos o que ainda havia de diesel nos galões e jerry cans de nossa reserva para os tanques de combustível das viaturas.

    Saímos de Mendoza com dia claro, céu azul e já vendo os Andes iluminados pelo sol da manhã.

    À medida que nos afastamos da cidade o fluxo de veículos foi diminuindo. Começamos a subir a cordilheira pela Ruta 7, rodovia em boas condições. Trajeto bem bonito.

    Chegando próximo a Puente del Inca a neve ao lado da estrada já estava bem alta, com uma camada de uns 30 cm de espessura. A pista estava totalmente limpa e sem gelo sobre sua superfície, não trazendo risco para quem transitava por ela. O dia de céu aberto, sem nenhuma nuvem, deixou tudo mais belo. Estava frio, beirando zero grau, mas a ausência de vento ajudou a não gelarmos quando parávamos e saíamos das viaturas.

    Paramos na Puente del Inca para conhecermos o local, fazer fotos e tomar um café. Aproveitamos para comer sanduíches (muito ruins, por sinal) pois não haveria almoço neste dia.

    A história deste local e do hotel que ali existiu é interessante e está detalhada em placas ao lado do mirante.

    Deixamos a Puente e fomos subindo em direção ao Paso Libertadores. Fizemos o processo de saída da Argentina relativamente rápido e seguimos em frente. Tem que prestar atenção. Se bobear passa reto pela aduana argentina e depois tem que voltar lá do Chile. A sinalização não ajuda a ver que é necessário sair à direita da Ruta 7, subir até o posto de fronteira e depois voltar.

    Queríamos ver se seria possível cruzar para o Chile pelo trajeto antigo que passa por cima do túnel. Chegamos em Las Cuevas, onde há o desvio para este caminho, e começamos a subi-lo, já sem asfalto. Devemos ter andado 1 km mais ou menos quando vimos que não seria prudente seguir adiante. Havia muita neve e algumas manchas de gelo sólido acumuladas sobre a estrada que tornaram o deslocamento perigoso. Mais tarde, depois de cruzarmos o túnel, vimos que seria inviável termos seguido adiante. No lado chileno deste caminho não dava para ver a estrada, tamanho era o acúmulo de neve sobre ela. Descer a encosta seria muito perigoso.

    Voltamos então para a ruta 7 e pegamos uma fila de uns 2 km de caminhões entre Las Cuevas e o pedágio, ainda na Argentina. Estranhamos a fila. Achamos que seria causada pela aduana. Os veículos leves iam ultrapassando os caminhões quando havia brechas na faixa que vinha do Chile. O motivo da fila era só o pedágio, mesmo. Nada a ver com a aduana. Apesar de haver duas cabines de cobrança apenas uma estava em operação. Um certo descaso com quem viaja por ali.

    Passamos pelo túnel e chegamos na aduana chilena. Tudo bem organizado, mas moroso. Devemos ter gastado uma hora ou mais para fazer os procedimentos de entrada neste país. Mostramos a declaração jurada, documentos pessoais e dos veículos, passamos as bagagens (todas) pelo raio-X e fomos liberados.

    Paramos rapidinho na estação de esqui de Portillo, onde um pouquinho (bem pouquinho) de neve nos recebeu. Começamos então a descer o lado chileno da cordilheira. Paramos novamente um pouco antes de começar as curvas do caracol onde tiramos mais fotos e então fizemos a descida. Apesar de haver muita neve ao lado da pista não encontramos gelo sobre o asfalto ali, também. Foi seguro e tranquilo fazer este percurso.

    Uma semana mais tarde a Ruta 7 argentina e a ruta 60 chilena fecharam repentinamente pela entrada de uma forte nevasca. Lemos relatos de motoristas de caminhões brasileiros que ficaram presos nas cabines de seus veículos por muitas horas até serem resgatados pelo exército chileno. Mesmo acompanhando a previsão do tempo há a possíbilidade de surpresas como esta acontecerem. Há um certo risco, nada desprezível, quando se cruza da Argentina para o Chile pelo Paso Libertadores nesta época do ano.

    Fomos seguindo até Los Andes para passarmos a noite. Após nos acomodarmos saímos para fazer um lanche. Devoramos hamburguers artesanais bem preparados e acompanhados de paltas (abacates), queijo e salada, muito bons.

    Fomos descansar. O dia seguinte seria só de deslocamento até Pucón, passando ao lado de Santiago.
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  • #6
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    Algumas fotos da chegada e da subida da cordilheira pela ruta 7


    Carretera austral - inverno 2022-canon-1265-.jpg


    Carretera austral - inverno 2022-canon-1295-.jpg


    Carretera austral - inverno 2022-sfkne4202.jpg
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  • #7
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    Já no alto, 3.000 m acima do nível do mar


    Carretera austral - inverno 2022-chueire-1023-.jpg



    Carretera austral - inverno 2022-chueire-1035-.jpg



    Carretera austral - inverno 2022-celular-1244-.jpg



    Carretera austral - inverno 2022-celular-1289-.jpg
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  • #8
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    Belas fotos, Luiz!
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  • #9
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    Aquela aduana chilena é uma desgraça de demorada e de má vontade.
    Em 2013, com uma quantidade enorme de pessoas lá dentro fazendo a migração, a funcionária, com cara de braba, disse "que essa fila é culpa de vocês!"
    Ou seja, por estarmos turistando, éramos o problema.

  • #10
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    Citação Postado originalmente por Glaicon Ver Post
    Aquela aduana chilena é uma desgraça de demorada e de má vontade.
    Em 2013, com uma quantidade enorme de pessoas lá dentro fazendo a migração, a funcionária, com cara de braba, disse "que essa fila é culpa de vocês!"
    Ou seja, por estarmos turistando, éramos o problema.
    É uma aduana mais demorada, mesmo. Mas o atendimento foi bom. Creio que a covid complicou um pouco o processo, mas sem gerar grandes atrasos.
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  • #11
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    Continuando o relato.

    Dia 17/06

    Viagem monótona de Los Andes a Pucón pela Panamericana. O tédio foi quebrado apenas por uma ocorrência no 90: a mangueira que liga o compressor do turbo ao intercooler rasgou parcialmente, causando perda de potência no motor.

    Paramos em frente a um restaurante e fizemos uma adaptação substituindo a mangueira por outra que faz parte do conjunto do snorkel. Esta não aguentou muito tempo uma vez que não é dimensionada para a pressão do sistema de admissão de ar do motor. Paramos então em uma cidade onde encontramos uma oficina e algumas lojas de peças. Não conseguimos a mangueira correta mas foi possível adaptar uma do circuito de água de arrefecimento de um motor de caminhão. Feita a adaptação compramos algumas empanadas de forno e seguimos viagem.

    Pegamos chuva mais adiante, ainda na Ruta 5, o que diminuiu a velocidade do deslocamento. Chegamos em Pucón tarde da noite. Localizamos nossa cabana, comemos frios e pães que tínhamos de reserva, tomamos um bom vinho e conhaque e nos recolhemos.

    Dia 18/06

    Havíamos planejado chegar em Pucón na noite do dia 16 e no dia 17 subir ou pelo menos conhecer o vulcão Villarrica. Devido ao dia perdido em Porto Alegre não foi possível realizar esta atividade. Além disto estava chovendo nestes dias, o que provavelmente impediria que conhecêssemos esta região.

    Saímos cedo da cabana e voltamos à Ruta 5. Paramos em um Copec para um rápido café da manhã e continuamos a viagem rumo a Puerto Varas.

    Chegamos nesta cidade perto da hora do almoço embaixo de chuva. No centro localizamos uma casa de câmbio onde trocamos dólares por pesos chilenos e fomos almoçar.

    Sobre o dinheiro: sempre é bom chegarmos em algum país com um pouco da moeda local, tipo uns 100 dólares, e depois fazer câmbio de quantias maiores. Consegue-se taxas melhoras nas casas de câmbio locais do que no mercado oficial aqui no Brasil.

    Queríamos comer curanto, que é um prato tradicional em Puerto Montt, mas ali em Puerto Varas encontramos apenas uma variação chamada paila marina. A diferença mais óbvia é não ter frango na paila e talvez menos óbvia é ter alguns frutos do mar diferentes. Isto não estragou a refeição: a paila marina é muito boa, valeu conhecer. O almoço foi em um restaurante chamado La Olla. Recomendado.

    O destino deste dia era Hornopirén, onde dormiríamos para na manhã seguinte pegarmos o ferry para o sul, já no início da Carretera Austral. Havíamos planejado ir de Puerto Varas a Hornopirén por dentro, por Ensenada e Puelo, e não por Puerto Montt. Foi uma boa decisão. Apesar de não termos iniciado a Ruta 7 por onde ela começa oficialmente (Puerto Montt), este primeiro trecho dela não tem nenhum atrativo, enquanto o caminho que fizemos por dentro é interessante, passando por rios, lagos e encostas muito bonitos.

    Infelizmente o tempo estava fechado, o que nos impediu de avistarmos ou mesmo tentarmos ir ao vulcão Osorno.
    Chegamos em Hornopirén às 19:00 h. Hospedamo-nos em um bom hostel, quartos aquecidos e limpos. Nesta noite nada de jantar pois a paila marina anda pesava no estômago. Umas taças de vinho e estávamos prontos para dormir.

    Dia 19/06

    Deixamos o hostel às 9:30 h para pegarmos o ferry uma hora mais tarde. O tempo estava fechado, com chuva leve e neblina encobrindo a paisagem.

    Havíamos reservado e pago pelo ferry dois dias antes, pela internet. Como no inverno o fluxo de veículos é menor que no verão esta antecedência é suficiente. Talvez na temporada seja conveniente fazer as reservas bem antes, tipo uma semana. O valor por veículo e dois passageiros foi de uns R$ 300,00.

    Embarcamos no ferry e pontualmente às 10:30 ele partiu para as 4 horas de travessia. Há uma lanchonete a bordo que vende salgados industrializados, sanduíches, empanadas e bebidas não alcoólicas, tudo bem honesto. Fizemos lanche ali mesmo e fomos seguindo.

    Na metade da viagem o tempo começou a abrir e belas montanhas com muita neve em seus picos foram se mostrando. A navegação pelo fiorde é bonita e tranquila, embora um pouco tediosa. Há várias fazendas de salmão ao longo da costa, atividade que está sendo monitorada a fim de controlar-se a poluição que ela gera no ambiente marinho. Em lagos já não há mais estas fazendas, mas no mar ainda é uma atividade econômica importante, apesar do impacto ambiental.

    Depois das 4 horas de navegação chegamos em Caleta Porcelana. Dirigimos por uns 10 km e pegamos um segundo ferry (valor já incluído no preço contratado) e fizemos a segunda travessia até Caleta Gonzalo, que dura cerca de 30 minutos.

    A partir daí entramos no maior trecho contínuo da Carretera Austral, que vai até Caleta Yungay, quase 1.000 km ao sul.

    Passamos por Chaitén e fomos seguindo. A temperatura começou a cair rapidamente. Paramos sob a ponte que passa sobre o rio Yelcho e preparamos um café para nos aquecermos e relembrar este local onde pescamos alguns anos atrás. Esta ponte é semelhante a várias que há na Carretera, sendo construída em vigas metálicas e no sistema de ponte suspensa, sustentada por grossos cabos de aço.

    Anoiteceu e seguimos viagem. Queríamos chegar em Villa Santa Lucia e achar um lugar para passarmos a noite.

    Há uma pequena serra logo após o lago Yelcho e lá pegamos muita neve ao lado da estrada e enfrentamos temperaturas muito baixas. Não havia gelo sobre o asfalto, mas dirigimos com cuidado a fim de nos adaptarmos àquelas condições da rodovia.

    Chegamos em Villa Santa Lucia debaixo de chuva fina. Vimos uma placa indicando cabanas e nos dirigimos para aquela direção. A uma quadra da Carretera, na primeira esquina, havia um pequeno mercado aberto e uma placa com o nome das cabanas que havíamos visto (El Mañio). Uma gentil senhora nos atendeu no mercado e disse que tinha uma cabana com lareira e 3 quartos disponível. Ficamos ali mesmo. A cabana era bem confortável e limpa. Pagamos o equivalente a R$ 400,00 para uma noite, valor razoável para aquela região.

    Mais vinho, pão, queijo e embutidos ao lado da lareira fecharam o dia. Depois, descanso em quartos gelados, uma vez que a lareira só aquecia a sala.
    LR Defender 110 2004

  • #12
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    A Paila Marina e mais fotos deste trecho.

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    Carretera austral - inverno 2022-ivair-1063-.jpg



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